sexta-feira, 18 de agosto de 2023

FRANCISCO SOUTO NETO nos anos de 1943 a 1967 (PARTE 1).

 

Francisco Souto Neto bebê. Fotografia originalmente em preto e branco, pintada a cores por pincel, por sua tia Juracy, irmã de seu pai, que foi uma grande artista plástica.


 
Comendador Francisco Souto Neto em 2015.

 

---------o--------

 

2 de setembro de 2023:

80 ANOS ESTA NOITE


PARTE 1

recordando os anos 

de 1943 a 1967

 

por  Francisco Souto Neto

 

 

Em 2 de setembro de 1983 eu completava 40 anos de idade. Oito anos antes disso, portanto em 1975, eu tinha participado de um concurso interno  – quando eu trabalhava como escriturário no Banco do Estado do Paraná –  para o cargo de inspetor do então banco oficial do Paraná. Tive sucesso no concurso e fui muito bem classificado. Após alguns anos atuando como inspetor, fui convidado durante o governo Jayme Canet Júnior a assumir ao cargo de confiança de “assessor de diretor” e terminei minha carreira como “assessor para assuntos de cultura da presidência do Banestado”.

Os meus primeiros 40 anos de vida parece-me terem passado lentamente, como que em “fatias de tempo” muito bem delimitadas pelas mudanças de cidades de minha família, promovidas pelas profissões de meu pai – jornalista e radialista – e que para mim se tornaram muito bem caracterizadas nas fases de minha infância. Essas memórias ficaram vinculadas ao meu período pré-escolar (1943-1948), depois aos dois anos (1949-1950) de “jardim de infância”, em seguida aos cinco anos (1951-1955) do Curso Primário e finalmente aos quatro anos (1956-1959) do Curso Ginasial que antecedeu à Universidade.

Os 40 anos seguintes (de 1983 a 2023) parecem-me transcorridos em velocidade supersônica, e assim a minha idade de 80 anos chegou-me como num estrondo em meio a indagações: “Como assim? Já?”.


 -o-


Em Presidente Venceslau, SP, de 1943 a 1947


 
FOTO 1 - Francisco Souto Neto bebê, em 1944.

 

No dia 2 de setembro de 1943 nasci em Presidente Venceslau, SP, pelas mãos do Dr. José Mendes Ribeiro, médico obstetra de minha mãe Dª Edith Barbosa Souto. Nós residíamos na Rua Carlos Gomes nº 344, em frente do prédio onde poucos anos depois instalou-se o Venceslau Clube, e a apenas uns 50 metros da Igreja Nossa Senhora de Fátima, na Praça Dr. Álvaro Coelho. Sempre pensei que esse templo católico fosse a catedral de Presidente Venceslau, mas estou descobrindo agora que não existe uma catedral católica em minha cidade natal.


FOTO 2  - A fotografia acima e o detalhe da janela aberta são da década de 70, quando viajei à minha cidade natal, Presidente Venceslau, SP. Trata-se da casa onde nasci em 1943. Quando foi a residência da famíia, a casa era amarela com os detalhes em branco, e nas janelas havia floreiras com gerânios vermelhos. Eu nasci no quarto à direita, cuja janela mostra-se entreaberta.

FOTO 3 - Voltei a Presidente Venceslau em 1992, para rever parentes. Na foto acima, estou com mãe, Edith Barbosa Souto, em frente à casa onde nasci. As belas janelas originais da casa foram, infelizmente, substituídas por outras “modernas”, que descaracterizaram a bela construção do início da década de 40.

Meu pai, Arary Souto, era o tesoureiro da prefeitura. Durante a guerra, em 1943, ele foi nomeado como Encarregado Geral do Racionamento em Presidente Venceslau. Houve um período em que ele assumiu o cargo de prefeito municipal, em circunstâncias que desconheço. Não sei o que ocorreu com o prefeito eleito. Acredito que isso tenha ocorrido em 1946 ou 1947. Para elucidar a questão, seria necessária uma pesquisa nos arquivos da prefeitura naquele período, e também no jornal da época, mas não sei se naquele tempo já existia uma publicação noticiosa diária ou semanal naquela cidade.


FOTO 4 - Acima, o Almanach Hachette do ano de 1908, ano do nascimento de meu pai Arary Souto, e as anotações que ele ali grafou em 25 de julho de 1943 (39 dias antes do meu nascimento), registrando o seu sofrimento durante a II Guerra Mundial, quando foi nomeado para o cargo de “Encarregado Geral do racionamento em Presidente Venceslau”, afirmando sua esperança na vitória.

FOTO 5 - Palavras de Arary Souto em 25 de julho de 1943 (início)

FOTO 6 - Palavras de Arary Souto em 25 de julho de 1943 (final)

FOTO 7 - Meu pai Arary Souto quando jovem: um dândi.

A história do livro acima pode ser encontrada neste endereço:


https://soutoneto.blogspot.com/2020/04/almanach-hachette-1908-com-anotacoes-de.html



FOTO 8 - Em Presidente Venceslau, circa 1944, na foto acima: minha babá Geralda, minha mãe segurando-me em seu colo, e meus irmãos Ivone e Olímpio.

Um episódio em minha tenra infância traz-me a seguinte memória que se tornou perenizada por ter-se transformado num episódio repetido pela minha mãe através de muitos anos. Ocorreu o seguinte:

Um amiguinho veio brincar comigo em certa tarde, e eu disse a ele: “O Papai agora é prefeito”. Meu amiguinho deu de ombros: “O meu também logo vai ser”.

O que poderia eu entender de prefeitos naquela idade? Absolutamente nada. Mas eu sabia que quando Papai chegava em casa no fim da tarde, não vinha mais no seu velho carro, mas num automóvel muito mais vistoso, que era chamado de “o carro do prefeito”.

Algumas vezes a imprensa registrou o fato de meu pai Arary Souto ter sido prefeito de Presidente Venceslau, como vemos no Jornal do Paraná, de Ponta Grossa, na 1ª página da edição de 1º.11.1951:

 

FOTO 9 - “Exerceu, também, o cargo de tesoureiro e, posteriormente, de Prefeito Municipal da importante cidade de Presidente Venceslau, no Estado de São Paulo. Foi igualmente designado, pelo então interventor paulista sr. Dr. Fernando Costa, de saudosa memória, para chefiar a requisição de gado para corte naquela importante região e, em consequência dos reais serviços prestados ao Estado Bandeirante, foi escolhido para secretariar a Comissão de Preços, bem como, encarregado geral do racionamento no período da grande guerra. Ainda, na mesma ocasião, foi designado para o importante cargo de controle e amparo à sericicultura”. Como intelectual, foi, na sua mocidade, colaborador do Correio Paulistano e, dessa data em diante, colaborador, também, de diversos jornais paulistas, quando transferindo-se para Ponta Grossa, ocupou, com grande proficiência, o cargo de nosso Diretor de Redação, onde novamente, hoje, temos a satisfação de registrar o seu reingresso, bem como, na Gerência da Companhia Impressora do Paraná.

 

Em Presidente Venceslau viviam parentes de minha mãe, tais como suas primas Henriqueta (Queta) casada com o escritor Hélio Serejo, e Georgina, casada com Antônio Daraia. Havia ligações familiares e de amizade nas localidades vizinhas de Presidente Epitácio e Porto Tibiriçá, ambas no Estado de São Paulo. Atravessando o Rio Paraná em frágeis embarcações e entrando no Rio Pardo através de sua foz, chegávamos ao distrito de Porto XV de Novembro, em Mato Grosso Uno, onde residiam primos de minha mãe, Pery e Emerenciana Martins com seus filhos. Eu e meus irmãos tratávamo-los por “tios”.

FOTO 10 - A foto acima é de 1944, na entrada à casa de Tio Pery Martins, no Porto XV de Novembro, localizado na foz do Rio Pardo no Rio Paraná. O Porto XV deixou de existir ao ser submerso pelas águas do reservatório da Usina Hidrelétrica Sérgio Motta.  Em pé na escada, meu primo Júlio e meu irmão Olímpio. A moça sentada e cercada pelas crianças, é Elisa, prima de minha mãe. À esquerda da foto vê-se a menina Aída (Aidinha) aos 2 anos (irmã de Elisa e Júlio) e à direita da foto minha irmã Ivone aos 6 anos. No colo de Elisa estou eu, Francisco Souto Neto, com um ano de idade.

 -o-


Em Ponta Grossa, PR, de 1948 a 1952

 

Mudamo-nos para Ponta Grossa, na Terra dos Pinheirais, onde meu pai trabalharia primeiramente como Diretor de Redação do “Jornal do Paraná”, que foi considerado na época como o mais informativo jornal do Estado.

A esse tempo residimos na Rua Visconde de Nácar nº 149, centro da cidade, localizada entre a Rua XV de Novembro e a Marechal Deodoro.

Aí fui matriculado no Jardim de Infância que funcionava no Colégio Sant’Ana, na esquina Praça Barão do Rio Branco, mais exatamente entre a Av. Bonifácio Vilela e a Rua do Rosário.

FOTO 12 - O Colégio Sant’Ana em 1950. O muro que se vê na parte de baixo da foto, à esquerda, é do Colégio Regente Feijó.

FOTO 13 - Em 1949, saindo para o primeiro dia no jardim de infância do Colégio Sant’Ana. Eu e meu vizinho e amigo Carlos Roberto Emílio fomos juntos, conduzidos pela minha irmã Ivone que lá estudava já no final do seu curso primário. A ordem de meus pais era: todos de mãos dadas, tanto na ida quanto no retorno. Eu e Carlos levávamos nossas respectivas lancheiras.

No link abaixo estão registradas as minhas lembranças do Jardim de Infância no Colégio Sant’Ana em Ponta Grossa:


https://fsoutone.blogspot.com/2022/06/meu-jardim-de-infancia-em-19491950-por.html


FOTO 14 - No fundo do quintal, sentados sobre o “quarador”, estamos: eu, Francisco Souto Neto, meu irmão Olímpio Souto com seu basset Bopí e minha irmã Ivone Barbosa Souto (Ivone Souto da Rosa pelo casamento).

FOTO 15 - Nessa época, morava em Ponta Grossa um irmão de meu pai, Moacyr Souto (meu tio e padrinho) casado com Julieta Petit Souto. Eles tinham os filhos Moacyr Souto Júnior (Soutinho), Iraí (da minha idade) e Yara. Na foto acima, tirada ao lado do chafariz da Praça Barão do Rio Branco, estão meus primos Soutinho, Iraí e minha irmã Ivone. Atrás de Ivone, de frente para a praça, vê-se o Colégio Sant’Ana.

FOTO 16 - Esta foto é memorável: meu irmão e o primo Soutinho insistiam para que eu me sentasse de frente, e eu respondi que não! Eu queria ficar de lado. E fiquei. Na foto, a partir da esquerda, estamos: eu Francisco Souto Neto de lado, meu primo Soutinho, meus irmãos Olímpio e Ivone, Iraí amparado por nossa tia Jurema (irmã de meu pai) e minha mãe Edith Barbosa Souto segurando ao colo minha prima Yara (que tirou a fotografia foi Tia Julieta, mãe de Soutinho, Iraí e Yara).

FOTO 17 - Nesta foto tirada por Tia Jurema, estão: a babá (não sei o nome) da Yara, a quem segura no colo, seguida de minha irmã Ivone, e dos meus primos Soutinho e Iraí, este recostado em sua mãe Julieta. A última é minha mãe Edith Barbosa Souto. Do outro lado desse pequeno repuxo, quase deitado sobre a parapeito, está meu irmão Olímpio. Ao seu lado, minha cabeça de costas. Meu irmão insistia: “Olhe para o lado de cá!” e eu, teimoso, respondi: “Fico de costas e pronto!”. Quando eu dizia não, era não.

FOTO 18 - Na Praça Barão do Rio Branco, o luto pelo falecimento de meu avô paterno Francisco Souto Júnior em 1948. Na foto: meu irmão Olímpio, minha bisavó materna Tereza (a quem chamávamos de “Mana”), minha mãe Edith, eu, Tia Julieta e minha irmã Ivone.

FOTO 19 - Ainda durante o luto pelo falecimento de meu avô (a quem chamávamos de Pai Chiquito), sentados: Tia Julieta, Ivone, eu e minha bisavó Mana. Em pé: Olímpio e nossa mãe.

FOTO 20 - No fundo do quintal, Francisco Souto Neto com seu velocípede.

FOTO 21 - Tal como meu primo Iraí, usei chuca-chuca até ao fim do jardim da infância.

FOTO 22 - Francisco Souto Neto com o basset Bopí.

FOTO 23 - A foto acima e a seguinte, são as últimas do meu tempo de chuca-chuca. Na mesma tarde eu teria o cabelo cortado.

FOTO 24 - Esta foto e a anterior foram tiradas na Praça Barão do Rio Branco. O poste branco está sobre a parede lateral da Concha Acústica, onde ouvi Adelaide Chiozzo cantar ao som de sua sanfona.

FOTO 25 - Minha primeira fotografia com o cabelo cortado. Atrás de mim, minha casa na Rua Visconde de Nácar nª 149. Do lado esquerdo morava o casal Orlando e Alice Schmidt Vasconcellos, com seu filho Saulo. Atravessando a Rua Marechal Deodoro, vê-se a casa de Sr. Alberto e Dona Ada Ferreira Emílio. O Sr. Alberto, pirotécnico, era uma das maiores fortunas de Ponta Grossa. Ele tinha mais de cem casas, nas redondezas, que alugava. Quando ele, esposa e as duas filhas (Adelaide e Zelândia) iam ao Cine Renascença, ele telefonava avisando ao gerente do cinema... e a sessão só começava quando a família chegava e ocupava a “frisa”. É que o Cine Renascença era todo de madeira, mas parecia um palácio. Além da platéia, o cinema contava com camarotes de ambos os lados, como nos teatros mais tradicionais da Europa. Uma irmã de meu pai, Iraty, casou-se com um dos filhos do influente casal, o Adalberto (que passou a ser meu tio) e uma prima de minha mãe, Lindamir (neta de minha bisavó “Mana”, já referida), casou-se com outro filho, Sílvio, que passou a ser meu primo em 2º grau. Desse modo, tanto meu pai quanto minha mãe aparentaram-se com a família Emílio. Voltando a comentar a fotografia: abaixo da casa de Sr. Alberto e Dª Ada na mesma Visconde de Nácar, mas do outro lado da rua, residia o casal Mário e Emília Emílio, pais de Carlos (meu amigo) e Marília. Na Rua Marechal Deodoro, à direita da casa do Sr. Alberto e Dª Ada, morava a família e Dª Maria Rosa Carriel, cujas filhas tornaram-se grandes amigas de meus pais. Em frente à Dona Maria Rosa ficava a residência dos pais de Zilá Lopes, e essa propriedade foi vendida para o casal Nelson e Lia Pinto Hilgemberg. Ainda na Marechal Deodoro, apenas 50 metros acima da Rua Visconde de Nácar, residiram oos recém-casados Jayme Strozzi e Lourdes Rocha, que também se tornaram nossos grandes amigos. Voltando à minha casa na Visconde de Nácar 149, subindo à direita (fora da foto) estavam nossos vizinhos Dona Leonor e Sr. Capote com seus filhos Haroldo e Badico. Continuando a subir pela Visconde de Nácar em direção à próxima esquina que é a Rua XV de Novembro, residiam Dona Ana e Sr. Tonico Emílio, também a família de um menino que foi o meu primeiro amigo ao mesmo tempo de Carlos Roberto Emílio, que é o Aguinaldo de Oliveira Miranda (filho de Dona Yolanda e com muitos irmãos, dentre os quais a Leide). Pouco acima estava a família de Decirê de Almeida Ribas (sua mãe era Dona Julita) e em seguida meu amigo Ramires Emílio, onde residia com os pais e numerosos irmãos.

FOTO 25 a - Foto encontrada na internet (da Casa da Memória Paraná) que mostra o interior do Cine Renascença, todo de madeira, com a plateia ampla e as "frisas" (isto é, camarotes) laterais em dois pisos, como nos antigos teatros europeus. 

Em 1949 meu pai Arary Souto assumiu o cargo de Diretor de Redação do Jornal do Paraná, que foi considerado como o diário mais informativo de todo o Estado. O link abaixo leva à primeira página do Jornal do Paraná e às palavras de meu pai em “Nosso Programa”, publicadas à esquerda do título do jornal:


https://franciscosoutoneto.wordpress.com/2011/10/20/jornal-do-parana-ponta-grossa-24-de-maio-de-1949/


Após afastar-se como Diretor de Redação do Jornal do Paraná e passar alguns meses na diretoria da Companhia Impressora do Paraná, meu pai voltou à Diretoria de Redação do Jornal do Paraná, o que foi efusivamente comemorado na primeira página do matutino:


https://franciscosoutoneto.wordpress.com/2011/10/21/arary-souto-retorna-a-direcao-do-jornal-do-parana-ponta-grossa-texto-de-boas-vindas-escrito-por-adalberto-carvalho-de-araujo-na-edicao-de-1%c2%ba-11-1951-e-agradecimento-de-arary-souto-na-edicao-d/


As minhas 14 fotografias abaixo são o registro do tempo em que residi em Ponta Grossa, na Rua Visconde de Nácar nº 149, de 1947 a 1952.


FOTO 26 - No quintal: Ivone com o gato Juju, Saulo de cabeça abaixada, Mamãe segurando a galinha Dengosa e eu e Carlos Emílio com Birro, minha galinha de estimação. Atrás, vê-se o “quarador” cheio de roupas ao sol.

FOTO 27 -  No fundo do quintal, Mamãe atrás de nós. Em seguida: eu com Dengosa, Mamãe atrás de nós, Ivone com o gato Juju e com a mão direita no ombro do Saulo, e Carlos Roberto Emílio com Birro.

FOTO 28-  Francisco Souto Neto e Carlos Roberto Emílio na porta de um ônibus “coach” que fazia o percurso Ponta Grossa a Curitiba durante 4 horas em estrada de terra.

FOTO 29 - No “campo de aviação” (Aeroporto Sant’Ana), Minha irmã Ivone, eu Francisco Souto Neto e Mamãe.

FOTO 30 - Em frente ao Aeroporto Sant’Ana: Emília Emílio, Marília Emílio, Francisco Souto Neto, Edith Barbosa Souto e Carlos Roberto Emílio. Minha mãe carregava a espingarda “Fernand Tounon” de meu pai, que estaria numa competição de tiro ao prato que se realizava na sede do Clube de Caça e Pesca que se localizava a uns 100 metros do prédio do aeroporto, às margens do Rio Tibagi.

FOTO 31 - Num barco no Rio Tibagi: Ivone Barbosa Souto, Carlos Roberto Emílio, Marília Emílio, Edith Barbosa Souto e Francisco Souto Neto.

FOTO 32 -  Na bomba de gasolina para aviões, estamos: minha mãe Edith Barbosa Souto, eu Francisco Souto Neto e minha irmã Ivone Barbosa Souto.

FOTO 33 - Eu, Francisco Souto Neto, descendo pela escadinha do avião comercial,um DC3 provavelmente da Real Aerovias.

FOTO 34 - Nas fantasias dos 8 ou 9 anos de idade, nada melhor para mim, Francisco Souto Neto, do que subir ou descer as escadinhas que usavam para pôr na porta dos DC3, para fazer de conta que estava numa viagem aérea! Viagem aérea, antes da era dos aviões a jato... Que luxo era viajar de avião!

FOTO 35 - Eu e Mamãe: uma viagem de passeio a Curitiba.

FOTO 36 - Na Praça Osório, onde começa a Rua Senador Alencar Guimarães. O prédio que aparece à direita, então um dos mais elegantes de Curitiba em 1952, é o Edifício Santa Júlia. Eu, Francisco Souto Neto, estou quase atrás de uma das estátuas em bronze da fonte. Em seguida a mim: Edith Barbosa Souto, Noemi (Mimi) Carriel, minha irmã Ivone Barbosa Souto, uma moça de vestido preto (talvez seja a Dora Pinto) e minha tia irmã de minha mãe, Nêmesis de Lima. Ficamos hospedados, se não me engano, por Alice Schmidt Vascellos, que residia na Rua São Francisco (seria no nº 150?).

FOTO 37 - Ivone, Mamãe e eu Francisco Souto Neto atravessando uma rua do centro de Curitiba. Onde seria essa esquina?!

FOTO 38 - Eu Francisco Souto Neto, minha mãe e irmã. Parece-me que estamos na Rua Monsenhor Celso, esquina com Rua XV de Novembro.

FOTO 39 – Praça Tiradentes com Hotel Jorge VIII em construção.

FOTO 40 – Nêmesis, talvez Dora, Ivone, Mimi, Mamãe e eu com a UFPR ao fundo, antes da reforma com remoção da cúpula.

FOTO 41 - Em 2 de setembro de 1952 o jornal anunciava o meu 9º aniversário.

FOTO 42 - Nosso Natal de 1952: minha mãe armava para nós a maior árvore natalina da vizinhança. Eram usados pinheiros naturais naquele tempo em que a preservação da Natureza era ignorada e a palavra ecologia parece-me que ainda estava por inventar. O Padre Pedro era um religioso que às vezes nos frequentava. Na fotografia. Ao redor do Padre Pedro estão: meu irmão Olímpio, nossa vizinha Zilá Lopes, eu Francisco Souto Neto, minha tia Nêmesis (irmã de minha mãe, de Campo Grande, que fora passar o Natal conosco), minha mãe e minha irmã Ivone.

FOTO 43 – Papai e Mamãe em frente à árvore de Natal.

No link abaixo, minhas lembranças certamente desagradáveis de duas professoras da minha infância: de Dona Maria Antônia, do 1º ano primário, e de Dona Adelaide, durante os quatro anos do Curso Ginasial:


https://soutoneto.wordpress.com/2014/12/02/professoras-da-minha-infancia-os-inocentes-e-as-bruxas/



FOTO 44 – Minha família em fotografia tirada no atelier do fotógrafo profissional: na fila de trás, meu irmão Olímpio, minha mãe Edith Barbosa Souto e meu pai Arary Souto. Na frente estamos eu, Francisco Souto Neto, e minha irmã Ivone.


 -o-


Campo Grande, MS, em 1953

 

No ano de 1953 meu pai recebeu o convite de um primo de minha mãe, Wilson Barbosa Martins, para mudar-se para Campo Grande com a finalidade de organizar um jornal (o "Correio do Estado") e depois, com a experiência do jornalismo em Ponta Grossa, tornar-se diretor do novo matutino diário. Wilson era um empresário e político importante em Campo Grande, onde foi vereador e deputado estadual, e por duas vezes governador do Estado de Mato Grosso do Sul, além de ter sido também deputado federal e senador da República.


FOTO 45 – Três anos depois, em 26.11.1958, o Jornal do Comércio, de Campo Grande, publicou no alto da 1ª página, do lado direito, uma notícia sobre Arary Souto ter sido o redator-chefe do “Correio do Estado”, logo após sua inauguração. O detalhe dessa nota vai estampado na FOTO 46, abaixo.

FOTO 46 – “Jornal do Comércio, Campo Grande, 26.11.1958: “No Rotary Club, o jornalista Arary Souto, do Paraná”.

Mudamo-nos para aquela que era a cidade natal de minha mãe, e onde residia e continua residindo o seu ramo familiar.


FOTO 47 – Eu e meus pais na varanda de nossa casa, na Av. Calógeras, a apenas 50 metros da Av. Afonso Pena.

Fomos morar na Av. Calógeras, quase esquina da Av. Afonso Pena, onde estava o melhor cinema da cidade, o Alhambra – a apenas 50 metros de minha casa – e a somente 200 metros do palacete do médico Tio Vespasiano (irmão de minha bisavó e tio-avô de minha mãe) que, tal como seu genro Wilson Barbosa Martins, tinha sido deputado estadual, deputado federal, senador da República e também governador do Estado de Mato Grosso Uno.

FOTO 48 – O palacete de Tio Vespasiano (tio-avô de minha mãe), que era médico e foi Governador do Estado.

FOTO 49 – O Cine Alhambra, pertinho de minha casa (foto da internet)

Nossos vizinhos à esquerda de nossa casa eram os gregos Vavas, e fiquei amigo de um menino da minha idade que se chamava Cristaque. Ao lado direito estava a residência da adolescente Lenira Nunes Feitosa, que se tornou grande amiga de minha irmã Ivone.

FOTO 50 – O Edifício Nacao, na Rua XIV de Julho, era – com seus 5 andares – o prédio mais alto de Campo Grande. A foto mostra um sinal luminoso de trânsito na esquina, porém quando lá residi em 1953, eram os “guardas de trânsito” que, bem no meio dos cruzamentos, equilibrando-se sobre um caixote, manualmente e com um apito sinalizavam o “pare” e o “siga” aos veículos em trânsito (foto da internet).

FOTO 51 – Fotografia encontrada na internet, que mostra como eram os guardas de trânsito antes da implantação dos semáforos elétricos. Assim era também em Campo Grande em 1953. 

Através do Google Street View tentei localizar a casa na Av. Calógeras. Ela não existe mais. Ficava ou no nº 2099 atual (Betel Center) ou no 2121 (atual Igreja Internacional da Graça de Deus).

Nossa casa era bem moderna, estilo mais ou menos de um bangalô, com uma varanda grande ao nível da calçada. Ali minha mãe ficava bordando, ou fazendo tricô, enquanto olhava o movimento da avenida. A casa era dotada de “serpentina” para aquecer a água da cozinha e banheiros. Localizava-se a apenas uns 300 metros  do Colégio Oswaldo Cruz, onde fui matriculado no 3º ano do curso primário. Minha professora era uma linda moça chamada Agnes.

Um dos meus colegas de classe chamava-se Maurício e algumas vezes voltávamos em grupo com outros, já que morávamos na mesma direção. Quando nos aproximávamos do palacete de Tio Vespasiano, Maurício me disse: “Eu moro ali”. Não acreditei, pois sabia que ali era a residência do tio-avô de minha mãe. Maurício insistiu: “Moro, sim, e vou lhe mostrar”. Atravessou a rua, entrou pelo portão da residência, e foi correndo até à porta do andar térreo, que abriu e ali desapareceu. No dia seguinte, eu disse a ele: “Maurício, acho que nós somos primos, pois na sua casa mora o meu Tio Vespasiano. Você é neto dele?” A resposta foi: “Não, eu disse que moro lá por brincadeira. É que minha mãe é a cozinheira de Dona Celina e Dr. Vespasiano”. Então não éramos primos, mas isso não fez qualquer diferença, pois continuamos sendo grandes amigos até ao final do curso. No fim daquele ano de 1953 minha família deixaria Campo Grande, porque meu pai havia organizado o novo jornal de Campo Grande, foi seu diretor durante alguns meses e depois desligou-se daquele diário porque iríamos morar em Presidente Venceslau, minha cidade natal.


FOTO 52 – Prova escrita de Geografia. Minha letra era desleixada no 3º ano co Curso Primário.


FOTO 53 – Prova do fim do ano. Fui aprovado “raspando”, com péssimas notas. Até dá "peninha"...

Lembro-me de que não fui muito bem na escola, talvez pela mudança de cidade de Ponta Grossa e estar num outro estado federativo, isto somado à novidade de conhecer a numerosíssima família de minha mãe. Muito mais que aos estudos, eu me atinha à descoberta dos novos laços familiares e das famosas fazendas dos tios e primos de minha mãe, tais como Niagara, Passatempo, Vacaria, Campeiro e outras. Campo Grande tornou-se para mim um “parque de diversões”.

O primo com quem mais convivi foi o Euclides, filho de Izaura (cognominada “Tia Pedra”). Também conheci minha avó materna, a quem chamávamos “Mãe Izolina”. Meus laços de amizade firmaram-se mais com as famílias de Tio Cláudio, Tia Pedra e Tia Sofia. A irmã mais bonita e culta de minha mãe chamava-se Nêmesis, que se casou com um diplomata da família Coelho.


FOTO 54 – Assim era a Rua XIV de Julho. À esquerda, bem ao fundo, vê-se parcialmente o Edif. Nacao, o maior prédio de Campo Grande com seus 5 andares.

FOTO 55 – Eu marchando no dia 7 de setembro, como aluno do Colégio Oswaldo Cruz, fotografado pelo meu pai, no exato lugar do cartão postal acima (FOTO 47).

FOTO 56 – Eu no quintal, segurando o Cholo, sentado no “quarador”. Sim, existia um “quarador” em todos os quintais, como nos tempos de minha infância em Ponta Grossa (vide FOTO 14).

FOTO 57 – Minha mãe e eu na fazenda de algum dos nossos parentes.

FOTO 58 – Numa fazenda, eu, Francisco Souto Neto, aos 8 anos de idade.

FOTO 59 – No jardim de seu palacete, Tio Vespasiano na rede (tio-avô de minha mãe, que tinha sido Governador do Estado).

FOTO 60 – Na fazenda, Zélia, prima de minha mãe.

FOTO 61 – No quintal de minha casa da Av. Calógeras, com o uniforme do Colégio Oswaldo Cruz, segurando um pintinho e tendo atrás, à esquerda da foto, dois de nossos cachorros.

FOTO 62 – Em minha casa, a visita de Mãe Izolina (minha avó materna) ao lado de minha mãe.

FOTO 63 – Ainda a visita de minha avó materna. Na foto: minha mãe e minha avó em pé, e meu pai sentado na poltrona.

-o- 


Presidente Venceslau, SP, em 1954 e 1955

 

Voltamos a residir em 1954 e 1955 na cidade paulista em que nasci, Presidente Venceslau, onde meu pai se reestabeleceu por um tempo para tratar de seus negócios.

O melhor colégio da cidade era o Liceu Dom Pedro de Alcântara, com as aulas ministradas pelo seu diretor, o professor cego Armando de Oliveira Campos. Ele era desprovido de visão. Utilizava-se de livros em braile quando dependia de alguma leitura ou ditado para os seus alunos. Dispunha de uma secretária, Dona Zilda, quem corrigia os cadernos e cuidava da disciplina, mas ali éramos crianças muito bem educadas, plenas de respeito pelo professor e sua secretária.

A fotografia abaixo foi tirada ao fim do curso primário.


FOTO 64 – Minha turma ao final do Curso Primário no Liceu Dom Pedro de Alcântara. Ao lado direito, o Professor Armando e à esquerda sua auxiliar Dona Zilda. Eu sou o único aluno de óculos. Ao centro da foto, sentadas no meio-fio, com grandes laçarotes brancos na cabeça, do lado esquerdo é minha prima Helita Serejo (filha de Henriqueta e do escritor Hélio Serejo), a da direita é também minha prima Nadir (filha de Zaide e Túlio). Entre elas, sem laçarote na cabeça, era a menina mais rica da cidade, cujo nome não me recordo, filha do dono do único cinema da cidade. Lembro-me de um único nome, do Manoel ou Manuel, o penúltimo dos sentados no meio-fio, do lado direito, com quem eu compartilhava a minha carteira dupla que era usada naquela escola.

FOTO 65 – Eu e o gato de estimação.

FOTO 66 – Eu e Patori. Ao fundo, o “quarador” que existia em todos os quintais da época (vide FOTOS 14 e 54). A cerca aramada era do enorme galinheiro.

FOTO 67 – Marilena Pereira Leite e Francisco Souto Neto.

FOTO 68 – Marilena Pereira Leite, Francisco Souto Neto e Patori.

FOTO 69 – Francisco Souto Neto entre as irmãs Marilena Pereira Leite e Heloísa Pereira Leite, filhas de Dona Sarita e Sr. Milton.

FOTO 70 – Os irmãos Marilena e Ruy, e eu. Mamãe atrás de nós.

FOTO 71 – Francisco Souto Neto e Ruy Pereira Leite.

FOTO 72– Meu pai Arary Souto, eu Francisco Souto Neto e Ruy Pereira Leite afagando o Patorí.


 

Orgulho, preconceito, beleza e rudeza

 

Por duas vezes, enquanto moramos em Presidente Venceslau, minha prima Yeda Souto Rhormens, de Campinas (filha de Tio Raul e Tia Jahyra, irmã de meu pai) foi passar as férias conosco. Yeda era muito bonita, até demais. Na rua, tanto em Campinas quanto em São Paulo, costumavam confundi-la com Martha Rocha, Miss Brasil que naqueles dias fazia muito sucesso em todo o país. Yeda tinha estudado balê e arte dramática. Dançava maravilhosamente com suas sapatilhas. Nas declamações chegava a emocionar a plateia. Então meu irmão teve uma ideia para fazer movimentar a cena artística e cultural de Presidente Venceslau. Ele, associado a algumas pessoas, não me lembro quem, promoveu um acontecimento artístico no Venceslau Club, que incluiria Yeda dançando trechos solos de balê e fazendo interpretação dramática de poemas. Minha irmã, com vestido comprido e descalça, se apresentaria num número de dança, e meu irmão, ele próprio, tocaria violão e cantaria. Alguém tocaria piano, e assim por diante. Yeda ficou muito animada com a ideia. Foi feita grande divulgação do evento...


FOTO 73 – O Venceslau Club, na Rua Carlos Gomes, esquina com a Praça Dr.Álvaro Coelho, em frente à casa onde nasci. Não tenho fotografias da década de 50. A foto acima é de 1976, quando lá estive em visita com minha irmã Ivone Souto da Rosa.

No dia anunciado o Venceslau Club lotou e os vários números artísticos do espetáculo foram muito aplaudidos. Sucesso total. Meu pai ficou muito zangado porque não sabia que minha irmã Ivone dançaria e não concordava com a ideia. Enfim, a sociedade venceslauense gostou e nos dias seguintes Yeda passou a ser convidada para festinhas (às quais minha mãe e minha irmã Ivone a acompanhavam) e os rapazes venceslauenses chegavam a pedir autógrafo à minha prima. Eu era fã de Yeda, admirava sua beleza e versatilidade artística, mas ela praticamente nem olhava para mim  um pixote aos 10 anos por ela apaixonado.

Vale lembrar que um dos poemas que foram declamados e interpretados por Yeda, e que fez algumas senhoras discretamente enxugarem as lágrimas, foi “Moleque Bacurau”, poema de Silvio Moreaux – um texto que atualmente se poderia considerar inadequado e preconceituoso. Mas o evento a que me refiro aconteceu há aproximadamente 70 anos... e naquele tempo se já existia o vocábulo “ecologia”  – eu acho que não –, ele  era por todos desconhecido. O preconceito racial era uma infame realidade crua e perversa. Em casa recebíamos orientação correta, mas na escola a conversa dos coleguinhas era outra. Ademais, por exemplo, a revista O Cruzeiro ressaltava com entusiasmo o grande escritor Hemingway matando, por “esporte”, elefantes e rinocerontes na África; Jorge Goulart e Emilinha Borba cantavam a marchinha de carnaval “O teu cabelo não nega” (“mas como a cor não pega, mulata, eu quero o teu amor”); Bibi Ferreira fazia sucesso cantando “Nega do cabelo duro”; jovens e velhos enchiam os céus de junho com balões incandescentes sem atinar às possibilidades de incêndios; e em dezembro sacrificavam-se pinheiros para servirem de árvores de natal. Sim, os tempos eram outros. Talvez fosse o tempo da inocência mesclada à ignorância.

Mas a beleza feminina era exaltada com toda razão, já que as feministas ainda não existiam para apresentar ideias mais sérias e adequadas, e Martha Rocha merecidamente enchia os olhos dos brasileiros. Minha prima Yeda, parecida com a famosa “miss” e talvez ainda até mais bela, continua merecendo ser lembrada por mim, principalmente porque ao lado da beleza ela carregava uma personalidade imperiosa, inovadora e independente, aliada à fina educação que recebeu dos pais. Yeda escrevia poemas e publicava livros. Ela era, de certo modo, a mulher do futuro. Portanto, Yeda merece que nestas minhas memórias da infância em Presidente Venceslau eu registre aqui a viagem que fizemos com ela a Porto Epitácio, onde tomamos um barco que nos levou à outra margem, na desembocadura do Rio Pardo, onde se situava o Porto XV de Novembro, ocasião em que meu irmão Olímpio (também apaixonado pela prima) tirou fotografias dela ao lado dos vaqueiros que fizeram a travessia no mesmo barco pelas águas do Rio Paraná. As fotos resultaram no contraste entre a exuberância ou elegância de uma moça “da cidade” com o rude mundo “selvagem” dos caboclos daquele então fim de mundo...   

Portanto seguem abaixo dez fotografias da Yeda, de uma das ocasiões em que nos visitou em Presidente Venceslau. É uma pena que eu não tenha as fotografias que foram tiradas durante o espetáculo no Venceslau Club.


FOTO 74 – Saindo de Presidente Venceslau, com meus irmãos Olímpio e Ivone levamos nossa prima Yeda Souto Rhormens à cidade vizinha de Presidente Epitácio, e lá vimos os locais dos embarcadouros do gado para o transporte fluvial. Além disso, atravessamos o Rio Paraná até à foz do Rio Pardo, onde descemos no antigo Porto XV de Novembro.m Nesta foto, Yeda recostada numa árvore.

FOTO 75 – Yeda numa árvore.

FOTO 76 – Pose sobre a grama em Porto Epitácio.

FOTO 77 – Yeda às margens do Rio Paraná. Aqui é o Estado de São Paulo. Na distante outra margem é o Estado de Mato Grosso Uno (atualmente Mato Grosso do Sul).

FOTO 78 – O perfil de minha prima e a horizontalidade do Rio Paraná.

FOTO 79 – Yeda, que em Campinas praticava equitação, pediu ao boiadeiro para montar em seu cavalo. Foi atendida. Ela galopou... e tanto o boiadeiro quanto nós ficamos surpresos.

FOTO 80 – Eu, Francisco Souto Neto, entre minha prima Yeda Souto Rhormens e minha irmã Ivone Barbosa Souto, no passarela da entrada das boiadas nas embarcações. Eu, quem diria, de terno e gravata borboleta, os três pisando em cocô da boiada.
FOTO 81 – Yeda charmosa em contraste com o caminhão quase caindo da balsa no rio, e o preocupado motorista.

FOTO 82 – No barco, retornando para Porto Epitácio e dalí para Presidente Venceslau.


FOTO 83 – Em Presidente Venceslau, Yeda e três rapazes da alta sociedade venceslauense. Quem seriam os rapazes? Seus filhos e netos poderiam identificá-los. Afinal, estas fotos foram feitas há quase 70 anos e todos, se estivessem ou estiverem vivos, teriam mais de 90 anos de idade.

 

No ano de 1992 fizemos uma viagem a Campo Grande (eu, minha mãe e Rubens Faria Gonçalves) e paramos em Presidente Venceslau durante dois ou três dias, onde visitamos Tio Hélio Serejo. No filme abaixo (parte 1) registramos as visitas ao médico José Mendes Ribeiro e sua esposa Dona Vitalina, e ao vereador Mário Torres que naquela época residia na casa onde eu nasci (casa que teve a fachada modificada por uma reforma). A parte 1 (com 10 minutos) desse filme pode ser vista clicando-se este link do YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=Ndmyjoz9-j4

 

-o-


Ponta Grossa, PR, de 1956 a 1963

 

Em dezembro de 1955, após a conclusão de meu Curso Primário, retornamos a Ponta Grossa, onde meu pai viria a ser o diretor de uma segunda emissora de rádio na cidade, a Rádio Central do Paraná, que ele rapidamente a tornou a emissora mais popular. Era um tempo anterior à televisão no interior do Estado, quando o rádio era o mais importante meio de comunicação de massas. Ainda menino, logo eu compreenderia que o meu pai ocupava um cargo de grande importância na cidade. Fomos residir num lindo casarão na Rua Augusto Ribas nº 571, entre a Rua XV de Novembro e a Marechal Deodoro, a 50 metros do Cine Ópera e a 100 metros da praça da catedral.

FOTO 84 – Meu pai Arary Souto, agora diretor da Rádio Central do Paraná.

Meu pai matriculou-me no Ginásio Ponta-grossense, conhecido como “A Academia” e considerado o melhor ginásio da cidade. Ali estudei durante os quatro anos do Curso Ginasial, de 1956 a 1959. Após o ginásio, fiz os três anos do Curso Científico de 1960 a 1962 no Colégio Regente Feijó.

Vivi três épocas diferentes em Ponta Grossa, e a mais marcante pelas lembranças da minha família foi aquela em que moramos na Rua Augusto Ribas, entre final de 1955 até aproximadamente 1962. Meu pai faleceria em 1963. Lamentavelmente os amigos dos meus pais, assim como eles próprios, já se foram; se vivos, teriam hoje mais de 100 anos. Os acontecimentos sociais somados a praticamente tudo o que gravitava ao redor da “jeunesse dorée” da década de 50 caiu no esquecimento dos ainda sobreviventes daquela época. Por isso resolvi rememorar um pouco dos tempos mágicos da Rua Augusto Ribas.


FOTO 85 – Nesta foto, eu entre os 12 e os 13 anos, entrando em casa com minha mãe. Às nossas costas, do outro lado da rua, “vis-a-vis” com a minha casa, estão duas janelas de um dos casarões mais interessantes da cidade: a Mansão Vendrami.

FOTO 86 – Para entrar em casa, era preciso subir a escada que se vê à direita da foto. A janela que se vê antes do poste duplo, era da Câmara Municipal que funcionava ali na Rua Augusto Ribas, esquina com a Marechal Deodoro.

FOTO 87 – Numa tarde chuvosa de 1957, Mamãe (de capa escura) e minha irmã Ivone (de capa clara e capuz) atravessam a Rua Augusto Ribas em direção à Bombonière da Anastácia, que ficava ao lado do Edifício Ópera (o prédio de 4 andares, 5 com o mezzanino) na esquina com a Rua XV. Em frente ao cinema estava a Joalheria Gravina; seguindo pela rua XV, o próximo prédio era a Casa Lange, em cujo 1º andar vivia o casal Afonso e Romilda Lange, grandes amigos de meus pais. Tirei esta foto da janela da minha casa.

FOTO 88 – Meu pai Arary Souto mais ou menos à idade de 50 anos.

FOTO 89 – Meu pai, em casa, lendo.

FOTO 90 – Minha mãe Edith Barbosa Souto na sala de jantar.

FOTO 91 – Meu irmão Olímpio, quase 10 anos mais velho que eu, dava lindas festas naquela grande sala, às vezes à luz de velas, e minha mãe servia quitutes enquanto os casais dançavam, vigiados pelos olhos atentos do meu pai... Na foto, meu irmão naquela sala, ouvindo um disco de Jane Froman.

FOTO 92 – Minha irmã Ivone, em casa, fumando. Naquele tempo fumar era quase uma obrigação, por incrível que hoje nos pareça.

FOTO 93 – Minha irmã Ivone Barbosa Souto (da Rosa pelo casamento) em casa, fotografada pelo Olímpio.

FOTO 94 – Eu aos 16 anos, entrando em casa. Naquele tempo, garotos como eu já usavam terno e gravata... com colete. O lindo casarão que aparece ao fundo, do outro lado da rua, é aquele já referido que pertenceu ao Sr. Antônio Vendrami.

Foto 95 – Eu, Francisco Souto Neto, no barzinho que tínhamos num canto da sala. Na década de 50 as casas sempre tinham um canto, numa das salas, que abrigava o chamado “barzinho”, que servia para oferecer drinks a eventuais convidados.

FOTO 96 – Minha casa na Rua Augusto Ribas, 571, entre as das famílias Ribas e Strozzi, esta última ao lado da Câmara Municipal. A casinha no fundo do meu quintal, que assinalei em amarelo, era metade um quarto de despejo, e outra metade a casa do nosso cachorrão Cacique. (P.S.: No quarteirão abaixo da Rua XV está o enorme Cine Ópera. Assinalei ali, em cor laranja, a entrada para a Rádio Central do Paraná, encravada na estrutura do Cine Ópera, da qual meu pai era diretor. De casa até à Rádio eram apenas uns 100 metros).

 

Os meus quatro anos do Curso Ginasial e o convite pela conclusão do curso, com os nomes de todos os meus colegas, estão no link abaixo, bem como comentários sobre alguns dos nossos professores... os bons e os não tão bons:

 

https://fsoutone.blogspot.com/2019/03/os-graduandos-do-ginasio-ponta.html

 

Um fato que marcou bastante os rumos da minha vida foi o seguinte: desde 1955 as crônicas sociais eram lidas avidamente principalmente nas edições de domingo, nos dois jornais diários que existiam em Ponta Grossa: o Jornal da Manhã (que sucedeu ao Jornal do Paraná, do qual meu pai era o diretor de redação) e o Diário dos Campos. A mais importante de todas as colunas sociais era a Cortina de Seda, no Jornal da Manhã, assinada por Fadlo Auak, heterônimo de Sebastião Nascimento Filho. Ser citado nas colunas sociais era quase tão importante quanto... existir, socialmente falando. Quando a Cortina de Seda passou a ser assinada pela misteriosa Belinda (que praticamente revolucionou o colunismo social ponta-grossense e produziu tsunamis nos nomes colunáveis), eu tive a experiência de oferecer colaboração a Belinda, sob o pseudônimo de Mister X, e durante algumas semanas senti-me poderoso, mais ou menos aos 14 anos de idade), num espaço dentro da Cortina de Seda, com o subtítulo de “Mexericos de Mister X”.

A história de Mister X está a partir do ANEXO 4 do blog abaixo, no qual faço o relato das minhas primeiras incursões na imprensa paranaense, sem dúvida inspirado pelo importante jornalista que foi meu pai:

https://fsoutone.blogspot.com/2016/08/o-jornal-da-manha-de-ponta-grossa-nos.html


 
FOTO 97 – A primeira Cortina de Seda a incluir minha “coluninha” sob o subtítulo de “Mexericos de Mister X”.

 

Eu comecei a escrever sobre as famílias de Ponta Grossa que foram importantes em minha vida, e iniciei pelos Vargas de Oliveira, Lange, Maia e Armellini. Sobre João Vargas de Oliveira e Dona Argentina, tanto ele era amigo e companheiro de Rotary de meu pai, quanto Dona Argentina de minha mãe. Sobre os Lange, também: o Sr. Afonso era amigo do meu pai e companheiro (tal como João Vargas) nas competições de tiro ao prato, e Dona Romilda da minha mãe. Elas foram pares de diretoria na Rede Feminina de Combate ao Câncer, da qual Dona Romilda era presidenta perpétua. Quando o casal Afonso e Romilda viajou à Europa (sua filha caçula, Lílian, morava na Itália) e lá passou pouco mais de um ano excursionando através do continente, minha mãe foi investida por Dona Romilda ao cargo de presidenta, porque ela sabia que nas mãos de Edith Souto a Rede Feminina de Combate ao Câncer continuaria atuante e segura. Quanto aos Maia (Sr. Janguta e Dª Graziela), eles eram como uma extensão da minha própria família. Meu pai companheiro de Janguta e minha mãe amiga de Graziela, amizades essas que se aprofundaram pelo ramo de Dona Graziela a todos os seus irmãos da família Pinto, e pelo lado dos irmãos do Sr. Janguta. Estes, Pinto e Maia, por sua vez, tornaram-se amigos dos irmãos do meu pai, de São Paulo. Enfim, com essas três famílias tivemos um envolvimento como se fossem nossos próprios familiares. Incluo também a família Armellini (Arthur Armellini e Grací Aguiar Armellini – após enviuvar, em segundas núpcias passou a assinar Grací – ou Maria da Graça – Trény). Dona Grací, minha professora de Literatura Francesa no Curso Científico, tornou-se uma das mais importantes pessoas em minha vida. Tornei-me amigo de seus três filhos: Célia, Lúcia e Tuca (Arthur Armellini Júnior), amizade esta que se estendeu por mais duas gerações (netos e bisnetos de Dona Grací).

Eu gostaria de escrever sobre outras famílias que nos foram igualmente muito importantes, com o mesmo grau de amizade, mas ainda não o fiz. Ultimamente tenho me cansado um pouco das lidas com o computador, mas não desisti. Ainda pretendo me estender sobre as famílias Emílio, Carriel, Strozzi, Mezzomo, Slaviero, Calderari, Schmidt Vasconcellos, Enei, Araújo, Capote, Gravina... e tantos outros.

Por ora, relaciono abaixo as minhas memórias que envolvem João Vargas e Argentina, Afonso e Romilda Lange, Janguta e Graziela e, particularmente, Dona Grací Trény. Quem clicar sobre os quatro links abaixo, encontrará, quase diria, trechos da História da Sociedade Ponta-Grossense.

 

https://nostalgiaresgatedamemoria.blogspot.com/2019/07/familia-vargas-de-oliveira-de-ponta.html

https://nostalgiaresgatedamemoria.blogspot.com/2019/07/familia-lange-de-ponta-grossa-sr-afonso.html

https://nostalgiaresgatedamemoria.blogspot.com/2019/08/familia-maia-de-ponta-grossa-sr-janguta.html

https://nostalgiaresgatedamemoria.blogspot.com/2022/10/professora-maria-da-graca-graci-aguiar.html

 

 De 1960 a 1962 eu fiz o Curso Científico no Colégio Regente Feijó, e o link abaixo mostra a fotografia dos meus colegas reunidos em frente ao colégio após o fim do nosso curso.

 

https://fsoutone.blogspot.com/2019/03/os-graduandos-do-curso-cientifico-no.html

 

Em 1962, meu pai teve que se ausentar da diretoria que exercia na Rádio Central do Paraná, por motivo de séria doença, e passou praticamente todo o ano em São Paulo com minha mãe, em tratamento. Foi nesse ano conturbado que concluí o Curso Científico. Não pude me preparar para o vestibular em 1963 e meu pai faleceu em abril daquele ano. Eu irmão Olímpio tinha se casado com Maria Aparecida d”Elboux Moreira em 1962 e minha irmã estava noiva de Dulci Col da Rosa. Casaram-se em 1963. Agora residindo num apartamento na Rua Paula Xavier, 1446, entre a Rua XV de Novembro e Dr. Colares, a um quarteirão e meio da Praça Barão de Guaraúna, eu e minha mãe entramos num período de provações.

 

AINDA EM PONTA GROSSA, DE 1964 A 1975:

TEMPOS DIFÍCEIS


Através de concurso público, fui aprovado e entrei para trabalhar no Banco do Estado do Paraná em 1965 na função de escriturário. Antes, no Banco Nacional do Comércio, eu ganhava pouco e a pensão de minha mãe minguava mês a mês. Para ajudar no orçamento, ela fazia bordados artísticos, principalmente para enxovais. Parei de estudar e estimulado por minha mãe e minha irmã, comecei a me preparar para o vestibular de Direito. Eram poucas as opções de cursos nas Faculdades de Ponta Grossa. Como eu trabalhava de manhã e à tarde, a Faculdade de Direito era uma das duas únicas que me possibilitariam estudar à noite. A outra Faculdade seria de Administração, que não me interessava. No final de 1965 fiz um curso preparatório para o vestibular, e o professor de Português chamava-se Lóris Sidenko. No primeiro dia, para conhecer os alunos, pediu-nos para escrevermos “Por que quero estudar Direito”. No dia seguinte, com as provas corrigidas, ele disse-nos que iria ler aquela que ele considerara a melhor redação, e deu-nos os seus motivos. Começou a ler... e imediatamente percebi que a redação era a minha. Isso foi para mim um poderoso estímulo. Chegado o dia do vestibular fui aprovado, se bem me lembro, em 3º lugar, e em 1966 entrei no 1º ano da Faculdade. Eu não gostava muito de Direito, mas tive a intuição de que minha facilidade para redigir poderia definir o meu futuro.

Devo confessar que após o falecimento do meu pai e nos dois anos seguintes, então trabalhando no Nacional do Comércio, como eu tinha um pequeno ordenado somado a uma pensão muito baixa de minha mãe, eu imaginava que meu irmão, a partir de 1963 residindo em Nova York, poderia ajudar minha mãe com as despesas da casa. Passaram-se os anos, meu irmão conquistou cargos elevados em uma empresa internacional, a Knoll, da qual tornou-se um dos diretores. Tinha um Rockefeller como seu cliente e gente famosa tal como Yoko Ono e outras celebridades bem conhecidas nos Estados Unidos. Entretanto um auxílio financeiro à nossa mãe jamais veio de sua parte. Ficamos eu e ela na dura labuta.




O Banco do Estado do Paraná pagava os salários iniciais mais elevados que os demais bancos que aqui atuavam, de modo que passamos a levar uma vida modesta, mas sem grandes sacrifícios.

A certa altura, meu irmão ofereceu-me a seguinte ajuda, isto é, um convite: falou-me que ele poderia conseguir para mim uma colocação em Nova York, e nos primeiros tempos eu poderia dormir no apartamento em que ele e minha cunhada moravam. “Mas tem uma condição”, disse-me ele. E concluiu: “Você tem que deixar que eu mande em você”. Aí estava o problema: para ele, quase 10 anos mais velho, eu era aquele que, desde sempre, seria um menino e deveria ser mandado – com o que nunca concordei e brigávamos por esse motivo desde minha infância. Meu pais eram boníssimos e liberais; jamais recebi deles nem um único tapa. Não sei como não viam que meu relacionamento com meu irmão era sempre difícil por causa do seu temperamento de “mandão”. Declinei do convite: “Mandar em mim, como quando eu era criança, nunca mais!” Meu orgulho e dignidade sempre me falaram mais alto. E não foi somente isso: como eu deixaria minha mãe sozinha? É bem verdade que minha irmã e seu marido sempre foram muito carinhosos conosco, mas meu cunhado não teria nenhuma obrigação em cuidar de minha mãe e ela mesma não queria interferir na vida da filha recém-casada. Não que ela precisasse de “cuidados”, porque defendia-se com sua pequena pensão e com os admiráveis bordados que deram a ela o apelido de “Mãos de Fada”. Mesmo assim, eu estava decidido a tentar devolver-lhe a vida de conforto como aquela que sempre lhe – e nos – foi dada pelo meu pai.

Passei 10 anos trabalhando na Agência Banestado de Ponta Grossa, a única na cidade, que funcionava na Rua XV de Novembro. Cheguei ao posto de “chefe de serviço”, o meu ordenado era ainda discreto, mas eu e minha mãe procuramos prosseguir sem nos privarmos de nada essencial, sempre dando para economizar alguma coisa para alguns passeios e também para pequenas excentricidades.

FOTO 98 – Em Ponta Grossa subi à sacada da Casa Romano e fotografei todos os colegas da agência do Banestado. São eles: À frente de todos, Valdemar Steudel. Na 1ª fila: Adir Santos Carneiro de Quadros, Wilson Dale Nogare, Afonso de Souza Solek, Geraldo Campanholi, Carlos Antônio Barros, Yeda Scarpim, Eraldo Vitorassi Simionato, Ubirajara Domingues, Jurandir Modesto. Na 2ª fila: Amador Zulian, Mozart Emílio Vaz Erichsen, Álvaro Augusto Santos, Woodrow Wilson Wood, Siloé Clodiney Nunes Rocha, Élcio (não me lembro do sobrenome), Juarez Almeida, Ilson Rosa [Ildefonso Rosa], Nelsinho Correia, Erol Vinícius Campos, Luiz Otávio Ribeiro da Fonseca. Na 3ª fila: Wilson Geisler, Cilor Hohmann, Oswaldo Marques, Onézio Zeve, um colega cujo nome não me recordo, Ednei Francisco Ferreira, Haroldo Silva Capote, Yashihiro Suzuki. E encostados do outro lado da porta: Vergílio Rocha, Elmar Zeve; Reinaldo Ansbach, Cirne Pereira de Barros e Albino Kieras.

 

Foi quando o Banco anunciou a abertura de um concurso interno para inspetor. Inscrevi-me, fiz as provas e fiquei entre os primeiros classificados.  Assumi em 1º de setembro de 1975 e foi quando começou para mim uma vida inteiramente nova. Na minha nova função passei a trabalhar com afinco para novas conquistas profissionais. Minha primeira compra com o novo ordenado foi uma máquina de lavar roupa para minha mãe.

O Paraná tinha apenas três grandes estradas asfaltadas partindo de Curitiba: uma para Paranaguá, outra para Foz do Iguaçu passando por Ponta Grossa, e a última para Londrina com ramificação para Maringá, passando por Apucarana, se bem me lembro. Este, sim, foi um tempo difícil. As viagens de ônibus eram longas e cansativas. O filme abaixo (filme mudo feito em Super8), depois sonorizado, dá mostras de alguns dos lugares onde estive.

https://www.youtube.com/watch?v=u0KQOb75PVY

Abaixo, algumas fotografias que mostram algumas das minhas atividades entre os anos de 1964 a 1975.


1964

 

FOTO 99 – O casamento de minha irmã Ivone com Dulci Col da Rosa.

FOTO 100 – Minha mãe de luto por meu pai, falecido um ano atrás.

FOTO 101 – Eu em casa, no inverno, aos 20 anos de idade.

FOTO 102 – Viajo a São Paulo para ver parentes. Aqui, minha tia Mariinha entre suas filhas Maria Cristina e Maria Cecília.

FOTO 103 – Francisco Souto Neto cortejando as duas carioquinhas sobrinhas de nossa amiga Yanina (Janê) Kampe.

FOTO 104 – Truque fotográfico inteiramente “artesanal”: eu comigo mesmo.

FOTO 105 – Berenice! Berenice, uma das mais lindas garotas de uma família de Ponta Grossa mas que residia em Curitiba, namorava o Gilberto Mezzomo que era meu colega dos tempos de escola e filho do Sr. Elício Mezzomo (um dos maiores amigos do meu pai) e de Dona Hélia (amiga de minha mãe). Mas o namoro entre ela e Gilberto terminou. Então eu e Berenice nos aproximamos. Eu a procurava, ela vinha à minha casa, e eu a fotografei muitas vezes como se vê acima, no barzinho da minha sala.

FOTO 106 – A única foto que temos juntos, aqui no obelisco da praça da Catedral. Seu riso era delicioso. Um início de namoro era previsível.

FOTO 107– Berenice merece que eu coloque aqui, nestas memórias, mais algumas fotografias que tirei dela, em dois grupos de quatro e quatro fotos. Era uma moça linda, culta, alegre, encantadora. Ela é irmã de Ubiratan, amigo do meu irmão Olímpio, que durante algum tempo foi nosso vizinho na Rua Augusto Ribas. Perdemos contato completamente.

FOTO 108 – E Berenice voltou a namorar o Gilberto. Para mim foi o fim de uma paixão juvenil. Mas infelizmente o Gilberto, meu colega, faleceu num acidente de automóvel pouco tempo depois disso, deixando a todos nós profundamente consternados.

FOTO 109 – Mamãe em nossa sala.

FOTO 110 – Vou a São Paulo e visito meu irmão e cunhada. Foi uma despedida porque eles estavam para transferir a residência para Nova York. Acima, meu irmão em seu apartamento.

FOTO 111 – Minha cunhada Aparecida em casa.

FOTO 112 – Olímpio fotografa-me ao lado de Aparecida.

FOTO 113 – Nas minhas férias vou a Brasília, pois queria conhecer a nova capital do Brasil. Fui e voltei de ônibus, porque era bem mais barato; foi uma. viagem muito cansativa. Aqui, subindo a rampa do Congresso Nacional o que naquele tempo não era proibido.

FOTO 114 – Ao lado do Museu Juscelino Kubitschek.

FOTO 115 – Eu sentado numa Barcelona Chair, na sala de entrada do Palácio da Alvorada. Sim, o presidente Marechal Castelo Branco não morava no Alvorada, e o palácio era aberto à visitação pública.

FOTO 116 – Ao lado da piscina do Palácio da Alvorada, conversando com um guarda.

FOTO 117 – Passeio pelos jardins da parte de trás do Palácio da Alvorada.

FOTO 118 – Voltando no ônibus Brasília-São Paulo. Pois é, até para viajar de ônibus eu ia de terno e gravata. Sem dúvida, os costumes eram outros. A fotografia foi tirada pelo motorista do ônibus, que olhou mais para o chão do que para o ônibus...

FOTO 119 – Em São Paulo, voltando de Brasília, fotografo minha linda prima Maria Cecília que usava esses penteados elaboradíssimos, tal como o costume da época.

FOTO 120– Mamãe, Edith Barbosa Souto, como presidenta da Rede Feminina Ponta-grossense de Combate ao Câncer, recebia uma doação do prefeito Cyro Martins (que era companheiro de Rotary do meu pai) e do bispo.

FOTO 123 – Mamãe recebendo a doação para a Rede de Combate ao Câncer.

FOTO 122 – No fim do ano, recebemos a visita de minha tia Iraty Souto Emílio, que morava em Ponta Grossa. Achei-a tão linda (e ela era mesmo belíssima) que tirei a fotografia acima.

FOTO 123 – Em época de Natal, estou servindo um chá à Mamãe.

FOTO 124 – Mamãe no barzinho de nossa sala, em época natalina.

FOTO 125 – Minha irmã Ivone, que estava com sua primogênita Dione Mara, ao nos visitar estava tão bonita que tirei sua foto acima, ao lado da nossa árvore de Natal cujos galhos eram feitos com penas pintadas de verde.

1965


FOTO 126 – No começo de 1965, Francisco Souto Neto aos 21 anos de idade. As fotografias a cores começavam a ficar populares do Brasil, embora fossem ainda muito caras.

FOTO 127 – Viajo a São Paulo com minha mãe no feriado de Finados, para irmos ao Cemitério São Paulo, onde foi sepultado meu pai, no túmulo da famíia. Acima, minha avó paterna, Mãe Nina.

FOTO 128 – No alto do Edifício Copan, fotografo minha mãe e minha cunhada Aparecida. Ao fundo, o Edifício Mirante do Vale (com 170 metros), que ultrapassaria o Edifício Itália em apenas 3 metros, tornando-se o mais alto de São Paulo. E ficou sendo o mais alto da cidade durante os próximos quase 50 anos, até que seria superado em 2023 pelo Edifício Platina 220, que tem 172 metros. Portanto, o Platina 220 tornou-se o mais alto de São Paulo, superando o Mirante do Vale em apenas... 2 míseros metros.

FOTO 129 – Minha cunhada Aparecida e Mamãe, com o bairro Vila Buarque ao fundo.

FOTO 130 – Minha cunhada fotografa a mim e minha mãe, tendo o topo do Edifício Itália ao fundo.

1966


FOTO 131– Minha irmã Ivone e sua primogênita Dione Mara com um ano de idade.

FOTO 132 – Dione Mara Souto da Rosa, criança feliz.

FOTO 133 – Em São Paulo, visitando minha avó Mãe Nina. Na foto estamos: Tia Jacy, primo Gilberto, Mãe Nina, eu Francisco Souto Neto e Tia Iraty.

FOTO 134 – Em São Paulo, Francisco Souto Neto e a bela tia Cecy.

FOTO 135 – Mãe Nina entre suas filhas Jurema e Cecy.

FOTO 136 – Mãe Nina e seu poodle Joy.

FOTO 137 – No retorno de São Paulo a Curitiba e Ponta Grossa, a estrada apresenta um congestionamento-monstro de muitas horas.  Eu viajava de terno e gravata. E não restava nada mais senão procurar alguém que vendesse bananas ou água.

FOTO 138 – Fui comprar frutas lá naquela casinha, enquanto os veículos não se moviam na BR-3.

FOTO 139 – Eu em casa.

FOTO 140 – Sweet, minha cachorrinha de estimação, “lendo” La Fontaine.

FOTO 141 – Nas férias, levo Mamãe às cidades históricas de Minas. Aqui, subindo as ladeiras de Congonhas do Campo.

FOTO 142 – Eu e Mamãe conhecendo Os Profetas do Aleijadinho.

FOTO 143 – Eu entre os Profetas do Aleijadinho.

FOTO 144 – Mamãe aponta algo ao Profeta, mas ele olha na direção errada.

FOTO 145 – No retorno, passamos por São Paulo. Na foto: Tia Jurema, Mamãe, Mãe Nina e Tia Jacyra.

FOTO 146 – Em Campinas, Tia Jahyra e Mamãe.

FOTO 147 – Em Campinas, minha prima Yeda, agora casada e já com uma filhinha.

FOTO 148 – Em São Paulo vamos visitar minha Tia Mariinha.

FOTO 149 – O casal Mariinha e Homero Silva, meus tios, em casa.

FOTO 149 a - Por duas vezes Homero Silva foi vereador (o mais votado de São Paulo) e duas vezes deputado estadual. Esta foi a propaganda de sua candidatura a deputado (o folheto por fora).

FOTO 149 b - Propaganda de Homero Silva para deputado estadual (o folheto por dentro). 

FOTO 150 – Em Ponta Grossa, eu entre meus colegas do 1º ano do Curso de Direito.

FOTO 151 – Minha sobrinha e afilhada Dione Mara vai crescendo.

FOTO 152 – Mamãe com Dione Mara observadas pela Sweet.

 

1967


FOTO 153 – Meu irmão Olímpio passa a residir com Aparecida em Nova York, onde permaneceu até ao seu falecimento em 2007. Aqui, passeando com seus chihuahuas Cutu e Jujuba.

FOTO 154 – Aparecida passeando com os chihuahuas.

FOTO 155 – Em casa, em Ponta Grossa, eu e Mamãe jantando.

FOTO 156 – Em setembro de 1967 fui a Campo Grande com minha mãe, onde iniciei uma longa viagem pela América do Sul, passando por: BOLÍVIA, PERU, CHILE, ARGENTINA E URUGUAI. Em Campo Grande visitamos minha tia-bisavó Francelina, com quem apareço nesta foto.

FOTO 157 – Em CAMPO GRANDE, minha mãe Edith Barbosa Souto entre suas primas Diva e Zélia e seus tios-avós Francelina Barbosa Martins e Ambrósio Souza Barbosa.

FOTO 158 – Na BOLÍVIA voei pelo Lloyd Aereo Boliviano.

FOTO 159 – Eu fotografo as cholas de LA PAZ, BOLÍVIA, vendendo suas mercadorias.

FOTO 160 – Na BOLÍVIA, Francisco Souto Neto no Museu de Tiahuanaco.

FOTO 161 – Em LA PAZ, Francisco Souto Neto posa ao lado da chola mais famosa da Bolívia, chamada Flora, que tem fotografias com presidentes, reis e celebridades do cinema hollywoodiano.

FOTO 162 – Em CUSCO, no PERU, um muro incaico às costas de Francsco Souto Neto, que tem nas mãos um guia da cidade.

FOTO 163 – Souto Neto em MACHU PICCHU, no PERU, na janela do palácio da sacerdotisa.

FOTO 164 – Francisco Souto Neto em SACSAHYUAMÁN (PERU), na Casa das Mamacunas.

FOTO 165 – Francisco Souto Neto em SANTIAGO (CHILE), no alto de um dos morros da capital.

FOTO 166 – Francisco Souto Neto nas neves de FARELLONES (CHILE).

167 – Francisco Souto Neto em VIÑA DEL MAR (CHILE), esperando o trem para a capital Santiago.

FOTO 168 – Francisco Souto Neto na Plaza de Mayo, em BUENOS AIRES (ARGENTINA), com a Casa Rosada ao fundo.

FOTO 169 -    Francisco Souto Neto faz um passeio pelo DELTA DEL PARANÁ (ARGENTINA).

FOTO 170 – Em Ponta Grossa, minha irmã Ivone grávida de sua segunda filha Rossana.

FOTO 171 – Recebemos em Ponta Grossa minha tia Nêmesis, de Campo Grande.

FOTO 172 – Em SÃO PEDRO (SP), dia da inauguração de uma rua em homenagem a meu avô Francisco Souto Júnior. Estão vindo minhas tias Cecy e Iraty.

FOTO 173 – Dirigindo-se ao local da inauguração da Rua Engenheiro Francisco Souto Júnior, em SÃO PEDRO (SP), vão: minha avó Mãe Nina, protegida pela sombrinha cor de rosa, entre suas filhas Cecy e Jacyra, seguidas de tias Jacy e Lourdes, Lúcia Helena e nossa tia Iraty.

FOTO 174 – Rua Engenheiro Francisco Souto Júnior, em SÃO PEDRO (SP).

FOTO 175 – Após a inauguração da Rua Engenheiro Francisco Souto Júnior, voltamos a PIRACICABA (SP), à casa de meu Tio Jurandir, onde a prima Lúcia Helena toca violão e canta, enquanto nossa tia Cecy descansa na rede.

FOTO 176 – Em nosso Natal de 1967, quando eu estava com 24 anos.

FOTO 177 – Mamãe em nosso Natal de 1967.

FOTO 178 - Ao retornar da inauguração da Rua Engenheiro Francisco Souto Júnior, o jornalista Giklson Cordeiro gentilmente publicou A FAMÍLIA SOUTO na edição de 3.1.1968 no Jornal da Manhã de Ponta Grossa.

 

Os acontecimentos na vida de Francisco Souto Neto nos anos de 1964 a 1967 vão relatados através de alguns recortes de jornais encontrados no seguinte blog:


https://franciscosoutoneto.wordpress.com/2011/12/28/notas-diversas-de-1964-a-1967/


-o-


2 de setembro de 2023:

80 ANOS ESTA NOITE

 

CONTINUA NA

PARTE 2

A PROSSEGUIR DO ANO 1968

 

-o-


Francisco Souto Neto em 2023.

-o-