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PROFESSORA MARIA DA GRAÇA (GRACí) AGUIAR ARMELLINI (depois GRACÍ TRÉNY), UMA DAS MAIS IMPORTANTES FIGURAS DA MINHA VIDA
por Francisco Souto Neto
No fim da década de 50, em Ponta
Grossa, minha irmã Ivone namorou um rapaz chamado Hilson Rocha, filho de um dos
mais importantes alfaiates da cidade, que tinha sua loja na Rua XV de Novembro,
distante um ou dois quarteirões da casa onde residíamos à Rua Augusto Ribas nº
571. Hilson tinha uma tia chamada Maria da Graça Aguiar Armellini, conhecida
como Grací Armellini (1921-2003), que era professora de Francês de minha irmã. Mesmo após
terminar o namoro com Hilson, Ivone continuou a tratá-la por “Tia Grací”, o que
fez por toda vida.
Em 1960, no 1º ano do Curso
Científico, que tinha duração de três anos e que era a ponte para o exame
vestibular que levava à Universidade, eu descobri muito contente que a minha
professora de Literatura Francesa seria Dª Grací Armellini. De uma família de
intelectuais nascidos em Belém do Pará, Dª Grací era irmã de Armando Cardoso de
Aguiar, professor de Geografia, que participava da diretoria de várias
instituições ligadas à Cultura como, por exemplo, do Grupo Ponta-grossense de
Amadores da Astronomia, do qual meu pai, Arary Souto, era também um dos
diretores.
Eu já gostava muito de Francês que era
matéria obrigatória durante os quatro anos do ginásio. Os adolescentes daquela
época gostavam de ser ou parecer intelectuais, e eu não era exceção, e talvez
por isso me interessasse demais a Literatura Francesa. Tornei-me então, nos
três anos em que esta matéria era parte do currículo, um dos melhores alunos da
classe.
Algumas lições ficaram para sempre em minha memória. Por exemplo, a frase mnemônica para que nós, alunos, nos lembrássemos dos cinco autores mais importantes do Classicismo francês: Racine, Bruyère, Boileau, La Fontaine e Moilère: “La racine de la bruyère boit l’eau de la Fontaine Molière” (“A raiz da urze bebe água na Fonte Molière”).
Trecho final de meu trabalho sobre os Salões Literários, Madame de Rambouillet e Richelieu.
----- Os Salões Literários na Paris do século XVII
e Madame de Rambouillet -----
Aprendi que ao tempo de Blaise Pascal
apareceram em Paris os famosos “Salões Literários”, e o primeiro foi o de Catherine
de Rambouillet (Catherine de Vivonne, marquesa de Rambouillet ou simplesmente
Madame de Rambouillet) foi uma influente anfitriã, pioneira dos Salões
Literários e figura central no movimento denominado “preciosismo”na França.
Essa marquesa recebia os convidados
em uma das espaçosas dependências de seu palacete, o chamado “La Chambre Bleue”
(“O Salão Azul”). Ela esperava pelos convidados deitada elegantemente em um
divã. Havia música. Quando chegavam todos, alguns declamavam, outros cantavam,
e muitos discutiam assuntos de importância, sobretudo aquilo que envolvesse
cultura. Era, enfim, o intercâmbio das sociedades humanas. Um desses convivas
foi Richelieu, que fundou a Academia Francesa em 1635. Mas depois que Richelieu
tornou-se bispo e, apesar de muito culto, tornou-se maléfico, os Salões Literários
foram complôs contra ele.
----- Dª Graci e o seu “salão literário” pessoal -----
À medida em que nós, alunos, nos
familiarizávamos com a professora, descobrimos que ela, além de sua admirável
cultura, punha à disposição dos alunos sua maravilhosa biblioteca pessoal. Podíamos
ir à sua casa quando quiséssemos, e sua porta estava sempre aberta. Aberta não só no sentido simbólico, mas fisicamente aberta.
Naquela época poucas pessoas tinham
telefone em casa, por isso ia-se à casa de amigos e os recebíamos sem avisar
previamente e sem qualquer cerimônia. A qualquer hora eu ía à casa de Dona
Graci, que morava Rua Coronel Dulcídio nº 702, em um terreno grande, ao lado do Edifício Marieta, onde hoje existe a Faculdade CENSUPEG. Se ela ou
seu marido, Sr. Arthur, não estivesse em casa, estavam os seus três filhos ou
pelo menos um deles, que eram as adolescentes Célia e Lúcia, e o menino Tuca.
Entrávamos, pegávamos livros de sua biblioteca, sentávamo-nos e ficávamos
lendo. Quando chegava Dª Grací, discutíamos com ela o conteúdo do livro
eventual. Ela e seus familiares tinham um refinado e eclético gosto por música,
talvez com alguma preferência pelo jazz. Some-se a isso, que Lúcia tocava piano
magnificamente e preparava-se para ser concertista.
Foi naquela sala onde Dª Grací pôs na
vitrola um disco que ela havia comprado no dia anterior. Eu ouvi a música e
fiquei impressionado com a força que a cantora demonstrava naquela interpretação!
E que letra vigorosa, que denúncia! Peguei a capa do disco e li o nome da
música: “Carcará”. A cantora era uma jovem desconhecida chamada Maria Bethânia.
Dona Grací observava-me e perguntou-me de um jeito que era mais para uma
afirmação: “Forte, não é?”.
Em 1964 houve um golpe contra o governo
de João Goulart e os militares assumiram o poder. Meu pai tinha falecido no ano
anterior, e eu desejava uma boa opinião sobre o assunto. Quem poderia entender
de política tão bem quanto entenderia meu pai? Busquei resposta na sala de Dª
Grací. Perguntei a ela: “A senhora acha isso bom?”. E ela: “Ah, Neto, não e
não. Os militares não vão devolver o poder durante muitos anos! Vai-se a
democracia!”. O tempo provou-me que Dª Grací estava certa.
O pensamento de Dª Grací era saudavelmente libertário. Ela não era ligada a religiões, mas a um forte sentido de ética, sempre correto e íntegro. Conhecia muito bem os filósofos e os explicava. Isto lhe permitia uma universalidade no seu pensar e raciocínio, e uma melhor compreensão do mundo. Tudo isso ela passava para os seus alunos, inspirando-lhes uma consciência cósmica.
Por esse e outros motivos, eu
comparava a sala de Dª Graci ao “Chambre Bleue” da Madame de Rambouillet. De
fato, a professora recebia e orientava os alunos que, passadas décadas, se
revelariam, muitos deles, importantes intelectuais da cidade de Ponta Grossa.
Era natural que eu me tornasse amigo
dos filhos de Dª Graci. Primeiro, fui amigo das meninas Lúcia e Célia. Anos
depois elas casaram-se e passaram a assinar Maria Lúcia Lopes e Célia Laginski (no
Facebook sou amigo de uma neta de Célia, Ana Luisa Severo).
Uma ocasião conversando com Lúcia,
disse-lhe que gostaria de ouvi-la tocar “Ante el Escorial”, de Ernesto Lecuona.
Quando retornei à sua casa alguns dias depois, ela comprara a partitura, já
havia treinado e... ouvi-a tocar virtuosamente, com o rigor da perfeição.
https://www.youtube.com/watch?v=I1EdESLgxow
Tuca (Arthur Armellini Júnior), o
caçula, era ainda um menino, mas mesmo assim estava sempre presente ouvindo as
discussões sobre literatura, música, arquitetura, teatro, cinema, poesia, política...
e também participava e opinava, apesar de sua tenra idade. Era uma família
incrivelmente intelectualizada, ligada à cultura. Logo que se tornou
adolescente, Tuca passou ao rol dos meus grandes amigos e também ía à minha
casa sempre que desejava. Minha irmã, que tratava a sua antiga professora como
“Tia Graci”, recebia seus filhos com intimidade, como se fossem nossos primos.
Meu pai adoeceu gravemente em 1962.
Naquela ocasião recebemos a visita do casal Dª Grací e seu marido Sr. Arthur, e
na ocasião tirei as fotografias que vemos abaixo:
----- Dª Grací e seus filhos -----
Em 1962 concluí o Curso Científico
quando meu pai já estava muito doente e veio a falecer no ano seguinte. Em
1963, 1964 e 1965, sob o trauma do falecimento de meu pai, deixamos o belo
casarão da Rua Augusto Ribas onde vivíamos e nos mudamos para um apartamento na
Rua Paula Xavier, entre XV de Novembro e Dr. Colares. Eu parei de estudar. Meu
pai desejava que eu me formasse em Medicina, mas eu me interessava mais por
Arquitetura. Agora sem meu pai, e trabalhando, eu teria que prestar exame vestibular
para uma das poucas Faculdades de ensino superior disponíveis em Ponta Grossa.
Como eu trabalhava pela manhã e à tarde, as opções para curso superior noturno
eram poucas. Entre Economia e Direito, optei pela segunda. Minha mãe procurava
estimular-me a prosseguir, comprando caras apostilas para que eu me preparasse.
Continuei frequentando Dª Grací que também me estimulava a prosseguir. No fim
do ano de 1965 entrei num “cursinho” de preparação para o vestibular.
O professor de Português chamava-se
Lóris Sidenko. No primeiro dia de aula, ele submeteu a turma a uma redação com
o tema de “Por quê quero estudar Direito”. Na aula seguinte ele trouxe todas as
redações corrigidas e disse que leria aquela que considerara a melhor de todas.
Para minha surpresa, Lóris leu a minha redação como a melhor que, além de
escrita sem erros, tinha começo, meio e fim.
No vestibular para Direito, fui um
dos primeiros classificados.
O caçula de Dª Grací, o Tuca,
tornou-se adulto. Agora maduros, os três filhos de minha antiga professora aprofundaram
a amizade comigo.
----- Brigitte Bardot e Julie London -----
No meu aniversário de 1964, então com
21 anos de idade, Dª Grací presenteou-me com um disco longplay de Brigitte
Bardot, de quem eu era fã como atriz. Encantei-me com a voz de Brigitte. Dª
Grací anotou a letra das principais canções e daí traduziu-as.
Noutra oportunidade, dei a Dª Grací
um longplay de Julie London, que foi o primeiro de uma coleção que ela formou
com vários outros discos da cantora norte-americana.
----- Tuca
-----
Não me recordo em que ano faleceu o
Sr. Arthur deixando Dª Grací viúva, mas com os filhos já adultos.
Foi na segunda metade dos anos 50 ou no começo da década de 60 que
apareceram os primeiros filmes fotográficos a cores. Chegaram os filmes às
lojas fotográficas, porém não havia no Brasil algum laboratório que revelasse
esses filmes e fizesse cópias. Então o país mais próximo que realizava esse
trabalho era o Panamá, na América Central. Portanto a solução após tirar as
fotografias, era enviar o filme para um determinado endereço do Panamá. Depois
de uns dois meses chegavam os negativos coloridos revelados e as cópias das fotos.
Ver tais fotos era uma verdadeira festa... uma festa alegre e cara!
O primeiro laboratório no Brasil para
fotos a cores foi a FOTÓPTICA em São Paulo. Agora era possível receber em casa
as fotografias coloridas em apenas algumas semanas.
Em Ponta Grossa, o Foto Carlos foi o
primeiro a fazer esse serviço. E foi lá que o Tuca (Arthur Armellini Júnior), o
caçula de Dª Grací, começou a trabalhar. Eu levava meus filmes ao Foto Carlos e
sabia que as fotografias reveladas e copiadas pelo Tuca teriam um acabamento de
primeira qualidade.
Certa ocasião eu havia feito revelação e cópia de um filme no Foto Carlos, fui até lá no prazo habitual, paguei e apreciei o resultado das fotografias. Depois de uns dois ou três dias o Tuca apareceu em minha casa, levando-me uma surpresa. Abri o enorme envelope e fiquei admirado com o presente: Tuca pegara uma única fotografia minha, fizera várias revelações com cores e tons diferentes da mesma foto, que pregou sobre um papelão vermelho, entremeadas de um poema a mim dedicado. Achei divertidíssimo, muito criativo e tenho esse trabalho até hoje, que mostro abaixo:
O Tuca casou-se com uma linda loura,
Lynette, e o casal teve um filho, o Régis Eduardo Armellini.
Anos depois, em 1977, Tuca era piloto
e certa ocasião, na companhia de seu filho Régis aos 7 anos de idade, convidou
a mim e ao meu amigo Rubens Faria Gonçalves para fazermos um voo sobre
Curitiba.
Antes de levantarmos voo fiz as
seguintes fotografias:
Filmei o voo sobre Curitiba com minha
câmera Super8, que era um filme mudo em celuloide, antes da existência do VHS e
muito anterior ao DVD, que posteriormente sonorizei. Eis o filme:
https://www.youtube.com/watch?v=mzaawFvafCo&t=2s
----- Lúcia pianista e Erik Satie -----
Maria Lúcia Armellini (Maria Lúcia
Lopes após o casamento) surpreendeu-me certa ocasião, quando ela era ainda solteira,
ocasião em que eu já residia em Curitiba. O episódio deve ter sido lá por volta
do fim da década de 70. Ocorreu o seguinte:
Eu estava andando pela Rua XV de
Novembro, que é uma via de pedestres, em companhia de meu amigo Rubens Faria
Gonçalves, mais ou menos na altura da antiga Livraria Ghignone. Nós ouvimos
alguns acordes de piano que eram teclados num ritmo suabilíssimo, belo e
repetitivo. Notamos que o som vinha de um alto-falante instalado à altura de um
poste de iluminação pública.
Aquela música tinha uma estranha
beleza e era quase hipnotizante em seu teclar repetitivo. Para descobrirmos de
onde proviria o som, resolvemos seguir os fios que de espaços em espaços mostravam-se
ligados a alto-falantes amarrados em postes. Isso mesmo, o propósito era de que
a melodia estivesse presente em toda a Rua XV de Novembro, a antiga Rua das
Flores, para que fosse ouvida pelos pedestres.
Seguimos de alto-falante em
alto-falante até que chegamos à Praça Osório. Em pleno calçadão de pedestres, o
fio descia do poste em direção a uma barraca que estava ali armada. E
percebemos que ali se encontrava um piano sendo tocado por uma pianista, e era daquele
teclado que se originava o som em toda a extensão da rua. E a pianista, para minha
enorme surpresa, era minha amiga Lúcia Armellini, filha de Dª Grací. Ali
ficamos eu e Rubens observando e ouvindo durante algum tempo até que, repentinamente,
entrou naquela área coberta uma outra moça que se aproximou de Lúcia e ali, sem
que a música se detivesse nem por um segundo sequer, Lúcia levantou-se e cedeu
lugar à sua sucessora. As mãos de uma sucederam-se às da outra sem um segundo
sequer de interrupção.
Cumprimentamo-nos efusivamente e
Lúcia explicou-nos do que se tratava. Disse que o nome daquela peça musical era
Vexations, o autor chamava-se Erik Satie (pronuncia-se “êrríc satí”) e que tinha
que ser tocada durante 12 horas ininterruptamente. Como ninguém conseguiria
tocar durante tanto tempo, os pianistas voluntários iam substituindo-se segundo
uma escala anteriormente montada. Lúcia estava justamente encerrando sua
participação e ali assumia outra pianista que ficaria tocando durante mais uma
ou duas horas (não me recordo qual o tempo), quando então outro pianista
chegaria para prosseguir sem interromper a execução.
Graças a isso tomamos conhecimento de
Erik Satie. Comprei discos longplay e anos depois CDs com várias peças do
grande erudito moderno.
----- Les Vexations
-----
Muito recentemente, na noite de 24 para 25 de novembro de 2020, o pianista Francesco Tristano realizou uma ação maratonista ao interpretar ao longo de 12 horas ininterruptas (de 20:15h a 8:15h) a peça “VEXATIONS” de Erik Satie no palco do Grande Teatro do Liceu em Barcelona, Espanha (Catalunha). É um fato extraordinário que um único pianista toque durante 12 horas, pior ainda usando máscara devido à pandemia de covid e sem plateia para aplaudi-lo e dar-lhe ânimo para ir até ao final da peça. O link abaixo é deste fato extraordinário e é, provavelmente, o mais longo filme disponível no YouTube! Vale a pena ouvir pelo menos alguns minutos de Vexations:
https://www.youtube.com/watch?v=uXXY6-TWhvY
----- Célia
-----
Célia casou-se com João Francisco Laginski (já
falecido) e teve dois filhos: Luciane e João Flávio. O garoto faleceu jovem,
para tristeza de todos nós. Luciane casou-se com Dalvino José Severo e sua
filha Ana Luisa Severo é minha amiga no Facebook e amiga pessoal de minha
sobrinha Rossana Souto da Rosa.
Célia Laginski continua morando em Ponta Grossa.
----- As Maisons Satie em Honfleur -----
Anos depois eu e Rubens viajamos a
Honfleur, na França, onde nasceu Erik Satie em 1886, e fomos às Maisons Satie,
ou Museé Satie (Casa ou Museu Satie), um dos locais mais fantásticos daquela
cidade da Normandia, ao norte do território francês.
Nós filmamos nossa visita ao Museu de
Satie. Ao entrarmos no museu deparamo-nos com a gigantesca Pera Alada, que se
antecede a incríveis ambientes. As sobreposições de figuras vistas neste filme
realmente ocorriam assim como parecem, sem montagens, graças à projeções de
imagens e luzes nas paredes, tetos e pisos, tudo ao som quase mágico da música genial
compositor:
https://www.youtube.com/watch?v=KwMK2bhl8wM&t=142s
Ao encerrar, devo lembrar que anos
mais tarde minha amiga Lúcia tornou-se a 1ª pianista do Teatro Municipal de São
Paulo. Atualmente, viúva, reside em São José dos Pinhais.
----- Monsieur Maxime Trény -----
Monsieur Trény, francês, era um “globe
trotter”. “Monsieur” significa “Senhor” e pronuncia-se “messiê”. Ainda jovem
ele foi para os Estados Unidos, atravessou o país e deteve-se em Los Angeles, lá
pela década de 30. Aventurou-se em Hollywood e fez figuração em alguns filmes,
principalmente os de “cowboy”. Mais tarde mudou-se para o México, onde viveu
algum tempo com mulher “dramática” e apaixonada. Depois disso, Trény atravessou
a América Central e resolveu descer à América do Sul, contatando os habitantes
de pequenas cidades pelo lado do Pacífico. Arrumou uma espécie de carroça, que
era mais para uma carruagem puxada por cavalos. Ali colecionou livros, objetos
artísticos de indígenas e reuniu discos folclóricos de vários países e suas
regiões. Em seu rico acervo havia principalmente vestígios arqueológicos da
civilizações pré-colombianas. Finalmente chegou ao Brasil e deteve-se em Ponta
Grossa.
Trény era já um senhor idoso, com uma
cultura admirável. Falava vários idiomas. Foi quando ele e Dª Grací, viúva há
anos, conheceram-se. Aconteceu amor à primeira vista. Alguns meses depois
casaram-se oficialmente e ela passou a assinar Maria da Graça (ou Grací) Trény.
Durante alguns anos viveram em Ponta
Grossa, mas por recomendação médica, mudaram-se para Matinhos, onde o clima
seria melhor para Monsieur Trény.
Viviam numa casa cercada de árvores e
flores, um lugar encantador. Na primeira vez em que lá estive com minha mãe em
visita ao casal, fiz um filme mudo, em Super8, que denominei “Les Trény”. Eis o
filme de 1977, em cuja introdução eu inseri temas que correspondiam ao mundo
cultural de cada um deles, Maxime e Grací:
https://www.youtube.com/watch?v=wRkoMCrjyfc&t=4s
O idioma francês tinha caído do
currículo escolar, de modo que em Matinhos Dª Grací passou a lecionar o idioma
Português na escola local.
Em 1982 eu e minha mãe voltamos a
visitar o casal Trény em Matinhos, quando então filmei “Les Trény Parte II”,
naquela época ainda em filme mudo em celulóide:
https://www.youtube.com/watch?v=ewkyiKfXew4&t=7s
As décadas passaram-se depressa demais. Dª Graci
enviuvou pela segunda vez. Voltou para Curitiba e passou a residir na Rua
Acácio Corrêa. Seu neto Régis Eduardo Armellini, filho de Tuca, passou a
residir com Dª Grací. E juntos vieram visitar-me diversas vezes.
As fotografias abaixo atestam o quanto Dª Grací
acompanhou-me em meus eventos culturais e sociais enquanto viveu. As
fotografias refletem o fato de que a querida Dª Grací foi uma das pessoas mais
importantes de minha vida.
----- Fotos com Dª Grací, filhos
e netos -----
Em 2001, Francisco Souto Neto fotografa pela última vez sua amiga Grací Trény.
Em 2003, Tuca conversando enquanto Paco fareja no chão.
No Natal de 2006, Régis Armellini, filho do Tuca e neto de Grací Trény, visita Francisco Souto Neto.
No Natal de 2006, Régis Armellini, filho do Tuca e neto de Grací Trény, visita Francisco Souto Neto.
Em 2006, Francisco Souto Neto recebe Régis Eduardo Armellini acompanhado de sua linda esposa Geruza.
Dª Grací já não está mais entre nós. Mas vive em minhas lembranças como uma das mais importantes pessoas da minha vida.
E assim o legado da amizade entre Francisco Souto
Neto e Grací Trény vai atravessando gerações.
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