Francisco Souto Neto em 2015. |
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2 de setembro de 2023:
80 ANOS ESTA NOITE
PARTE 33
Recordando
o ano 2010
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FRANCISCO SOUTO NETO em 2010, ano do
falecimento de sua irmã Ivone, publicou crônicas unicamente no Jornal Centro Cívico e Jornal Água Verde.
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O ANO 2010
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Este
foi um ano muito triste: perdi minha irmã Ivone, que era o último elo com minha
família original. Ivone faleceu aos 72 anos, deixando um vazio indescritível em
nossas vidas – minha e de minhas sobrinhas, suas filhas.
E
assim desanimado, fiz poucas publicações em jornais. Só não foi um ano vazio porque intensifiquei minhas pesquisas, com
minha prima Lúcia Helena Souto Martini (residente em Paulínia, SP), a respeito
de nosso trisavô o Visconde de Souto, enriquecendo informações para a biografia
na qual vínhamos trabalhando já há alguns anos.
Na
verdade, os jornais estavam começando a deixar de existir na sua forma impressa
em papel, e sendo substituídos por versões “on line”. O primeiro a desaparecer
em sua forma impressa foi o tradicionalíssimo Jornal do Brasil. Anos depois
disso, até a Gazeta do Povo, o mais importante jornal do Paraná, iria
desaparecer, surgindo em seu lugar uma edição semanal em papel couché, uma
espécie de hebdomadário ou semanário, mais parecido com uma revista de poucas
páginas do que com um jornal.
Minha amiga Iza Zilli, jornalista e cronista social, comentou comigo que as pessoas da alta sociedade estavam preferindo aparecer nas versões “on line” dos jornais, e não na sua apresentação em papel. Iza então inaugurou um portal na internet, anunciado como “o mais importante portal cibernético do Paraná”. Ela gentilmente fez um artigo sobre a biografia do Visconde de Souto, que eu e minha prima Lúcia Helena estávamos escrevendo e fiquei impressionado com a repercussão. É que as notícias em folha de jornal têm duração de um dia e toma conhecimento delas só quem compra o jornal. Já através da internet, a notícia pode ser lida até no outro lado do mundo e essas edições continuam “no ar”, se não eternamente – o que seria impossível – pelo menos por meses ou muitos anos. A fotografia que abre este blog de 2010 é da “capa” do Blog (depois Portal) Iza Zilli anunciando o futuro livro biográfico do Visconde de Souto.
Continuei escrevendo crônicas para o Jornal Centro Cívico durante mais alguns anos.
Fiz as FOTOS de 32 a 35 (que hoje chamamos de "selfie") para assustar, de brincadeira, minhas amizades mais chegadas. Jamais imaginei que poria na internet aquelas fotografias ou quaisquer outras. Mas são interessantes para serem vistas por quem sobre de apneia.
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RECORTES
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FOTO 2
– Crônicas de FRANCISCO SOUTO
NETO para o Jornal Centro Cívico
Jornal
Centro Cívico – Ano 8 – Edição 72 – Maio e Junho 2010
BBB, o triunfo da mediocridade
Francisco
Souto Neto
Assisti a alguns episódios
do reality show Big Brother Brasil 10 para poder opinar,
apesar de algumas vezes ter sido impelido a mudar de canal, incomodado que me
senti pela mediocridade do famoso programa, que se caracteriza por apelos
sexuais, vazio cultural e linguagem chula, sem preocupações com a ética e a
educação.
Ao mencionar mediocridade, não
me refiro ao caráter dos participantes, mas aos dirigentes do programa; ao
diretor “Boninho”, que através do twitter teria dito estar
reunindo na mais recente edição os piores concorrentes e que,
se ele casualmente se encontrasse com algum “big brother”, atravessaria a rua;
e ao apresentador Pedro Bial, que várias vezes, grosseiramente, induziu os
eventuais namorados a se excederem, talvez ainda que sob o édredon,
como se ignorasse que as câmeras estariam obviamente focadas no movimento
debaixo das cobertas. Os rapazes que por alguns de nós seriam considerados mais
decentes por não se mostrarem dispostos à prática da libidinagem em público,
para o apresentador são desprezíveis “inhos” – apenas
“namoradinhos” e não amantes – e ofensivamente por ele taxados
de bananas. Tais posicionamentos demonstram o desprezo com que
esses dirigentes trataram os seus próprios convidados. E esses senhores são
aplaudidos por um séquito de visão turva que, aparentemente, deseja mesmo
presenciar as maiores “baixarias” nos seus televisores plantados num canto da
sala, bem visíveis para todos os membros da família, quiçá incluindo crianças.
Faz lembrar a máxima da Roma Antiga, panem et circenses (pão e
circo).
Eu me senti um tanto perplexo
ao constatar, ao final, que o vencedor foi justamente aquele que arrotava à
mesa, em flagrante desrespeito aos seus pares de confinamento e ao estômago das
platéias de telespectadores, o que cuspia em qualquer lugar e, ainda, trazia
uma cruz suástica tatuada num dos braços, dentre outros exemplos de falta de
uma boa orientação. E ainda houve algumas “celebridades globais”, segundo
atestamos na imprensa, que se manifestaram simpáticas a essa pessoa.
Parte da explicação para o
lamentável episódio final do BBB 10 vem revelado na revista ISTOÉ nº 2110, de
21 de abril de 2010, página 35, coluna do conhecido apresentador da Rede
Bandeirantes Ricardo Boechat. Trata-se de uma denúncia de fraude, um dos tipos
de crime que a referida revista combate e leva a público sistematicamente, e por
esse mesmo motivo tem merecido a conquista de novos leitores e o aplauso
daqueles, no nosso país doente, que abominam tanto a corrupção quando a fraude
e o crime em geral. Para quem não lê a ISTOÉ, o texto merece a transcrição na
íntegra: GLOBO – FURO NO BBB. Um paulistano de 31 anos furou a
“inviolável” segurança cibernética do BBB10. Por puro prazer, ele decifrou o
algoritmo que deveria evitar sufrágios mecanicamente repetitivos e, utilizando
78 IPs espalhados por vários países, votou nada menos que 7.938.445 vezes em
Marcelo Dourado. Antes que a Rede Globo desminta, vale um conselho do gênio:
“Uma auditoria eletrônica pode facilmente confirmar a incidência de IPs
repetitivos. Cada um dos meus 78 ‘robôs’ votou, em média, 100 mil vezes”.
Que a notícia da ISTOÉ sirva de
desestímulo aos incautos que gastam dinheiro em ligações telefônicas para
participar de programas medíocres e não totalmente protegidos contra fraudes, e
que, além de tudo, têm por objetivo nada além do que encher os cofres da
emissora. É muito fácil não bancar o trouxa: basta mudar de canal
ou desligar o televisor e descobrir meios mais saudáveis de entretenimento e
informação.
(Francisco Souto Neto – Maio
2010)
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FOTO 3
– Crônicas de FRANCISCO SOUTO
NETO para o Jornal Centro Cívico
Jornal
Centro Cívico – Ano 8 – Edição 73 – Julho 2010
Um basta à corrupção!
Francisco
Souto Neto
Em meados do século XX
ouvia-se, não raro, eleitores defendendo o seu candidato com a frase “ele
rouba, mas faz”. Isto serve para nos lembrarmos de que a corrupção na
política era encarada com certa naturalidade. Não se discutia que os políticos
deveriam “fazer” sem roubar! Esposas de deputados, viajando com
passaporte diplomático, voltavam dos Estados Unidos com as malas abarrotadas
de muamba para ser vendida a amigas no Brasil… e isso a poucos
escandalizava.
Pelo que temos visto nos
políticos contemporâneos do Congresso Nacional em Brasília, a corrupção chegou
a níveis insuportáveis. Agora, contudo, a sociedade civil vem reagindo em
vários quadrantes do país. Um exemplo a mencionar é o projeto “Ficha Limpa” que
triunfou na Câmara dos Deputados, depois no Senado. Quem não terá notado, antes
disso, a reação do deputado federal Paulo Maluf tentando mobilizar todos os
seus aliados no objetivo de impedir o sucesso do projeto?
Em março do ano corrente, Maluf
foi incluído na lista dos criminosos procurados pela Interpol, a polícia
internacional. Três anos antes, em 2007, a justiça norte-americana já tinha
determinado a prisão do deputado pelos crimes de roubo de dinheiro público em
São Paulo, auxílio no desvio de dinheiro ilegal para Nova York, e por crimes de
conspiração, conforme vimos relatado na edição de 19 de março de 2010 no jornal
O Globo, e em todo o restante da imprensa no Brasil. Agora procurado em 181 países,
se ele sair do Brasil e pisar numa daquelas nações, será preso imediatamente.
No Brasil esteve atrás das grades por algum tempo, mas as leis frouxas do nosso
país permitiram que fosse posto em liberdade, e ainda continuasse no cargo
eletivo de deputado.
Não foi por nenhuma boa vontade
do governo federal que o projeto “Ficha Limpa” prosperou. O líder do governo
[Governo Lula] no Senado, Romero Jucá, sem saber que estava sendo gravado,
declarou que não tinha nenhuma pressa na votação do projeto Ficha Limpa, porque
o que interessava prioritariamente ao governo era o pré-sal. No dia seguinte à
veiculação dessas declarações na imprensa escrita e televisionada, acuado pela
indignação e clamor da sociedade, ele voltou atrás, dizendo que o governo
tinha, sim, interesse em votar o tal projeto.
A corrupção grassa em todos os
níveis. Na Assembleia Legislativa do Paraná o escândalo estourou com a
descoberta de diversos ilícitos, dentre os quais a contratação de muitas
centenas de “funcionários fantasmas”, o desvio de rios de dinheiro público e a
publicação de atos do Legislativo em diários secretos, avulsos e não numerados.
A OAB do Paraná organizou uma série de atos públicos em Curitiba e outras
cidades do Estado, de repúdio aos políticos corruptos e em prol da ética e
transparência. O Ministério Público cobra a devolução do dinheiro desviado, o
bloqueio dos bens dos acusados e o afastamento do presidente e de toda a Mesa
Diretora da Assembleia.
O que mais impressiona, neste
caso, é a cara lavada dos parlamentares acusados e o sorriso
que alguns deles ostentam nas fotos publicadas em jornais. No Japão, país
sério, quando ocorre um escândalo dessa natureza, os envolvidos praticam o
suicídio. Na China, são condenados e fuzilados. No Brasil, os políticos
criminosos sorriem em público e agarram-se desavergonhadamente às tetas do
governo, na defesa dos seus ganhos ilícitos.
As manifestações de repúdio a
esses vampiros da política, a esses sanguessugas da sociedade, não podem ser
interrompidas. Seus nomes devem ser relacionados em placas gigantescas
instaladas na capital paranaense, a começar pela Boca Maldita, para que os
eleitores não se esqueçam dos políticos cínicos e ladrões do dinheiro público
que aí estão, e nunca mais os escolham para representá-los em cargos eletivos.
(Francisco Souto Neto – Julho
2010)
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FOTO 4
– Crônicas de FRANCISCO SOUTO
NETO para o Jornal Centro Cívico
Jornal
Centro Cívico – Ano 8 – Edição 74 – Agosto 2010
Perder todos os documentos: um pesadelo?
Francisco
Souto Neto
Perdi todos os meus documentos
de uma só vez, não sei como, nem onde. Somente à noite, antes de me deitar,
percebi o extravio. Quando isso acontece, somos assolados por uma avalanche de
pensamentos desordenados, e invade-nos o temor de que os documentos caiam em
mãos de pessoas desonestas. Somos principalmente tomados pela ideia de que será
necessário providenciar novas vias de toda a documentação perdida. Relatar essa
experiência aos leitores poderá servir de roteiro para aqueles que passarem
pela mesma desagradável experiência.
Eu perdi a carteira nacional de
habilitação, o certificado de registro e licenciamento de veículo, a carteira
de identidade da OAB, mais os cartões de débito do banco, do plano de saúde e
um que me dá descontos na compra de medicamentos.
Depois de revirar a casa e
procurar em todos os lugares possíveis e impossíveis, minha primeira
providência foi telefonar ao meu banco para pedir o cancelamento do cartão de
débito. Quem que me atendeu ao telefone cancelou o cartão e me recomendou ir na
manhã seguinte a qualquer agência mais próxima, pois lá forneceriam um cartão
provisório, até que o definitivo me fosse encaminhado através dos correios.
Na manhã seguinte procurei uma
agência do banco, onde atendeu-me a gerente dos caixas, Regimar. Para minha
surpresa, em questão de poucos minutos eu já tinha o cartão provisório que
permitiria movimentar a minha conta corrente. A gerente, atenciosa e
prestativa, lembrou-me que eu deveria registrar um B. O. (Boletim de
Ocorrência), para evitar problemas futuros. Ela estava certíssima. Pela
internet, descobri que havia uma delegacia na Rua Ary Barroso, bairro Boa
Vista, para onde me dirigi. Lá chegando, estacionei confortavelmente em frente
à delegacia. Ao entrar no prédio, tive outra surpresa agradável: não havia
ninguém mais ali, exceto eu e dois funcionários atenciosos e rápidos. Logo eu
tive em mãos o B. O., que especificava, dentre outros, a maneira como perdi os
documentos: “Descuido. Distração da vítima”.
De volta à minha casa,
telefonei ao meu plano de saúde e à empresa que me permite descontos em
medicamentos. Em ambos os casos, informaram-me números provisórios, que me
permitiriam consultar médicos, se eu disso precisasse, e comprar remédios com
descontos, até que os novos cartões me fossem entregues pelos correios.
Fui em seguida ao DETRAN
levando minha cédula de identidade da SSP porque, como uso somente a carteira
da OAB, eu tinha aquela primeira guardada em casa, e assim ela não se perdeu.
Chegando ao DETRAN, fui à fila especial para pessoas da minha idade. Na minha
frente havia apenas uma pessoa que acabava de ser atendida; logo me
encaminharam a outro local onde eu providenciaria as segundas vias do CRLV e da
CNH. Fui imediata e rapidamente atendido. Depois disso, mandaram-me pagar uma
taxa no Banco do Brasil, que tem um posto dentro do próprio DETRAN. Dirigi-me
ao caixa especial, onde não havia ninguém à minha frente.
Faltava agora solicitar nova
carteira de identidade à Ordem dos Advogados do Brasil. Fui diretamente para
lá, onde paguei uma taxa na secretaria da OAB, que me deu um prazo para que a
nova carteira me fosse entregue.
Incrível: em poucas horas o
pesadelo de perder todos os documentos se transformara numa agradável
realidade, onde tudo funcionou como jamais eu poderia sequer imaginar. Posso
hoje dizer: se mudei eu, mudou também o Brasil… pelo menos neste sentido, para
melhor.
(Francisco Souto Neto –
Agosto 2010)
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FOTO 5
– Crônicas de FRANCISCO SOUTO
NETO para o Jornal Centro Cívico
Jornal
Centro Cívico – Ano 8 – Edição 76 – Setembro 2010
Telefônica “Oi”? Adeus para sempre! (Que alívio!)
Francisco
Souto Neto
Que saudade da Telepar! Quando
era seu presidente o senador Luiz Alberto Martins de Oliveira, homem de grande
visão e sensibilidade, convidou a advogada e escritora Anita Zippin para
assessorá-lo em assuntos de cultura. Ela, por sua vez, conseguiu criar o Conselho
de Cultura da Telepar. Com o apoio do Governador do Paraná, através do ato de
serviço 94/94, de 12 de agosto de 1994, o presidente nomeou conselheiros
Adherbal Fortes de Sá Jr., Euro Brandão, Francisco Cunha Pereira Filho,
Francisco Souto Neto, Lauro Grein Filho, Túlio Vargas, Valfrido Piloto e Wilson
Bóia. As reuniões do conselho com o presidente da Telepar e sua assessora
fluíam com resultados extraordinários. Era uma época em que os presidentes das
grandes empresas tinham rosto e nome. Mudaram os tempos! A Telepar deixou de
existir. Em seu lugar surgiu a Brasil Telecom, muito diferente da sua
antecessora, que logo despontou como uma das campeãs de reclamações no
PROCON, e que foi depois vendida a outra empresa que tem o prosaico nome “Oi”,
que herdou da Brasil Telecom todos os mesmos vícios e funcionários mal
treinados.
Foi em junho de 2010 que
começou a minha via crucis com a Oi, originada de uma
observação do meu técnico em informática. Ele me fez ver que eu dispunha
de 1 MEGA de velocidade no acesso à internet, pelo qual vinha
pagando mensalmente determinada importância, e que a própria Oi estava
oferecendo 8 MEGAs por um preço inferior. Telefonei à
Oi, que confirmou, dizendo que faria as alterações a meu favor, e assim
autorizei-lhe a efetuar as mudanças.
A partir de julho, como não
ocorriam as mudanças prometidas, comecei a colecionar extensos números – um
rosário – de protocolos de reclamações. Cada ligação me tomava por volta de
meia hora, e cheguei a contar uma hora e vinte minutos de empurra-empurra de um
para outro setor, e de ligações que “caíam”, ao que parece, propositalmente.
Somente após muitas idas e vindas, a Oi informou-me que não poderia me conceder
a velocidade de 8 MEGAs, mas de apenas 2, porque não
havia “janela” na minha área. Portanto, a Oi oferece a venda daquilo que não
pode entregar, e isso se chama propaganda enganosa. Sem contar toda
a perda de tempo e de paciência, o pior estava para acontecer: minha fatura do
mês seguinte veio com o valor da conta mais que duplicado.
Após reconhecer o erro, ficou a
Oi de me restituir “em cinco dias” o valor cobrado a maior. Passou-se um mês, a
velocidade do meu computador continuava baixa, e chegou a nova fatura, na qual
não houve restituição alguma. Como a anterior, a nova conta veio outra vez com
mais que o dobro do que deveria ser. Nos últimos dias de agosto, a Oi cancelou
a fatura cobrada a maior (vencimento para 4 de setembro) e disse que mandaria
uma nova fatura, com vencimento para o dia 11, na qual subtrairia o valor
cobrado a maior. Tive que ir à minha agência bancária para sustar o débito em
conta corrente do valor errado e esperei até dia 15, mas a nova fatura não
chegou às minhas mãos. Felizmente as casas lotéricas podem receber o pagamento,
se lhes for informado o número do telefone. Graças a isso, quitei a referida
conta, porém a “devolução” do valor cobrado a maior abrangeu apenas o último
mês, tendo a Oi se esquecido do valor que cobrou a mais no mês anterior…
Enfim, foram – e continuam
sendo – tantos, incontáveis, os dissabores e aborrecimentos, que este espaço
seria insuficiente para relatá-los. Ainda não me decidi se recorrerei à Justiça
para reparação. Uma coisa é certa: cansado de me irritar com tanta
incompetência, estou me bandeando para outra empresa de telefonia [a GVT], onde
espero que atenciosos consultores tratem de tudo, da portabilidade à instalação
da nova linha, sem que eu precise voltar a me dirigir à Oi. Será um alívio me
divorciar dessa empresa que tantos transtornos vem me causando.
(Francisco Souto Neto –
Setembro 2010)
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FOTO 6 – Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico
Jornal
Centro Cívico – Ano 8 – Edição 78 – Novembro 2010
Oculistas para cachorros? Não! Oftalmologistas para cães!
Francisco
Souto Neto
Há poucas décadas, diríamos:
“Meu oculista é o doutor Fulano”. Como o idioma é dinâmico,
vão sendo criadas novas palavras, enquanto outras, aos poucos, caem no desuso e
são esquecidas. No passado, falava-se: “os aeroplanos”. Agora, os atuais
“aviões” já vão até se transformando em “aeronaves”. Foi assim que também a
expressão “médico oculista” declinou. Hoje diremos: “Meu oftalmologista é
o doutor Ciclano”.
Mudam as palavras e também os
costumes. Em passado recente, os cães, que chamávamos de “cachorros”, eram
principalmente guardiães de quintais. Amigos do homem, sim, mas com certas
restrições. E aqueles donos que se atreviam a estreitar a intimidade com os
seus animais de estimação, permitindo que dormissem aos seus pés, sobre o
cobertor, lá na extremidade da cama, em geral eram vistos como excessivamente
permissivos. Hoje os cães dormem com seus donos sob os lençóis, sem que isso
cause espanto e não provoque muita discórdia entre marido e mulher da novíssima
geração.
Alguns países estão à frente de
outros nas liberalidades para com animais de estimação. A Dinamarca é um bom
exemplo, porque ali os cães, acompanhados dos donos, podem entrar nos bondes,
ônibus e trens. Na capital Copenhague, numa lanchonete da rua principal, notei
uma senhora com o seu cãozinho, este sentado à mesa, numa cadeira daquelas
altas, próprias para crianças. Ela comia quitutes e oferecia pedacinhos ao
comportado animal. Cheguei a filmá-la, para mostrar a amigos no Brasil. Ao
final, ela ofereceu o prato ao cãozinho, girando-o como se fosse o volante de
um carro, enquanto o pequeno pet lambia gulosamente a louça. E
é assim que vamos todos na correnteza da vida, aprendendo e assimilando novos
usos e costumes.
No mês passado, o cão de um
amigo, o buldogue francês Tibério, apareceu com um problema num dos olhos. Sem
que se soubesse qual a causa, o animalzinho ferira o globo ocular esquerdo. Seu
dono, imediatamente, procurou socorro veterinário. Foi então que eu soube que
agora há, em Curitiba, médicos veterinários especializados em oftalmologia. Meu
amigo telefonou à clínica onde ele costuma vacinar seu cão. Naquele dia, porém,
o oftalmologista daquele local não estava presente. Para ajudar, lembrei-me do
Hospital Veterinário São Bernardo, que muitas vezes atendeu ao meu primeiro
chihuahua, Quincas Little Poncho, que viveu de 1973 a 1989. Rapidamente o dono
do Tibério pesquisou e descobriu que ali trabalha um oftalmologista, o Dr. João
Alfredo. Curioso, eu acompanhei meu amigo com seu cão à consulta. Na sala de
espera, havia um casal vindo de Brusque, SC, com uma cadelinha de 9 anos, que
tinha sido operada de catarata, com colocação de lente intraocular, e que
naquele dia viajara a Curitiba para a última consulta pós-cirúrgica. Observei
seu olho operado que, num exemplo animador, estava brilhante e natural como o
de um animal jovem.
O Tibério teve que ser operado
do olho. Para proteger a cirurgia, o médico puxou-lhe a terceira pálpebra, ou
membrana nictitante, costurando-a à extremidade oposta da pálpebra superior,
onde ficou presa por um prosaico botão. Sim, um botão verde, de camisa.
Protegido adicionalmente por um “colar elisabetano” no pescoço, passaram-se
duas semanas. Finalmente, ao ser retirado o ponto, lá estava o olho com
aparência saudável que, após tratamento complementar, voltou à total
normalidade.
Evolui o mundo, evoluímos nós…
e também os cães que, se agora feridos nos olhos, ou tomados por cataratas, já
não estão condenados à cegueira. “Oh, admirável mundo novo”, como escreveu
Shakespeare, depois também Aldous Huxley. Que belas novidades estamos vivendo!
(Francisco Souto Neto –
Novembro 2010)
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Jornal Água Verde: VISCONDE DE SOUTO - ASCENSÃO E "QUEBRA" NO
RIO DE JANEIRO IMPERIAL
Jornal
Água Verde – Ano 19 – 2010
Diretor
presidente: José Gil de Almeida
FOTO 7 – Capa:
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FOTO 8
– Página
20:
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FOTO 9 – Detalhe:
Jornal
Água Verde: VISCONDE DE SOUTO – ASCENSÃO E “QUEBRA” NO RIO DE JANEIRO IMPERIAL
Os primos
Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini estão, desde 2007, pesquisando
e escrevendo a biografia de seu trisavô António José Alves Souto, o visconde de
Souto (1813-1880).
Expoente
do Segundo Reinado, o visconde de Souto foi o primeiro
banqueiro particular de que se tem notícia no Rio de Janeiro. Sua casa
bancária, A. J. A. Souto & Cia., popularmente conhecida como Casa Souto,
rivalizava com o Banco do Brasil em carteira de depósitos. Ao falir em 10 de
setembro de 1864, episódio historicamente conhecido como “Quebra do Souto”,
arrastou de roldão outros bancos e cerca de cem empresas. O passivo da Casa
Souto equivalia à metade da dívida pública interna do Brasil.
Desde
então, o visconde de Souto foi citado num enorme número de livros, em maior ou
menor profundidade, quer como personagem do seu tempo, quer como protagonista
da Crise de 1864. Dentre as centenas de autores dessas obras, vale mencionar
alguns, como Machado de Assis, Lima Barreto, José de Alencar, Arthur Azevedo,
visconde de Mauá, barão do Rio Branco, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de
Andrade, Sérgio Buarque de Holanda, Ruy Barbosa, Afonso Arinos, Teófilo Ottoni,
Pedro Calmon, Raymundo Faoro, Gilberto Freire, Wilson Martins, Victor Viana,
Luís Viana Filho, Werneck Sodré, Eduardo Bueno... e outros.
O
visconde de Souto foi presidente da Beneficência Portuguesa e fundador da Junta
de Corretores, que deu origem à Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Fez parte
da primeira diretoria da Caixa Econômica Federal.
Duas
propriedades do visconde de Souto tiveram grande fama à sua época. A primeira
foi a Chácara do Souto, onde residia, em São Cristóvão, que confinava
com os terrenos da mansão do Chalaça e com a Quinta Imperial da Boa Vista.
Na chácara instalou uma coleção de animais vivos da fauna brasileira e
também importados da Europa e África, o primeiro zoológico brasileiro, que
abria gratuitamente à visitação aos domingos. A segunda foi a Fazenda Bela (ou
Boa) Vista, cujo proprietário anterior, conde de Gestas, já tornara famosa por
receber ali, frequentemente, a visita do rei D. João VI e, anos mais tarde, do
seu filho D. Pedro I e família imperial. Nessa fazenda, em parte um cafezal,
situada onde é hoje a Floresta da Tijuca, o visconde de Souto mandou construir
um oratório que continua existindo, a Capela Mayrink, nome do seu último
proprietário.
Pelos
casamentos dos filhos, aparentou-se com as famílias de marquês de Olinda, conde
de Ipanema, visconde de Pirassununga e Euzébio de Queiroz.
Quando
da falência da Casa Souto, o imperador D. Pedro II, de quem o visconde era
amigo, mandou instaurar uma comissão de inquérito para determinar as causas da
crise e suas responsabilidades, tendo sido o visconde de Souto inocentado em
1866 e reabilitado publicamente pelo Conselho de Estado em 1869.
Esta
obra, que tem como ponto focal a Crise de 1864, também descreve o panorama
social, político e econômico do Brasil oitocentista, enquanto relata a maneira
como surgiram as primeiras casas bancárias neste país e como os bancos foram
tomando as feições de como hoje os conhecemos.
Os autores
optaram por transcrever trechos de livros, documentos e cartas, assim mantendo
a visão pessoal e direta de cada escritor que se referiu ao visconde, à sua
casa bancária e à Quebra do Souto.
Souto
Neto e Lúcia Martini ainda não têm patrocinadores. Mas prevê-se que essa obra
revelará fatos históricos que estão arquivados na Biblioteca Nacional, SPHAN,
Arquivo Nacional, Real Gabinete Português de Leitura, IHGB, Museu Histórico
Nacional, Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, e outros, praticamente
desconhecidos até mesmo de historiadores.
Legendas
originais em 2010: Foto 1 – Visconde de Souto (1813-1880), fotografia
acervo Museu Histórico Nacional. Foto 2 – Capela do Souto (hoje Capela Mayrink)
mandada construir pelo Visconde de Souto em 1850. Fotos 3 e 4: Os autores
Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini.
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FOTOS
CAIOBÁ
CURITIBA
CAIOBÁ
CURITIBA
FOTO 56 – Esperando por mais comida que, é lógico, ele ganhou.
CAIOBÁ
SÃO PAULO
CURITIBA
CAIOBÁ
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FIM DO ANO 2010
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2 de setembro de 2023:
80 ANOS ESTA NOITE
CONTINUA NA
PARTE 34
O ano 2011
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