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2 de setembro de 2023:
80 ANOS ESTA NOITE
PARTE 9
RECORDANDO
O ANO DE 1987
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O
SUCESSO CRESCENTE DO MEU “PROGRAMA DE CULTURA DO BANESTADO”
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Nunca
trabalhei tanto quanto no ano de 1987; era da manhã à noite. As repercussões, eu
as lia nos jornais e revistas, mas essas publicações, naqueles tempos de
permanente ebulição cultural no Paraná, pareciam-me nada mais do que indicar
que eu executava o meu trabalho corretamente. Agora, entretanto, já com a
avançada idade de 80 anos, ao rever os acontecimentos através das publicações
na imprensa daquele tempo, impressiona-me que tudo tenha sido tão intenso e que
os jornais e os colunistas foram extremamente generosos para comigo, dando
enorme espaço às minhas atividades profissionais e sociais.
Em 1987 colecionei exatamente 139 recortes de jornais que se referem às minhas atividades. Nesses 139 recortes daquele ano, há 75 fotografias minhas, publicadas por gentileza dos jornais ou dos meus amigos colunistas. Encontrei algumas fotos dos arquivos dos jornais, já publicadas no ano anterior, repetidas pela própria imprensa em 1987. É qua naquele tempo os jornais guardavam algumas fotos em arquivo para reutilizá-las eventualmente.
Algumas páginas de meus álbuns de fotografias completam esse quadro do blog, ilustrando um pouco da minha trajetória naquele ano de 1987.
Por incrível que possa me parecer agora, nos anos seguintes e até à minha aposentadoria, as notícias sobre meu trabalho aumentaram ainda muito mais. Sem dúvida, só agora percebo que a minha atuação teve impressionante divulgação não apenas em Curitiba, mas no interior do Paraná e em outros estados da federação.
CURIOSIDADE: UM CACHORRO EM EVIDÊNCIA
Um detalhe no mínimo curioso merece um comentário: quando as reuniões – principalmente com artistas plásticos componentes das comissões julgadoras dos Salões Banestado – aconteciam em minha casa, minha mãe sempre tinha no colo o nosso chihuahua Quincas Little Poncho. Caso minha mãe estivesse ocupada em servir chá e bolos ou tortas aos convidados e naquele momento eu quisesse tirar fotografias dos mesmos, eu colocava o Quincas nas mãos de algum dos presentes para preservá-lo do perigo de ser pisado, porque ele era realmente minúsculo. Talvez por suas pequenas dimensões, consequência da pureza da raça (Quincas tinha "pedigree" registrado no American Kennel Club de Nova York), o cãozinho era realmente muito frágil. Foi então que as fotografias, quando publicadas nos jornais, começaram ter o nome do chihuahua mencionado. Eu achei isso muito engraçado. Os primeiros a mencionar seu nome completo em suas colunas, foram Aramis Millarch (que me dizia achar muito divertido fazer isso) e os cronistas sociais Ruy Barrozo e Iza Zilli.
O BANESTADO,
POLITICAMENTE FALANDO
Terminou
o Governo José Richa. Foi eleito Álvaro Dias. Isto determinaria o fim da minha
parceria com o diretor Octacílio Ribeiro da Silva, porque nas trocas de governo
os diretores “caem” e no lugar deles assumem outros, que são os da confiança do
governador eleito. Os assessores nessas ocasiões geralmente voltavam a ocupar cargos anteriores, abrindo espaço para os nomes da confiança dos novos diretores empossados. Meu cargo anterior era o de inspetor geral.
Para
surpresa de todos, o novo governador Álvaro Dias convidou Octacílio para
permanecer como diretor no Conglomerado Financeiro Banestado. A diferença seria
a seguinte: ele deixaria o Crédito Rural e Agroindustrial e assumiria como
diretor da Banestado Reflorestadora, e continuaria como Diretor para Assuntos
de Cultura. Ele aceitou e convidou-me a permanecer como seu assessor. Achei interessantíssimo
deixar a diretoria anterior, na qual permaneci durante muitos anos, porque iria
conhecer um novíssimo trabalho e novas pessoas, e isso representaria uma
espécie de renovação ao mesmismo.
Naquela época o governador eleito não assumia em 1º de janeiro, como é nesta época em que escrevo estas palavras – ano de 2023 – mas no dia 15 de março. Então no dia 16 de março de 1987 assumi uma nova missão. Eu naturalmente ainda não sabia, mas o Governo Álvaro Dias, com René Ariel Dotti como Secretário de Estado da Cultura, provocaria a maior efervescência, a maior ebulição dos meios culturais do Paraná – e eu estaria participativo no meio dessa nascente incandescência cultural.
O ANO DE 1987
VALE APENAS PARA OS MEUS RECORTES DE JORNAIS:
Em azul são palavras de Souto Neto. Em preto são transcrições do que foi publicado. Em vermelho são os nomes das pessoas que aparecem nas fotografias dos jornais. Em verde são os números das ilustrações.
Prelimiarmente,
antes mesmo de iniciar a coleção de recortes de jornais, antecipo seis
fotografias que sintetizam o ano de 1987:
*
Os registros do ano de 1987 começam com algumas chamadas dos jornais
para o IV Salão Banestado que seria inaugurado no dia 5 de janeiro.
*
RECORTES:
*
Chamadas
dos jornais para o V SBAI – Salão Banestado de Artistas Inéditos
Texto
constante do 1º recorte acima:
Salão
Banestado de Artistas Inéditos.
Neste dia 5,
segunda-feira, Nicolau Elias Agabbe, presidente do Banestado, estará
inaugurando o IV SBAI – Salão Banestado de Artistas Inéditos, na Rua Marechal
Deodoro, 333, Curitiba, local onde está instalada a Galeria de Arte Poupança
Banestado. Só então, durante as solenidades, serão conhecidos os nomes dos três
grandes vencedores, e entregues os prêmios em espécie oferecidos pelo
Banestado, e as menções especiais, aos artistas que se inscreveram ao certame e
tiveram suas obras analisadas pela Comissão Julgadora formada pelos artistas
plásticos Sofia Dyminski, Ricardo Krieger e Jorge Carlos Sade.
A
cada ano vem aumentando o número de concorrentes ao Salão Banestado. Na quarta
etapa que ora se realiza, inscreveram-se 256 obras, tendo sido classificados 42
artistas com 63 obras, a maioria da capital paranaense, mas com considerável
porcentagem do interior, notadamente de Londrina. Mas outros estados federados
também se fizeram representar, com inscrições até de Minas Gerais.
Francisco
Souto Neto, Assessor de Diretor do Banestado, que em 1983 criou o Salão com
Tadeu Petrin, diz no texto do catálogo: “Ao inaugurarmos o IV BSAI,
encontramo-lo forte e consolidado, já incorporado ao calendário
artístico-cultural da capital paranaense. A cada nova fase o SBAI suscita a
expectativa e o interesse dos artistas em estágio de desenvolvimento –
pois a eles se destina o nosso Salão – em busca de informações e detalhes
quanto ao regulamento e às inscrições. Temos, pois, a certeza da sua
continuidade, mesmo que, no futuro, não mais aqui estejamos. Importa, isto sim,
que o SBAI prossiga sob a égide de um mecenato, representando um espaço aberto,
sem fins lucrativos, aos novos artistas que estão à espera de uma oportunidade
para dar a público a sua obra, e de um estímulo ao seu talento”.
Acrescenta
Souto Neto que o Salão Banestado só se tornou realidade em 1983, graças ao
empenho do diretor Octacílio Ribeiro da Silva, que defendeu perante a diretoria
do Banestado a sua realização e consolidação.
Chamadas dos jornais para o V SBAI –
Salão Banestado de Artistas Inéditos
*
*
Artistas participantes:
Álvaro Rogers Wambier Júnior, Annemarie Mueller de Fernandez, Antônio Luz Reis,
Antônio Rizzo, Aristide Brodeschi, Arlene Senegaglia, Arlinda M. de Araújo
Mendes, Ayrton Alírio Hecke, Caetano Augusto Rodrigues, Catarina de Castro Caputo,
Christianne Ávila César, Dourival Miranda Conceição, Dulcirene Montanha
Moletta, Edilson de Carvalho Viriato, Fernanda Maria Castro Paula, Horandina
Fernandes Ferro, Ieda de Camargo Coelho, Ivo F. Martinez Filho, Jaqueline
Bellani, José Antônio Lima, José Carlos Küster, José Márcio Pupulim, Julian
Carlo Fagotti, Lory Maria Battisti Archer, Lourdes Miró Marcondes, Luiz Carlos
Dalla Vecchia, Márcio S. Sborgi, Maria de Lourdes Brandão Hecke, Maria Dorothéa
Barbosa, Marina Pimentel de Barros, Maria Regina Simonato, Mariza Pereira
Pauluk, Marly Carrati Torrens, Marly Meyer de Araújo, Nilce Meyer Sabbag, Odila
Santos Vallim, Regina Celi Negrinho, Ruth Garbi Assumpção, Sérgio Monteiro de
Almeida, Tadashi Ikoma, Wilma C. Lima Zétola, Yara Oliveira de Moraes.
*
Ata
de julgamento e texto do convite para o IV SBAI – Salão Banestado de Artistas
Inéditos.
*
Abaixo, oito
páginas de um álbum com fotografias da abertura do IV SBAI, entrega dos
prêmios, e convidados. As legendas são auto-explicativas.
*
Primeiras
notícias após a inauguração do IV SBAI.
*
Notícias sobre a inauguração do IV SBAI.
*
Notícias
sobre o IV Salão Banestado.
FOTO 22 – 1º recorte: Resultados do SBAI (Alcy Ramalho Filho), Gazeta do Povo de 8.1.1987. 2º recorte: Artista inédito, Folha de Londrina, 7.1.1987. 3º recorte: Variedades – Jornal do Estado, 13.1.1987. Aparecem na foto: Fernanda de Castro e José Carlos Pupulim. 4º recorte: Correio de Notícias de 14.1.1987. Aparecem na foto: Francisco Souto Neto, Fernanda de Castro e Cláudio Seto.*
Notícias
sobre o IV SBAI.
*
Notícias
sobre o IV SBAI e outro assunto (Aramis Millarch)
Abaixo,
texto constante do 5º recorte acima (Tabloide de Aramis Millarch)
Tabloide
– Aramis Millarch (8.1.1987)
A Rádio Estadual do
Paraná aceitou a sugestão da coluna e vai homenagear Newton Finzetto, cujos 10
anos de morte transcorreram a 6 de dezembro de 1986. Um especial está sendo
montado sob coordenação do gerente-executivo, Lourival Pedrazzian (Palito) e uma
placa deverá ser descerrada no estúdio que, oficialmente, tem o nome do
fundador da emissora. Falando em homenagens, o vereador Luís Carlos Betenheuser
apresentou há tempos um projeto dando o nome do radialista, homem de televisão
e político Homero Silva (1920-1981) a um logradouro de Curitiba. A homenagem
será concretizada em breve, através da inauguração de uma pequena praça, na
confluência da Avenida Cândido Hartmann com as ruas Frederico Cantarelli e
Desembargador Otávio do Amaral, escolhida pelo advogado Francisco Souto Neto,
sobrinho do homenageado. Embora tendo nascido e vivido em São Paulo, Homero
Silva tinha ligações com o Paraná. Nos anos 50, inúmeras vezes aqui esteve em
função de programas que criou como o Clube Papai Noel, que tinha na antiga Guairacá,
“A voz nativa da Terra dos Pinheirais”, uma versão local: o Clube Mirim M-5,
criado e animado por Aluísio Finzetto. Homero Silva, criador do Clube Papai
Noel em 1938 (que revelou inúmeros talentos INFANTIS), quando da inauguração da
TV-Tupi, Canal 3, em São Paulo, foi um dos primeiros profissionais a aparecer
no vídeo. Passou por várias estações de rádio e televisão, fez política na UDN,
partido pelo qual foi vereador, deputado estadual e candidato a prefeito de São
Paulo em 1958.
*
Notícias sobre o IV SBAI.
Texto
constante do 1º recorte acima
A
propósito do Salão Banestado (Verônica Lago)
Foi enorme a manifestação
dos jornais paranaenses a respeito do IV SBAI – Salão Banestado de Artistas
Inéditos, realizado durante o mês de janeiro do ano em curso, com chamadas
quase diárias para todas as etapas do certame, tendo iniciado com informações sobre
as inscrições e encerrado com a divulgação dos artistas classificados e
premiados. A partir de então, o nome de José Márcio Pupulim pululou como o
grande vencedor do Salão, seguido de Mariza Pauluk e Yara de Oliveira Moraes,
constituindo-se estes nos três grandes prêmios de estímulo oferecidos pelo
Banestado e escolhidos pela comissão julgadora formada por Sofia Dyminski,
Ricardo Krieger e Jorge Carlos Sade. Sete foram as menções especiais, dentre
elas a fotógrafa Fernanda de Castro, cuja bonita auto-foto xerocada,
“Maternidade”, revelando-a grávida e com os seios nus à mostra, tomou as
páginas de vários jornais.
Diversas
foram as críticas ao SBAI, todas favoráveis, dentre elas a da jornalista Juril
Carnasciali, em cuja seção dominical da Gazeta do Povo de 11.1.1987, comparou o
IV Salão Banestado ao 43º Salão Paranaense, enaltecendo as qualidades do
primeiro e colocando-o acima do outro.
É
claro que isso tudo aguçou a minha curiosidade, e estive na Galeria de Arte
Poupança Banestado quando a mostra já se encontrava na sua última semana. À
entrada, em off da exposição e em homenagem à autora, um óleo
sobre tela da grande revelação do ano passado, a ótima Jandira Martini,
descoberta e projetada pelo Salão Banestado, e que já está se tornando a
sensação entre os pintores naïfs brasileiros, e com elogios da
exigente – e competente – crítica de arte Adalice Araújo.
Dentro do recinto da
exposição, logo localizei, colocadas em local estratégico de modo a
evidenciar-lhes a beleza, duas obras de Antônio Rizzo, um dos nomes que, sem
dúvida, será de grande expressão na próxima década. De grande força, também, a
obra de Aristide Brodeschi. José Antônio Lima, por seu turno, impressiona com o
mórbido e forte “Meus fantasmas”, e Tadashi Ikoma (o pai) surpreende, saindo do
seu habitual abstrato para sugerir um cavalo em meio às cores, com a delicadeza
dos traços nitidamente orientais. Catarina de Castro Caputo, de Minas Gerais,
exibe “Inês após o banho”, uma lito de finos traços dallinianos. Tudo bonito e
conforme a imprensa noticiara.
O CRIADOR
Daí então a minha
curiosidade ainda maior pelo trabalho do Francisco Souto Neto, assessor de
diretor do Banestado e criador do Salão, a quem não conhecia e a quem
entrevistei em sua residência, graças a um contato preliminar feito por um
amigo em comum.
Fui
recebida pelo Souto Neto, onde reside em companhia de sua mãe, Dona Edith, e de
um minúsculo chihuahua, o Quincas (cujas diminutas dimensões eu imaginava que
existissem só em livros de ficção), num apartamento amplo e elegante, cercado
de quadros e livros, num misto de galeria de arte e biblioteca.
Inteirei-me dos fatos:
contando com o apoio do diretor do Banestado Octacílio Ribeiro, que defendeu
perante a presidência daquela instituição a ideia de realizar um Salão de artes
plásticas, e com a ajuda de apenas um colega de nome Tadeu Petrin, o Souto
conseguiu concretizar o primeiro Salão em 1983, e repeti-lo anualmente com
sucesso crescente. Seu objetivo foi o de abrir uma nova porta par aos artistas
principiantes, em estágio de desenvolvimento, para que os mesmos pudessem dar a
público o seu talento e para que exercitassem a sua criatividade, estimulados
pelos prêmios oferecidos pelo Banestado. De fato, os artistas, provenientes de
vários estados federados, descobertos pelos primeiros Salões, estão alcançando
notoriedade no panorama das artes plásticas do país.
ASCENSÃO E
DECLÍNIO
Temos presenciado
exemplos de órgãos públicos, ou de economia mista, que têm procurado promover
cultura. Exemplo disso foi o BADEP, que conta com um belo espaço para
exposições, e que há cerca de uma década – pela metade dos anos 70 – promoveu
magníficas mostras, até internacionais, movimentando a intelectualidade
paranaense. Isto é, há momentos em que tais empresas percebem que gastos
culturais não representam despesas supérfluas e que têm obrigação, as ligadas
ao Estado, de darem a sua parcela de colaboração ao impulso e ao
desenvolvimento do conhecimento humano e da criatividade. Mas, infelizmente,
essas raras iniciativas ligadas ao governo, são cíclicas e, em
contraponto ao apogeu, conhecem momentos de declínio. É o que ocorre com o
espaço cultural do BADEP, ora desativado.
Observando
os benefícios que o Salão Banestado de Artistas Inéditos trouxe à cultura
paranaense, é de cruzar os dedos e torcer para que os futuros governos e as
próximas diretorias do Banestado mantenham a galeria de arte que é gerenciada
pela sra. Vera Marques, que é um dos mais tradicionais pontos de encontro dos
artistas plásticos paranaenses, e justifiquem as expectativas do mundo artístico
brasileiro, dando sequência ao SBAI – Salão Banestado, fruto da sensibilidade e
idealismo de Francisco Souto Neto, um dos mais atuantes assessores de diretoria
do nosso Banco Oficial.
*
Boletim
interno da Associação Banestado.
FOTO
26 – “PARTICIPE,
VOCÊ TAMBÉM, DA FUNDAÇÃO DO MUSEU BANESTADO”.
*
Jornal Todos Nós.
APROVADA A FUNDAÇÃO DO MUSEU BANESTADO. Aparece na foto: Francisco Souto Neto (autor da proposição).
Aprovada
a fundação do Museu Banestado
Raras vezes as pessoas
têm a sorte de presenciar o nascimento de um museu. Nós, entretanto, teremos
esse privilégio, e muito em breve. Além de tudo, e o que é mais importante, é
que assistiremos à criação do nosso museu – o Museu Banestado.
A proposição foi aprovada na reunião de Diretoria de 18 de fevereiro, e tudo
surgiu da ideia que teve o nosso colega Francisco Souto Neto de apresentar ao
diretor a quem assessora, Octacílio Ribeiro da Silva, uma sugestão através de
carta ora já transformada em documento, datada de 07.02.1986, sob referência
RURAL/DCRER-084/86, cujos tópicos dizem o seguinte:
A CARTA-DOCUMENTO
por Francisco Souto Neto.
“Corretíssimo o filósofo
alemão Elie Wiesel, ao afirmar ‘A civilização significa memória. Sem memória, a
civilização morre. Se esquecermos, seremos também esquecidos’.
Muitas
são as formas de memória, desde a arquitetura até aos livros. Entretanto, é sob
a forma de um museu que a memória se materializae se mostra objetivamente
dirigida à comunidade que é a sua beneficiária. É através dos museus que se
preserva para as gerações futuras e se eterniza.
As
coleções de objetos conservadas nos museus são um elemento de fundamental
importância no desenvolvimento cultural do mundo moderno. Os museus, juntamente
com as bibliotecas e os arquivos, encerram os testemunhos do trabalho levado a
cabo pelo homem através de toda a sua história. Mas o papel que os museus
desempenham é talvez mais amplo que o das bibliotecas e dos arquivos para o
conhecimento da história e da atividade criadora do homem desde as suas
origens. Há alguns anos considera-se que a civilização do objeto e dos signos,
isto é, dos sinais, é mais vasta e complexa que a da palavra escrita, já que a
cultura humana não começou com a escrita, nem se reduz a ela, como se supunha.
Por outro lado, as condições da civilização contemporânea, baseadas nos
modernos meios de comunicação de massa (publicações ilustradas, cinema e
televisão) que difundem sobretudo imagens e sinais, conferem nova importância
às antigas culturas do signo, cuja forma superior é a arte.
Sabe
V.Sª que eu muito tenho viajado. Chega a perto de trinta o número de países
onde já estive. E quanto mais evoluído e civilizado é o país, percebo que maior
é o grau de importância que se dá à memória e aos museus. Pelo que me foi dado
ver, as grandes empresas, nos ricos países do Hemisfério Norte, costumam ter
seus próprios museus, muitos dos quais, pela antiguidade, chegam a escapar ao
seu âmbito restrito de museu de empresa, atingindo a comunidade como um todo e
despertando-lhe um interesse universalizado. Aliás, os museus começam como
bancos de objetos mas, à medida em que crescem, tornam-se em universidade para
o povo através dos objetos e passam a abarcar a totalidade da comunidade que
pretende servir.
No Brasil tal prática
parece estar apenas começando, apesar de que eu não tenha conhecimento de
qualquer grande empresa paranaense que já conte com o seu museu. Contudo,
sejamos ou não pioneiros da ideia neste Estado, não tenho dúvidas de que o
Banestado tem porte suficiente e história bastante para dar um importante passo
rumo à criação de um museu próprio”.
LOCAL PARA AS
INSTALAÇÕES
Em seguida, Souto Neto
referiu-se às instalações do futuro museu, nestes termos: “O espaço físico a
ser ocupado pelo museu não representará ônus para o Banco. já que nos primeiros
anos poderá funcionar num dos espaços livres deste Centro Administrativo. É
certo que com a passagem do tempo o seu acervo se ampliará e o museu terá sua
importância multiplicada. É de esperar-se que, inevitavelmente, dentro de
poucas décadas o significado do museu transcenderá os limites do próprio
Banestado, para vir a representar o espelho do banco brasileiro do
passado. Caberá então às futuras gerações de banestadenses e de Governo,
proporcionar-lhe um local adequado à sua importância”.
O ACERVO
Quanto à formação do
acervo, Francisco Souto Neto teceu as seguintes considerações: “Há algum tempo,
o colega Emerson Casseb, quando na chefia da DISER, começou a reunir antigas
peças de uso habitual nos primórdios do Banestado, tais como a alta cadeira do
‘contador’ com o símbolo do Banestado nela esculpido, máquinas da época e
inúmeros outros objetos. Os documentos que atestam a fundação desta Casa
encontrariam a guarida adequada dentro do museu. Acrescente-se que vários
colegas do interior do Estado guardam antigos objetos e documentos do Banco,
hoje já de grande valor histórico. Assim, tão logo fundado o museu, proderá ser
promovida uma campanha através do jornal Todos Nós e outros meios de
comunicação interna, visando arrecadar peças para o enriquecimento do acervo.
Além disso, tenho conhecimento de diversos quadros guardados neste Centro, sem
uso, de grandes mestres como [De Bona], Andersen e Bakun, que poderão ir para
as paredes do museu. E tudo, repito, sem ônus para o Banco”.
DOAÇÕES
Muitos colegas com senso
de preservação e com conhecimento do valor histórico dos objetos, guardam
zelosamente, há décadas, os mais variados, desde as chamadas “fichas de caixa”
a antigas máquinas autenticadoras.
Brevemente será dado
início a uma grande campanha de esclarecimento, visando a coleta desses objetos
que serão, com o nome do doador, incorporados ao acervo do futuro museu. As
instruções sobre o assunto serão, oportunamente, encaminhadas às administrações
de todas as agências, gerências regionais e aos diversos setores da diretoria e
da direção geral, bem como às empresas conglomeradas.
PROJETOS
Após considerar as
repercussões do evento dentro da empresa e no contexto sócio-cultural da
capital paranaense, o Souto concluiu sua proposição desta forma: “Isto posto,
tomo a liberdade de sugerir a V. Sª que leve esta ideia e as justificativas à
Diretoria, propondo-lhe aprovar a fundação do MUSEU BANESTADO, designando-se,
oportunamente, uma pequena comissão para as diversas fases de sua implantação e
determinando-se, no devido tempo, o local físico para as instalações do acervo
e, ainda, fixando-se a data para a sua inauguração (sugiro a véspera do
aniversário do Banco, uma sexta-feira, 28.11.1986). O futuro saberá, sem dúvida,
reverenciar e dar o devido reconhecimento à Diretoria que aprovar a criação da
nossa futura casa de cultura, o Museu Banestado”.
Procuramos
pelo Souto Neto que, pessoalmente, falou ao TODOS NÓS sobre os seus planos,
afirmando que o Museu Banestado deverá começar como um banco de objetos, mas
que no futuro espera vê-lo transformado num museu vivo, dinâmico, atuante, e
promotor de eventos culturais que revertam a favor não apenas da grande
comunidade banestadense, mas também da sociedade curitibana. Acrescentou ainda
que o diretor Octacílio Ribeiro da Silva tem dado o maior apoio às causas de
cultura e vem obtendo sucesso na concretização de importantes eventos, a
exemplo do SBAI – Salão Banestado de Artistas Inéditos, que ora ruma para a sua
quarta edição. Disse ainda que a atual gestão deverá ser lembrada, dentre
outros aspectos positivos, como uma grande incentivadora das causas de cultura.
*
Jornal
Todos Nós
FOTO 28 - O texto é ilustrado com quadros pintados por Theodoro De Bona, retratando os oito primeiros presidentes do Banestado: Pretextato P. Taborda Ribas, David da Silva Carneiro, Gustavo A. de Carvalho, Bertholdo Hauer, Ivo Abreu de Leão, Rivadávia de Macedo, Arcésio Correia Lima, e retrato então ainda sem identificação.
Museu
Banestado começa com De Bona
Francisco Souto Neto,
assessor da DIRAL e presidente da Comissão de Implantação do Museu Banestado,
conseguiu incorporar oito telas de Theodoro De Bona ao acervo do futuro museu.
O material é de inestimável importância, não apenas para o Banestado – pois são
os retratos dos oito primeiros presidentes da Casa – mas também para a história
da arte paranaense e para a comunidade que terá acesso aos mesmos após a
inauguração do museu, marcada para o final do ano.
Mestres
da pintura como Alfredo Andersen e De Bona, têm a mesma importância para a
história das artes do Paraná, quanto Portinari e Di Cavalcanti para o Brasil.
Qualquer museu do mundo
teria orgulho de começar assim. Antes de passarem por mãos de avaliadores
profissionais, podemos estimar que o preço de cada tela é, pelo menos, de
Cz$150 mil. Compreende-se, pois, o entusiasmo do nosso colega Souto Neto ao
fazer a entrevista-depoimento que transcrevemos:
UM RETROSPECTO
Os oito quadros de De
Bona foram pintados nos anos 40, e ainda não conseguimos identificar quem os
teria encomendado. Devem ter permanecido durante cerca de duas décadas
possivelmente nas paredes da presidência do Banestado, donde foram retirados,
não sabemos por quem, nem por quais motivos, e levados à casa de máquinas dos
elevadores do edifício da Rua Monsenhor Celso que, durante muitos anos, abrigou
a diretoria e a direção geral. Possivelmente ao fim de alguma gestão e, talvez,
com a transferência ou aposentadoria de funcionários que tivessem conhecimento
de tais obras, ficaram elas ali abandonadas à sua própria sorte.Tratadas
naquele tempo (há cerca de ¼ de século) como entulho, devem ter servido de base
para caixotes, a julgar pelos danos causados às telas, diversas furadas e
rasgadas.
Por
ocasião da inauguração do Centro Administrativo Banestado no bairro de Santa
Cândida, a 24 de novembro de 1978, os diversos setores foram sendo aos poucos
transferidos do centro da cidade para a Rua Máximo João Kopp, no referido
bairro. Providencialmente, as oito telas de De Bona também vieram, quase ao
acaso, acondicionadas numa grande caixa de papelão.
Entretanto, ninguém sabia
delas, ao menos oficialmente. Mas havia uma espécie de lenda a respeito de
diversos quadros de alto valor, esquecidos em algum ponto ignoto da Direção
Geral. Aliás, ao fazer a proposição, através do Dr. Octacílio Ribeiro da Silva,
à presidência desta Casa, com vistas à criação do Museu Banestado, mencionei
essas misteriosas telas “sem uso”.
O ACHADO
No princípio do ano em
curso, Tadeu Petrin, do DEPUB, disse-me que tais telas deveriam estar na caixa
forte da BABS. Pedi-lhe, entrementes, que procurasse averiguar o assunto. Ele
fez então uma pesquisa visual, que resultou infrutífera.
No
dia 12 de junho de 1986 (coincidentemente, véspera do aniversário de De Bona),
um funcionário da BABS, Otto Florentino, mexendo em velhas caixas de papelão no
depósito do seu setor de trabalho, encontrou as oito telas. Identificando-as e
presumindo o seu alto valor, comunicou o fato ao Dr. Reis, presidente da BPDS,
que mandou levá-las ao seu gabinete, com a ideia de salvá-las do abandono.
Quase imediatamente vim a
saber que o precioso achado se concretizara e, na qualidade de Presidente da Comissão
de Implantação do Museu Banestado, requisitei-as para compor o acervo do futuro
museu, no que fui prontamente atendido pelo Dr. Reis.
TELAS IGNORADAS
As telas não estavam
catalogadas porque, obviamente, delas não se tinha conhecimento oficial. Também
a DIPAT, que mantém um catálogo com rigoroso controle e documentação
fotográfica das obras de arte do Banestado, não sabia da existência das mesmas
– o que é óbvio, porque há mais de duas décadas é que foram elas relegadas ao
esquecimento, ocasião em que os que hoje respondem pelo setor, estavam em
outras atividades. Eu também, àquela época, era um funcionário relativamente
novato no Banestado. Aqueles, portanto, que pretendam atribuir
responsabilidades aos atuais encarregados do setor de patrimônio do Banco,
demonstram, no mínimo, insensatez. Se insensibilidade houve – e houve, de fato
– deveríamos atribuí-la aos fantasmas do passado, desde o momento em que,
mandando retirá-las das paredes, esqueceram-nas à sua própria sorte.
O ESTADO DAS OBRAS
Os trabalhos de
restauração foram entregues à professora Maria Ester Teixeira Cruz, expert do
ateliê de restauros do Solar do Barão, que iniciará o tratamento com a
substituição dos chassis que estão infestados por cupins, nivelamento das
telas, reentelamento (devido ao descolamento da camada de pintura), limpeza,
retoques e camadas de proteção, sem falar na recuperação dos diversos furos que
as obras apresentam. Também as molduras, que estão danificadas e quebradas,
serão reconstituídas, limpas e pintadas. Os trabalhos de restauro durarão cerca
de noventa dias.
Seu
estado atual demonstra o alto grau de ignorância, e a falta de educação e de
respeito das pessoas em relação às obras de arte. Resta, entretanto, a
satisfação que estou tendo pela oportunidade de resgatá-las do abandono e do
esquecimento aos quais estiveram relegadas nas últimas décadas, e pela
possibilidade de expô-las, permanentemente, ao público, através do futuro Museu
Banestado”.
*
Primeiras
notícias sobre o Museu Banestado em formação.
FOTO 29 – 1º recorte: Doações para o Museu Banestado! – Diário Popular (recorte não datado). Aparecem na foto: Francisco Souto Neto, Rodrigo Collere de Oliveira, Silmara Krainer Vitta, Rosane Fontoura, Paulo Schultz Filho. 2º recorte: Wilde Martini – Folha de Curitiba sem data no recorte. 3º recorte: Variedades – Jornal Indústria&Comércio de 21.10.1986. 4º recorte: Folha de Londrina de 31.10.1986.
Texto
constante do 1º recorte acima:
Doações
para o Museu Banestado!
O futuro Museu Banestado,
que será inaugurado ainda no ano em curso, está iniciando através da sua
Comissão de Implantação, uma ampla campanha em nível público, que visa
sensibilizar a população a doar objetos e documentos para o enriquecimento do
seu acervo.
Os
bens a serem doados não precisam, necessariamente, ser ligados à história do
banco oficial paranaense, já que o museu pretende ser um espelho das
instituições financeiras do passado, genericamente.
Como
é de praxe em tais casos, os nomes dos doadores ficarão gravados para sempre ao
lado do bem doado. Aliás, diversas agências do Banestado, em diversos Estados
Federados, estão expondo cartazes que orientam os doadores sobre como proceder
para fazerem essas doações.
Tais
informações nos foram prestadas pelo presidente da Comissão de Implantação do
Museu Banestado, Francisco Souto Neto, que é assessor de diretoria daquele
Banco, onde vem realizando diversos projetos culturais, dentre eles o SBAI –
Salão Banestado de Artistas Inéditos. Tendo Souto Neto apresentado o projeto do
Museu Banestado a Octacílio Ribeiro da Silva, diretor de Crédito Rural e
Agroindustrial, este o levou ao presidente daquele Conglomerado
Financeiro, Nicolau Elias Abagge, e sua aprovação foi unânime pela diretoria,
tendo sido nomeada a referida Comissão que, além de presidida por Francisco
Souto Neto, é composta por Silmara Krainer Vitta e pelo aposentado Paulo
Schultz Filho. Os suplentes, também funcionários do Banestado, são Rosane
Fontoura e Rodrigo Collere de Oliveira.
O
diretor de Assuntos Administrativos, Aroldo dos Santos Carneiro, está envidando
esforços no sentido de implantar o Museu no 2º andar do bonito e histórico
edifício na esquina das ruas 15 de Novembro e Monsenhor Celso, cujo andar
térreo abriga a Agência XV, o que, segundo o presidente da Comissão de
Implantação, significará o encontro daquele prédio com o seu próprio passado.
Acrescenta
Souto Neto que o museu, apesar de no início contar com oito telas de De Bona,
dos anos 40, começará modesto, como um simples banco de objetos, mas que
espera, nas futuras administrações, vê-lo transformado num museu vivo e
atuante, dotado de teatro para palestras e conferências, e de biblioteca.
Aqueles
que desejarem colaborar na formação do acervo, deve falar com os gerentes das
agências Banestado, ou diretamente com o presidente da Comissão de Implantação,
Souto Neto.
*
Notícias
sobre o Museu Banestado em formação.
FOTO
30 – 1º recorte: Vem aí o Museu Banestado –
Correio de Notícias de 22.10.1986. 2º recorte: Original
museu no Banestado – Gazeta do Povo de 10.3.1983. Aparecem na
foto: Octacílio Ribeiro da Silva e Francisco Souto Neto. 3º
recorte: Museu Banestado pede doação. Jornal do Estado de 19.10.1986.
*
Notícias
sobre o futuro Museu Banestado.
FOTO
31 – 1º recorte: Será inaugurado no final do ano o
Museu Banestado – Diário Popular de 9 e 10.3.1986. 2º recorte: Em
organização, o Museu Banestado – Gazeta do Povo de 22.10.1986. 3º
recorte: Alcy Ramalho Filho – Gazeta do Povo de 2.3.1986. Duas
fotos de Francisco Souto Neto, idealizador e criador do Museu Banestado, com a
comissão de implantação.
*
FOTO
32 – Na foto acima, na fila de trás: Paulo Schultz Filho
(comissão de implantação do Museu Banestado), Rodrigo Otávio Collere de
Oliveira (suplente), Francisco Souto Neto (presidente da comissão de
implantação do Museu Banestado). Na fila da frente: Silmara Krainer Vitta
(comissão de implantação), Octacílio Ribeiro da Silva (diretor do Banestado,
aqui representando o presidente da instituição), Rosane Fontoura (suplente e
futura gerente do Museu Banestado).
*
FOTO 33
– Na fila da frente: Francisco Souto
Neto, Silmara Krainer Vitta e Paulo Schultz Filho, membros da comissão de
implantação do Museu Banestado. Na fila de trás: Rodrigo Otávio Collere de
Oliveira e Rosane Fontoura (suplentes).
*
FOTO 39
– Abaixo, detalhe do cartaz e convite para
a inauguração do Museu Banestado.
1º
quadro: Affonso Alves de Camargo (presidente do Estado
do Paraná – como se chamava o título do governo estadual na época – e fundador
do Banco do Estado do Paraná), tela de Alfredo
Andersen. 2º quadro: Pretextato P. Taborda Ribas, primeiro
presidente do Banco do Estado do Paraná, tela de
Theodoro de Bona. 3º quadro: “Mulher”, tela
de Rubens Faria Gonçalves, artista plástico premiado no SBAI –
Salão Banestado de Artistas Inéditos, primeira doação de artista contemporâneo
para a formação do acervo do Museu Banestado. Com a venda do Banestado para o
Banco Itaú na primeira década do século XXI, referidas telas foram doadas pelo
Itaú ao Museu Oscar Niemeyer, e hoje fazem parte do seu acervo. A máquina
datilográfica vista no cartaz, foi doação de Edith Barbosa Souto ao Museu
Banestado. Quanto ao cartaz, o seu projeto foi de Francisco Souto Neto
(idealizador do Museu Banestado e presidente da sua comissão de implantação), a
arte-final da frente foi de Vera L. S. Krüger, o verso de Lígia C. S. Muraro, e
a foto ilustrativa foi feita por Roberto Von Der Hosten.
*
FOTO 40 – Texto
constante do convite para a inauguração do Museu Banestado, assinado por Francisco
Souto Neto (Assessor de Diretoria do Banestado). Abaixo:
Hoje nasce mais um espaço cultural dentro da capital paranaense: O
Museu Banestado.
As
ideias para a criação de um museu que viesse a preservar a memória do Banco
Oficial paranaense não são novas, e alguns colegas, em tempos anteriores,
cogitaram dessas possibilidades, dentre eles Emerson Casseb (que preservou
peças e documentos de grande valor histórico), Sérgio Figueiredo, José Maria
Antônio e Wilson Ganem. Entretanto, foi a atual Diretoria que viabilizou aquela
antigo anseio.
Propusemos
a ideia ao diretor de Crédito Rural e Agroindustrial, Octacílio Ribeiro da
Silva, grande entusiasta das causas culturais, que a levou ao presidente Dr.
Nicolau Elias Abagge. O Sr. Presidente apoiou e aprovou a fundação do Museu
Banestado, com o aplauso de toda a diretoria, criando a Comissão de
Implantação, e nomeando Francisco Souto Neto como presidente da referida
comissão, e como componentes Silmara Vitta e Paulo Schultz Filho. Nomeou ainda,
como suplentes, Rodrigo Otávio Collere de Oliveira e Rosane Fontoura.
A
formação do acervo teve início com oito telas de De Bona, que retratam os
primeiros presidentes do Banestado. Como estivessem danificadas, as telas foram
restauradas pela professora Maria Ester Teixeira Cruz (do Solar do Barão),
auxiliada pela sua irmã Carmen Sílvia. O irmão de ambas, Carlos Alberto
Teixeira Cruz, restaurou as molduras.
A
sequência dos retratos que compõem a galeria dos presidentes do Banestado, foi
feita pelos excelentes artistas plásticos Antônio Macedo (em sua maioria) e
Vilmar Lopes.
O
espaço do Museu, no 11º andar do edifício à Rua Monsenhor Celso, 151, foi
conquistado graças aos esforços do diretor de Serviços Administrativos, Dr.
Aroldo dos Santos Carneiro, e consta de três salas para o acerro permanente, e
uma para exposições itinerantes.
O
acervo começará pequeno e singelo, mas caberá ao seu Conselho Administrativo
(composto pelos eminentes Srs. David Carneiro, Ennio Marques Ferreira e
Frederico Marés de Souza Filho) e à administradora do Museu, a Srtª Rosane Fontoura,
traçar diretrizes e planos no tocante à ampliação desse acervo, projetar
exposições e mostras itinerantes, dimensionar as suas atividades e eventos
culturais, e trabalhar pela sua ampliação no andar superior, o 12º (também
destinado ao Museu), com a instalação de teatro e biblioteca, transformando o
local em ponto de encontro da intelectualidade paranaense.
Hoje
o Banestado começa a preservar a memória que não é apenas sua, mas do Paraná e
do Brasil. Hoje, graças ao apoio de uma diretoria dinâmica, organizada, capaz e
moderna, ganhamos um novo espaço cultural, onde o Banestado tem um encontro com
o seu próprio passado, e mais um caminho para projetar o futuro.
O
Paraná está de parabéns!
Francisco
Souto Neto
Assessor
de diretoria do Banestado
*
FOTOS 41
a 45 – Abaixo,
cinco páginas do álbum de fotografias de Francisco Souto Neto, com fragrantes
da inauguração do Museu Banestado. Essas páginas são auto-explicativas ATRAVÉS
DAS LEGENDAS DO ÁLBUM
FOTO
41 - 1ª
foto: Octacílio Ribeiro da Silva discursa. Léo de Almeida Neves (ex-presidente
do Banestado) e Nicolau Elias Abagge (presidente do Banestado) e esposa ouvem.
2ª foto: Octacílio Ribeiro da Silva discursa. Ao fundo, Wilson Ganem, Francisco
Souto Neto, Edith Barbosa Souto, Dione Mara Souto da Rosa e Grací Trény. 3ª
foto: O discurso de Octacílio Ribeiro e, 4ª foto, o discurso de Dr. Peixoto,
representando todos os ex-presidentes do Banestado.
FOTO
42 - 1ª
foto: Nicolau Elias Abagge e senhora, Octacílio Ribeiro da Silva e senhora,
Wilson Ganem e senhora, e Francisco Souto Neto. Nos dois quadros ao fundo:
Affonso Camargo e Emílio Gomes, que foram presidentes do Banestado e também
governadores do Estado do Paraná. 2ª foto: presentes ao ato inaugural. 3ª foto:
Francisco Souto Neto e Nicolau Elias Abagge descerram a placa inaugural do
Museu Banestado. 4ª foto: ao redor da placa inaugural, quatro presidentes do
Banestado: Léo de Almeida Neves, Peixoto, José Brandt Silva e Nicolau Elias
Abagge.
FOTO
43 - 1ª
foto: personalidades na Galeria dos ex-Presidentes do Banestado. 2ª foto: Dione
Mara Souto da Rosa, Francisco Souto Neto, Edith Barbosa Souto e Grací Trény. Os
quadros retratam Emílio Hoffmann Gomes e Léo de Almeida Neves. 3ª foto: família
do ex-presidente Manoel J. Gonçalves. 4ª foto: Dª Maria da Luz Bartolomei
(viúva do ex-presidente Bartolomei), filho e nora.
FOTO
44 - 1ª
foto: Octacílio Ribeiro da Silva, Nicolau Elias Abagge, Francisco Souto Neto e
Aroldo dos Santos Carneiro. 2ª foto: Dione Mara Souto da Rosa, Francisco Souto
Neto e Edith Barbosa Souto. 3ª foto: o artista Vilmar Lopes entre vários
visitantes. 4ª foto: Sofia Dyminski.
FOTO
45 - 1ª
foto: visitantes observando os retratos da galeria. 2ª foto: Rosane Fontoura,
gerente do novo museu. 3ª foto: Wilde Martini e Jandira Chagas Martini. 4ª
foto: Rubens, Müller, Souto Neto, Brandt, Peixoto.
*
Primeiras
notícias após a inauguração do Museu Banestado.
FOTO 46 – 1º recorte: Curitiba ganha mais num museu – Correio de Noticias de 13.3.1987. Aparecem na foto: Paulo Schultz Filho, Silmara Kraimer Vitta, Rodrigo Otávio Collere de Oliveira, Octacílio Ribeiro da Silva, Francisco Souto Neto, Rosane Fontoura. 2º recorte: Chico consegue fazer o Museu Banestado – Tabloide – Aramis Millarch – O Estado do Paraná de 14.3.1987. 3º recorte: Alcy Ramalho Filho – Museus a granel – Gazeta do Povo de 15.3.1987.
Adiante,
a transcrição de dois dos três recortes acima.
1º recorte acima: Curitiba
ganha mais um museu
Hoje
Curitiba estará ganhando mais um museu e um novo espaço cultural, o Museu
Banestado, cuja placa inaugural será descerrada por Nicolau Elias Abagge,
presidente do Conglomerado Financeiro Banestado.
O texto de
apresentação do novo Museu, constante do convite para a inauguração, vem
assinado por Francisco Souto Neto, Assessor de Diretoria do Banestado e
idealizador do Museu (…).
2º recorte
acima: Chico consegue fazer o museu do Banestado
Francisco
Souza Neto [Francisco Souto Neto] é o exemplo da pessoa cuja inquietação
cultural produz bons frutos. Assessor da diretoria de Crédito Rural do
Banestado, não se limita às suas funções. Colecionador de obras de arte,
cinemaníaco – é um dos financiadores [na verdade, apenas um
colaborador] do corajoso “Opção Cultural”, editado pelo Conselho Nacional
de Cine Clubes – e pesquisador de heráldica (tanto é que acabou descobrindo um
título de nobreza em sua família, que já reivindicou para si). Francisco foi
quem criou, há três anos, o Salão Banestado, para artistas inéditos. Hoje esta
mostra está consolidada. Preocupado com a guarda da memória do banco oficial do
Paraná, Souza Neto [Souto Neto] foi um dos animadores da ideia de ser criado o
Museu Banestado, que afinal se consolidou com sua inauguração no entardecer de
ontem, sexta-feira (Rua Monsenhor Celso, 151 – 11º andar), a tempo, portanto,
do governador João Elísio incluir em sua maratona promocional de festejos de
despedida. A idéia de criar o Museu Banestado foi, generosamente, transmitida
por Souto Neto ao seu chefe imediato, Octacílio Ribeiro da Silva, diretor de
Crédito Rural e Agroindustrial (aliás, um dos poucos diretores que permanecerão
no cargo na futura administração). O presidente do Banestado, Nicolau Elias
Abagge, aconselhado por Ricardo Cravo, diretor de marketing, apoiou e aprovou a
fundação do Museu, criando uma comissão para sua implantação, com toda a
justiça presidida por Chico Neto – e da qual fizeram parte Rodrigo Otávio
Oliveira e Rosane Fontoura. A formação do acervo foi iniciada com oito telas de
Theodoro de Bona, retratando alguns dos presidentes do Banestado (e que se
encontravam jogados num dos depósitos do banco, conforme aqui publicamos há
alguns meses). Os demais retratos de ex-presidentes do Banestado foram feitos
por Antônio Macedo (em sua maioria) e Vilmar Lopes.
*
FOTO 47 – Jornais noticiam a inauguração do Museu Banestado. 1º recorte: Banestado – Folha de Curitiba de 11.3.1987. Aparecem na foto: Paulo Schultz Filho, Silmara Kraimer Vitta, Rodrigo Otávio Collere de Oliveira, Octacílio Ribeiro da Silva, Francisco Souto Neto, Rosane Fontoura. 2º recorte: Curitiba ganha novo espaço cultural: Museu Banestado, Jornal do Estado de 12.3.1987. 3º recorte: Domingo social – Wilde Martini – Diário Popular de 15 e 16.3.1987. Aparecem na foto: Paulo Schultz Filho, Silmara Kraimer Vitta, Rodrigo Otávio Collere de Oliveira, Octacílio Ribeiro da Silva, Francisco Souto Neto, Rosane Fontoura. 4º recorte: Juril Carnasciali – Gazeta do Povo de 15.3.1987. 5º recorte – Jornal não identificado. 6º recorte: Adalice Araújo – Gazeta do Povo de 15.3.1987. 7º recorte: Cláudio Seto – Correio de Notícias de 13.3.1987.
*
A
criação do Museu Banestado.
FOTO 48 – 1º recorte: Veterana Verba – Os novos museus do Paraná – David Carneiro – Gazeta do Povo, 21.3.1987. 2º recorte: fragmentos do grande cartaz espalhado através de todo o Estado do Paraná e das cidades de outros Estados onde o Banestado tinha agências: “PARTICIPE DA CRIAÇÃO DO MUSEU BANESTADO”. 3º recorte: Jornal Todos Nós: “Museu Banestado resgata nossa história”.
*
Inaugurado
o Museu Banestado.
FOTO
49 – 1º recorte: Inauguração
do Museu Banestado marca início da preservação – Todos Nós. 2º recorte: Gazeta
nas Artes – Nery Baptista – Gazeta do Povo de 23.3.1987.
Transcrição
do 1º recorte acima.
Inauguração
do Museu Banestado marca início da preservação
No dia 13
de fevereiro deste ano, Curitiba ganhou um novo museu e importante ponto
cultural, o Museu Banestado, cuja placa inaugural foi descerrada às 19:30 horas
pelo ex-presidente Nicolau Elias Abagge e pelo Assessor de Diretoria Francisco
Souto Neto.
O texto de
apresentação constante do convite para a inauguração, vem assinado por Souto
Neto, idealizador do museu, e diz: “O espaço do Museu, no 11º andar do edifício
à Rua Monsenhor Celso, 151, foi conquistado graças aos esforços do diretor de
Serviços Administrativos, Dr. Aroldo dos Santos Carneiro, e consta de três
salas para o acerro permanente, e uma para exposições itinerantes. O acervo
começará pequeno e singelo, mas caberá ao seu Conselho Administrativo (composto
pelos eminentes Srs. David Carneiro, Ennio Marques Ferreira e Frederico Marés
de Souza Filho) e à administradora do Museu, a Srtª Rosane Fontoura, traçar
diretrizes e planos no tocante à ampliação desse acervo, projetar exposições e
mostras itinerantes, dimensionar as suas atividades e eventos culturais, e
trabalhar pela sua ampliação no andar superior, o 12º (também destinado ao
Museu), com a instalação de teatro e biblioteca, transformando o local em ponto
de encontro da intelectualidade paranaense”.
Desde a
data da inauguração, o Museu, em sala especial, está exibindo roupas e objetos
pessoais que pertenceram a Benjamin Constant, e que fazem parte do acervo do
historiador David Carneiro, por este emprestados ao Museu Banestado.
O ACERVO
O acervo
permanente foi formado por objetos e documentos doados pelos funcionários,
portanto sem custos para o Banco, e as suas instalações aproveitaram todas as
divisórias já existentes e não modificadas do 11º e 12º andares do edifício da
Banestado Crédito Imobiliário, mas conta com um Andersen e com oito preciosas
telas de De Bona, estas retratando alguns dos primeiros presidentes do
Banestado. A Galeria dos Presidentes foi completada pelos artistas plásticos
Antônio Macedo e Vilmar Lopes.
Alguns
artistas plásticos doaram telas de sua autoria, como Rubens Faria Gonçalves,
Jandira Martini, Antônio Rizzo e Celso Izidoro. A DISER cedeu antigas máquinas
datilográficas, a SEGER contrinbuiu com importantes documentos, e assim por
diante. Até clientes do Banco fizeram doações, como a Srª Edith Barbosa Souto,
que doou ao acervo uma coleção de cédulas de mil-réis e de cruzeiro antigo.
O diretor
Octacílio Ribeiro da Silva, que tem exercido um verdadeiro mecenato às casas de
cultura, foi quem tornou viável a implantação do Museu, defendendo junto à
Presidência a necessidade de sua fundação, e indicou a Comissão de Indtalação
que foi presidida por Francisco Souto Neto e completada por Rosane Fontoura
(que está atualmente administrando o Museu), Rodrigo Otávio Collere de
Oliveira, Silmara Krainer Vitta e Paulo Schultz Filho. O Conselho de
Administração, que irá gerir o futuro Museu, é composto pelo museólogo e
historiador David Carneiro, pelo alto funcionário do MAC Ennio Marques
Ferreira, e pelo Secretário Municipal da Cultura e presidente da Fundação
Cultural de Curitiba, Carlos Frederico Marés de Souza Filho.
DISCURSOS
INAUGURAIS
O orador
oficial da inauguração foi Octacílio Ribeiro da Silva, e Joaquim de Almeida
Peixoto discursou em nome dos demais ex-presidentes que compareceram às
sonelidades: David Carneiro, Celso da Costa Sabóia, Léo de Almeida Neves e José
Brandt Silva.
Souto Neto,
que defende a ideia de que os museus devem ser vivos e atuantes, concluiu o
texto do cartaz-convite nestes termos: “Hoje o Banestado começa a preservar a
memória que não é apenas suas, mas do Paraná e do Brasil. Hoje, graças ao apoio
de uma diretoria dinâmica, organizada, capaz e moderna, ganhamos um novo espaço
cultural, onde o Banestado tem um encontro com o seu próprio passado, e mais um
caminho para projetar o futuro. O Paraná está de parabéns!”.
Nesta fase
inicial, nosso museu está aberto à visitação pública no período da tarde.
Visite-o e divulgue-o entre seus amigos. Prestigie o que é nosso.
Legenda da foto ilustrativa: “Octacílio Ribeiro da Silva, Nicolau Elias Abagge, Francisco Souto Neto, Aroldo dos Santos Carneiro”.
*
Manchetes.
FOTO
50 – 1º recorte: Clubes
& Gente – Carlos Queiroz Maranhão – Manchetes de Primeira Página –
Jornal do Estado de 27.6.1987. Legenda da foto: “Francisco
Souto Neto, paranaense e advogado, é funcionário do Banestado desde começo da
década de 60, é assessor de diretoria daquele banco oficial desde a metade dos
anos 70, caso único de um funcionário num mesmo cargo de confiança durante tantos
e sucessivos Governos”. 2º recorte: Dino Almeida – GENTE QUE É NOTÍCIA – Gazeta do Povo
de 24.5.1987. Aparece na foto: Francisco
Souto Neto. Texto transcrito abaixo. 3º
recorte: Dino Almeida – Eles e Elas – 26.7.1987. Legenda
da foto: “A simpatia da senhora Edith Barbosa Souto, que continua
recebendo felicitações pelo seu aniversário”. 4º
recorte: Alcy Ramalho Filho –
Impressões sobre o Salão – Gazeta do Povo de 12.6.1987.
Texto
constante do 2º recorte acima
GENTE QUE É
NOTÍCIA: FRANCISCO SOUTO NETO
(por Dino
Almeida)
O advogado
Francisco Souto Neto é paulista, mas reside no Paraná desde a sua infância.
Filho do jornalista Arary Souto, cujo nome honra as ruas de diversas
municipalidades, e de Dª Edith Barbosa Souto, que já foi presidente da Rede
Feminina de Combate ao Câncer.
Pelo lado
materno, é aparentado pelas famílias Barbosa Macedo e Barbosa Martins, de
importantes políticos de Mato Grosso do Sul. Pela avó paterna é descendente, em
linhagem colateral, do duque e duquesa de Caxias; e pelo avô paterno, é trineto
e herdeiro do visconde e viscondessa de Souto.
Funcionário
do Banestado desde a década de 60, é assessor de diretoria daquele banco
oficial desde a década de 70, caso único de um funcionário num mesmo cargo de
confiança durante tantos e sucessivos governos. No Banestado dinamizou o lado
cultural da empresa, criando o SBAI – Salão Banestado de Artistas Inéditos e
fundando o Museu Banestado, projetos voltados, o primeiro, para o estímulo à
criatividade no campo das artes plásticas; e o segundo para a coletividade
paranaense, que é a beneficiária do Museu.
No ano
passado, Souto Neto alcançou notoriedade no país ao iniciar uma campanha, em
nível nacional, apoiado pela grande imprensa (Jornal do Brasil, O Globo), e
também por jornalistas paranaenses, como Aramis Millarch, [Alcy Ramalho
Filho] e David Carneiro, dentre outros, com vistas a obter da SPHAN –
Secretaria do Patrimônio Histórico [e Artístico] Nacional – o tombamento do
setor histórico do Catumbi, que se encontrava decadente, e onde estão
sepultados vultos históricos brasileiros e portugueses, entre eles o visconde
de Souto (nascido no Porto em 1813 e falecido no Rio de Janeiro em 1880),
banqueiro português que inovou e revolucionou a economia brasileira na primeira
metade do século XIX, tendo sido o primeiro banqueiro de que se tem notícia no
Brasil. (…).
*
FOTO
51 – TABLOIDE
– Aramis Millarch – O guardião da memória do cemitério – O Estado do Paraná de
5.4.1987.
Transcrição
do texto da matéria acima, de Aramis Millarch:
O
guardião da memória do cemitério.
Pesquisador
incansável e organizado, o advogado Francisco Souto Neto já tem uma opção
profissional para quando se aposentar do Banestado, onde é o braço direito na
diretoria de Crédito Rural: a de continuar as pesquisas que o crítico e
historiador de artes Clarival do Prado Valadares deixou incompletas devido à
sua morte: o levantamento da arquitetura dos cemitérios brasileiros. Há dois
anos, ao visitar o túmulo de seus trisavós, o visconde e a viscondessa de
Souto, sepultados no século XIX, no Cemitério do Catumbi, no Rio de Janeiro,
Souto Neto ficou tão indignado com o estado de abandono em que se encontrava o
setor histórico daquela necrópole (onde estão também sepultados marechais,
senadores do Império e os nobres do Brasil e de Portugal), que começou uma
campanha que já alcançou repercussão nacional. Francisco Souto Neto gastou
parte de suas últimas férias para, debaixo de um calor senegalês, realizar um
completo levantamento de duas quadras do setor histórico do Cemitério de
Catumbi, catalogando as sepulturas com as lápides ainda intactas – e levantando
as sem identificação. Elaborou mapas, gráficos e acompanhado com centenas de
fotos, encaminhou este material tanto ao monsenhor Abílio Ferreira da Nova,
procurador da Venerável Ordem 3ª dos Mínimos de São Francisco de Paula –
responsável pela conservação daquele campo santo, como também ao senhor Ângelo
Oswaldo de Araújo Santos, secretário do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, além de cópias à imprensa nacional. Herdeiro do título de Visconde
Souto – que pertenceu ao seu trisavô, Antônio José Alves de Souto (1813 – 1880)
-, apaixonado por heráldica e incansável pesquisador de árvores genealógicas de
sua família, Souto Neto extrapolou a simples preocupação familiar para, com
suas denúncias, alertar em relação ao abandono em que os túmulos do Catumbi (e
outros cemitérios) se encontram relegados. No Catumbi, descobriu que uma favela
vizinha já soterrou os restos do túmulo de Teófilo Ottoni (1807 – 1869) e sobre
o mesmo foram construídos barracos. Até agora, nada extraordinário ali
aconteceu, mas fenômenos na linha “Poltergeist” podem aparecer. O que revolta
Souto Neto é o desleixo dos herdeiros de famílias tradicionais em não se
preocuparem com a situação dos túmulos de seus antepassados. Vai mais além, ao
denunciar para a direção do SPHAN: – “Aquilo não seria assombroso, se
considerarmos que alguns herdeiros são capazes de atos espúrios, como o daquela
bisneta que destruiu o mausoléu neobarroco do Visconde Guaramores, neles
incluindo-se o próprio sarcófago do visconde”. Em suas denúncias na defesa do
Cemitério do Catumbi, Francisco Souto Neto levanta até a hipótese de que
interesses financeiros envolvem a crescente e ininterrupta destruição do setor
histórico do mesmo. Assim, está a exigir a contratação de guardas para o
cemitério e a clamar providências para a identificação de muitos túmulos
abandonados. Em seu levantamento, das 262 sepulturas que pesquisou, só 162
foram identificadas e 100 delas estão abertas, ou sem lápides que torne
possível a identificação dos vultos históricos lá sepultados, “o que dá a exata
dimensão do descaso por parte dos descendentes”. No Cemitério Municipal de
Curitiba a situação não chega a tal gravidade – mas há também muitos túmulos
abandonados. Em compensação, há curiosas obras de arquitetura de cemitério,
que, analisadas por um pesquisador dedicado como é o Chico Souto, podem
resultar numa interessante publicação. Eis aí uma sugestão para ele ocupar suas
próximas horas de folga. LEGENDA FOTO 1 – Francisco, Visconde de Souto,
pesquisando túmulos destruídos no Cemitério do Catumbi. LEGENDA FOTO 2 –
Exemplo de túmulo destruído em Catumbi.
*
Cemitério
do Catumbi
e
Visconde e Viscondessa de Souto.
FOTOS
52 a 55 – As quatro páginas de
álbum adiante, mostram o Cemitério do Catumbi ainda parcialmente envolto em
mato, porém a área ao redor da sepultura do Visconde de Souto
encontrava-se limpa. Aqui pode ser visto o túmulo como mandei reconstruir,
simples, mas com a lápide original preservada, e uma pequena alusão à
depredação ocorrida no ano anterior. O túmulo da Viscondessa de Souto
continuava com a capela intacta, apesar do furto das floreiras de mármore e do
busto da Viscondessa, que existia dentro da pequena capela. AS FOTOS DO ÁLBUM
CONTÊM LEGENDAS EXPLICATIVAS.
FOTO
52
FOTO
53
FOTO
54
FOTO
55
*
Homenagem
ao ex-presidente do Banestado
FOTO 56 – Acima, homenagem a Nicolau Elias Abagge, ex-presidente do Banestado. 1º recorte: Nicolau Abagge na galeria do Banestado – Jornal do Estado de 3.9.1987. Aparecem na foto: Nicolau Elias Abagge, Francisco Souto Neto, Octacílio Ribeiro da Silva, João Carlos Finardi. 2º recorte: Domingo social – Wilde Martini – Diário Popular de 6 e 7.9.1978. Aparecem na foto: Nicolau Elias Abagge, Francisco Souto Neto, Octacílio Ribeiro da Silva, João Carlos Finardi.
Transcrição
do 1º recorte acima:
Nicolau
Elias Abagge na galeria Banestado
A Galeria de ex-presidentes do
Banestado inaugurou, na última segunda-feira, o retrato do último presidente do
Banco o industrial Nicolau Elias Abagge que exerceu o cargo de 1º de janeiro de
1986 até 16 de março de 1987, quando transmitiu o posto ao atual presidente,
João Carlos Finardi.
Pintado pelo artista Antônio
Macedo, autor de vários governadores do Estado do Paraná do acervo do Palácio
Iguaçu, e que com De Bona e Vilmar Lopes forma o elenco de retratistas do Museu
Banestado, o retrato de Nicolau Elias Abagge é o trigésimo a entrar para a
Galeria dos ex-Presidentes.
A solenidade de inauguração do
retrato, presidido pelo diretor da Banestado Reflorestadora Octacílio Ribeiro
da Silva, assessorado por Francisco Souto Neto, foi uma festa de congraçamento
entre ex-diretores, atuais diretores, ex-funcionários e funcionários “da ativa”
do Banestado, com a presença do presidente do Banco, do Vereador José Maria
Corrêa representando o prefeito Requião, do Governador João Elisio Ferraz de
Campos, e outras autoridades.
Nicolau Elias Abagge disse, durante
a inauguração, estar sentindo uma satisfação muito grande em poder entrar para
a história do Banestado e do Paraná. “Sinto muito prazer em estar novamente
participando com os funcionários do Banestado em alguma coisa, porque aqui foi
o lugar onde mais consegui fazer amigos”, declarou. “Presidi o Banestado no
período mais difícil para os bancos na história do país e, mesmo assim,
conseguimos apresentar lucro”.
*
FOTO 57
– Acima, homenagem a Nicolau Elias Abagge,
ex-presidente do Banestado. No recorte: Homenagem – Alcy
Ramalho Filho – Folha de Curitiba, 11.9.1987. Legenda da foto: “Flash
da inauguração de retrato do ex-presidente Nicolau Elias Abagge no Museu
Banestado: o homenageado com Francisco Souto Neto e o presidente FDA Banestado
Reflorestadora Octacílio Ribeiro da Silva”. Na
1ª fotografia em preto e branco, Nicolau
Elias Abagge e Octacílio Ribeiro da Silva cumprimentam-se. À esquerda, o
Governador João Elísio Ferraz de Campos, e à direita Francisco Souto Neto,
aplaudem. Na 2ª fotografia em preto e branco: Nicolau Elias
Abagge, Francisco Souto Neto, Octacílio Ribeitro da Silva e João Carlos
Finardi.
*
Abaixo,
homenagem a Nicolau Elias Abagge, ex-presidente do Banestado.
FOTO 58 – 1º
recorte: Agenda social – Colunista Tucca – Folha
de Curitiba, 3.9.1987. Aparecem na foto: ao
centro, Nicolau Elias Abagge, Octacílio Ribeiro da Silva e João Carlos Finardi.
À esquerda, o Governador João Elísio Ferraz de Campos; à direita, de perfil,
Francisco Souto Neto. 2º recorte: Jornal
do Estado, 5.9.1987. Aparecem na foto: Nicolau Elias
Abagge, Francisco Souto Neto, Octacílio Ribeiro da Silva e João Carlos Finardi. 3º
recorte: Folha nas Artes – José Benjamim Meilinger Júnior – Retrato
– Folha de Curitiba, 11.9.1987. Legenda da foto: “A
cerimônia foi coordenada por Francisco Souto Neto, criador do Museu Banestado.
Na foto, com Nicolau Elias Abagge, Terezinha Abagge, João Carlos Finardi e
Octacílio Ribeiro da Silva”.
*
Abaixo,
homenagem a Nicolau Elias Abagge, ex-presidente do Banestado, e exposição de
Nelson Padrella.
FOTO 59 – 1º recorte: Dino Almeida – Retrato de presidente no Museu Banestado. Legenda da foto: “No Museu Banestado, as presenças de Nicolau Elias Abagge (ex-presidente do Banco), Francisco Souto Neto (assessor de diretoria do Banestado e criador do museu), Octacílio Ribeiro da Silva (diretor da Banestado Reflorestadora) e João Carlos Finardi, presidente do Banestado”. 2º recorte: Banestado homenageia Abagge – Política – Correio de Notícias de 3.9.1987. Aparecem na foto: Nicolau Elias Abagge, Francisco Souto Neto, Octacílio Ribeiro da Silva, João Carlos Finardi. 3º recorte: Folha nas Artes – José Benjamim Meilinger Júnior – Folha de Curitiba, 25.9.1987. Aparecem na foto: Osmar Chromiec, Vera Marques e Francisco Souto Neto. 4º recorte: Alcy Ramalho Filho – Inauguração – Gazeta do Povo (recorte não datado). Aparecem na foto: Nicolau Elias Abagge, Francisco Souto Neto, Octacílio Ribeiro da Silva, João Carlos Finardi.
*
Abaixo,
homenagem a Nicolau Elias Abagge, ex-presidente do Banestado, e exposição de
Nelson Padrella.
FOTO 60 – 1º recorte: dp urgente – Galeria de ex-presidentes – Diário Popular de 2.9.1987. Aparecem na foto: Nicolau Elias Abagge, Francisco Souto Neto, Octacílio Ribeiro da Silva, João Carlos Finardi. 2º recorte: GERAL – Galeria – Folha de Curitiba de 2.9.1987. Aparecem na foto: Terezinha Abagge, Nicolau Elias Abagge, Octacílio Ribeiro da Silva, João Carlos Finardi, Francisco Souto Neto (de perfil). 3º recorte: Jornal Indústria&Comércio de 6.10.1987. Legenda da foto: “F. Souto Neto (Assessor Cultural do Banestado), Vera Munhoz da Rocha Marques (Gerente da Galeria Banestado), Octacílio Ribeiro da Silva (diretor do Banestado), Nelson Padrella (artista plástico) e Nely Valente (do conselho de administração da galeria)”. 4º recorte: Elas & Eles – Izza Zilli – Correio de Notícias de 3.10.1987. Aparecem na foto: Francisco Souto Neto, Vera Marques, Octacílio Ribeiro da Silva, Nelson Padrella, Nely Valente.
*
Abaixo,
exposição de Nelson Padrella.
FOTO 61
– 1º recorte: “dp” urgente –
Exposição de Padrella – Diário Popular de 1º.10.1987. Aparecem na
foto: Francisco Souto Neto, Vera Marques, Octacílio Ribeiro da
Silva, Nelson Padrella, Nely Valente. 2º recorte: GERAL
– Folha de Curitiba de 1º.10.1987. Aparecem na foto: Francisco
Souto Neto, Vera Marques, Octacílio Ribeiro da Silva, Nelson Padrella, Nely
Valente. 3º recorte: Variedades
– Jornal do Estado de 2.10.1987. Aparecem na foto: Francisco
Souto Neto, Vera Marques, Octacílio Ribeiro da Silva, Nelson Padrella, Nely
Valente.
*
Mais
uma viagem de Henriqueta Brieba a Curitiba
Mais
uma viagem de Henriqueta Brieba a Curitiba
ILUSTRAÇÕES 62 a 66 – A
atriz Henriqueta Brieba almoça na residência de sua amiga Edith Barbosa
Souto, e Francisco Souto Neto. Presentes ao almoço: Dione Mara Souto da Rosa,
Marléne Sant’Anna Granville Urban e Rubens Faria Gonçalves. As quatro páginas
de álbum, a seguir, contendo fotos da visita de Dona Henriqueta, SÃO COMENTADAS
ATRAVÉS DAS LEGENDAS.
*
Abaixo, a imprensa divulga a visita de Henriqueta Brieba a Dª Edith Barbosa Souto e seu filho Francisco Souto Neto.
*
Abaixo,
notícias diversas envolvendo Francisco Souto Neto.
*
Abaixo,
as primeiras notícias sobre a abertura das inscrições para o V SBAI – Salão Banestado
de Artistas Inéditos.
*
Abaixo,
as primeiras notícias sobre a abertura das inscrições para o V SBAI – Salão
Banestado de Artistas Inéditos.
*
Abaixo,
as primeiras notícias sobre a abertura das inscrições para o V SBAI – Salão
Banestado de Artistas Inéditos.
*
Abaixo,
notícias sobre a abertura das inscrições para o V SBAI – Salão Banestado de
Artistas Inéditos.
*
Abaixo,
notícias sobre a abertura das inscrições para o V SBAI – Salão Banestado de Artistas
Inéditos.
*
Abaixo, primeiras notícias sobre os classificados para o V SBAI – Salão Banestado de Artistas Inéditos, e outras notícias.
*
Abaixo,
primeiras notícias sobre os classificados para o V SBAI – Salão Banestado de
Artistas Inéditos, e outras notícias.
Transcrição
do 1º recorte acima.
Francisco Souto Neto, criador e
organizador do SBAI, está entusiasmado com o nível dos trabalhos selecionados,
divulgando os artistas que foram aprovados pelo júri: Ana Lúcia Procopiak, Beni
Cardoso, Carlos Maiucci, Clóvis Pedro de Lara, Cristina Suplicy, Donizete
Barbosa, Dulcirene Moletta, Edilson Viriato, Eliana Utrabo, Eloísio de Souza,
Gil César Gracia, Heloísa Vargas, Ieda Coelho, Ivo Martinez Filho, Janet
Quadros Pinotti, Jayme Andreassi de Albuquerque, João Gutierrez Neto, José de
Lima, Jussara Salazar, Léa Bueno, Maria Clara Sternberg, Maria Coelho, Maria
Lúcia Puppi, Maria Almeida, Marly Carfrati Torrens, Marly Meyer de Araújo,
Miriam Luíza Guerra, Mirna Castellano, Nilza Gomes, Odete Cortes, Roberto
Bueno, Roberto Yabe, Rosângela Andrade, Sílvia Pereira, Suene Santos, Tânia
Machado, Telma Regina Serur, Trajano Ferrer, Valdomiro Moreira, Wilma Wambier e
Wilson Pereira.
*
Abaixo,
notícias sobre os classificados para o V SBAI – Salão Banestado de Artistas
Inéditos, e outras notícias.
*
Abaixo,
notícias sobre os classificados para o V SBAI – Salão Banestado de Artistas
Inéditos.
*
Abaixo,
notícias sobre os classificados para o V SBAI – Salão Banestado de Artistas
Inéditos, e outros assuntos.
*
Abaixo,
notícias sobre os classificados para o V SBAI – Salão Banestado de Artistas
Inéditos, e outros assuntos.
Texto de
Gécicka de Castro no 1º recorte acima. Adiante:
Linda, maravilhosa,
gostosíssima, sensacional etc., a festinha de Natal que a Galeria de Arte
Banestado promoveu no dia quinze.
Lá estiveram uns duzentos ou mais
artistas plásticos, em confraternização de final de ano.
Quanto ao “amigo secreto”, foi de
um modo geral só de troca de trabalhos artísticos dos participantes. Excelente
ideia, uma vez que assim se teve a oportunidade de ter uma obra de outro
artista sem necessidade de comprá-la.
Entre as pessoas que lá estiveram,
isso sem falar de Nely Valente, Vera Rocha Marques e Clarissa Lagarrigue, posso
citar Álvaro Borges, João Osório Brzezinski, Denise
Roman, Dr. Francisco Souto Neto, Sérgio Lima, Wilson e Mazé de Andrade Silva,
Max Conradt Jr., Raul Cruz, Renê Bittencourt, Geraldo Leão, Rossana Guimarães,
Lirdi Jorge, Dálio Zippin, Lélia Brown, Ronald Luz, Osmar Chromiec, Octacílio
Ribeiro da Silva, diretor de assuntos culturais do Banestado, Ronald Simon,
Sofia Dyminski, que também fazia sua festa de aniversário aproveitando a
companhia dos amigos, Afonso José Afonso (que montou o presépio), Fabiano Dalla
Bona, Dino Almeida, Fernando Calderari, Fernando Veloso, eu e mais uma
porção de gente.
Parabéns pela promoção e tim… tim…
Legenda da foto: Grupo de artistas
plásticos e outros participantes que compareceram à festa de fim de ano
promovida pela Galeria de Arte Banestado. Foto Alice Varajão.
*
Abaixo, notícias sobre os classificados para o V SBAI – Salão Banestado de Artistas Inéditos, e outros assuntos.
*
FINALMENTE,
ALGUMAS PÁGINAS DE ÁLBUNS FOTOGRÁFICOS DE 1987:
*
===ooOoo===
Em 1987 colecionei
exatamente 139 recortes de jornais que se referem às minhas atividades. Nesses
139 recortes daquele ano, há 75 fotografias minhas, publicadas por gentileza
dos jornais ou dos meus amigos colunistas. Várias fotos dos arquivos dos
jornais, já publicadas no ano anterior, são bastante repetidas pela própria
imprensa em 1987. Algumas páginas de meus álbuns de fotografias completam esse
quadro do blog, ilustrando um pouco da minha trajetória naquele
ano.
Francisco
Souto Neto
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2
de setembro de 2023:
80 ANOS ESTA NOITE
CONTINUA NA
PARTE 10
O ANO DE 1988
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