terça-feira, 23 de julho de 2019

OS MÓVEIS DA SALA DE JANTAR E O RELÓGIO SILCO: RESTAURO E DÉCADAS DE HISTÓRIAS por Francisco Souto Neto.


NOSTALGIA - RESGATE DA MEMÓRIA


Mesa da sala de jantar restaurada.

Francisco Souto Neto

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OS MÓVEIS DA SALA DE JANTAR E O RELÓGIO SILCO:  RESTAURO E DÉCADAS DE HISTÓRIAS

Francisco Souto Neto

Após três anos de ausência do Paraná, retornamos a Ponta Grossa em dezembro de 1955, onde meu pai, Arary Souto, assumiu a Rádio Central do Paraná na qualidade de seu diretor geral. Fomos residir num casarão espaçoso no nº 571 da Rua Augusto Ribas, entre a Rua XV de Novembro e a Marechal Deodoro, a meio quarteirão do Cine Ópera.

Meu pai comprou móveis novos de sala de jantar para a nova residência. Adquiriu-a em Móveis Pietrobelli, empresa de seu amigo Alfredo Pietrobelli, companheiro e par de diretoria  no Rotary Clube e no Clube de Caça e Pesca.

Os Móveis Pietrobelli tinham a fama de ser os melhores da cidade. De fato, eram feitos em madeira maciça por profissionais de alta categoria. A sala de jantar compunha-se de mesa elástica e cadeiras, um balcão a que chamávamos de bufê (essa peça do mobiliário era conhecida também por “buffet”, cristaleira e “oratório”), e um balcão menor, que tinha a função de bar e que apelidamos de “barzinho”.

Sobre o bufê foi o lugar do relógio de corda marca Silco, que nos acompanhou desde sempre. Na minha infância eu já ouvia as suas badaladas. Não sei qual sua origem, mas suponho que tenha sido um presente de casamento recebido pelos meus pais em 1934, porém não tenho certeza disso.

Esses móveis acompanharam-nos durante décadas e, naturalmente, começaram a apresentar os desgastes naturais provocados pelo uso ao longo do tempo. Somente agora, quando nos aproximamos dos anos 20 do século XXI, essa sala de jantar passou pela sua primeira restauração.

O restauro foi efetuado por Eliane Cruz (fones 41-3232-0839 e 41-9-9903-3818), tanto dos móveis da sala de jantar, quanto da caixa de madeira do relógio Silco.

Quanto ao relógio Silco, este teve recentemente a corda arrebentada. Para o conserto dessa parte mecânica, entreguei-o aos cuidados de um relojoeiro tradicional e conhecido em Curitiba, meu amigo, Geraldo Fuchs (Estillus – Jóias e Relógios, fone 41-3232-8612), que é casado com Anita Zippin, presidenta da Academia de Letras José de Alencar.

E assim, tanto os móveis da sala de jantar, quanto o antigo relógio mecânico, voltaram ao seu belo aspecto original, como mostram as fotos abaixo.

FOTO 1 – Esta é a sala de jantar com o relógio Silco já restaurados, fotografados em julho de 2019.

FOTO 2 – Minha mãe Edith Barbosa Souto (1911-1997) em 1955, na sala de jantar no casarão da Rua Augusto Ribas, em Ponta Grossa. Note-se que o relógio Silco, então já antigo, aparece ocupando o local sobre o centro do bufê, onde ele ficou localizado para sempre. A fruteira sobre a mesa é a mesma das FOTOS 1, 3, 4, 10, 15 e 20.

FOTO 3 – Meu irmão Olímpio (1934-2007) na sala de jantar em 1955, no mesmo domicílio da foto anterior. Estou agora observando que nesta foto tirada há 64 anos, uma jarra tcheca de porcelana na forma de um galo, continua ocupando o mesmo lugar até hoje (como poderá ser observado nas FOTOS 6, 18 e 24).

FOTO 4 – Eu (Francisco Souto Neto) em 1972, no apartamento da Rua Paula Xavier em Ponta Grossa, escrevendo sobre a mesa da sala de jantar.  Observe-se que no centro da mesa há uma fruteira que em 2019 continua naquele mesmo local (como poderá ser observado nas FOTOS 10, 16 e 20).

FOTO 5 – Bem mais recente, esta foto de 2005, no meu apartamento da Rua Marechal Hermes em Curitiba, mostra Rubens Faria Gonçalves separando uma briga entre Paco (meu chihuahua) e Tibério (buldogue francês dele), observado por minha sobrinha a menina Isabelle Aguilar e minha irmã Ivone (1938-2010), testemunhados pelo bufê e pelo antigo relógio Silco.

FOTO 6 – Nesta foto recente, de 2019, estão o bufê e o relógio Silco. O galo tcheco continua no mesmo lugar que ocupava em 1955 (vide FOTOS 2 e 3). Vale observar que o móvel que estou denominando “bufê” (do francês buffet) era conhecido por tal nome, depois chamado também de balcão, cristaleira e... oratório, por estranho que possa parecer.

FOTO 7 – Minha mãe Edith Barbosa Souto em 1957, no nosso casarão de Ponta Grossa, ao lado do móvel que fazia parte da sala de jantar que chamávamos de “barzinho”, sobre o qual havia um abajur.

FOTO 8 – Minha mãe ao lado do “barzinho” em Ponta Grossa, no apartamento da Rua Paula Xavier, em 1981. Este móvel é o mesmo que se vê na foto anterior (FOTO 7). Minha mãe tem em suas mãos o nosso chihuahua Quincas Little Poncho (1973-1989).

FOTO 9 – Em 1982, no mesmo domicílio da foto anterior, minha mãe ao lado do “barzinho”, que aqui era usado como aparador.  


FOTO 10 – Em foto atual (2019), o antigo "barzinho" restaurado, usado agora como aparador ou simples armário.

FOTO 11 – Sala de jantar e relógio restaurados em 2018 e 2019. Sobre a mesa, ao centro, está a fruteira que ocupa esse mesmo lugar há mais de 60 anos (Vide FOTOS 2, 4 e 15). Ao fundo, à esquerda, o "barzinho".

FOTO 12 – Anita Zippin e seu marido Geraldo Fuchs, na minha festa de aniversário de 2014. Atrás de ambos, o bufê da sala de jantar, e sobre este vê-se o relógio Silco que Geraldo, relojoeiro, viria a consertar cinco anos depois desta foto. O Charles Chaplin (Carlitos) que aparece à direita, é o ator Luiz Berlim, caracterizado de Chaplin, para atender à porta e assim surpreender os convidados. 

FOTO 13 – Esta moça é a restauradora Eliane Cruz em foto de 2018, quando veio à minha casa pegar os móveis da sala de jantar para restaurar. Atrás dela, vê-se que o relógio Silco estava com a madeira bem deteriorada, que ela, Eliane, restauraria em 2019.

FOTO 14 – O relógio Silco em 2019, com cerca de 80 anos, cujo mecanismo foi consertado por Geraldo Fuchs e a caixa de madeira maravilhosamente restaurada por Eliane Cruz.

FOTO 15 – Mais uma foto do relógio Silco em 2019, com cerca de 80 anos, cujo mecanismo foi consertado por Geraldo Fuchs e a caixa de madeira restaurada por Eliane Cruz.

FOTO 16 – A sala de jantar após as restaurações em julho de 2019.

UM ADENDO EM NOVEMBRO DE 2019


Após alguns meses, o antigo relógio Silco preciso de um pequeno ajuste. Em sua oficina de trabalho, o relojoeiro Geraldo Fuchs tomou as providências necessárias e trouxe-o de volta em 9 de novembro de 2019, na companhia de sua esposa Anita Zippin, minha amiga há décadas e que atualmente preside a Academia de Letras José de Alencar em Curitiba.

Aproveitei a oportunidade para tirar algumas fotografias, assim registrando mais um passo na história do antigo relógio.


FOTO 17 – Após o ajuste no relógio, Geraldo Fuchs o traz de volta. Na foto, entre Francisco Souto Neto e Rubens Faria Gonçalves.


 FOTO 18 – Geraldo colocando o relógio em seu local tradicional.


 FOTO 19 – Mais um ajuste manual, presenciado por Anita Zippin e Rubens Faria Gonçalves.

 FOTO 20 – Geraldo em sua lida, observado por Souto e Rubens, fotografados por Anita Zippin.


 FOTO 21 – Francisco Souto Neto e Anita Zippin, após o sucesso dos ajustes no relógio.


 FOTO 22 – Após o trabalho, Geraldo exibe o delicioso biscoito que está saboreando.


 FOTO 23 – Tão deliciosos são os biscoitos Érika, que merecem o registro de lembrança.


FOTO 24 – E o relógio, com suas lindas badaladas, volta a ocupar o alto do mesmo balcão (bufê) e o centro da sala de jantar, tal como se mantém há mais ou menos 80 anos (VEJA a FOTO 2, ao início deste artigo).


FIM


8 comentários:

  1. Vόστος e ἄλγος - A conservação de antigos objetos denotam impulsos de momentos felizes, lembranças e saudades. Parabéns Neto, é o que deixamos neste mundo: O amor que permanece, sinaliza a energia marcante, pacífica, forte, marcante, guardada em nossos corações.

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    1. Caro amigo Bevilacqua! Busquei a tradução do grego e gostei. Mas gostei sobretudo das suas palavras precisas e estimulantes, como sempre, desde a infância. Obrigado. Um grande e fraterno abraço.

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  2. Bom dia, fiquei emocionada por pertencer a este seleto grupo de prestadores de serviços...

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    1. Estimada Eliane Cruz! Os seus trabalhos de restauro têm sido maravilhosos. Você é uma profissional de alto nível, que merece grande divulgação. Muito obrigado por estar restaurando com tanta maestria os meus objetos antigos.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Olá, Padrinho. Excelente registro histórico desses esplendorosos móveis. Adorei a foto da Mãe Edith - absolutamente linda e elegante -, como sempre!

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    1. Querida Dione Mara, tem razão: Mamãe tinha muita classe e era impecavelmente elegante. E chegou bonita aos 85 anos.

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  5. Boa noite pessoa!
    Meu nome é Inês (estou usando o telefone do Carlos, meu marido).
    Estou restaurando um relógio (idêntico ao seu).
    Era da família de meu marido.
    Ele tem todas as peças, mas não toca mais.
    Penso que o problema está na mola, pois tem um anel solto.
    Aquele que tem uma caixinha protetora atrás da máquina do relogio.
    Vou retirar esta peça e ver o que fazer.
    Sou metida a arrumar coisas antigas (tenho um relógio cuco da época de 50).
    Numa mudança o lado esquerdo superior abriu um buraco. Consertei, em parte com cola.
    Acho que chegou a hora de pintar diferente pq vou ter que emassar o buraco em cima.
    Nenhum dos meus três filhos o querem, então pensei em usá-lo na decoração.
    Amo o seu toque, mas aqui em Floripa cobram muito caro só para abri-lo.
    Amei a tua mesa pois tínhamos uma igual também. Cheia de curtinhas e aumentava no meio.
    Francisco!
    Será que seu amigo poderia me dar uma dica de como consertar?
    Eu ficaria muito feliz e grata!!!!
    Um grande abraço.
    Meu telefone Whatsapp 48. 98622488

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