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2 de setembro de 2023:
80 ANOS ESTA NOITE
PARTE 19
recordando o
1º semestre de 1997
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FRANCISCO SOUTO NETO no 1º semestre
de 1997, através de antigos recortes de velhos jornais e de fotografias.
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O 1º semestre de 1997
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Estava eu aposentado havia
seis anos, quando entramos em 1997 com a mesma normalidade dos anos anteriores.
Minha mãe, Edith Barbosa Souto, aparentava boa saúde, apesar da idade já
avançada de 85 anos. Ela recebeu amigos nossos até maio, embora em abril sua
saúde já começasse a inspirar cuidados. Em 31 de maio teve problemas
respiratórios, e no dia 1º de junho seu médico cardiologista resolveu
interná-la na Santa Casa para exames. Foi uma semana de apreensões e
esperanças. Até à metade daquela primeira semana de junho ela teve uma pequena
melhora, mas o médico achou necessário realizar um cateterismo. Esse
procedimento cirúrgico constatou que os danos arteriais encontrados pelo
cateter seriam irreparáveis. Ela foi levada à UTI. O provedor da Santa Casa era
o Dr. Ary de Christan, nosso amigo de longa data, que permitiu que um familiar
ficasse permanentemente fazendo-lhe companhia, numa poltrona instalada naquele
pequeno espaço. Eu, minha irmã e sobrinhas alternamo-nos ao seu lado, 24 horas
por dia. O clima reinante na UTI era perturbador, e reclamei ao Ary da frieza
com que alguns profissionais (felizmente poucos) tratavam os pacientes,
sobretudo ao despi-los na frente de várias pessoas, sem antes avisar, nem ao
menos pedindo-lhes licença. Minha mãe, entretanto, esteve bem atendida,
mostrando-se consciente do seu estado de saúde, absolutamente lúcida, e
colaboradora com as enfermeiras e com os médicos. Sem jamais reclamar,
aceitando estoicamente o tratamento, parecia estar preocupada apenas em lembrar
a todos nós que se sentia bem, e feliz com a vida longa que vinha tendo na
companhia de familiares queridos. Deixou-nos silenciosamente no dia 7 de junho.
Para fugir à dor da perda,
naquele segundo semestre fiz duas viagens ao Exterior, procurando me distrair
ao máximo. Porém minha adaptação a essa realidade seria muito penosa e
passariam alguns anos até que, de certo modo, eu me reintegrasse ao cotidiano.
Interrompi minhas atividades culturais. Lylian Betty Tamplin Vargas, que fora a
primeira presidenta da Sociedade de Amigos dos Museus, convidou-me a permanecer
na diretoria. Ante minha negativa, ofereceu-me a presidência da entidade,
procurando com isto animar-me a manter-me ocupado com as causas da cultura.
Embora grato pelo estímulo e confiança, declinei do convite, vencido pelo
desânimo. Consegui manter precariamente a coluna Expressão & Arte, porém
não mais me encorajava ao ato de escrever, apesar dos meus próprios esforços
nesse sentido. No ano seguinte, parei de escrever e publicar. Somente em 2002,
estimulado pelo amigo José Gil de Almeida (que era proprietário de três jornais
de bairro em Curitiba), voltei a escrever, no começo sem muito entusiasmo,
sobre memórias de viagens. Aos 54 anos – a idade do meu pai ao falecer – eu
precisava continuar virando as páginas da vida.
Resolvi dividir as memórias de
1997 em duas partes: a primeira corresponde ao 1º semestre do ano, quando ainda
contávamos com a presença de minha querida mãe. A segunda parte refere-se ao 2º
semestre: realizei a viagem à Europa, que eu e meu amigo Rubens F. Gonçalves
havíamos planejado desde o ano anterior e já contávamos até com reservas em
hotéis e passagens compradas. Como nós dividimos todas as despesas, se eu não
viajasse atrapalharia os planos originais de meu amigo; por outro lado, previ acertadamente
que uma longa viagem me ajudaria a começar a vencer a dor pela perda de minha
mãe. No mesmo semestre viajei mais uma vez, desta feita para Buenos Aires e com
minha irmã Ivone, o que também nos ajudou a vencer os primeiros meses do
passamento de nossa mãe.
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RECORTES
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Souto Neto
publica no jornal de cultura Brainstorming
Endereço da coluna
acima, acrescido de algumas das belas fotografias tiradas na ocasião:
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Notícia na
Gazeta do Povo
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Souto Neto e
Raimundo Lewin Jaskulsi apresentam a exposição de Janete Stromberg Mehl
Janete Mehl
O mundo submarino e a vida
aquática têm desde sempre exercido grande fascínio sobre as pessoas. E é esse
universo que a artista plástica Janete Mehl elegeu para interpretar através da
pintura.
A arte de Janete é como um
mergulho em águas rasas e tépidas dos oceanos tropicais, a uma profundidade
onde os raios solares ainda tingem essas águas de azul, e a fauna marinha
resplandece em formas exóticas e cores exuberantes.
Com grande domínio cromático e
equilíbrio nas formas e dimensões, a artista imagina e desenvolve grutas
submarinas, nas quais variadas formas de peixes nadam na contraluz entre os
reflexos das águas em movimento.
A teoria da evolução afirma
que a vida começou na água; daí, talvez, esta ancestral atração que sentimos
pelo mar e as variadas formas de vida que o povoam. O nosso fascínio é maior na
mesma proporção em que Janete Mehl desenvolve a sua temática com pinceladas
seguras e cria ambientes aquáticos com beleza e sensibilidade.
Observar a obra da artista é
perdermo-nos num lugar de cores caleidoscópicas; é encararmos uma obra de
conteúdo sereno e repousante; é apostarmos na magia da arte.
Francisco Souto Neto
Advogado, jornalista
e crítico de arte.
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Souto Neto
apresenta a exposição de Belmiro Santos
Belmiro Santos
Foi em 1996 que, como integrante
da comissão julgadora do XII SBAI – Salão Banestado de Artistas Inéditos, tomei
contato pela primeira vez com a obra de Belmiro Santos. Nós, da comissão
julgadora, impressionamo-nos tão bem com a pintura do artista, que lhe
concedemos o primeiro prêmio.
Nos meses que se seguiram,
provavelmente estimulado pelo prêmio do SBAI, Belmiro inscreveu-se em diversos
certames realizados em outros Estados federativos, tendo recebido várias
premiações.
O SESC da Esquina, ao reunir
temticas diversas para esta exposição, teve o objetivo de mostrar uma coleção
já premiada, e de dar ao visitante uma visão completa da sua universalidade.
Trabalhando com tinta acrílica
sobre tela, valendo-se às vezes de colagens, e tendo o forte grafismo sempre
presente, Belmiro destacou-se primeiro com a pintura que evocava interiores de
residências, nos quais desenvolveu o figurativo com ampla liberdade, às vezes
quase chegando à abstração, mas sempre com requintado senso de estética. Nesses
ambientes a figura humana até pode aparecer de maneira discreta, sem interferir
no conjunto, mas integrando-o. Tudo serve ao artista como pretexto para criar
formas, sombras e cores, “amarrando-as como teias”, no dizer do próprio Belmiro
Santos.
Além desses interiores, fazem
parte da mostra algumas visões de Curitiba, paisagens, nus e, finalmente, o
etéreo dos anjos – todos, no entanto, formando uma unidade graças
personalidade com que Belmiro os trata.
Um passeio pela exposição
dá-nos a certeza de que Belmiro Santos é um artista ascendente que vem galgando
patamares com a segurança e o talento dos grandes.
Francisco Souto Neto
– Advogado,
jornalista, crítico de arte –
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Comentário de
Adalice Araújo
Com 23 obras, oito delas em
salões dos quais participa há seis anos apenas, Belmiro Santos realiza a sua
primeira exposição-solo na galeria do SESC da Esquina, com curadoria
de Francisco Souto Neto. Vernissage hoje.
Ilustração
original: Tela de Belmiro Santos: primeira individual.
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Edith Barbosa
Souto (1911-1997)
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Publicação de
Anita Zippin na Gazeta do Povo
De repente…
Anita Zippin
“O sofrimento
pode ser apenas um intervalo entre duas felicidades (Vinícius de Moraes)”
De repente, não mais que de
repente, dona Edith partiu! Deixou seu filho Francisco Souto Neto em plena
solidão, num apartamento que ela ocupou com carinho cada centímetro, além de um
jardim inacabado.
Os cartões de Natal, sempre
genialidade de Souto, deixarão uma lacuna. Até os carteiros acostumados com a
senhora simpática, alegre, tendo sempre um colar ao seu redor, que são os
braços dos filhos, sentirão a falta que aquela mãe faz.
As viagens de Souto Neto, tão
bem documentadas, sendo a próxima no maior transatlântico do mundo, com destino
à Grécia, para quem serão contadas? Quem sabe para o irmão que mora em Nova
Iorque, ou à irmã que aguardará a sua chegada com a mesma mesa arrumada como
dona Edith o fazia. E dizer que sua progenitora o abandonou bem quando um dos
sonhos do filho está para ser realizado?
Deve haver uma explicação!
Quem sabe as saudades que ela sentia do seu marido, jornalista desbravador da
melhor notícia, com passagens em Minas Gerais [*], e depois em Ponta Grossa.
Souto Neto mais cedo ou mais
tarde saberá que sua mãe está consigo, agora mais perto, podendo acompanhá-lo
pelas suas voltas ao mundo, enquanto ela gira ao redor das estrelas.
[*] Na verdade, São Paulo e Mato Grosso.
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AS ILUSTRAÇÕES ABAIXO, DA 7ª à 15ª, SÃO DO 2º SEMESTRE
DE 1997, PORÉM ESTOU ADIANTANDO-AS A ESTAS MEMÓRIAS DO 1º SEMESTRE.
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A coluna abaixo, de 21 a
23.11.1997, com a matéria “Suzana Lobo”, foi a primeira publicada por Francisco
Souto Neto no ano de 1997. Sua mãe tinha começado a adoecer em abril, por isso
Souto adiara o retorno da “Expressão & Arte” às páginas da imprensa.
Infelizmente Dona Edith faleceu em 7 de junho. Tal como foi escrito na abertura
desta página, no segundo semestre Souto realizou duas viagens ao Exterior,
procurando distrair-se ao máximo, para ir suportando a dor da perda. Na
penúltima semana de novembro, procurando vencer o desalento, voltou a publicar
sua coluna. Porém, ao contrário da página inteira que antes ocupava no jornal,
reduziu “Expressão & Arte” a um pequenino texto semanal, versando sobre um
único assunto por vez. E assim publicou até à última semana de dezembro de
1997. Em 1998 continuou escrevendo e publicando até ao final do ano, mas foi
vencido pelo desânimo. Seria o fim da sua tradicional coluna de crítica.
Endereço da coluna
acima:
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Souto Neto
escreve sobre Janete Mehl
Endereço da coluna
acima:
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Souto Neto
escreve sobre o XIII SBAI – Salão Banestado de Artistas Inéditos
Endereço da coluna
acima:
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Relação e
fotografias de todos os presidentes do Banestado (Banco do Estado do Paraná) e
a história do nascimento, vida e morte do Museu Banestado
Entretanto,
fiz uma ampliação dessa matéria para a internet e, num extenso relato, divulgo
as fotografias que foram publicadas pela imprensa, do tempo em que eu admirava
a obra de Jaime Lerner como prefeito, estendendo as publicações em jornais e
revistas de quando eu me tornei oponente a Lerner no seu segundo mandato de
governador, e exponho os motivos – tudo publicado na imprensa, avançando até
aos primeiros anos do século XXI.
Endereço da coluna acima e sua extensão:
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Francisco Souto
Neto publica: “A arte maior das portas e portões de Buenos Aires”
Endereço da coluna
acima:
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Souto Neto
escreve sobre Elizabeth Titton
Endereço da coluna
acima:
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Souto Neto
escreve sobre Mazé Mendes
Endereço da coluna
acima:
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Cartão de Natal
de Grazinha Maia (Graziela Pinto Maia)
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20 FOTOGRAFIAS
QUE MARCARAM O 1º SEMESTRE DO ANO DE 1997
As 20 fotos abaixo
são de janeiro a maio de 1997, quando não podíamos imaginar que o falecimento de
minha mãe ocorreria em junho.
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Edith Barbosa
Souto de janeiro a maio de 1997:
Foto 4: Janeiro de 1997: Francisco Souto Neto com as amigas Zeila Bittencourt, Tereza Koch e Wilma Barsotti.
Foto 6: Janeiro de 1997: eu e minha mãe recebemos o Rubens com sua mãe (dona Amélia) e sua sobrinha Ana Cláudia Ruiz.
Foto 7: Janeiro de 1997: No dia 10, Isabelle Edith Aguilar da Rosa completa o 1º aniversário, na foto com sua mãe, avó e bisavó.
Foto 9: Janeiro de 1997: as quatro gerações: Isabelle com a mãe Dione Mara Souto da Rosa, avó Ivone Souto da Rosa e bisavó Edith Barbosa Souto.
Foto 14: Abril de 1997: Edith Barbosa Souto recebe suas amigas Decirê de Almeida Ribas e Alice Schmidt Vasconcellos.
Foto 17: Maio de 1997: minha mãe recebe as visitas de três cunhadas: Iraty Souto Emílio, Cecy Souto de França e Mariinha de Salles Souto e Silva.
Foto 18: Maio de 1997: minha tia Iraty servindo-se na mesa posta para ela e demais irmãs do meu pai.
Foto 19: Maio de 1997: Edith Barbosa Souto entre as suas queridas cunhadas: Iraty Souto Emílio, Mariinha de Salles Souto e Silva, e Cecy Souto de França.
Foto 20: Maio de 1997: a última foto da minha mãe, comigo e minha prima Tânia Maria Zanatto.
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2 de setembro de 2023:
80 ANOS ESTA NOITE
CONTINUA NA
PARTE 20
2º semestre de 1997
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