NOSTALGIA
- RESGATE DA
MEMÓRIA –
Blog de Francisco Souto Neto
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FAMÍLIA MAIA
de PONTA GROSSA:
SR. JANGUTA
e Dª GRAZIELA
por
Francisco Souto Neto
----------DÉCADA
DE 40---------
Quando viemos residir pela
primeira vez em Ponta Grossa, em 1947 ou 1948, provenientes de Presidente
Venceslau (minha cidade natal no Estado de São Paulo) e da capital paulista,
fomos morar na Rua Visconde de Nácar nº 149, entre a rua Marechal Deodoro e a XV
de Novembro. Os vizinhos de um lado eram os Capotes e os da esquina os Schmidt
Vasconcellos. Do outro lado da rua viviam as famílias Kampe, Emílio, Perantunes
e Carriel. Virando a esquina na Marechal Deodoro para baixo, logo depois da
residência de Orlando e Alice Vasconcellos, estava a casa de Nelson e Lia Pinto
Hilgenberg. Portanto, o fundo do quintal da minha casa dava para a lateral do
quintal dos Hilgenberg, que se localizava num plano ligeiramente mais baixo.
Pois foi através de Dona Lia que conhecemos ao casal Sr. Janguta e Dona
Graziela, porque esta e Lia eram irmãs.
Em Ponta Grossa meu pai, Arary
Souto, foi o Diretor de Redação do diário tido como o mais informativo do
Paraná, que era o Jornal do Paraná. Sete anos depois, ele seria o Diretor Geral
da Rádio Central do Paraná, numa época em que ainda não existia televisão em
Ponta Grossa, e o rádio era o principal meio de comunicação de massas.
FOTO 1 – Casa onde residimos de
1947 a 1952, na Rua Visconde de Nácar nº 149. Era uma casa grande, com quatro
quartos no andar térreo e mais dois no sótão (Pintura de Ruben Esmanhoto).
A certo momento da minha tenra
infância, lá pelos cinco anos, lembro-me de minha mãe no fundo do quintal
conversando com Dona Lia do outro lado da cerca. Dona Lia esticou as mãos, que
seguravam duas taça de cristal, passando-as para nós. As taças continham
morangos com chantilly, que comi com gula. Inesquecível! No Paraná, chamavam o
chantilly de “nata”.
Era natural que Lia apresentasse
Graziela à minha mãe, e que os respectivos maridos também se tornassem amigos.
Numa das visitas de Graziela à
minha casa, ela levou consigo os dois filhos Grazinha e João José (Carlos e
Silvana ainda não existiam). Minha mãe levou as crianças para verem as galinhas
do quintal e tirou uma foto. Não sei em que ano foi, mas vou arriscar 1949.
FOTO 2 – A menina maior é minha
irmã Ivone. As crianças são: eu (Francisco Souto Neto), João José e Grazinha,
filhos de Janguta e Graziela (Gracia) Maia. Algumas das galinhas (todas “de
estimação”) eram: Dengosa, Pafúncia, Funegundas, a Corriqueira com quatro pintinhos. Minha predileta era o Birro. Nós a chamávamos por um nome masculino,
porém era uma galinha do pescoço pelado (saindo de cena, à direita).
---------DÉCADA
DE 50---------
A elegância dos anos dourados
No começo do ano de 1953 transferimo-nos
para Campo Grande, MS, a convite do então prefeito – primo de minha mãe –
Wilson Barbosa Martins, que no futuro seria eleito senador da República e
depois governador do Estado. O convite era para meu pai fundar e dirigir um
jornal diário em Campo Grande. Isso foi feito, e então mudamo-nos para
Presidente Venceslau, SP, minha cidade natal, onde permanecemos durante os anos
de 1954 até dezembro de 1955, quando retornamos a Ponta Grossa, nesta
oportunidade para meu pai dirigir a Rádio Central do Paraná. Fomos residir na
Rua Augusto Ribas, nº 571, a uns 50 metros do Cine Ópera na Rua XV de Novembro.
Era um casarão onde vivíamos no primeiro andar, mas lá naquela altura tínhamos um grande
quintal com Cacique, um cachorro perdigueiro (a fox Sweet morava dentro de casa).
Esse quintal contava com jardim, horta e um galinheiro para que eu continuasse
tendo as minhas galinhas de estimação.
FOTO 3 – Minha casa na Rua
Augusto Ribas nº 571, ao lado da Câmara Municipal que se vê à esquerda, depois do poste duplo, pintada de um azul claro desbotado.
FOTO 3A – Era preciso subir essa escadaria, mas lá no alto tínhamos um grande quintal com cães, jardim, horta e um galinheiro.
O Sr. Janguta (João Abrahão Maia)
e Dª Graziela Maia (Gracia Pinto Maia) eram um casal elegante. Não exagero se
chamá-los de elegantíssimos. Sr. Janguta, um gentleman de cabelos ruivos, e
Dona Graziela todos os anos era eleita pelos cronistas sociais “uma das dez
senhoras mais elegantes de Ponta Grossa”. Ela foi também para a lista das “dez
mais” do Paraná. Certa ocasião, João José contou-me que a mãe tinha aparecido
na revista “O Cruzeiro”, a mais importante revista semanal do país, e trouxe a
revista para eu ver. Numa foto bem grande, estava Dona Graziela num “sweepstake”
no Hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro. Usava um chapéu de abas largas e parecia uma estrela de
Hollywood.
FOTO 4 – Sr. Janguta (João
Abrahão Maia) em pé e Dª Graziela (Gracia Pinto Maia) sentada, numa festa no
13º R.I. em 1956.
FOTO 5 – Dedicatória no verso da
foto acima (destinada a meu irmão Olímpio Souto). Na metade do século XX era
habitual presentear os amigos com fotografias.
Dona Graziela era filha de italianos.
Ela e suas irmãs eram mulheres muito bonitas: Lia, Dora, Ruth, Marlene. Lia lembrava-me
muito o rosto de Sophia Loren. Dora era não menos exuberante e seus traços às
vezes tinham um quê da atriz Joan Crawford. Ruth também era bonita, assim como a
mais nova, Marlene, que na metade da década de 50 era ainda uma adolescente
normalista mais ou menos da minha idade. Conheci apenas a dois dos irmãos, Chico e
Valter.
O Sr. Janguta foi um importante
empresário de Ponta Grossa e a família morava numa bela casa na Rua Augusto
Ribas. Na década de 50 Nelson e Lia Hilgenberg passaram a residir também na
mesma rua, duas quadras adiante. Portanto, todos nós morávamos na mesma rua. Da
janela eu via Marlene – a irmã mais nova que morava com o casal Maia – passar
com seu uniforme de normalista rumo ao colégio. Ela passava em frente à minha
casa, atravessava a rua XV de Novembro e descia a ladeira da lateral do Cine
Ópera.
Lia, Dora e Marlene, irmãs de Graziela
Lia, Dora e Marlene, irmãs de
Graziela, estiveram intrinsecamente ligadas às minhas memórias de infância, e
por este motivo desejo inclui-las nesta homenagem que visa, precipuamente, ao
casal Janguta e Graziela.
FOTO 6 – Lia Pinto Hilgenberg:
beleza, elegância, cultura e simpatia.
FOTO 7 – Lia Hilgenberg em sua
casa: elegância e beleza eram comuns às filhas da italiana Angelina Pinto (Dona
Ângela).
FOTO 8 – Lia Hilgenberg.
FOTO 9 – Lia Hilgenberg.
FOTO 10 – Lia Hilgenberg.
FOTO 11 – Lia Hilgenberg entre
dois dos seus três filhos: Maria Ângela e Nelsinho. À esquerda, sua irmã Dora.
FOTO 12 – As irmãs Lia e Dora.
FOTO 13 – Dora na casa de Lia:
linda como uma artista de cinema.
FOTO 14 – Dora em minha casa.
FOTO 15 – Igualmente bela,
Marlene em minha casa, recém-casada com Álvaro Di Piero.
FOTO 16 – Álvaro e Marlene
recebidos por minha mãe (Edith Barbosa Souto), à direita.
A Chácara Graziela
Sr. Janguta comprou um terreno
rural na região de Periquitos, decidido a formar ali uma chácara. Esta
tornou-se a mais bela propriedade rural do Município e denominou-a Chácara
Graziela. Começou a construção pela piscina e, no declive, criou um lugar para
servir como abrigo e área de lazer ao lado da piscina, que tinha no andar
inferior os chuveiros e o vestiário. A relva e as árvores frutíferas foram
ampliando-se pelo terreno. Com a passagem do tempo, substituiu a casa original
por uma vivenda muito sofisticada de dois andares, aproveitando a
irregularidade do terreno. Ainda mais tarde, construiu para Silvana, a menina
caçula, uma casa de bonecas como uma réplica da casa principal, situando-a após
o vestiário. Um córrego que passava pela propriedade recebeu uma roda d’água que
passou a fornecer energia elétrica para a casa. Pelo outro lado, depois da
piscina havia uma quadra de esportes e, mais adiante, encontrava-se o bosque. Sob
as frondosas árvores, Sr. Janguta mandou construir extensas mesas de madeiras
e bancos, e uma churrasqueira. Ali os Maias reuniam os familiares, parentes e
amigos para festivos almoços ao ar livre. A extensa mesa comportava dezenas de
convidados.
Em outras palavras, o casal criou
um ambiente quase mágico e ali a família passava os fins de semana reunida a
convidados. Foram incontáveis as vezes que passamos os domingos com os Maias,
como se fôssemos uma única e enorme família.
Embora eu estivesse sempre junto,
nas ocasiões abaixo não apareço nas fotografias. Ou, quase ao acaso, apareço
somente na FOTO 43... é que meu irmão, que controlava a máquina fotográfica, não
gostava de me fotografar.
FOTO 21 – Graziela Maia e Edith
Souto. Crianças brincam na parte rasa da piscina. Observar que a casa que
aparece atrás de Dona Graziela era a original que serviu de abrigo nos
primeiros meses da chácara. Depois foi substituída por uma bela casa que era
verdadeiramente cinematográfica.
FOTO 22 – Grazinha Maia e Ivone
Souto. Atrás, o enorme pomar que fora planejado pelo Sr. Janguta e que já
estava plantado.
FOTO 24 – Bela foto de Olímpio
Souto, da nossa irmã Ivone refletida na piscina, que evidencia a beleza do
pomar atrás de um muro de hortênsias.
FOTO 29 – Uma foto de brincadeira
com Olímpio: Grazinha, menina, finge fumar como Rita Hayworth no filme “Gilda”.
FOTO 36 – Yeda Souto Rhormens, Marlene
Pinto e Ivone Souto.
FOTO 37 - Marlene com Ivone, e João
José brincando de fazer pose.
FOTO 39 – Olímpio Souto à borda
da piscina. A casa ao fundo estava com dias marcados para ser demolida e dar
lugar a uma verdadeira mansão de arquitetura moderna e inovadora.
FOTO 40 – Olímpio e Grazinha. As
pessoas seguintes, bem como o casal na piscina, não consegui identificar,
porque nesse tempo as fotografias reveladas tinham as dimensões de apenas 5 por 5 centímetros.
Observar que as árvores ao fundo faziam parte da propriedade, e era chamadas de
“o bosque”, onde havia uma churrasqueira gigante e mesas e bancos para os
almoços ao ar livre. Entre a piscina e o bosque havia a quadra de basquete.
FOTO 45 – Carlinhos Maia e Edith
Souto.
A Chácara Graziela era um lugar
de sonho e beleza, graças à amizade e às gentilezas do casal Sr. Janguta e Dona
Graziela.
Elegância
FOTO 45A - As três irmãs Lia, Marlene e Graziela numa festa de casamento.
FOTO 45B - O casal Janguta e Graziela Maia numa festa com os filhos João José e Grazinha.
O Alagado
FOTO 45A - As três irmãs Lia, Marlene e Graziela numa festa de casamento.
FOTO 45B - O casal Janguta e Graziela Maia numa festa com os filhos João José e Grazinha.
O Alagado
FOTO 46 – Consigo
identificar apenas Ubiratan Barcellos, quem dirige o barco. Ao lado será o Dr. Ernani Batista Rosas?
FOTO 49 – Dona Graziela e sua
irmã Marlene.
João José
João José, talvez um ou dois anos mais
novo que eu, tornou-se um grande amigo. Unidos a outros meninos, como Eduardo
Domingos de Souza, Della Bianca, Carlos Oswaldo e outros, encontrávamo-nos com
frequência. Meu contato com Grazinha era
pequeno, porque meninos agiam como no “Clube do Bolinha” da revista em
quadrinhos, que advertiam num cartaz à porta da barraca que armavam ao lado da
casa: “meninas não entram”. Frequentávamos o mesmo colégio. Carlinhos, o irmão mais novo de João José, era ainda criança e por isso não desenvolvemos uma amizade propriamente dita. Silvana ainda não nascera.
Na entrada da adolescência
passamos a praticar pequenos delitos, tais como furtar os “brucutus” dos carros
(era a pequena peça sobre o capô que espargia água em direção ao vidro da
frente) e as tampinhas de plástico que protegiam os locais por onde se enchem
os pneus dos carros.
Em frente à minha casa, passavam
pela calçada muitas freiras. Vinham do hospital São Lucas, que ficava na mesma
Rua Augusto Ribas, bem adiante onde eu morava, logo após as residências das
famílias Domingos de Souza, Maia e Hilgenberg. As freiras usavam aqueles
imensos chapéus de pano engomado, que ficavam duros como madeira, e que deviam
ter um diâmetro, ou largura, de mais ou menos uns 60 centímetros. Hoje tais
chapéus pareceriam estranhos. Melhor dizer estranhíssimos e inapropriados. Se fossem ainda usados, uma freira certamente
não teria como entrar num ônibus lotado ostentando a esdrúxula cobertura de
cabeça. Eu ficava com os amigos numa das janelas da minha casa, uns oito metros
acima da calçada, e quando uma freira passava por ali, só ou acompanhada de outras freiras, atirávamos milhos ou feijões em seus chapéus. Os grãos faziam um barulho meio
surdo sobre as cabeças das vítimas, poupoupoupou,
mas as freiras não podiam sequer olhar para cima por causa das dimensões dos
chapéus. Elas afastavam-se cheias de cereais nos chapéus eu e os amigos tínhamos longos acessos de riso.
FOTO 50 – Eram assim os chapéus e os hábitos (roupas) das freiras do Hospital São Lucas (foto da internet).
Porém logo depois, deixando para trás as
crianças travessas que tínhamos sido, tomamos juízo e interrompemos as práticas
de malvadezas que eram feitas, obviamente,
escondidas dos nossos pais.
Os chás beneficentes e as ações comunitárias
Quando morávamos em Presidente
Venceslau, as senhoras locais, principalmente aquelas cujos maridos eram
ligados ao Rotary Clube, ofereciam “chás beneficentes” para o grupo de amigas.
Aquela que oferecia o chá cobrava uma importância das amigas, e o resultado do
dinheiro coletado era entregue totalmente a pessoas necessitadas, principalmente às que
estivessem hospitalizadas, em tratamento de saúde. Minha mãe trouxe a ideia
para o Rotary Clube de Ponta Grossa e a introduziu entre as amigas, que
aderiram à prática. Dona Romilda Lange estava na presidência da Rede Feminina
de Combate ao Câncer, e desta maneira o dinheiro arrecadado nos chás também
eram destinado aos doentes de poucas posses.
Mas, é claro, as damas rotárias
(esposas de rotarianos) – ou simplesmente as
amigas – reuniam-se também pelo prazer de uma boa conserva ou como um
simples gesto de amizade.
FOTO 52 – Trajando roupa preta,
Marlene Pinto e Edith Souto. À esquerda, Glacy Hilgenberg Sponholz. Entre
Marlene e minha mãe, a esposa do Chico.
FOTO 55 – Filhos de Janguta e Graziela
Maia: Carlinhos, Grazinha e João José. Silvana ainda não existia.
FOTO 56 – Incluí esta foto, apenas
para lembrar uma querida amiga, Lourdes Rocha Strozzi (de blusa branca), que
também foi pessoa importante em nossas vidas. As três outras senhoras, não me
lembro dos seus nomes.
As reuniões
Dona Graziela participava ativamente
das campanhas promovidas pela damas rotárias. Reuni cinco fotografias feitas
por profissionais, nas quais Dona Graziela aparece. Coincidentemente minha mãe,
Edith Souto, está também presente nas cinco fotografias. Ei-las:
FOTO 57 - Trabalho das damas rotárias em pacotes para serem entregues a pessoas carentes. A partir da esquerda, minha mãe Edith Barbosa Souto é a quinta, Dª Aline de Carvalho a sétima e Dª Graziela a nona.
FOTO 58 - Mais trabalhos. Partindo das duas senhoras ao centro da mesa, minha mãe Edith Souto é a primeira do lado direito e Dª Graziela a quarta. Novamente voltando às duas senhoras do centro da mesa, a quinta é Dª Aline de Carvalho.
FOTO 59 - A partir da esquerda, Edith Souto é a sétima, Dª Graziela a oitava e Dª Aline a décima segunda.
FOTO 60 - Em algum jantar, o casal João (Janguta) Abrahão Maia e Graziela Maia (esta de casaco branco). De costas, meus pais Arary Souto e Edith Barbosa Souto (minha mãe com casaco preto às costas).
FOTO 61 - Minha mãe Edith Barbosa Souto, de costas e casaco preto (à direita) recebe cumprimentos das companheiras por algum motivo que não conheço. A partir de minha mãe, Dona Graziela é a terceira.
Silvana
Quando Dona Graziela estava grávida de seu quarto filho, ainda não existiam meios de se descobrir o sexo da criança antes do nascimento. Grazinha, que já tinha dois irmãos meninos, torcia pelo nascimento de uma menina. Falava disso frequentemente. Certo dia ela tocou a campainha em minha casa, subiu a escadaria correndo enquanto gritava "nasceu, nasceu, nasceu" e efusivamente abraçou minha mãe. Pulava de felicidade e gritava repetidamente: "É menina! É menina! É menina". Nascera Silvana.
---------DÉCADA
DE 60---------
Minha vida após o falecimento de meu pai.
A inauguração da nova e enorme loja
João Vargas de Oliveira, localizada na esquina da Av. Vicente Machado com a Rua
Paula Xavier, deu-se em 20 de julho de 1962. Eu e minha irmã Ivone
comparecemos. Minha mãe estava com meu pai em São Paulo, onde ele se tratava
com os melhores médicos do país. Minha irmã tinha começado a trabalhar no
escritório da loja. Com o trabalho dela e eu com o meu em agência bancária, nós
passamos a sustentar-nos e à nossa casa em Ponta Grossa, para que sobrassem mais
recursos à nossa mãe com o tratamento de Papai em São Paulo, que era muito
caro.
FOTO 62 – Inauguração da Loja João
Vargas de Oliveira. Em pé: Walfrido Gomes, Nadir Estêvão, Eloim Freitas, Ivone
Barbosa Souto, Ambrósio Campanholi e Francisco Souto Neto. Sentados: Lourdes de
Abreu e Eloim Freitas.
Meu pai faleceu em 1963. No ano seguinte meu irmão mudou-se para Nova York com sua esposa Aparecida. Minha irmã Ivone casou-se com Dulci Col da Rosa. Eu e minha mãe, morando agora num apartamento na Rua Paula Xavier (entre Rua XV de Novembro e Cel. Dulcídio) passamos a viver modestamente. A pensão de minha mãe minguava a cada mês e no Banco do Estado do Paraná, onde ingressei através de concurso público para exercer o cargo de escriturário, o salário era pequeno. Foram cerca de dez de certos sacrifícios. Eu tinha concluído o Curso Científico em 1962, porém passei três anos sem ânimo para fazer o exame vestibular para a Faculdade Estadual de Ponta Grossa. Minha mãe estimulou-me ao máximo para voltar aos estudos. Originalmente eu pretendia estudar Medicina em Curitiba, mas agora, sem o apoio do meu saudoso pai, não tinha muitas opções. Naquele tempo havia apenas dois cursos que funcionavam à noite em Ponta Grossa: Direito e Economia. Optei pelo primeiro. Fui aprovado no vestibular, se bem me lembro, em 4º lugar. Passei a trabalhar de manhã e à tarde, e estudar à noite.
Era natural que a vida mudasse. Já
não havia muito tempo para os amigos. Formei-me em Direito, porém continuei a
trabalhar no Banco do Estado do Paraná. Após alguns anos, surgiu a grande
oportunidade: o Banestado abriu inscrições para um concurso interno ao cargo de
inspetor. Fiz as provas e passei entre os primeiros classificados.
A vida de inspetor foi dura, de muito
trabalho e viagens para inspecionar agências, num tempo em que havia apenas
três estradas asfaltadas no Paraná: Curitiba a Paranaguá, Curitiba a Foz do
Iguaçu e Curitiba ao Norte do Paraná (Maringá e Londrina). Entretanto, passei a receber salários bem mais altos, condizentes com meu cargo na instituição financeira.
No final de 1979 eu era Assessor de
Diretor do Banestado, cargo que exerci até aposentar-me em 1991, tendo
assessorado a vários diretores, a um vice-presidente e a dois presidentes: um de uma das empresas conglomeradas e outro da instituição
bancária.
No começo da década de 60 o meu
irmão mudara seu domicílio para a capital de São Paulo e começava a atuar em teatro como ator. Eram papéis pequenos, mas ao lado
dos mais importantes nomes do teatro nacional.
Eu passei a monopolizar a máquina
fotográfica da família, e as fotos deste momento em diante são tiradas por mim.
FOTO 63 – Ainda no nosso casarão
da Rua Augusto Ribas, em 1960, recebemos a visita de Lia e Marlene, e eu as
fotografei. Aqui, Lia Hilgenberg.
FOTO 65 – Em março de 1962 minha
mãe estava na fase final de uma gripe, quando recebeu a visita de Dona Graziela
acompanhada dos filhos Carlinhos e Silvana. Meu pai, Arary Souto, já estava
adoentado, porém nós ainda não sabíamos da gravidade de seu estado.
FOTO 66 – Dona Graziela ostentava
um “new look”: cabelos louros, que lhe ficaram muito bem.
Após estas fotos adveio um
período difícil que culminou com o falecimento de meu pai em abril de 1963, uma
semana antes de completar 55 anos. Novas
fotografias só foram tiradas em meados do ano de 1964.
No começo de 1964 fomos à Chácara
Graziela. A nova casa ficara magnífica. Sr. Janguta e Dª Graziela recepcionavam
a namorada carioca de João José e a mãe dela.
FOTO 67 – Vista parcial da nova
casa da Chácara Graziela. Posam par minha foto: Carlinhos, Janguta, Graziela,
mãe da namorada do João José, Chico e esposa.
FOTO 68 – Eu e meu
cunhado Dulci Col da Rosa em frente à piscina. A casa que se vê abaixo é uma “casa
de bonecas”, réplica da casa grande, para a Silvana brincar.
FOTO 72 – Todos conversando ao
lado da casa. Carlinhos e Janguta Maia estão ao lado direito da foto. Minha mãe
não se deixava fotografar de luto, mas tirei a foto sem que ela percebesse.
Sentada de lado, ela conversava com Graziela (de costas).
Em março de 1964 eu e minha mãe
recebemos a visita de Sr. Janguta e Dª Graziela. Tirei umas bonitas fotos do
casal:
FOTO 77 – Dona Graziela.
Em outubro de 1965 rebemos a
visita de minha cunhada Maria Aparecida e a levamos a um passeio à Chácara
Graziela.
FOTO 82 – Dona Graziela e seus
convidados. Esta fotografia e as seguintes inauguram a era das fotografias a cores. As primeiras eram reveladas e copiadas no Panamá. Demoravam mais de um mês para voltarem ao Brasil. Depois começaram a ser reveladas e copiadas na Fotoptica de São Paulo até que, finalmente, passaram a ser processadas em Curitiba e, logo depois, em Ponta Grossa, mas eram caríssimas.
FOTO 83 – Eu fotografo Dona Graziela e seus
convidados.
FOTO 83 – Eu fotografo Dona Graziela e seus convidados.
FOTO 83 – Eu fotografo Dona Graziela e seus convidados.
FOTO 84 – Minha irmã Ivone com o
marido Dulci e sua primogênita Dione Mara Souto da Rosa.
Em 1969 recebi a visita do italiano Raffaele Enrico Longo. Sabedor de que eu não tinha automóvel e nem sabia dirigir, Joãozinho Vargas, gentil como sempre, achou que o amigo italiano deveria conhecer alguns lugares bonitos fora da área metropolitana e levou-nos, dentre outros lugares, à sua própria fazenda e também à Chácara Graziela.
FOTO 86 - Na casa da chácara: Raffaele, Graziela Maia e Edith Souto.
---------DÉCADA
DE 70---------
Em maio de 1974 meu irmão Olímpio veio de Nova York trazendo-nos o chihuahua Quincas Little Poncho. As irmãs Lia e Marlene (estas com as filhas), Romilda Lange e Argentina Vargas vieram cumprimentar o Olímpio e conhecer o Quincas.
FOTO 87 - Romilda Lange, Edith Souto, Lia Hilgenberg.
FOTO 88 - Edith Souto segura o Quincas enquanto Argentina Vargas lhe faz carinhos.
FOTO 88 - Edith Souto segura o Quincas enquanto Argentina Vargas lhe faz carinhos.
FOTO 91 - Quincas Little Poncho acordado.
---------DÉCADA DE 80---------
Em Curitiba. 70 anos de Edith.
Minha mãe, Edith Barbosa Souto, completou 70 anos no dia 3 de julho de 1981, quando já residíamos em Curitiba, na Rua Marechal Hermes. Os amigos vieram cumprimentá-la.
FOTO 93 - Amigas Grazinha Maia, Edith Souto, Lourdes Rocha Strozzi, Noemi Carriel Copacheski (Mimi), Alice Schmidt Vasconcellos, Marlene Sant'Anna Granville Urban e Lady Grohmann.
FOTO 97 - Graziela Maia, Lourdes Rocha Strozzi, Janguta Maia e Edith Barbosa Souto.
Inauguração da Rua Arary Souto em Curitiba
Inauguração da Rua Arary Souto em Curitiba
Em maio de 1982 foi inaugurada a Rua Arary Souto por proposição do vereador Everaldo Silva. A placa foi descerrada por Edith Barbosa Souto e o prefeito Jaime Lerner.
FOTO 98 - Francisco Souto Neto (fazendo careta) filma o discurso do prefeito Jaime Lerner na inauguração da Rua Arary Souto em Curitiba. Atrás de Lerner, o vereador Betenheuser.
FOTO 99 - A Rua Arary Souto é inaugurada. Posam: Francisco Souto Neto, Ivone Souto da Rosa, vereador Everaldo Silva, Edith Barbosa Souto, prefeito Jaime Lerner e um vereador.
FOTO 101 - Graziela Maia com Edith Souto, enquanto Romilda Lange aguarda para entregar orquídeas à amiga.
FOTO 102 - Astrid Batista Rosas com Ivone Souto da Rosa. Atrás da Ivone, Romilda conversa com Graziela, enquanto João José passa pelo lado esquerdo da foto.
FOTO 103 - João José Maia e minha tia Iraty Souto Emílio. À direita, Astrid Lange Batista Rosas, Graziela Maia e Ivone Souto da Rosa.
FOTO 104 - João José Pinto Maia e Francisco Souto Neto.
I Salão Banestado de Artistas Inéditos
I Salão Banestado de Artistas Inéditos
Em novembro de 1983, na qualidade de Assessor de Diretor e de Assessor para Assuntos de Cultura do Banestado, obtive a minha primeira vitória ao conseguir inaugurar o I Salão Banestado de Artistas Inéditos - SBAI, que eu conduziria anualmente até aposentar-me em 1991 e que continuou existindo até que o banco oficial paranaense foi extinto pela corrupção no governo Lerner. O Salão Banestado esmerou-se por contar sempre com comissões julgadoras honestas, muito respeitadas e que decidiam soberanamente sem interferência nem minha, nem de ninguém. Neste I SBAI a comissão julgadora foi composta por Alberto Massuda, Jair Mendes e Mazé Mendes. Vários amigos meus foram classificados e premiados, entretanto sempre por seus próprios valores, jamais por minha opinião.
O casal Janguta e Graziela Maia esteve presente.
O casal Janguta e Graziela Maia esteve presente.
FOTO 105 - No I Salão Banestado de Artistas Inéditos eu fiz o protocolo e os discursos inaugurais foram proferidos por Dr. José Brandt Silva, presidente, e Dr. Octacílio Ribeiro da Silva, diretor. Presentes os colegas Wilson Ganen e João Guerreiro.
FOTO 106 - Os três vencedores do I SBAI: Heloísa Maria Machado Moreira, Rubens Faria Gonçalves e Dorothy de Souza Rocha.
FOTO 107 - Eu e alguns dos meus convidados: Janguta Maia (João Abrahão Maia), Graziela Maia (Gracia Pinto Maia), Jayme Strozzi, Lourdes Rocha Strozzi, Dorothy de Souza Rocha, Francisco Souto Neto, Edith Barbosa Souto e Marlene Sant'Anna Granville Urban,
FOTO 108 -Regina Romano Bowles, Robert Jan Bowles, Francisco Souto Neto, Tadeu Petrin, Marlene Sant'Anna Granville Urban, Rubens Faria Gonçalves, Edith Barbosa Souto.
---------DÉCADA DE 90---------
Olímpio viaja a Ponta Grossa
Em setembro de 1993 meu irmão veio com a esposa Aparecida ao Brasil para visitar amigos e parentes em São Paulo, Curitiba e Ponta Grossa. Em Ponta Grossa reuniu na casa de nossa irmã Ivone, as amigas Graziela, Lia e Marlene, além de Romilda, Zilá e Simone Werneck.
FOTO 109 - Graziela Maia, Ivone Souto da Rosa, Romilda Lange, Simone Werneck.
FOTO 110 - Olímpio Souto, Maria Aparecida d'Elboux Moreira Souto, Graziela Maia, Francisco Souto Neto, Edith Barbosa Souto, Romilda Lange.
FOTO 111 - Olímpio conversa com Edith, Marlene e Dora. No sofá ao fundo: Ivone, Romilda conversando com Simone, e Rossana com a menina Marion Souto da Rosa Lemes.
FOTO 112 - Olímpio entre Graziela e Romilda.
FOTO 113 - Graziela, Olímpio e Romilda.
FOTO 114 - Dora, Marlene e Edith.
FOTO 115 - Olímpio Souto conversando com Zilá Lopes Werneck. Ao fundo, Dora e Marlene.
FOTO 116 - Souto Neto entre Dora e Marlene.
FOTO 117 - Edith, Souto Neto, Zilá e Simone.
FOTO 118 - Olímpio e Dora.
FOTO 119 - Graziela, Olímpio, Edith e Romilda.
120 - Ao término do encontro: Francisco Souto Neto, Simone Werneck, Graziela Maia, Olímpio Souto e Romilda Lange.
Minha mãe faleceu em 1997 aos 85 anos. Continuei residindo no mesmo apartamento da Rua Marechal Hermes, em Curitiba.
Em abril de 1998 recebi a visita de Grazinha Maia e sua filha Márcia.
FOTO 121 - Recebo a visita de Grazinha Maia e sua filha Márcia.
FOTO 122 - Recebo a visita de Grazinha Maia e sua filha Márcia.
FOTO 123 - Recebo a visita de Grazinha Maia e sua filha Márcia.
O dia 1º de janeiro do ano 2000 foi saudado como o primeiro dia do Século XXI. Mesmo que tivesse sido explicado através da imprensa que o ano 2000 era o último ano do Século XX e que este terminaria em 31 de dezembro de 2000, e que, portanto, o dia 1º de janeiro de 2001 é que seria a entrada do Século XXI, poucas pessoas compreenderam.
Portanto, dia 25 de dezembro de 2000 foi o último Natal do Século XX. Nesse Natal, fechando o ciclo das décadas anteriores, recebi uma visita de Grazinha Maia.
FOTO 124 - Grazinha Maia visita-me no Natal de 2000.
FOTO 125 - Grazinha Maia visita-me no Natal de 2000.
FOTO 126 - Grazinha Maia visita-me no Natal de 2000.
---------O SÉCULO XXI---------
Em outubro de 2002 recebi a visita de Grazinha Maia.
FOTO 127 - Recebo a visita de Grazinha.
FOTO 128 - Recebo a visita de Grazinha.
FOTO 129 - Grazinha vendo a casa de bonecas que comprei para minhas sobrinhas.
Em abril de 2005 Grazinha Maia visita-me, trazendo uma das filhas a neta Tiffany.
FOTO 130 - Recebo a visita de Grazinha, desta vez acompanhada de Sheila e Tiffany (filha e neta).
FOTO 131 - Sheila, eu com o chihuahua Paco Ramirez e Grazinha, e Tiffany.
FOTO 132 - Grazinha mostra à filha e à neta a casa de bonecas que comprei para minhas sobrinhas (mas que nunca a levaram), enquanto Paco me observa da cama.
E assim transcorreram muitas décadas. Sr. Janguta e Dona Graziela já nos deixaram há muito tempo, e agora seus netos e bisnetos escrevem e escreverão a continuação da história deste legado de beleza e amizade.
FIM
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