quarta-feira, 31 de julho de 2019

FAMÍLIA VARGAS DE OLIVEIRA de PONTA GROSSA: DR. JOÃO e Dª ARGENTINA por Francisco Souto Neto.


NOSTALGIA
- RESGATE DA MEMÓRIA –

 
Dona Argentina Vargas de Oliveira em 1957 fotografada por Francisco Souto Neto.

Blog de Francisco Souto Neto



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FAMÍLIA VARGAS DE OLIVEIRA de PONTA GROSSA:
SR. JOÃO e Dª ARGENTINA
por Francisco Souto Neto


Abro este artigo com quatro fotografias antigas que encontrei na internet. A primeira é um retrato oficial de João Vargas de Oliveira quando prefeito de Ponta Grossa, outra é de Dona Argentina Vargas de Oliveira com seu filho primogênito Irapuan Vargas de Oliveira ainda menino. A terceira mostra o pai e os meio-irmãos de João Vargas, e na terceira aparece o casal Vargas de Oliveira com o filho Irapuan entre os parentes maternos do político João Vargas. Além de Irapuan, o casal teve mais dois filhos: Irajá Vargas de Oliveira e João Vargas d’Oliveira Júnior, o caçula, de quem me tornei amigo na fase da adolescência.


FOTO 1 – João Vargas de Oliveira foi prefeito de Ponta Grossa e deputado estadual e federal por várias legislaturas.


FOTO 2 – Argentina Vargas de Oliveira e seu primogênito Irapuan.

FOTO 3 – O pai de João Vargas de Oliveira (Antônio Justiniano de Oliveira) casou-se com Constância de Oliveira em 23 de janeiro de 1908, e o único filho (João Vargas de Oliveira) nasceu em 15 de outubro do mesmo ano. O casamento durou poucos meses, o casal separou-se e Antônio Justiniano uniu-se à polonesa Maria Sovinski, com quem constituiu numerosa família. O casal teve oito filhos, meio-irmãos de João Vargas de Oliveira. Na foto, Maria Sovinski aparece entre os filhos, ao lado de sua mãe Antônia.

FOTO 4 – Nesta foto em que aparecem, do lado direito, João Vargas de Oliveira com a esposa Argentina e o filho Irapuan, estão os avós maternos de João Vargas (Gregorin Vargas e Josina Vargas) e demais parentes, todos identificados na fotografia.

As FOTOS de 2 a 4 acima, são do álbum “FAMÍLIA OLIVEIRA”, encontrado na internet, num precioso blog assinado por Claudecir de Oliveira Rocha, fotografias estas que tomo a liberdade de aqui reproduzir.


----------DÉCADA DE 40----------


Briga com um, amizade com outro


No fim da década de 40, João Vargas de Oliveira era o prefeito de Ponta Grossa. Houve entre ele e o proprietário do Jornal do Paraná, Adalberto Carvalho de Araújo, um grande desentendimento por questões políticas. Citado jornal, tido então como o mais importante jornal diário do nosso Estado, tinha como diretor de redação o meu pai, Arary Souto.

FOTO 5 – Manchete da parte superior da primeira página de qualquer dia do Jornal do Paraná no ano de 1949, com os nomes de seus dirigentes: Diretor de Redação ARARY SOUTO. Superintendente ADALBERTO CARVALHO DE ARAÚJO.


A briga entre o proprietário do jornal – ou diretor superintendente – foi muito séria e envolveu até ameaças com revólver. O próprio Carvalho de Araújo fez relatos minuciosos das desavenças e publicou-os em primeira página.

O curioso é que descobri esses detalhes muito recentemente, porque tenho os jornais encadernados mês a mês, dos últimos anos da década de 40 e primeiros da de 50, que são um verdadeiro tesouro para a História de Ponta Grossa, e pretendo doá-los à instituição que se comprometer a digitalizá-los e, assim, preservar muito da política paranaense e, em particular, ponta-grossense para as gerações futuras. À Casa da Memória de Ponta Grossa, à Biblioteca Pública, ou a quem interessar a manutenção desse tesouro histórico, eu estarei receptivo pela doação.

Folheando esses jornais, foi que descobri, ao acaso, o relato dessas ocorrências. O fato é que, na briga entre João Vargas e Carvalho de Araújo, meu pai entrou como intermediador. E a duras penas, conseguiu serenar os espíritos dos contendores... e a paz perdurou.

Neste episódio ocorrido na década de 40, nasceu uma amizade entre Arary Souto e João Vargas de Oliveira, que se tornou perene. 

Não vou estampar aqui as desavenças da época, mas um elogio que meu pai fez a Dª Argentina, primeira-dama do município, quando esta instituiu uma ação a que denominou “Natal dos Pobres”. Essa nota jornalística escrita pelo meu pai é uma síntese dos elogios que o jornal passou a fazer à administração de João Vargas.

FOTO 6 – Em 1949 Arary Souto escreve sobre a atuação da primeira-dama do município, Argentina Vargas de Oliveira.


----------DÉCADA DE 50----------


Os anos dourados


No começo do ano de 1953 transferimo-nos para Campo Grande, MS, a convite do então prefeito – primo de minha mãe – Wilson Barbosa Martins, que no futuro seria eleito  senador da República e depois governador do Estado. O convite era para meu pai fundar e dirigir um jornal diário em Campo Grande. Isso foi feito, e então mudamo-nos para Presidente Venceslau, SP, minha cidade natal, onde permanecemos durante os anos de 1954 até dezembro de 1955, quando retornamos a Ponta Grossa, nesta oportunidade para meu pai dirigir a Rádio Central do Paraná. Eu sempre soube que meu pai foi o primeiro diretor da referida rádio, mas recentemente informaram-me que houve um diretor anterior a Arary Souto. Eu creio que, neste caso, o antecessor tenha ficado provisoriamente no cargo, até que eu e meus irmãos terminássemos o ano letivo em Presidente Venceslau e a mudança para Ponta Grossa pudesse realizar-se.

Instalamo-nos na Rua Augusto Ribas nº 571, entre a XV de Novembro e a Marechal Deodoro, a uns 50 metros do Cine Ópera. A casa ficava pegada à Câmara Municipal. Os terrenos que eram da casa e da Câmara Municipal hoje abrigam uma enorme agência do Banco do Brasil.

Naquele final de 1955 meu pai reencontrou seus amigos no Rotary Club e no Clube de Caça e Pesca, dentre eles João Vargas de Oliveira que fazia parte das diretorias de ambos os clubes, que Arary Souto também passou a integrar (Arary depois seria presidente de ambas as instituições). Foi a partir dessa época que minha mãe, Edith Barbosa Souto, tornou-se amiga de Dª Argentina, esposa de João Vargas.

Enquanto os maridos dedicavam-se, um à política e o outro à radiodifusão, as esposas uniam-se em campanhas em prol dos pobres, doentes e necessitados. Nas horas de lazer, as famílias acompanhavam seus respectivos chefes.


O aeroporto e o Clube de Caça e Pesca.


Um dos esportes prediletos de João Vargas de Oliveira e Arary Souto era o tiro ao prato. Ambos tinham a mesma idade,  nascidos em 1908, e gostavam de participar dos torneios de tiro. Levavam as esposas e filhos, e assim foi que conheci Joãozinho Vargas por volta de 1956 ou 1957.

O Clube de Caça e Pesca contava com um “stand” para os praticantes de tiro ao prato, localizado a uns 50 metros abaixo do edifício do Aeroporto, às margens do Rio Tibagi. Naqueles domingos festivos, almoçávamos ali mesmo, na sede, e depois as esposas e filhos iam passear pelas margens do rio e pelos arredores do aeroporto, sempre com a esperança de assistir à chegada de algum avião de carreira, que eram os DC-3 da Real e da Panair.

FOTO 7 – O Clube de Caça e Pesca de Ponta Grossa ficava atrás do edifício do aeroporto, a uns 50 metros deste, margeando o Rio Tibagi. Nesta foto, as pessoas estão assistindo a um campeonato de tiro ao prato, do qual participavam meu pai, o Sr. João Vargas de Oliveira, Sr. Alfredo Pietrobelli e o Sr. Afonso Lange. A partir da esquerda: Afonso Lange, Argentina Vargas de Oliveira, Romilda Lange, minha mãe Edith Barbosa Souto e uma moça que não sei identificar. Meu pai, de boné, está com o rosto parcialmente encoberto pela cabeça de minha mãe.

FOTO 8 - A vez de Arary Souto atirar.

FOTO 9 - Arary Souto atirando.

FOTO 10 – Almoço após o campeonato. Na foto: Dª Argentina Vargas de Oliveira, Dª Diva Pietrobelli,  Dª Romilda Lange, minha mãe Edith Barbosa Souto (mastigando) e, em pé à direita, com boné, minha irmã Ivone.


FOTO 11 – Após o almoço, Argentina Vargas, Edith Souto e Romilda Lange descendo rumo às margens do Rio Tibagi.


FOTO 12 – O curto caminho terminava nestes largos degraus, em cuja margem sentaram-se Camila (uma italiana que morava em Ponta Grossa) e Maria Helena Masini, seguidas de Edith Souto, Argentina Vargas e Romilda Lange. 

FOTO 13 – Ao final dos largos degraus, o grupo aparece com o Rio Tibagi às costas. Todas estas fotos foram feitas por meu irmão Olímpio Souto.


FOTO 14 – A italiana Camila é quem agora fotografa, para que Olímpio, meu irmão, apareça na foto.


FOTO 15 – No curto retorno ao Clube de Caça e Pesca, o grupo encontra um menino pobre, residente nas imediações do aeroporto, com um machucado no pé. Minha mãe, Edith Souto, se preocupa (como todas as demais) e resolve socorrer o garoto. É que minha mãe fora enfermeira de guerra na Revolução de 30 e sabia tomar as providências necessárias.


FOTO 16 – Depois disso, o garoto machucado (da FOTO 15) já atendido e levado para casa, as três amigas vão passear na área do aeroporto. Na foto: Argentina Vargas, Romilda Lange, Edith Souto e o menino Joãozinho Vargas d’Oliveira Júnior.


FOTO 17 – Continuam passeando pela relva ao lado do aeroporto: Joãozinho Vargas d’Oliveira Júnior, Edith Souto, Argentina Vargas e Romilda Lange.


FOTO 18– As amigas voltam com seus maridos para suas casas, mas João Vargas e Arary Souto ficam mais um pouco. Então Argentina Vargas e Edith Souto continuam passeando na área do Clube de Caça e Pesca.


FOTO 19 – Arary Souto fotografa o amigo João Vargas de Oliveira e o cunhado deste, José Campanholi.


Os encontros em minha casa


As amigas Argentina Vargas, Romilda Lange e Graziela Maia reuniam-se com frequência na minha casa, recebidas com um chá providenciado pela minha mãe.

FOTO 20 – Argentina Vargas de Oliveira, Romilda Lange, Edith Barbosa Souto (em casa, recepcionando as amigas) e Graziela Maia.

FOTO 21 – Argentina Vargas fotografada pelo meu irmão.

FOTO 22 – Reunidos nesta foto: eu (Francisco Souto Neto) quando ainda menino, Edith Barbosa Souto (a dona da casa), Argentina Vargas de Oliveira (a convidada), minha irmã Ivone e Joãozinho Vargas fazendo uma careta para o fotógrafo (o meu irmão Olímpio). Aqui começava minha amizade com Joãozinho que era um menino divertido, inteligente e bem humorado. Se não me engano, esta foi a primeira vez que Joãozinho Vargas esteve em minha casa da Rua Augusto Ribas. A esse tempo os Vargas de Oliveira residiam na Rua Dr. Colares, sobre a loja de automóveis Ford que pertencia ao Dr. João. Estive lá poucas vezes, enquanto uma nova e espetacular casa dos Vargas estava sendo construída na Rua Balduíno Taques.


Fotos por profissionais


Selecionei duas fotografias, das muitas que existem feitas por fotógrafos profissionais em variados eventos:

FOTO 23 – Numa dos programas de rádio de auditório que eram promovidos por João Vargas de Oliveira S.A. Meu pai, Arary Souto, é o terceiro a partir da esquerda.

FOTO 24 – Em um jantar em algum clube local, os casais lado a lado (João Vargas, Argentina, Edith e Arary) provavelmente assistem a um discurso.


FOTO 25 - Cartaz de propaganda política para deputado estadual.


Irapuan e Ivone


Lembro-me de que Irapuan, da idade do meu irmão mais velho Olímpio, esteve em casa bem poucas vezes. Naquela época, parece-me que minha mãe e Dona Argentina torciam para que entre os amigos Irapuan e Ivone (minha irmã) nascesse um romance, mas isso não aconteceu. Naquele tempo da década de 50, meu irmão Olímpio tirou algumas fotos de Ivone na residência dos Vargas:

FOTO 26 – Ivone na nova casa dos Vargas, na Rua Balduíno Taques, quase esquina com a XV de Novembro. Era uma lindíssima residência de três pisos. Curioso é que eu me recordo do perfume de limpeza que emanava da casa toda acarpetada.  Ao pé da coluna que aparece na foto, havia um pequeno jardim com terra. Dona Argentina contou-me certa ocasião que ela queria que o arquiteto projetasse um jardim bem grande no centro da sala, mas que não houve condições técnicas para a sua realização, de modo que ela se satisfez com um pequeno, mas belo, jardim. Ao fundo da foto, vê-se a rica biblioteca. O lavabo ficava numa parede da sala, mas a porta não se identificava de imediato, pois parecia fazer parte da parede com revestimento de madeira. A escada que levava para a área íntima (os quartos) era vazada, de uma espécie de granito rosado, que se vê na FOTO 30.

FOTO 27 – Irapuan Vargas de Oliveira na biblioteca de sua casa.


FOTO 28 – Ainda na casa dos Vargas de Oliveira, a silhueta da minha irmã Ivone com uma cortina ao fundo.

FOTO 29  -  Datada de junho de 1959. Clube dos Solteiros. Sem levar em conta as crianças no primeiro plano à direita, vamos considerar a primeira fila começando com Hilson Rocha e Ivone Barbosa Souto (eram namorados naquela época), minha mãe Edith Barbosa Souto, o menino Joãozinho Vargas d'Oliveira Júnior, em seguida um menino e a Srª Glaura e seu marido, o prefeito Luiz Gonzaga Pinto. Segundo Osmário Souza Ribas, o menino de gravata borboleta e calça curta é Luiz Marcos Barbosa Pinto, filho do citado prefeito.

----------DÉCADA DE 60----------



Dona Argentina e Irajá fotografados por mim.


Desde fins da década de 50 eu já gostava de lidar com a máquina fotográfica, que antes era manuseada apenas por meu pai e meu irmão. Na década anterior, como contei no meu artigo sobre a Família Lange, eu era um garoto tímido, e Dona Argentina e Dona Romilda foram as primeiras pessoas que começaram a me tratar como a um adulto. Elas conversavam comigo, e não somente com os outros, e eu me sentia à vontade com elas. Posso afirmar que ambas foram responsáveis pela diluição e desaparecimento da minha timidez.

FOTO 30 – Dona Argentina, tendo atrás a linda escada que tanto me impressionava, a que me referi na FOTO 26.


FOTO 31 – Dona Argentina e Irajá em sua sala de estar.

Amigos

Nesta época, começo da década de 60, tive três amigos muito frequentes. Eram Joãozinho Vargas e os gêmeos James Jordan e Júlio César Gizzi. Os gêmeos foram meus colegas de classe durante os quatro anos de ginásio na Academia. Eram filhos de Raynor (gerente do Banco Nacional do Comércio) e Dª Ninita. Infelizmente os gêmeos já faleceram. Joãozinho Vargas estudava no mesmo colégio, porém não na mesma classe: eu estava um ano adiantado por ser mais velho.


FOTO 32 – À entrada da minha casa na Rua Augusto Ribas: James Jordan Gizzi, João Vargas d’Oliveira Júnior, eu (Francisco Souto Neto) e Júlio César Gizzi.


FOTO 33 – Em minha casa: João Vargas d’Oliveira Júnior e Francisco Souto Neto.

Recebi a visita de um amigo italiano, Raffaele Enrico Longo, que morava em Gênova. Joãozinho conheceu-o. Como naquele tempo eu não dirigia, Joãozinho fez questão de fazer mais interessante a estada de Raffaele em Ponta Grossa, levando-nos à fazenda de seu pai e também à Chácara Graziela, de Janguta e Graziela Maia. Minha prima Marisa Souto Emílio (hoje Marisa Emílio Bugni) acompanhou-nos.

FOTO 34 – Sentados à beira da piscina da fazenda dos Vargas de Oliveira. Na foto: João Vargas d’Oliveira Júnior, Marisa Souto Emílio (Marisa Emílio Bugni), Edith Barbosa Souto e Raffaele Enrico Longo.


FOTO 35 – Os mesmos da foto anterior, entre as árvores frutíferas do fazenda dos Vargas de Oliveira.


FOTO 36 – Na linda casa da Chácara Graziela: Enrico Raffaele Longo, Graziela Maia e Edith Souto.


FOTO 37 – Ainda na magnífica Chácara Graziela, com Luiz Carlos Pinto Maia (filho do casal Janguta e Graziela Maia), João Vargas d’Oliveira Júnior, Enrico Raffaele Longo e Marisa Souto Emílio (Bugni).


O político



Além de prefeito de Ponta Grossa no fim da década de 40, Dr. João Vargas de Oliveira foi eleito deputado estadual por três vezes. Assumiu o primeiro mandato em 1951, o segundo em 1959 e o terceiro em 1963, em cuja legislatura exerceu a função de primeiro secretário da Assembleia Legislativa. Foi eleito deputado federal por duas vezes, a primeira no pleito de novembro de 1970, quando foi membro das comissões de Segurança Nacional e de Serviço Público e suplente das comissões de Orçamento e do Desenvolvimento da Região Sul da Câmara dos Deputados. Reeleito em novembro de 1974, na nova legislatura participou da Comissão de Finanças e foi suplente da Comissão de Relações Exteriores. Deixou a Câmara em janeiro de 1979, não tendo disputado a reeleição no pleito de novembro de 1978.

FOTO 38 - Na terceira legislatura como deputado estadual, residiu com a família no 4º andar do Edifício Canadá, na Rua Comendador Araújo, em Curitiba.


----------DÉCADA DE 70----------


Meu pai faleceu em 1963. No ano seguinte meu irmão mudou-se para Nova York com sua esposa Aparecida. Minha irmã Ivone casou-se com Dulci Col da Rosa. Eu e minha mãe, morando agora num apartamento na Rua Paula Xavier (entre Rua XV de Novembro e Cel. Dulcídio) passamos a viver modestamente. A pensão de minha mãe minguava a cada mês e no Banco do Estado do Paraná, onde ingressei através de concurso público para exercer o cargo de escriturário, o salário era pequeno. Foram cerca de dez de certos sacrifícios. Eu tinha concluído o Curso Científico em 1962, porém passei três anos sem ânimo para fazer o exame vestibular para a Faculdade Estadual de Ponta Grossa. Minha mãe estimulou-me ao máximo para voltar aos estudos. Originalmente eu pretendia estudar Medicina em Curitiba, mas agora, sem o apoio do meu saudoso pai, não tinha muitas opções. Naquele tempo havia apenas dois cursos que funcionavam à noite em Ponta Grossa: Direito e Economia. Optei pelo primeiro. Fui aprovado no vestibular, se bem me lembro, em 4º lugar. Passei a trabalhar de manhã e à tarde, e estudar à noite.

Era natural que a vida mudasse. Já não havia muito tempo para os amigos. Formei-me em Direito, porém continuei a trabalhar no Banco do Estado do Paraná. Após alguns anos, surgiu a grande oportunidade: o Banestado abriu inscrições para um concurso interno ao cargo de inspetor. Fiz as provas e passei entre os primeiros classificados.

A vida de inspetor foi dura, de muito trabalho e viagens para inspecionar agências, num tempo em que havia apenas três estradas asfaltadas no Paraná: Curitiba a Paranaguá, Curitiba a Foz do Iguaçu e Curitiba ao Norte do Paraná (Maringá e Londrina).

Em 2014 houve  um concurso literário cujo tema era sobre as memórias dos ex-funcionários do extinto banco oficial do Paraná e eu concorri com três diferentes trabalhos, um dos quais “Dura Vida de Inspetor”, que foi premiado. Abaixo, o link com o texto premiado:




Dona Argentina e Joãozinho conhecem Quincas Little Poncho em 1974


Fotografei uma das ocasiões em que Dona Argentina visitou-nos.  Aqui em 1974, acompanhada de Joãozinho, quando hospedamos o Olímpio que viera de Nova York ao Brasil, trazendo para nós o chihuahua Quincas Little Poncho aos seis meses de idade.

FOTO 39 - Dona Argentina visitando-nos.


FOTO 40 – Minha mãe segura o chihuahua embrulhado num cobertor por causa do frio de inverno, enquanto Dona Argentina o agrada.


Foto 41 – Dona Argentina com o Quincas no colo, e Olímpio.




FOTO 42 – Eu (Francisco Souto Neto), Dona Argentina (que continua segurando o Quincas carinhosamente) e Olímpio.


FOTO 43 – Joãozinho e Olímpio.

FOTO 44 – Após tanto carinho, o Quincas acordado.


FOTO 45 – Olímpio fotografa Francisco Souto Neto com Quincas Little Poncho.


Os Vargas de Oliveira em Nova York


Em 1974 Dr. João Vargas viajou aos Estados Unidos com Dona Argentina e Joãozinho. Em Nova York, jantaram com meu irmão Olímpio e sua esposa Aparecida, que depois foram levá-los ao Aeroporto John Kennedy.


FOTO 46 – Maria Aparecida Moreira Souto conversando com João Vargas no aeroporto.


FOTO 47 – Olímpio fotografa no aeroporto: Aparecida, Joãozinho, Dr. João Vargas e Dona Argentina.


FOTO 48 – Aparecida e Dª Argentina à espera da hora do embarque.


FOTO 49 – Ops, o flash falhou: Olímpio entre Dª Argentina e Dr. João Vargas.


Casamento de Joãozinho e Clery


A paixão por uma linda moça, Clery, levou Joãozinho Vargas a casar-se. Joãozinho convidou-me para ser seu padrinho de casamento, cuja cerimônia se realizaria em setembro de 1975. Eu era inspetor do Banestado e na segunda-feira anterior eu fui designado para realizar uma inspeção na distante cidade de Toledo. Em casa, em Ponta Grossa, eu e minha mãe deixamos tudo pronto para que eu comparecesse à cerimônia religiosa: terno, camisa, gravata, tudo pendurado no cabide à minha espera. Uma vez em Toledo, na metade da semana encontrei uma situação anômala na agência, que requeria até pesquisa em cartório. Para que nada fosse mexido na minha ausência no fim de semana, cancelei a viagem a Ponta Grossa e permaneci em Toledo. Com a chave da agência bancária no meu bolso, trabalhei no sábado e domingo em busca do fio da meada das irregularidades. Assim, não pude comparecer ao casamento do meu amigo e de apadrinhá-lo na cerimônia religiosa.

Como já relatei pouco acima, na segunda década do Século XXI participei de um concurso literário promovido pela Associação dos Funcionários Aposentados do Banestado, cujo tema era sobre memórias do nosso extinto Banco. Concorri com o trabalho “Dura Vida de Inspetor” e fui premiado. O relato do episódio que me impediu ir ao casamento de Joãozinho Vargas está descrito no subtítulo Toledo. Embora eu já tenha divulgado o link pouco acima, volto a citá-lo para facilitar a quem tiver curiosidade pela história:



FOTO 50 – Casamento de João Vargas d’Oliveira Júnior e Clery.

FOTO 51 – Dona Argentina e Sr. João Vargas observam Joãozinho e Clery recebendo os cumprimentos de Irajá e esposa.



Inauguração de nova agência do Banestado em Ponta Grossa



Em dezembro de 1975 foi inaugurada uma nova agência do Banestado em Ponta Grossa. Convidado, compareci ao ato inaugural.


FOTO 52 – João Vargas de Oliveira participou da inauguração, na presença do governador Emílio Hoffmann (à esquerda) e outras autoridades da vida pública paranaense.


FOTO 53 – No coquetel de inauguração, eu (Francisco Souto Neto) conversando com o Dr. Brasil Borba.


Inauguração da Rua Arary Souto em Ponta Grossa em setembro de 1979


No final de 1979 eu era Assessor de Diretor do Banestado, cargo que exerci até aposentar-me em 1991, tendo assessorado vários diretores, um vice-presidente e um presidente da instituição bancária. Foi quando o vereador Ernani Batista Rosas propôs a denominação de uma rua com o nome do meu pai Arary Souto. João Vargas e Joãozinho compareceram ao ato inaugural efetuado pelo vice-prefeito Romeu Almeida Ribas.

FOTO 54 – Pessoas reunidas à espera do momento da inauguração da Rua Arary Souto em Ponta Grossa, no Bairro do Contorno: meu tio José Labre de França, Dª Romilda Lange, Dione Mara Souto da Rosa conversando com minha mãe Edith Souto, Astrid Batista Rosas (de costas, com vestido amarelo), Cecy Souto de França e Iraty Souto Emílio.


FOTO 55 – Minha mãe Edith Barbosa Souto e o vice-prefeito Romeu Almeida Ribas descerram a placa.


FOTO 56 – João Vargas de Oliveira e João Vargas d’Oliveira Júnior assistindo à inauguração.


FOTO 57 – Minha mãe Edith Barbosa Souto entre meus tios Iraty Souto Emílio, Cecy Souto de França e Moacyr Souto.


FOTO 58 – Minha mãe muito feliz no encontro com Joãozinho Vargas, ao lado de Iraty Souto Emílio. À esquerda, Reynaor Alves Barbosa.


FOTO 59 – Minha mãe e Joãozinho.


----------DÉCADA DE 90----------



Em 1990 eu e minha mãe passamos o Natal em Ponta Grossa com  minha irmã Ivone Souto da Rosa, para conhecermos a filha de Rossana, Marion Souto da Rosa Lemes, primeira bisneta de minha mãe e minha primeira sobrinha-neta. Chegamos na véspera do Natal. No dia seguinte, pleno Natal, minha mãe recebeu com minha irmã as queridas amigas Dona Romilda Lange com sua filha Astrid, e Dona Argentina Vargas de Oliveira.

FOTO 60 – No dia anterior, eu (Francisco Souto Neto) com minha sobrinha Rossana Souto da Rosa Lemes e sua filha recém-nascida Marion Souto da Rosa Lemes.

FOTO 61 – No Natal, a visita das amigas de minha mãe e minha irmã. Aqui, Dona Romilda.

FOTO 62 – Astrid Lange Batista Rosas, Romilda Lange e Edith Babosa Souto.

FOTO 63 – Dona Argentina Vargas de Oliveira, Edith Barbosa Souto e Ivone Souto da Rosa.

FOTO 64 – Ivone Souto da Rosa, Astrid Batista Rosas, Francisco Souto Neto, Romilda Lange e Edith Souto.

FOTO 65 –  Astrid Batista Rosas, Edith Souto, Francisco Souto Neto, Romilda Lange e Argentina Vargas. Na parede, o retrato de Arary Souto.

FOTO 66 – Três velhas amigas: Argentina Vargas de Oliveira, Edith Barbosa Souto e Romilda Lange.



Mudei-me para Curitiba no fim da década de 70. Encontrei-me pela última vez com Dona Argentina no Natal de 1990, cujas fotos (de 59 a 65) podem ser vistas acima. Atualmente mantenho eventuais contatos com Joãozinho e Clery e eles sempre convidam-me para ir revê-los em Ponta Grossa, no domicílio onde estão radicados há décadas.


Sem dúvida, na primeira oportunidade irei revê-los e aos filhos que já são adultos e ambos casados. A distância física não diminui o nível da amizade porque amigos como os da família de Dr. João Vargas e Dª Argentina têm uma dimensão infinita.



----------SÉCULO XXI----------




FOTO 67 – João Vargas d’Oliveira Júnior e Clery Vargas na atualidade (foto da internet).


FOTO 68 - Joãozinho na atualidade com seus familiares: os dois filhos, a nora, a sogra e a netinha.


FOTO 69 - Joãozinho e familiares fotografados por Clery Vargas.


FIM


P.S.: A foto acima serve apenas para registrar o autor, Francisco Souto Neto, em dezembro de 2020. Apesar do sorriso, vivemos triste momento da História Mundial, envolvidos numa avassaladora pandemia da covid-19 que avança em dimensão planetária, contagiando e matando milhões através de dezenas de países. Só nos salvaremos através da vacina que já começou a ser aplicada em massa em vários países e está muito atrasada no Brasil, devido a um governo federal inepto, retrógrado, que renega a Ciência. 

-o- 

4 comentários:

  1. MENSAGEM AO FRANCISCO SOUTO NETO.

    Alo Francisco, bom dia.

    Isso nao é uma coincidencia, mas sim o Principio da Sincronicidade, me disse isso aqui em Curitiba, o Dr.Deepack Chopra, o médico Indiano que cuidou dos Bilionarios Americanos com cancer em fase terminal, vimos isso na sua palestra aqui em Curitiba, e cuidou tambem do grande Michael Jackson. Entao o Principio da Sincronicidade é aquilo que está ali para que alguem fale, de um longo trabalho como o que voce fez, e está escrito acima, Nenhum Cmentario, entao entramos e comentamos, voce disse tudo a respeito da Familia do Dr.Joao Vargas de Oliveira e a Sra Argentina, fez um trabaho fantastico, nao sei quanto tempo de dedicou para as pesquisas, mas mostrou a familia, o grande empresario, politico voltado para servir o Povo, diferente dos de hoje que querem se servir dele, nasci em Castro, moro emCuritiba, lá tinha uma loja Joao Vargas de Oliveira, que investiumuito em Castro, no que diz respeito a qualidade dos seus produtos. Entao Francisco fica esse merito a voce como uma pessoa que valoriza aqueleas pessoas que em seu tempo foram muito importante para voce e tambem pelas publicaçoes essa geraçao de hoje fica sabndo quem foi a Familia do Empresario Joao Vargas de Oliveira e Sra.Argentina de Oliveira. Valeu amigo, se quiser e puder se juntar a nossa causa planetaria, comente tambem no meu blog, www.josepedronaisser.blogspot.com , porque agora éla é Global, veja lá o que temos feito para termos um mundo melhor.Vou postar essa publicaçao no Grupo Ponta Grossa de Antigamente como uma valorizaçao para voce e o legado da Familia Vargas de Oliveira, orgulho dos Campos Gerais. Seguimos em frente.

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    1. Caro José Pedro Naisser!

      Não sei como explicar, mas somente hoje estou vendo pela primeira vez a sua prezada mensagem escrita há mais de dois anos. Eu tinha lido a mensagem abaixo, de Paulo Sik, de 2020, à qual respondi, mas inexplicavelmente não tinha conhecimento da sua acima. Talvez tenha havido uma "dobra" na internet, mas não sei a que atribuir. De qualquer modo, peço desculpas pelo meu involuntário silêncio e ao mesmo tempo quero agradecer-lhe por suas palavras de estímulo. Há poucos instantes entrei no seu blog acima referido e constatei tratar-se de um trabalho de grande importância, já com mais de dez anos em expansão, em prol da causa planetária.
      Eu casualmente abri este meu blog, porque usei-o para ilustrar algo a respeito do Dr. João Vargas de Oliveira que foi, tal como meu pai, presidente do Rotary Club de Ponta Grossa, quando havia um só clube rotariano em Ponta Grossa... e então encontrei suas atenciosas palavras.

      Mais uma vez muito grato pela atenção que deu ao meu blog. Aceite meu grande e fraterno abraço.

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  2. Que belo trabalho! Resido em Ponta Grossa há mais de quinze anos e agora fiquei conhecendo um pouco mais de sua história e de famílias importantes à sua história.

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    1. Caro Paulo Sik, muito obrigado pelo interesse pelo meu artigo, pelo elogio e pelas palavras de estímulo. Um abraço.

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