segunda-feira, 21 de outubro de 2019

NO MEIO DO CAMINHO TINHA UM CANO - Arary Souto, Clube de Caça e Pesca de Ponta Grossa, Fernand Thonon, Raul Cruz.


NOSTALGIA
- RESGATE DA MEMÓRIA –


 Um detalhe da pintura de Raul Cruz e desenho de Heliana Grudzien.


Arary Souto (1908-1963), pai de Francisco Souto Neto


Blog de Francisco Souto Neto

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NO MEIO DO CAMINHO TINHA UM CANO
TINHA UM CANO NO MEIO DO CAMINHO
        (parafraseando Drummond)

por Francisco Souto Neto


Nunca, antes, pensei em compartilhar um apartamento com quem quer que fosse. Mas o avançado da idade e os naturais problemas decorrentes desta, abriram a perspectiva de associar-me a um grande e velho amigo também septuagenário, Rubens Faria Gonçalves, para comprarmos um apartamento juntos, mas que fosse muito espaçoso para que, embora eventualmente cuidando um do outro em casos de emergência, pudéssemos ter nossos espaços particulares sem que um interferisse na individualidade do outro.

O apartamento que adquirimos é perfeito por contar com amplo espaço social, quatro quartos grandes e dois banheiros privativos. Entretanto, como não bastassem essas qualidades, o apartamento, na sua face oeste, é dotado de uma vasta área de serviço ligada à copa e à cozinha, e tem ainda um “quarto de despejo” ou despensa (que seria um pequeno quinto quarto), mais um banheiro e mais um quarto (o sexto quarto) que no passado poderia ser de empregada, mas que é grande o bastante para poder, na atualidade, servir de quarto de hóspedes.

Pois resolvemos transformar esse último cômodo numa salinha com armários para nossos arquivos, que dividimos igualmente, metade para uso de cada um de nós, traçando-lhe uma diagonal imaginária. Coube a mim uma parede lateral interna e a parede dos fundos, e ao Rubens a parede lateral externa (com uma janela) e a parede da frente, como se vê no desenho abaixo:

FOTO 1 - O quarto número seis do apartamento


Achei esse cômodo ideal para ali guardar – ou mesmo expor – alguns pertences de meu saudoso pai Arary Souto (1908 – 1963), tais como o seu armário da espingarda e alguns dos seus troféus de tiro ao prato conquistados no Clube de Caça e Pesca de Ponta Grossa, e ainda algumas das placas que o homenagearam em épocas diferentes em Presidente Venceslau, São Paulo, Ponta Grossa e Curitiba.

Vale observar que as fotografias que tirei do cômodo em referência, são unicamente da metade que me cabe. Não fotografei a parte ocupada por meu amigo Rubens.

FOTO 2 - Cerquei o armário de meu pai com obras de arte assinadas por grandes artistas plásticos. À esquerda, aquarela de Tereza Koch e pintura do internacional Armando Sendin. Na parte de cima, grande tela do saudoso Raul Cruz (“Santa Terezinha e a Devota”) e desenho de Heliana Grudzien ("A criação depois do amor passado"), ambos expoentes da Geração Oitenta (jovens talentos que se projetaram na década de 80 em Curitiba).


FOTO 3 - Nesta foto atual, de novembro de 2019, está a espingarda ora exposta, que é a “espingardinha” que meu pai usava quando garoto para “caçar passarinhos”.


FOTO 4 - Tirei esta foto 38 anos ANTES da FOTO 3, portanto, em 1981, pouco antes de minha mãe vender a espingarda Fernand Thonon a Rubens Slaviero. No centro do armário está a espingarda que meu pai usava nas caçadas e nos campeonatos de tiro, com seus dois canos sobrepostos, a bela e cobiçada Fernand Thonon, fabricada em Liège (Bélgica), com as partes metálicas gravadas à mão pelo mestre L. Smeets. Anos após o falecimento de meu pai, essa espingarda Fernand Thonon foi vendida pela minha mãe para Rubens Slaviero, que era companheiro de meu pai em campeonatos de tiro e em caçadas, a cuja família a arma agora permanece. Tirei a foto acima para guardar a imagem de lembrança. Acima da "poderosa" espingarda Fernand Thonon, ficava a espingardinha que meu pai usava quando garoto, e que continua até hoje no mesmo armário, porém agora exposta na parte central do espaço, como se vê na FOTO 3. 



FOTO 5 - Detalhe da espingarda belga Fernand Thonon que pertenceu a Arary Souto e que muitos anos após seu falecimento foi vendida pela minha mãe para Rubens Slaviero. Vale lembrar que a espingarda não estava à venda, mas ao longo dos anos Rubens Slaviero reafirmava seu desejo de comprar a arma que ele conhecia bem, e disse-nos que com ele a espingarda estaria preservada para sempre.


FOTO 6 - Detalhe da espingarda belga Fernand Thonon que pertenceu a Arary Souto e que muitos anos após seu falecimento foi vendida pela minha mãe para Rubens Slaviero. Vale lembrar que a espingarda não estava à venda, mas ao longo dos anos Rubens Slaviero reafirmava seu desejo de comprar a arma que ele conhecia bem, e disse-nos que com ele a espingarda estaria preservada para sempre.


FOTO 7 - Detalhe da espingarda belga Fernand Thonon que pertenceu a Arary Souto e que muitos anos após seu falecimento foi vendida pela minha mãe para Rubens Slaviero.

FOTO 8 - Detalhe da espingarda belga Fernand Thonon que pertenceu a Arary Souto e que muitos anos após seu falecimento foi vendida pela minha mãe para Rubens Slaviero. Nesta parte da arma, está a assinatura do famoso gravador belga L. Smeets.


FOTO 9 - Algumas das medalhas conquistadas por meu pai em campeonatos. A mais bonita de todas, minha mãe usava como uma joia numa corrente de ouro ao pescoço; outras, igualmente belas, ela as doou à filha e a algumas irmãs de Arary.


FOTO 10 - Algumas das medalhas conquistadas por meu pai em campeonatos. Alguns nomes de amigos do meu pai, evocados pelas medalhas acima: Alcion Peterlle, João Pedro Masini, Alfredo Pietrobelli, Rubens Slaviero, Constantino Zaniolo, Orlando Moro, Leonardo de Geus.


FOTO 11 - Dia das Mães, maio de 1982. Em casa, Edith Barbosa Souto arruma as rosas no vaso. Na corrente do pescoço, uma das medalhas de Arary Souto brilha à luz do flash. À direita, vê-se o armário com a espingarda Fernand Thonon de Arary Souto e as medalhas sobre o feltro vermelho do interior do móvel.


FOTO 12 - Sobre o armário, as canecas que me pai recebeu de presente no fim da década de 40 ou começo da de 50, com os prenomes dos familiares: Arary, Edith, Olímpio e Neto (sou eu). Falta a da minha irmã Ivone, por ela mesma quebrada num incidente: enquanto a lavava, esta escapou-lhe das mãos e espatifou-se. As quatro restantes continuam no mesmo lugar há uns 70 anos, inclusive o bule em forma de uma casinha.


Mas...

No meio do caminho tinha um cano
Tinha um cano no meio do caminho.
(parafraseando Drummond)


FOTO 13 - Havia (e há) um cano no meio do caminho, entre a tela de Raul Cruz e o desenho de Heliana Grudzien ("A criação depois do amor passado"). E o cano ali permanece, conferindo um pouco mais de história a estas duas obras já famosas. A propósito, o quadro de Raul Cruz foi catalogado em 1994, quando o emprestei à Fundação Cultural de Curitiba para participar de uma exposição sobre a obra do artista que faleceu em 1993 (vide FOTOS de 26 a 30, num apêndice desta matéria).


FOTO 14 - Na parte inferior do armário, exemplares da arte da cutelaria: meu avô, o engenheiro e geólogo Francisco Souto Júnior, criou estes facões.


FOTO 15 - Ainda na parte inferior do armário, a caixa de couro que guarda o binóculo que pertenceu ao Visconde de Souto, meu trisavô, e que foi herdado por Francisco José Alves Souto, meu bisavô que era pai de Francisco Souto Júnior e avô de meu pai Arary Souto.


FOTO 16 - Na parede do fundo do cômodo, estão: no chão, a Deusa do Fogo (da Indonésia), que dei à minha sobrinha-neta Marion, mas ela ainda não a levou para a sua casa. Também ali está a máquina de costuma Singer da minha mãe, comprada pelo meu pai em Santos no ano de 1937, pouco antes do nascimento da minha irmã Ivone. Sobre a máquina, vê-se uma “casinha de bonecas” maravilhosamente mobiliada, com minúsculos quadros de meus familiares, tapetes e até lustres, que há uns 20 anos adquiri e montei para as minhas sobrinhas-netas. Uma delas demonstrou interesse, mas não pôde ficar com a mesma por falta de espaço... Acima da casinha, está um quadro feito pelo médium Luiz Antônio Gasparetto (1949-2018), supostamente incorporado pelo espírito de Picasso, pintado ao mesmo tempo com outra obra (portanto utilizando a mão direita e a mão esquerda simultaneamente), em exibição pública, na presença de minha saudosa amiga Marlene Sant’Anna, comprada por ela especialmente para me presentear.


AS PLACAS E OS TROFÉUS DENTRO DO ARMÁRIO


As placas abaixo exibidas estão meio deterioradas por causa da passagem de muitas décadas, mas oportunamente serão restauradas para que permaneçam com bom aspecto durante pelo menos mais meio século.

FOTO 17
Ao Prefeito
Arary Souto
em sua profícua gestão, a homenagem da
Câmara Municipal
de Presidente Venceslau, SP
Pres. Venceslau, 18 de abril de 1947


FOTO 18
Ao nosso diretor
Sr. Arary Souto
que fez da Rádio Central do Paraná
a emissora mais popular dos Campos Gerais
e a primeira no Estado a emitir somente música,
a homenagem e a estima dos seus
funcionários amigos.
Ponta Grossa, 1º de janeiro de 1961.


FOTO 19
Ao
Arary Souto
Diretor de “O Jornal do Paraná”,
a amizade e a gratidão de seus
companheiros de luta pelos ideais jornalísticos.
Ponta Grossa, 31 de dezembro de 1951.


FOTO 20
Ao presidente
do Rotary Clube de Ponta Grossa
Arary Souto
As homenagens dos
companheiros rotarianos paulistas.
São Paulo, 30 de outubro de 1962.


FOTO 21
Ao vencedor


 
FOTO 22
Ao presidente Arary Souto
com seu cachorro Cacique,
as homenagens do Clube de Caça de Pesca de Ponta Grossa.


FOTO 23 - O lustre atualmente no "sexto quarto" foi comprado pelo meu pai no ano de 1956, para o teto da sala principal, quando nos mudamos para o casarão da Rua Augusto Ribas em Ponta Grossa.


FOTO 24 - O lustre, ainda bonito, comprado há 63 anos pelo meu pai.


FOTO  25 - Esta é a visão que se tem de Curitiba através da janela do "quarto número seis".



APÊNDICE


A respeito dos dois quadros que estão colocados acima do armário com as lembranças de Arary Souto


“Santa Terezinha e a Devota”, uma tela com história.



FOTO 26 - Francisco Souto Neto em 1985, quando comprou a tela “Santa Terezinha e a Devota”, de Raul Cruz.


FOTO 27 - Ao comprar “Santa Terezinha e a Devota”, a tela não estava assinada, nem datada pelo autor Raul Cruz. Nesta foto, o chihuahua Quincas Little Poncho aparece ao lado da obra.


FOTO 28 - Em 1987, na residência de Francisco Souto Neto, Raul Cruz prepara suas tintas e pincéis para assinar e datar a obra “Santa Terezinha e a Devota”. À direita da foto, vê-se o Quincas Little Poncho.


FOTO 29 - Por distração, Raul Cruz escreveu “1987”, em vez de 1985, que é a verdadeira data da pintura.


FOTO 30 - Raul Cruz faleceu em 1993. No ano seguinte, 1994, Paulo Dias e Denise Bandeira foram à residência de Francisco Souto Neto para fotografar e catalogar “Santa Terezinha e a Devota”, que se vê sobre o sofá para ser fotografada pela Denise, para a exposição “Projeto Raul Cruz” que se realizou na Fundação Cultural de Curitiba.


No link abaixo, a história da tela, publicada na coluna Expressão & Arte, de Francisco Souto Neto, no Jornal Indústria & Comércio.




"A criação depois do amor passado", de Heliana Grudzien.



FOTO 31 - "A criação depois do amor passado", desenho Heliana Grudzien, ano 1989, presente da artista para Francisco Souto Neto.


FOTO 32 - O verso da moldura do desenho mostrado na foto anterior, também protegido por vidro, tem o convite para a exposição realizada na Galeria Banestado, Curitiba, inaugurada em 10 de junho de 1988, com currículo da artista.


FOTO 33 - Detalhe da dedicatória de Heliana Grudzien para Francisco Souto Neto:


"Amigo Souto,
     Acho que a nossa maior recompensa neste árduo caminho da vida, é quando encontramos pessoas que nos apoiam, nos incentivam e nos dedicam amizade. Isto nos dá a certeza de que o mundo não se perderá e nos deixa menos preocupados com o que porventura teremos que enfrentar.
     Muito obrigada por esta certeza, meu amigo, e que nesta simples lembrança minha admiração e amizade por você possam estar estampadas.
     Um abraço
     Heliana Grudzien"

Artista: Heliana Grudzien
Técnica: Lápis de cor sobre papel.
Título: Da série "A criação depois do amor passado"
Ano: 1989



FOTO 34 - Outro trabalho de Heliana Grudzien que tenho, é esta pintura (pendurada acima de uma tela de Rogério Dias, que pertence a Rubens Faria Gonçalves), num recanto da sala.

FOTO 35 - A pintura de Heliana Grudzien no contexto deste recanto da sala principal.


No link abaixo, a visita de Heliana Grudzien e Adalice Araújo a Francisco Souto Neto em maio de 2006, nas páginas do Jornal Centro Cívico:




-o-

terça-feira, 6 de agosto de 2019

FAMÍLIA MAIA de PONTA GROSSA: Sr. JANGUTA e Dª GRAZIELA por Francisco Souto Neto.


NOSTALGIA
- RESGATE DA MEMÓRIA –


Dona Graziela 


Blog de Francisco Souto Neto



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FAMÍLIA MAIA de PONTA GROSSA:
SR. JANGUTA e Dª GRAZIELA

por Francisco Souto Neto



----------DÉCADA DE 40---------



Quando viemos residir pela primeira vez em Ponta Grossa, em 1947 ou 1948, provenientes de Presidente Venceslau (minha cidade natal no Estado de São Paulo) e da capital paulista, fomos morar na Rua Visconde de Nácar nº 149, entre a rua Marechal Deodoro e a XV de Novembro. Os vizinhos de um lado eram os Capotes e os da esquina os Schmidt Vasconcellos. Do outro lado da rua viviam as famílias Kampe, Emílio, Perantunes e Carriel. Virando a esquina na Marechal Deodoro para baixo, logo depois da residência de Orlando e Alice Vasconcellos, estava a casa de Nelson e Lia Pinto Hilgenberg. Portanto, o fundo do quintal da minha casa dava para a lateral do quintal dos Hilgenberg, que se localizava num plano ligeiramente mais baixo. Pois foi através de Dona Lia que conhecemos ao casal Sr. Janguta e Dona Graziela, porque esta e Lia eram irmãs.

Em Ponta Grossa meu pai, Arary Souto, foi o Diretor de Redação do diário tido como o mais informativo do Paraná, que era o Jornal do Paraná. Sete anos depois, ele seria o Diretor Geral da Rádio Central do Paraná, numa época em que ainda não existia televisão em Ponta Grossa, e o rádio era o principal meio de comunicação de massas.


FOTO 1 – Casa onde residimos de 1947 a 1952, na Rua Visconde de Nácar nº 149. Era uma casa grande, com quatro quartos no andar térreo e mais dois no sótão (Pintura de Ruben Esmanhoto).


A certo momento da minha tenra infância, lá pelos cinco anos, lembro-me de minha mãe no fundo do quintal conversando com Dona Lia do outro lado da cerca. Dona Lia esticou as mãos, que seguravam duas taça de cristal, passando-as para nós. As taças continham morangos com chantilly, que comi com gula. Inesquecível! No Paraná, chamavam o chantilly de “nata”.

Era natural que Lia apresentasse Graziela à minha mãe, e que os respectivos maridos também se tornassem amigos.

Numa das visitas de Graziela à minha casa, ela levou consigo os dois filhos Grazinha e João José (Carlos e Silvana ainda não existiam). Minha mãe levou as crianças para verem as galinhas do quintal e tirou uma foto. Não sei em que ano foi, mas vou arriscar 1949.


FOTO 2 – A menina maior é minha irmã Ivone. As crianças são: eu (Francisco Souto Neto), João José e Grazinha, filhos de Janguta e Graziela (Gracia) Maia. Algumas das galinhas (todas “de estimação”) eram: Dengosa, Pafúncia, Funegundas, a Corriqueira com quatro pintinhos. Minha predileta era o Birro. Nós a chamávamos por um nome masculino, porém era uma galinha do pescoço pelado (saindo de cena, à direita).



---------DÉCADA DE 50---------



A elegância dos anos dourados

No começo do ano de 1953 transferimo-nos para Campo Grande, MS, a convite do então prefeito – primo de minha mãe – Wilson Barbosa Martins, que no futuro seria eleito senador da República e depois governador do Estado. O convite era para meu pai fundar e dirigir um jornal diário em Campo Grande. Isso foi feito, e então mudamo-nos para Presidente Venceslau, SP, minha cidade natal, onde permanecemos durante os anos de 1954 até dezembro de 1955, quando retornamos a Ponta Grossa, nesta oportunidade para meu pai dirigir a Rádio Central do Paraná. Fomos residir na Rua Augusto Ribas, nº 571, a uns 50 metros do Cine Ópera na Rua XV de Novembro. Era um casarão onde vivíamos no primeiro andar, mas lá naquela altura tínhamos um grande quintal com Cacique, um cachorro perdigueiro (a fox Sweet morava dentro de casa). Esse quintal contava com jardim, horta e um galinheiro para que eu continuasse tendo as minhas galinhas de estimação.


FOTO 3 – Minha casa na Rua Augusto Ribas nº 571, ao lado da Câmara Municipal que se vê à esquerda, depois do poste duplo, pintada de um azul claro desbotado.

FOTO 3A    Era preciso subir essa escadaria, mas lá no alto tínhamos um grande quintal com cães, jardim, horta e um galinheiro.


O Sr. Janguta (João Abrahão Maia) e Dª Graziela Maia (Gracia Pinto Maia) eram um casal elegante. Não exagero se chamá-los de elegantíssimos. Sr. Janguta, um gentleman de cabelos ruivos, e Dona Graziela todos os anos era eleita pelos cronistas sociais “uma das dez senhoras mais elegantes de Ponta Grossa”. Ela foi também para a lista das “dez mais” do Paraná. Certa ocasião, João José contou-me que a mãe tinha aparecido na revista “O Cruzeiro”, a mais importante revista semanal do país, e trouxe a revista para eu ver. Numa foto bem grande, estava Dona Graziela num “sweepstake” no Hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro. Usava um chapéu de abas largas e parecia uma estrela de Hollywood. 


FOTO 4 – Sr. Janguta (João Abrahão Maia) em pé e Dª Graziela (Gracia Pinto Maia) sentada, numa festa no 13º R.I. em 1956.

FOTO 5 – Dedicatória no verso da foto acima (destinada a meu irmão Olímpio Souto). Na metade do século XX era habitual presentear os amigos com fotografias.


Dona Graziela era filha de italianos. Ela e suas irmãs eram mulheres muito bonitas: Lia, Dora, Ruth, Marlene. Lia lembrava-me muito o rosto de Sophia Loren. Dora era não menos exuberante e seus traços às vezes tinham um quê da atriz Joan Crawford. Ruth também era bonita, assim como a mais nova, Marlene, que na metade da década de 50 era ainda uma adolescente normalista mais ou menos da minha idade.  Conheci apenas a dois dos irmãos, Chico e Valter.

O Sr. Janguta foi um importante empresário de Ponta Grossa e a família morava numa bela casa na Rua Augusto Ribas. Na década de 50 Nelson e Lia Hilgenberg passaram a residir também na mesma rua, duas quadras adiante. Portanto, todos nós morávamos na mesma rua. Da janela eu via Marlene – a irmã mais nova que morava com o casal Maia – passar com seu uniforme de normalista rumo ao colégio. Ela passava em frente à minha casa, atravessava a rua XV de Novembro e descia a ladeira da lateral do Cine Ópera.


Lia, Dora e Marlene, irmãs de Graziela


Lia, Dora e Marlene, irmãs de Graziela, estiveram intrinsecamente ligadas às minhas memórias de infância, e por este motivo desejo inclui-las nesta homenagem que visa, precipuamente, ao casal Janguta e Graziela.


FOTO 6 – Lia Pinto Hilgenberg: beleza, elegância, cultura e simpatia.

FOTO 7 – Lia Hilgenberg em sua casa: elegância e beleza eram comuns às filhas da italiana Angelina Pinto (Dona Ângela).

FOTO 8 – Lia Hilgenberg.

FOTO 9 – Lia Hilgenberg.

FOTO 10 – Lia Hilgenberg.

FOTO 11 – Lia Hilgenberg entre dois dos seus três filhos: Maria Ângela e Nelsinho. À esquerda, sua irmã Dora.

FOTO 12 – As irmãs Lia e Dora.

FOTO 13 – Dora na casa de Lia: linda como uma artista de cinema.

FOTO 14 – Dora em minha casa.

FOTO 15 – Igualmente bela, Marlene em minha casa, recém-casada com Álvaro Di Piero.


FOTO 16 – Álvaro e Marlene recebidos por minha mãe (Edith Barbosa Souto), à direita.



A Chácara Graziela


Sr. Janguta comprou um terreno rural na região de Periquitos, decidido a formar ali uma chácara. Esta tornou-se a mais bela propriedade rural do Município e denominou-a Chácara Graziela. Começou a construção pela piscina e, no declive, criou um lugar para servir como abrigo e área de lazer ao lado da piscina, que tinha no andar inferior os chuveiros e o vestiário. A relva e as árvores frutíferas foram ampliando-se pelo terreno. Com a passagem do tempo, substituiu a casa original por uma vivenda muito sofisticada de dois andares, aproveitando a irregularidade do terreno. Ainda mais tarde, construiu para Silvana, a menina caçula, uma casa de bonecas como uma réplica da casa principal, situando-a após o vestiário. Um córrego que passava pela propriedade recebeu uma roda d’água que passou a fornecer energia elétrica para a casa. Pelo outro lado, depois da piscina havia uma quadra de esportes e, mais adiante, encontrava-se o bosque. Sob as frondosas árvores, Sr. Janguta mandou construir extensas mesas de madeiras e bancos, e uma churrasqueira. Ali os Maias reuniam os familiares, parentes e amigos para festivos almoços ao ar livre. A extensa mesa comportava dezenas de convidados.

Em outras palavras, o casal criou um ambiente quase mágico e ali a família passava os fins de semana reunida a convidados. Foram incontáveis as vezes que passamos os domingos com os Maias, como se fôssemos uma única e enorme família.

Embora eu estivesse sempre junto, nas ocasiões abaixo não apareço nas fotografias. Ou, quase ao acaso, apareço somente na FOTO 43... é que meu irmão, que controlava a máquina fotográfica, não gostava de me fotografar.


FOTO 17 – Janguta Maia na piscina.

FOTO 18 – Edith e Arary Souto.

FOTO 19 – Janguta Maia e Edith Souto.

FOTO 20 – Arary Souto nadando.

FOTO 21 – Graziela Maia e Edith Souto. Crianças brincam na parte rasa da piscina. Observar que a casa que aparece atrás de Dona Graziela era a original que serviu de abrigo nos primeiros meses da chácara. Depois foi substituída por uma bela casa que era verdadeiramente cinematográfica.

FOTO 22 – Grazinha Maia e Ivone Souto. Atrás, o enorme pomar que fora planejado pelo Sr. Janguta e que já estava plantado.

FOTO 23 – Na parte mais baixa do terreno havia este lindo lago, onde Ivone Souto posa.

FOTO 24 – Bela foto de Olímpio Souto, da nossa irmã Ivone refletida na piscina, que evidencia a beleza do pomar atrás de um muro de hortênsias.

FOTO 25 – Graziela Maia e Edith Souto.

FOTO 26 – Graziela e Edith brincando com uma convidada.

FOTO 27 – Dora e Olímpio. Sob o trampolim está a Grazinha Maia.

FOTO 28 – Dora, Grazinha e Ivone.

FOTO 29 – Uma foto de brincadeira com Olímpio: Grazinha, menina, finge fumar como Rita Hayworth no filme “Gilda”.

FOTO 30 – Olímpio, Dora, Valter e Grazinha.

FOTO 31 – Grazinha, Valter, Dora, Déa com Fernando Soares e Ivone.

FOTO 32 – Graziela Maia, Marlene Pinto e Edith Souto.

FOTO 33 – Marlene Pinto e sua irmã Ruth com o marido na grama.

FOTO 34 – Olímpio Souto com os meninos Nelsinho (filho de Lia) e Carlinhos (filho de Graziela).

FOTO 35 – Marlene e Ivone.

FOTO 36 – Yeda Souto Rhormens, Marlene Pinto e Ivone Souto.

FOTO 37 - Marlene com Ivone, e João José brincando de fazer pose.

FOTO 38 – Marlene, Ivone e Yeda.

FOTO 39 – Olímpio Souto à borda da piscina. A casa ao fundo estava com dias marcados para ser demolida e dar lugar a uma verdadeira mansão de arquitetura moderna e inovadora.

FOTO 40 – Olímpio e Grazinha. As pessoas seguintes, bem como o casal na piscina, não consegui identificar, porque nesse tempo as fotografias reveladas tinham  as dimensões de apenas 5 por 5 centímetros. Observar que as árvores ao fundo faziam parte da propriedade, e era chamadas de “o bosque”, onde havia uma churrasqueira gigante e mesas e bancos para os almoços ao ar livre. Entre a piscina e o bosque havia a quadra de basquete.

FOTO 41 – Olímpio na quadra de basquete.

FOTO 42 – Arary Souto e Janguta Maia na churrasqueira do bosque da Chácara Graziela.

FOTO 42 – Edith Souto, Graziela Maia e Lia Hilgenberg na área da churrasqueira, no bosque.

FOTO 43 – Mesa de refeições. Eu (Francisco Souto Neto) à esquerda, Lia Hilgenberg à direita.

FOTO 44 – Arary Souto e Janguta Maia conversando, enquanto Graziela saboreia o churrasco.

FOTO 45 – Carlinhos Maia e Edith Souto.

A Chácara Graziela era um lugar de sonho e beleza, graças à amizade e às gentilezas do casal Sr. Janguta e Dona Graziela.


Elegância


FOTO 45A - As três irmãs Lia, Marlene e Graziela numa festa de casamento.


FOTO 45B - O  casal Janguta e Graziela Maia numa festa com os filhos João José e Grazinha.


O Alagado


Meu irmão frequentava o Alagado e lá tirou fotos de Dona Graziela, Sr. Janguta e Chico.

FOTO 46 – Consigo identificar apenas Ubiratan Barcellos, quem dirige o barco. Ao lado será o Dr. Ernani Batista Rosas?

FOTO 47 – Sr. Janguta Maia almoçando em Alagado com seu cunhado Chico ao lado.

FOTO 48 – Chico (irmão de Graziela) com o Sr. Elias Zacarias.

FOTO 49 – Dona Graziela e sua irmã Marlene.


João José


João José, talvez um ou dois anos mais novo que eu, tornou-se um grande amigo. Unidos a outros meninos, como Eduardo Domingos de Souza, Della Bianca, Carlos Oswaldo e outros, encontrávamo-nos com frequência. Meu contato com  Grazinha era pequeno, porque meninos agiam como no “Clube do Bolinha” da revista em quadrinhos, que advertiam num cartaz à porta da barraca que armavam ao lado da casa: “meninas não entram”. Frequentávamos o mesmo colégio. Carlinhos, o irmão mais novo de João José, era ainda criança e por isso não desenvolvemos uma amizade propriamente dita. Silvana ainda não nascera.

Na entrada da adolescência passamos a praticar pequenos delitos, tais como furtar os “brucutus” dos carros (era a pequena peça sobre o capô que espargia água em direção ao vidro da frente) e as tampinhas de plástico que protegiam os locais por onde se enchem os pneus dos carros.

Em frente à minha casa, passavam pela calçada muitas freiras. Vinham do hospital São Lucas, que ficava na mesma Rua Augusto Ribas, bem adiante onde eu morava, logo após as residências das famílias Domingos de Souza, Maia e Hilgenberg. As freiras usavam aqueles imensos chapéus de pano engomado, que ficavam duros como madeira, e que deviam ter um diâmetro, ou largura, de mais ou menos uns 60 centímetros. Hoje tais chapéus pareceriam estranhos. Melhor dizer estranhíssimos e inapropriados.  Se fossem ainda usados, uma freira certamente não teria como entrar num ônibus lotado ostentando a esdrúxula cobertura de cabeça. Eu ficava com os amigos numa das janelas da minha casa, uns oito metros acima da calçada, e quando uma freira passava por ali, só ou acompanhada de outras freiras, atirávamos milhos ou feijões em seus chapéus. Os grãos faziam um barulho meio surdo sobre as cabeças das vítimas, poupoupoupou, mas as freiras não podiam sequer olhar para cima por causa das dimensões dos chapéus. Elas afastavam-se cheias de cereais nos chapéus eu e os amigos tínhamos longos acessos de riso.


FOTO 50 – Eram assim os chapéus e os hábitos  (roupas) das freiras do Hospital São Lucas (foto da internet). 

Porém logo depois, deixando para trás as crianças travessas que tínhamos sido, tomamos juízo e interrompemos as práticas de malvadezas que eram feitas, obviamente,  escondidas dos nossos pais. 


Os chás beneficentes e as ações comunitárias


Quando morávamos em Presidente Venceslau, as senhoras locais, principalmente aquelas cujos maridos eram ligados ao Rotary Clube, ofereciam “chás beneficentes” para o grupo de amigas. Aquela que oferecia o chá cobrava uma importância das amigas, e o resultado do dinheiro coletado era entregue totalmente a pessoas necessitadas, principalmente às que estivessem hospitalizadas, em tratamento de saúde. Minha mãe trouxe a ideia para o Rotary Clube de Ponta Grossa e a introduziu entre as amigas, que aderiram à prática. Dona Romilda Lange estava na presidência da Rede Feminina de Combate ao Câncer, e desta maneira o dinheiro arrecadado nos chás também eram destinado aos doentes de poucas posses.

Mas, é claro, as damas rotárias (esposas de rotarianos) – ou simplesmente as amigas – reuniam-se também pelo prazer de uma boa conserva ou como um simples gesto de amizade.

As seis fotos abaixo foram todas tiradas pelo meu irmão Olímpio, todas elas em minha casa. 



FOTO 51 – Argentina Vargas de Oliveira, Romilda Lange, Edith Barbosa Souto e Graziela Maia.

FOTO 52 – Trajando roupa preta, Marlene Pinto e Edith Souto. À esquerda, Glacy Hilgenberg Sponholz. Entre Marlene e minha mãe, a esposa do Chico.

FOTO 53 – Dora, Edith e Graziela.

FOTO 54 – Dora, Graziela, Olímpio e Edith.

FOTO 55 – Filhos de Janguta e Graziela Maia: Carlinhos, Grazinha e João José. Silvana ainda não existia.

FOTO 56 – Incluí esta foto, apenas para lembrar uma querida amiga, Lourdes Rocha Strozzi (de blusa branca), que também foi pessoa importante em nossas vidas. As três outras senhoras, não me lembro dos seus nomes.


As reuniões


Dona Graziela participava ativamente das campanhas promovidas pela damas rotárias. Reuni cinco fotografias feitas por profissionais, nas quais Dona Graziela aparece. Coincidentemente minha mãe, Edith Souto, está também presente nas cinco fotografias. Ei-las:



FOTO 57 - Trabalho das damas rotárias em pacotes para serem entregues a pessoas carentes. A partir da esquerda, minha mãe Edith Barbosa Souto é a quinta, Dª Aline de Carvalho a sétima e Dª Graziela a nona.

FOTO 58 - Mais trabalhos. Partindo das duas senhoras ao centro da mesa, minha mãe Edith Souto é a primeira do lado direito e Dª Graziela a quarta. Novamente voltando às duas senhoras do centro da mesa, a quinta é Dª Aline de Carvalho.

FOTO 59 - A partir da esquerda, Edith Souto é a sétima, Dª Graziela a oitava e Dª Aline a décima segunda.

FOTO 60 - Em algum jantar, o casal João (Janguta) Abrahão Maia e Graziela Maia (esta de casaco branco). De costas, meus pais Arary Souto e Edith Barbosa Souto (minha mãe com casaco preto às costas).

FOTO 61 - Minha mãe Edith Barbosa Souto, de costas e casaco preto (à direita) recebe cumprimentos das companheiras por algum motivo que não conheço. A partir de minha mãe, Dona Graziela é a terceira.


Silvana


Quando Dona Graziela estava grávida de seu quarto filho, ainda não existiam meios de se descobrir o sexo da criança antes do nascimento. Grazinha, que já tinha dois irmãos meninos, torcia pelo nascimento de uma menina. Falava disso frequentemente. Certo dia ela tocou a campainha em minha casa, subiu a escadaria correndo enquanto gritava "nasceu, nasceu, nasceu" e efusivamente abraçou minha mãe. Pulava de felicidade e gritava repetidamente: "É menina! É menina! É menina". Nascera Silvana.


---------DÉCADA DE 60---------



Minha vida após o falecimento de meu pai.


A inauguração da nova e enorme loja João Vargas de Oliveira, localizada na esquina da Av. Vicente Machado com a Rua Paula Xavier, deu-se em 20 de julho de 1962. Eu e minha irmã Ivone comparecemos. Minha mãe estava com meu pai em São Paulo, onde ele se tratava com os melhores médicos do país. Minha irmã tinha começado a trabalhar no escritório da loja. Com o trabalho dela e eu com o meu em agência bancária, nós passamos a sustentar-nos e à nossa casa em Ponta Grossa, para que sobrassem mais recursos à nossa mãe com o tratamento de Papai em São Paulo, que era muito caro.



FOTO 62 – Inauguração da Loja João Vargas de Oliveira. Em pé: Walfrido Gomes, Nadir Estêvão, Eloim Freitas, Ivone Barbosa Souto, Ambrósio Campanholi e Francisco Souto Neto. Sentados: Lourdes de Abreu e Eloim Freitas.


Meu pai faleceu em 1963. No ano seguinte meu irmão mudou-se para Nova York com sua esposa Aparecida. Minha irmã Ivone casou-se com Dulci Col da Rosa. Eu e minha mãe, morando agora num apartamento na Rua Paula Xavier (entre Rua XV de Novembro e Cel. Dulcídio) passamos a viver modestamente. A pensão de minha mãe minguava a cada mês e no Banco do Estado do Paraná, onde ingressei através de concurso público para exercer o cargo de escriturário, o salário era pequeno. Foram cerca de dez de certos sacrifícios. Eu tinha concluído o Curso Científico em 1962, porém passei três anos sem ânimo para fazer o exame vestibular para a Faculdade Estadual de Ponta Grossa. Minha mãe estimulou-me ao máximo para voltar aos estudos. Originalmente eu pretendia estudar Medicina em Curitiba, mas agora, sem o apoio do meu saudoso pai, não tinha muitas opções. Naquele tempo havia apenas dois cursos que funcionavam à noite em Ponta Grossa: Direito e Economia. Optei pelo primeiro. Fui aprovado no vestibular, se bem me lembro, em 4º lugar. Passei a trabalhar de manhã e à tarde, e estudar à noite.


Era natural que a vida mudasse. Já não havia muito tempo para os amigos. Formei-me em Direito, porém continuei a trabalhar no Banco do Estado do Paraná. Após alguns anos, surgiu a grande oportunidade: o Banestado abriu inscrições para um concurso interno ao cargo de inspetor. Fiz as provas e passei entre os primeiros classificados.

A vida de inspetor foi dura, de muito trabalho e viagens para inspecionar agências, num tempo em que havia apenas três estradas asfaltadas no Paraná: Curitiba a Paranaguá, Curitiba a Foz do Iguaçu e Curitiba ao Norte do Paraná (Maringá e Londrina). Entretanto, passei a receber salários bem mais altos, condizentes com meu cargo na instituição financeira.

No final de 1979 eu era Assessor de Diretor do Banestado, cargo que exerci até aposentar-me em 1991, tendo assessorado a vários diretores, a um vice-presidente e a dois presidentes: um de uma das empresas conglomeradas e outro da instituição bancária.  

No começo da década de 60 o meu irmão mudara seu domicílio para a capital de São Paulo e começava a atuar em teatro como ator. Eram papéis pequenos, mas ao lado dos mais importantes nomes do teatro nacional.

Eu passei a monopolizar a máquina fotográfica da família, e as fotos deste momento em diante são tiradas por mim.


FOTO 63 – Ainda no nosso casarão da Rua Augusto Ribas, em 1960, recebemos a visita de Lia e Marlene, e eu as fotografei. Aqui, Lia Hilgenberg.

FOTO 64 – Marlene.


FOTO 65 – Em março de 1962 minha mãe estava na fase final de uma gripe, quando recebeu a visita de Dona Graziela acompanhada dos filhos Carlinhos e Silvana. Meu pai, Arary Souto, já estava adoentado, porém nós ainda não sabíamos da gravidade de seu estado.


FOTO 66 – Dona Graziela ostentava um “new look”: cabelos louros, que lhe ficaram muito bem.


Após estas fotos adveio um período difícil que culminou com o falecimento de meu pai em abril de 1963, uma semana antes de completar 55 anos.  Novas fotografias só foram tiradas em meados do ano de 1964.

No começo de 1964 fomos à Chácara Graziela. A nova casa ficara magnífica. Sr. Janguta e Dª Graziela recepcionavam a namorada carioca de João José e a mãe dela.


FOTO 67 – Vista parcial da nova casa da Chácara Graziela. Posam par minha foto: Carlinhos, Janguta, Graziela, mãe da namorada do João José, Chico e esposa.


FOTO 68 – Eu e meu cunhado Dulci Col da Rosa em frente à piscina. A casa que se vê abaixo é uma “casa de bonecas”, réplica da casa grande, para a Silvana brincar.


FOTO 69 – Dona Graziela e a mãe da namorada do João José.


FOTO 70 – Ao lado da casa, Grazinha com seu marido Carlito Cunha e Lia com seu irmão Chico.


FOTO 71 – Dona Lia Hilgenberg.


FOTO 72 – Todos conversando ao lado da casa. Carlinhos e Janguta Maia estão ao lado direito da foto. Minha mãe não se deixava fotografar de luto, mas tirei a foto sem que ela percebesse. Sentada de lado, ela conversava com Graziela (de costas).


Em março de 1964 eu e minha mãe recebemos a visita de Sr. Janguta e Dª Graziela. Tirei umas bonitas fotos do casal:


FOTO 73 – Graziela e Janguta Maia.


FOTO 74 – Ivone Souto da Rosa e Graziela Maia.


FOTO 75- Minha mãe, Edith Barbosa Souto.


FOTO 76 – O casal Graziela e Janguta.


FOTO 77 – Dona Graziela.


Em outubro de 1965 rebemos a visita de minha cunhada Maria Aparecida e a levamos a um passeio à Chácara Graziela.


FOTO 78 – Aparecida e Silvana.


FOTO 79 – Grazinha com sua primogênita Sheila.


FOTO 80 – Aparecida com uma menina, talvez uma das filhas da Marlene?


FOTO 81 – Edith Souto entre as irmãs Graziela e Lia.


FOTO 82 – Dona Graziela e seus convidados. Esta fotografia e as seguintes inauguram a era das fotografias a cores. As primeiras eram reveladas e copiadas no Panamá. Demoravam mais de um mês para voltarem ao Brasil. Depois começaram a ser reveladas e copiadas na Fotoptica de São Paulo até que, finalmente, passaram a ser processadas em Curitiba e, logo depois, em Ponta Grossa, mas eram caríssimas.


FOTO 83 – Eu fotografo Dona Graziela e seus convidados.


FOTO 83 – Eu fotografo Dona Graziela e seus convidados.


FOTO 84 – Minha irmã Ivone com o marido Dulci e sua primogênita Dione Mara Souto da Rosa.


Em 1969 recebi a visita do italiano Raffaele Enrico Longo. Sabedor de que eu não tinha automóvel e nem sabia dirigir, Joãozinho Vargas, gentil como sempre, achou que o amigo italiano deveria conhecer alguns lugares bonitos fora da área metropolitana e levou-nos, dentre outros lugares, à sua própria fazenda e também à Chácara Graziela.

 FOTO 85 - Na Chácara Graziela: Carlinhos Maia, Joãozinho Vargas, Raffaele Longo e minha prima Marisa Souto Emílio (Marisa Bugni).


FOTO 86 - Na casa da chácara: Raffaele, Graziela Maia e Edith Souto.



---------DÉCADA DE 70---------



Em maio de 1974 meu irmão Olímpio veio de Nova York trazendo-nos o chihuahua Quincas Little Poncho. As irmãs Lia e Marlene (estas com as filhas), Romilda Lange e Argentina Vargas vieram cumprimentar o Olímpio e conhecer o Quincas.

FOTO 87 - Romilda Lange, Edith Souto, Lia Hilgenberg.


FOTO 88 - Edith Souto segura o Quincas enquanto Argentina Vargas lhe faz carinhos.


FOTO 89 - Argentina Vargas de Oliveira (com o Quincas no colo) e Olímpio Souto.


FOTO 90 - Ivone, Marlene e filhas.


FOTO 91 - Quincas Little Poncho acordado.




---------DÉCADA DE 80---------


Em Curitiba. 70 anos de Edith.


Minha mãe, Edith Barbosa Souto, completou 70 anos no dia 3 de julho de 1981, quando já residíamos em Curitiba, na Rua Marechal Hermes. Os amigos vieram cumprimentá-la.

FOTO 92 - Edith Souto entre Erica de Carvalho e Grazinha Maia.


FOTO 93 - Amigas Grazinha Maia, Edith Souto, Lourdes Rocha Strozzi, Noemi Carriel Copacheski (Mimi), Alice Schmidt Vasconcellos, Marlene Sant'Anna Granville Urban e Lady Grohmann.


FOTO 94 - Lady Grohmann e Grazinha Maia.


FOTO 95 - Amigas.


FOTO 96 - Graziela Maia e Lourdes Rocha.


FOTO 97 - Graziela Maia, Lourdes Rocha Strozzi, Janguta Maia e Edith Barbosa Souto.



Inauguração da Rua Arary Souto em Curitiba



Em maio de 1982 foi inaugurada a Rua Arary Souto por proposição do vereador Everaldo Silva. A placa foi descerrada por Edith Barbosa Souto e o prefeito Jaime Lerner.


FOTO 98 - Francisco Souto Neto (fazendo careta) filma o discurso do prefeito Jaime Lerner na inauguração da Rua Arary Souto em Curitiba. Atrás de Lerner, o vereador Betenheuser.


FOTO 99 - A Rua Arary Souto é inaugurada. Posam: Francisco Souto Neto, Ivone Souto da Rosa, vereador Everaldo Silva, Edith Barbosa Souto, prefeito Jaime Lerner e um vereador.


FOTO 100 - Graziela Maia entrega rosas para Edith Barbosa Souto.


FOTO 101 - Graziela Maia com Edith Souto, enquanto Romilda Lange aguarda para entregar orquídeas à amiga.

FOTO 102 - Astrid Batista Rosas com Ivone Souto da Rosa. Atrás da Ivone, Romilda conversa com Graziela, enquanto João José passa pelo lado esquerdo da foto.


FOTO 103 - João José Maia e minha tia Iraty Souto Emílio. À direita, Astrid Lange Batista Rosas, Graziela Maia e Ivone Souto da Rosa.


FOTO 104 - João José Pinto Maia e Francisco Souto Neto.


I Salão Banestado de Artistas Inéditos


Em novembro de 1983, na qualidade de Assessor de Diretor e de Assessor para Assuntos de Cultura do Banestado, obtive a minha primeira vitória ao conseguir inaugurar o I Salão Banestado de Artistas Inéditos - SBAI, que eu conduziria anualmente até aposentar-me em 1991 e que continuou existindo até que o banco oficial paranaense foi extinto pela corrupção no governo Lerner. O Salão Banestado esmerou-se por contar sempre com comissões julgadoras honestas, muito respeitadas e que decidiam soberanamente sem interferência nem minha,  nem de ninguém. Neste I SBAI a comissão julgadora foi composta por Alberto Massuda, Jair Mendes e Mazé Mendes. Vários amigos meus foram classificados e premiados, entretanto sempre por seus próprios valores, jamais por minha opinião.

O casal Janguta e Graziela Maia esteve presente.


FOTO 105 - No I Salão Banestado de Artistas Inéditos eu fiz o protocolo e os discursos inaugurais foram proferidos por Dr. José Brandt Silva, presidente, e Dr. Octacílio Ribeiro da Silva, diretor. Presentes os colegas Wilson Ganen e João Guerreiro.

FOTO 106 - Os três vencedores do I SBAI: Heloísa Maria Machado Moreira, Rubens Faria Gonçalves e Dorothy de Souza Rocha.

FOTO 107 - Eu e alguns dos meus convidados: Janguta Maia (João Abrahão Maia), Graziela Maia (Gracia Pinto Maia), Jayme Strozzi, Lourdes Rocha Strozzi, Dorothy de Souza Rocha, Francisco Souto Neto, Edith Barbosa Souto e Marlene Sant'Anna Granville Urban,

FOTO 108 -Regina Romano Bowles, Robert Jan Bowles, Francisco Souto Neto, Tadeu Petrin, Marlene Sant'Anna Granville Urban, Rubens Faria Gonçalves, Edith Barbosa Souto.




---------DÉCADA DE 90---------


Olímpio viaja a Ponta Grossa



Em setembro de 1993 meu irmão veio  com a esposa Aparecida ao Brasil para visitar amigos e parentes em São Paulo, Curitiba e Ponta Grossa. Em Ponta Grossa  reuniu na casa de nossa irmã Ivone, as amigas Graziela, Lia e Marlene, além de Romilda, Zilá e Simone Werneck.


FOTO 109 - Graziela Maia, Ivone Souto da Rosa, Romilda Lange, Simone Werneck.

FOTO 110 - Olímpio Souto, Maria Aparecida d'Elboux Moreira Souto, Graziela Maia, Francisco Souto Neto, Edith Barbosa Souto, Romilda Lange.

FOTO 111 - Olímpio conversa com Edith, Marlene e Dora. No sofá ao fundo: Ivone, Romilda conversando com Simone, e Rossana  com a menina Marion Souto da Rosa Lemes.

FOTO 112 - Olímpio entre Graziela e Romilda.

FOTO 113 - Graziela, Olímpio e Romilda.

FOTO 114 - Dora, Marlene e Edith.

FOTO 115 - Olímpio Souto conversando com Zilá Lopes Werneck. Ao fundo, Dora e Marlene.

FOTO 116 - Souto Neto entre Dora e Marlene.

FOTO 117 - Edith, Souto Neto, Zilá e Simone.

FOTO 118 - Olímpio e Dora.

FOTO 119 - Graziela, Olímpio, Edith e Romilda.

120 - Ao término do encontro: Francisco Souto Neto, Simone Werneck, Graziela Maia, Olímpio Souto e Romilda Lange.


Minha mãe faleceu em 1997 aos 85 anos. Continuei residindo no mesmo apartamento da Rua Marechal Hermes, em Curitiba.

Em abril de 1998 recebi a visita de Grazinha Maia e sua filha Márcia.


 FOTO 121 - Recebo a visita de Grazinha Maia e sua filha Márcia.

FOTO 122 - Recebo a visita de Grazinha Maia e sua filha Márcia.

FOTO 123 - Recebo a visita de Grazinha Maia e sua filha Márcia.

O dia 1º de janeiro do ano 2000 foi saudado como o primeiro dia do Século XXI. Mesmo que tivesse sido explicado através da imprensa que o ano 2000 era o último ano do Século XX e que este terminaria em 31 de dezembro de 2000, e que, portanto, o dia 1º de janeiro de 2001 é que seria a entrada do Século XXI, poucas pessoas compreenderam.

Portanto, dia 25 de dezembro de 2000 foi o último Natal do Século XX. Nesse Natal, fechando o ciclo das décadas anteriores, recebi uma visita de Grazinha Maia.

FOTO 124 - Grazinha Maia visita-me no Natal de 2000.

FOTO 125 - Grazinha Maia visita-me no Natal de 2000.

FOTO 126 - Grazinha Maia visita-me no Natal de 2000.



---------O SÉCULO XXI---------



Em outubro de 2002 recebi a visita de Grazinha Maia.


FOTO 127 - Recebo a visita de Grazinha.

FOTO 128 - Recebo a visita de Grazinha.

FOTO 129 - Grazinha vendo a casa de bonecas que comprei para minhas sobrinhas.


Em abril de 2005 Grazinha Maia visita-me, trazendo uma das filhas  a neta Tiffany.


FOTO 130 - Recebo a visita de Grazinha, desta vez acompanhada de Sheila e Tiffany (filha e neta).

FOTO 131 - Sheila, eu com o chihuahua Paco Ramirez e Grazinha, e Tiffany.

FOTO 132 - Grazinha mostra à filha e à neta a casa de bonecas que comprei para minhas sobrinhas (mas que nunca a levaram), enquanto Paco me observa da cama.


E assim transcorreram muitas décadas. Sr. Janguta e Dona Graziela já nos deixaram há muito tempo, e agora seus netos e bisnetos escrevem e escreverão a continuação da história deste legado de beleza e amizade.


FIM