domingo, 7 de janeiro de 2024

FRANCISCO SOUTO NETO no ano 2013 (PARTE 36).

 

Francisco Souto Neto em 2013 aos 70 anos, na relva atrás do Palácio Iguaçu.

 

Francisco Souto Neto em 2015.

 

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2 de setembro de 2023:

80 ANOS ESTA NOITE

PARTE  36

Recordando 

o ano 2013

 

 

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O ANO 2013

 

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   O dia em que não apertei a mão do governador, o repúdio às ditaduras, a condenação de Lerner, o metrô curitibano morrendo antes de nascer, questões de semântica e o Visconde de Souto sendo trazido de volta à luz, são alguns temas das minhas crônicas publicadas em jornal. 

   Impactante no ano de 2013 foi descobrir que um irmão de meu avô paterno, fruto de seu primeiro casamento, morto ainda quando bebê, chamado Francisco José Alves Souto Filho, e sepultado em Petrópolis, é hoje conhecido como "o Anjinho de Petrópolis" e a ele são atribuidos milagres. Meu bisavô, viúvo, conheceu aquela que seria minha bisavó, e o sexto filho do casal recebeu o nome de Francisco Souto Júnior... Essa história está contada pelo jornal Tribuna de Petrópolis, que me entrevistou por telefone sobre o assunto. e que poderá ser conferido nas FOTOS de número 76 a 89. 

No ano anterior eu e minha prima prima Lúcia Helena Souto Martini, concedemos uma entrevista à série do canal THE HISTORY CHANNEL denominada DETETIVES DA HISTÓRIA e neste 2013 este capítulo da série ("O elefante sem identidade") foi lançado na televisão. Embora eu já tenha tratado deste assunto na PARTE 35 destas minhas memórias, estou repetindo algumas fotografias já exibidas no ano passado, mas agora anexei outras fotos que tirei da tela do meu televisor no momento em que o episódio foi ao ar.

Além disso, na parte final publiquei inúmeras fotografias tiradas durante o ano, maciça maioria de cachorros. Para alguns amigos isso talvez pareça excessivo, mas quem desfruta do privilégio de ter animais de estimação em casa, melhor compreenderá a importância que os mesmos têm na vida de tutores idosos.

E o tempo? Este corre célere, rápido em excesso...

 

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CRÔNICAS EM JORNAL

 

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FOTO 1

Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 102 – Fevereiro 2013.

O dia em que não apertei a destra do governador

Francisco Souto Neto

Estou transcrevendo para um “blog” as minhas colunas “Expressão & Arte” de 1988 a 1998. Na última edição do ano de 1994, datada de 27.12.1994, Lerner era o governador eleito, e eu publiquei o seguinte: “No Paraná, rejubilemo-nos com o futuro governo Jaime Lerner, desejando que o mesmo traga ao Estado um tempo profícuo de grandes realizações e a valorização e ampliação do panorama da cultura”.

Minhas esperanças, contudo, eram funestas e equivocadas. Até ali eu admirava o “administrador de cidades” Jaime Lerner, que como prefeito tinha realizado uma obra respeitável na capital do Paraná. Naquele ano de 1994, Lerner não era candidato ao governo do Estado, enquanto os postulantes ao cargo já realizavam debates na televisão. No último dia regulamentar, e bem próximo das eleições, Lerner candidatou-se, surpreendendo a todos. A imprensa tratou o assunto como um “golpe” para apresentar aos eleitores uma novidade de última hora, poupando ao candidato os desgastes dos debates, pois ele não participou de nenhum destes. Mesmo assim, vi com bons olhos essa candidatura, pois apreciava a obra do ex-prefeito, e também cheguei a comentar em minhas colunas que Lerner era o único político que eu via em teatros, exposições de artes plásticas e, sendo ele cinéfilo como eu, nos cinemas da Fundação Cultural de Curitiba, assistindo a filmes da melhor qualidade. Provas da minha antiga admiração por Lerner estão nos meus escritos a seu favor, e nas muitas fotos que tivemos, lado a lado, publicadas na imprensa.

Entretanto Jaime Lerner foi uma decepção total como governador. Suas gestões envolveram-se em denúncias de corrupção. E contrariando as promessas de campanha política, embora declarasse que o Banco do Estado do Paraná não seria privatizado em seu governo, ele o privatizou. Portanto, mentiu com fins eleitoreiros. O Banco foi quebrado pelos homens da sua confiança (pois diretores do Banestado eram cargos da confiança do governador) e vendido “a preço de banana”, o que representou um prejuízo brutal e inestimável para o Paraná. Obviamente minha opinião sobre Lerner mudou radicalmente.

O riquíssimo acervo artístico do Banestado ficou em poder do Banco Itaú. No primeiro instante, o Itaú aceitou a ideia de ceder em comodato, ou seja, emprestar por certo período, as obras de arte do Banestado ao governo do Paraná. Mas por pressões, e eu apoiei a iniciativa, o Itaú acabou concordando em doar o acervo ao Estado.

Gentilmente a diretoria do Banco Itaú convidou-me para a cerimônia da doação, que se realizou no Palácio Iguaçu. Compareci, embora decidido a não cumprimentar o governador, procurando me omitir sem ser grosseiro na “casa” do próprio Lerner, que era o palácio. Cheguei cedo, e já estavam presentes no enorme salão muitos amigos meus. Num canto, um conjunto de cordas começou a executar, magnificamente, o Bolero de Ravel. A certo momento o governador entrou pela porta dos fundos, aquela que dá na sala onde estão os retratos a óleo de todos os governadores. Ele atravessou linearmente o imenso salão retangular, sendo cumprimentado por todos onde passava. Neste momento, me afastei um pouco. Depois, durante a cerimônia da doação, o governador fez um belo discurso, e às vezes os nossos olhares se encontraram. A seguir, todos os convidados continuaram conversando em grupos. Alguns começaram a se retirar, despedindo-se dos conhecidos e do governador, que estava não muito longe da porta. Quando um dos meus amigos saía, chamei-o pelo nome e disse-lhe que eu também estava indo embora; e assim, conversando “distraidamente” com aquele meu amigo, eu me retirei e nos dirigimos para o elevador.

Deste modo, sem ser grosseiro, e discretamente, saí “à francesa”, sem apertar a destra do anfitrião.

(Francisco Souto Neto – Fevereiro 2013)

 

 

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FOTO 2

Crônicas de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 103 – Março de 2013

A Comissão de Direitos Humanos sob a presidência de Marco Feliciano?!

Francisco Souto Neto

Poucas vezes temos presenciado tão intensa e persistente manifestação popular avessa aos atos do governo, quanto contra a nomeação do deputado-pastor Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Essas mostras de repúdio que estão nas redes sociais e que têm reunido milhares de pessoas em passeatas através de inúmeras cidades brasileiras, divulgam que os protestos não são contrários aos evangélicos, mas à pessoa de Marco Feliciano.

Os protestos têm fundamento. Já há dois anos a revista Veja alertava na edição de 31.03.2011: “Deputado liga negros a descendência amaldiçoada de Noé – Em microblog, parlamentar de SP aumenta crise deflagrada por Jair Bolsanaro”. A matéria da Veja revelava: “Parece que a moda de deputados esbravejando contra gays e negros publicamente, iniciada por Jair Bolsanaro (PP-RJ), pegou. Pelo Twitter, o pastor evangélico e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) saiu em defesa do colega acusado de racismo e homofobia nesta quinta-feira. Feliciano chamou de ‘práticas promíscuas’ o relacionamento entre homossexuais e de ‘descendentes amaldiçoados de Noé’ os africanos. A reação no microblog foi imediata e o parlamentar ainda reclamou por ter sido criticado. De acordo com a teoria do deputado evangélico, os ancestrais que povoaram a Etiópia, na África, são descendentes de um neto amaldiçoado de Noé chamado Canaã e esse seria o motivo das doenças e da miséria naquele continente, que originou a raça negra. Ao ser recriminado por internautas, Feliciano justificou: ‘Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato’ (…).” Na sequência, Feliciano afirmou ainda: “Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids”.

O infeliz Feliciano não se mostra apenas desinformado, ignorante e racista. Basta entrar no YouTube e ouvir da sua própria boca os disparates oriundos do fanatismo religioso, e assistir a cenas indecorosas. A revista ISTOÉ 2261, de 20.03.2013, que se encontra nas bancas quando escrevo este texto, traz a reportagem “A sonegação de Feliciano”, e denuncia: “Documentos obtidos por ISTOÉ mostram que o polêmico presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara escondeu da Justiça Eleitoral ser dono de empresas, entre elas um consórcio de imóveis que ele próprio induzia fiéis a comprar em seu programa gospel. A omissão caracteriza quebra de decoro parlamentar e o preconceituoso deputado pode até ser cassado. ‘Realize, em nome de Jesus, o sonho da casa própria. Com apenas R$300,00 por mês você adquire um consórcio que dará uma carta de crédito de R$30 mil’. Era com essa frase que o deputado-pastor Marco Feliciano (PSC-SP) encerrava, até bem pouco tempo atrás, seu programa de pregações na tevê. Na tela, o sermão teatral era substituído pelo apelo comercial, enquanto números de telefone em seis capitais, inclusive Brasília, surgiam num canto da tevê com o logotipo da empresa GMF Consórcios. Quando foi questionado por estar se utilizando da fé alheia para acumular lucros, Feliciano saiu com a desculpa de que ele fazia apenas a propaganda de um patrocinador do seu programa televisivo. Agora se sabe que ele não falou a verdade. A GMF pertence ao próprio pastor”. A reportagem, em três páginas, prossegue: “Afinal, o que esperar de um líder religioso que prega a intolerância sexual e o preconceito racial? Nada disso o impediu de assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Trata-se da maior aberração política dos tempos recentes. E Feliciano ainda cometeu desvios graves de conduta, incompatíveis com o exercício do mandato parlamentar”. A ISTOÉ faz várias outras denúncias, comprovadas, que meu leitor encontrará na própria revista.

Basta de deformidades em Brasília. Fora, Feliciano! E o mesmo aos políticos “fichas sujas”, como Paulo Maluf e Renan Calheiros, dentre tantos outros que se agarram com unhas e dentes às tetas do governo. Unamo-nos pela ética em nosso país onde os religiosos e os sem religião sejam igualmente respeitados, bem como os brancos, negros e amarelos, e as minorias. Exijamos uma assepsia profunda no Congresso Nacional, pelo engrandecimento e fortalecimento dos Poderes Constituintes.

(Francisco Souto Neto – Março de 2013)

 

 

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FOTO 3

Crônicas de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 104 – Abril de 2013

E há quem sinta saudade da ditadura

Francisco Souto Neto

Temos presenciado situações bizarras no Congresso Nacional. Renan Calheiros, que responde por peculato, foi guindado à presidência do Senado. Corruptos do “mensalão”, José Genoino e João Paulo Cunha, condenados pelo Supremo Tribunal Federal, passaram a integrar a Comissão de Justiça da Câmara. Um pastor com pensamento e discurso nazista, Marco Feliciano, é hoje presidente da Comissão de Direitos Humanos. E o latifundiário e agro-empresário Blairo Maggi, que foi “premiado” em 2004 com o famigerado troféu “Motosserra de ouro” do Greenpeace, recebeu a presidência da Comissão do Meio Ambiente do Senado Federal. Poderia haver situações mais esdrúxulas e homens mais inadequados nos cargos que ocupam?

Se essa anomalia ocorre, é por conchavos de partidos políticos, e dos parlamentares que legislam não pela vontade do povo, mas em benefício próprio. Fazem-se de surdos aos veementes protestos que brotam a cada segundo de todos os cantos do Brasil, e zombam dos que batalham para que eles sejam apeados do poder.

Esse estado de coisas tem gerado outra anomalia, tão ou mais perigosa do que o acima relatado. Nas redes sociais, que são poderoso meio de sugestões e pressões, estão surgindo apelos e panfletos de saudosistas da ditadura militar, como se esta fosse o remédio para sanar as irregularidades de um governo. Isso demonstra que a insensatez também campeia à solta, e que cidadãos comuns estão com o pensamento à deriva.

Quem poderia ser hoje simpatizante da ditadura? Ou os desmemoriados, ou os desinformados, ou os ignorantes da História, ou quem esteve envolvido com o passado obscuro dos Anos de Chumbo. Talvez sejam eles os mesmos que agora se mostram contrários aos trabalhos da Comissão da Verdade, esta que vem trazendo à luz as revelações que a História da segunda metade do século XX ocultou com mão de ferro.

É preciso lembrar que o golpe militar de 1964 pôs em prática diversos Atos Institucionais, culminando com o nefasto AI-5, que dissolveu o Congresso Brasileiro e suprimiu as liberdades individuais, permitindo que o Exército e a polícia militar pudessem prender e encarcerar qualquer cidadão considerado suspeito ou contrário à ditadura. A repressão que se instalou no país considerou inimigas as associações civis contrárias ao regime. A censura foi imposta à literatura, arte, cinema, teatro e a todos os órgãos de comunicação. A tortura fez-se uma prática habitual. Os dissidentes foram exilados ou mortos. Por volta de 1967, grupos esquerdistas escolheram a luta armada como forma de reagir aos setores civis e militares que implantaram a ditadura no país. O poder divulgava a notícia de que “guerrilheiros tinham por objetivo aterrorizar o Brasil”, quando de fato lutavam contra o autoritarismo da ditadura e pela liberdade de pensamento e expressão. É muito extensa a lista de intelectuais, escritores, músicos, compositores, professores, políticos e outros cidadãos de bem que foram perseguidos, torturados, e amargaram o exílio, quando não assassinados. Dilma Rousseff, dentre todos os que aderiram à luta armada contra a ditadura, é certamente o nome mais notável, por ser hoje a suprema mandatária deste país.

Se em tempos de ditadura eu publicasse os dois primeiros parágrafos desta crônica, seria preso, torturado, e possivelmente não viveria para continuar escrevendo. Assim foi, assim são e assim serão as ditaduras: sórdidas e imorais. Aqueles que lutaram contra a tirania são os mesmos que abriram caminho para que nós jornalistas, na restauração da democracia, pudéssemos voltar a nos expressar livremente.

Hoje não é mais admissível qualquer tipo de exceção, de direita ou de esquerda, e a ditadura é a mais abjeta e vergonhosa forma de governo que existe. Se não concordarmos com os desmandos que vemos ocorrer no governo, como os mencionados ao início desta crônica, temos que sair do comodismo para engrossar o caldo dos que se posicionam e exigem mudanças… mas sempre dentro do estado democrático de direito, este que supera o simples Estado de Direito e que defende, através das leis, todas as garantias fundamentais baseadas no Princípio da Dignidade Humana.

(Francisco Souto Neto – Abril de 2013)

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Na mesma edição do Jornal Centro Cívico, Souto Neto publicou  na página 10:

 

FOTO 4

Os jardins do Centro Cívico transformaram-se em matagal

Resido no Centro Cívico desde 1977, portanto há 36 anos, e jamais vinha visto algo tão triste quanto os seus jardins, que foram originalmente projetados por Burle Marx, transformados neste 2013 em completo matagal. Qual a origem de tão gritante desleixo? Creio que tudo começou com a retirada, pelo governador Beto Richa, dos subsídios ao transporte coletivo, que tornavam as tarifas dos ônibus muito mais acessíveis para a população, assim prejudicando enormemente os usuários. Isso aconteceu porque o prefeito eleito nas recentes eleições, Gustavo Fruet, é de outro partido político. Mas se o assunto dos jardins é responsabilidade da prefeitura, por que as áreas que circundam o Palácio Iguaçu seriam discriminadas? Seria uma represália da prefeitura pela indisposição com o governador? Ou seriam problemas com a terceirização talvez insatisfatória dos serviços de jardinagem? Seja o que for, isto não interessa ao cidadão que quer atravessar os jardins e não o matagal do Centro Cívico.

O fato é que os canteiros de flores desapareceram, devorados por ervas daninhas, e a grama transformou-se em denso mato. As quatro fotos abaixo servirão para registrar essa inacreditável negligência. A capital do Paraná não merece ser mostrada com aspecto tão deprimente aos seus habitantes e visitantes. Os responsáveis que sintam vergonha dessa situação, e cumpram o seu dever, antes que Curitiba apareça nas revistas de circulação nacional como a capital mais descuidada do Brasil.

As fotografias que ilustram este texto foram tiradas por mim no dia 17 de abril de 2013.

(ass.) Francisco Souto Neto, morador da região do Centro Cívico.

 

Abaixo, legendas para as fotos:

 

FOTO 5

Foto 1 – Acima, o Largo Melvin Jones. À esquerda, a Assembleia Legislativa. Entre as árvores, detalhe do Palácio Iguaçu.

FOTO 6

Foto 2 – Acima, o matagal ao redor do ponto de ônibus ao lado do Palácio Iguaçu. Ao fundo, a Assembleia Legislativa.

FOTO 7

Foto 3 – Acima, a Praça Rio Iguaçu, ao lado do Palácio Iguaçu. Quase não se avista o painel de Rogério Dias ao fundo.

FOTO 8

Foto 4 – Acima, à esquerda, atrás da árvore, a Assembleia Legislativa. Ao fundo, atrás do matagal, o Palácio das Araucárias.

 

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FOTO 9

Crônicas de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 105 – Junho de 2013

Os anônimos protetores de animais abandonados

Francisco Souto Neto

No ano de 2008, ao publicar uma crônica sobre cães deixados ao abandono, veiculei uma informação incorreta que recebera a respeito da atuação dos pet shops, em relação às feiras que têm por objetivo encontrar novos donos para animais abandonados. Tenho uma amiga e vizinha, Marlene Castro, atuante voluntária e protetora de animais carentes, que recentemente me prestou informações precisas sobre o assunto.

Diz Marlene Castro: “As empresas ou pets shops não recolhem animais abandonados, nem cuidam deles dando vacina, banhos, nem levam ao veterinário. Também não encaminham os animais para doações. Quem faz esse trabalho, normalmente são pessoas comuns assim como eu e outras tantas, que não suportam ver descaso e sofrimento. Frequentemente levamos esses animais para nossas casas, ou pagamos hotel para acomodá-los até encontrar um dono para eles. Os protetores de animais pagam para os pet shops as vacinas, os banhos e todos os cuidados necessários para o bem estar dos animais. Alguns pets fazem descontos para os protetores, mas como qualquer empresa cobram pelos serviços prestados. Tentando castrar os gatos abandonados na Rua Mauá, pedimos ajuda a uma senhora ali residente, porque na casa dela existem muitos gatos, que ela apenas deixa que fiquem em sua casa mas não cuida deles, porém ela se recusa a ajudar. Soubemos que muitos gatos já foram envenenados por seres humanos malvados, moradores nessa rua. Na Rua Manoel dos Santos Barreto, Juvevê, numa casa desabitada que pertence a Assembleia Legislativa, há muitos gatos procriando… Para as castrações quem está nos apoiando é uma ONG chamada Focinhos. As pessoas não imaginam como existem protetores de animais por aí, cada um fazendo o que pode, o que é possível, as vezes o impossível também!”.

O Projeto Focinhos é uma ONG sem fins lucrativos, fundada para diminuir o número de animais abandonados nas ruas. Como outras similares, pretende reduzir o problema da superpopulação de cães e gatos através de cirurgias de esterilização, que é o meio mais eficiente e humanitário para o controle populacional de animais. Tais cirurgias são realizadas com custos reduzidos para quem deseja esterilizar seus cães e gatos, e que tenham renda familiar de até R$2.000,00. O Projeto conta com a ajuda de veterinários voluntários, e para arrecadar dinheiro para a compra do material cirúrgico, organizam quermesses para a venda de produtos com sua marca, tais como camisetas, canecas e adesivos. O objetivo final é o de proporcionar a cães e gatos qualidade de vida, abrigo, comida, água, cuidados médicos e um lar com amor e carinho. Mas esses voluntários vão muito além disso. Por exemplo: casualmente eu vi Marlene Castro acompanhada de outra minha amiga, Tânia Maria Schaykoski, levando água e ração para alguns cães que pareciam abandonados ou esquecidos atrás dos muros de uma grande propriedade nas redondezas.

Outra pessoa que tem se dedicado com admirável altruísmo a animais abandonados é Adriana Granville Urban, filha de Marlene Sant’Anna, uma querida amiga desde a minha infância. Adriana associou-se a Caroline Bueno, Taísa Motta e Ellen Koenig, e juntas criaram a “Miau Au”, com um objetivo explicado por elas mesmas: “Somos um grupo de pessoas que, dentro de nossas possibilidades, procura proteger, garantir tratamento adequado, prover alimentação e contribuir para que cães e gatos abandonados em Curitiba tenham um lar onde sejam respeitados e tratados com o carinho que os animais merecem”. Elas resgatam animais em risco, trabalham com a conscientização dos proprietários, e promovem castrações quando possuem recursos geralmente oriundos de colaboradores mensais, e também através de rifas e afins.

Essas moças que idealizaram a “Miau Au” veicularam um cartaz através do Facebook que diz: “ADOTE UM AMIGO: cães filhotes e adultos, castrados e vacinados. Todos os sábados sem chuva, das 13 às 18 horas. Para adotar você precisa trazer seu RG, comprovante de residência e contribuir com R$20,00. Endereço da organização: caopanheirocuritiba.com.br Local: Pet Shop Fofuras, Rua Marechal Hermes, 678, Centro Cívico (ao lado da rotatória). Contato para o evento: vagas@caopanheirocuritiba.com.br ”.

A essas amigas, a minha admiração e respeito pelo maravilhoso trabalho que realizam com tamanho empenho e carinho.

(Francisco Souto Neto – Junho de 2013)

 

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FOTO 10

Crônicas de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 106 – Julho de 2013

O Brasil acorda e se levanta

Francisco Souto Neto

Não víamos em nosso país manifestações públicas e protestos tão veementes desde 1992, quando multidões de “caras pintadas” saíram às ruas exigindo o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Foi um momento admirável da História do Brasil, quando cidadãos de todos os quadrantes do nosso território posicionaram-se contra a corrupção e os desmandos do governo.

Porém o Brasil avançou por caminhos que foram se tornando cada vez mais tortuosos, com a ampliação dos casos de políticos corruptos que, em sucessivos governos, se gabam da sua própria impunidade (Paulo Maluf e Renan Calheiros são exemplos, assim como os condenados do “mensalão” que continuam inexplicavelmente em liberdade), isto somado à falta de investimentos em educação e saúde, ao alarmante aumento da violência urbana, às leis frouxas que não punem exemplarmente os condenados em julgamentos, e às dificuldades do trabalhador que é obrigado a utilizar um transporte público de péssima qualidade através de todo o país. Observando ao longo dos anos esse crescendo de situações cada vez mais incômodas, muitas vezes refleti sobre o fato de os brasileiros manterem-se acomodados, como se tudo isso fosse normal, aceitável e imutável.

Foi então que aconteceu a gota d’água: o aumento de 20 centavos nas tarifas do transporte público na capital de São Paulo principiou um extraordinário movimento nacional de protesto. Na realidade, o Movimento Passe Livre teve início no ano passado, e as posições contra o aumento das passagens do transporte coletivo começaram em Porto Alegre e Goiânia em março de 2013. Entretanto, a magnitude dos acontecimentos de São Paulo no atual mês de junho foi espantosa; o movimento logo repetiu-se no Rio de Janeiro, e em menos de uma semana espalhou-se pelas principais capitais e alcançou várias cidades brasileiras.

No começo, a violenta e indiscriminada repressão policial aos ativistas de São Paulo causou espanto até na imprensa internacional, enquanto Geraldo Alkmin, governador do Estado, declarava que o movimento era “político” e que a polícia agira corretamente, taxando os manifestantes, genericamente, de baderneiros. Na sequência dos fatos, com a descarada naturalidade comum a certos políticos, mudou convenientemente o seu discurso, porque a maciça maioria desses manifestantes era, desde o início, formada por jovens pacíficos que apenas exerciam o seu direito de reclamar daquilo que nós, na imprensa, também reclamamos e nos indignamos. As manifestações contrárias ao aumento das tarifas ampliaram-se, embora sem perder o objetivo inicial, envolvendo o repúdio à corrupção nos governos federal e estaduais, à PEC 37, e também para exigir as diversas mudanças a que todos aspiramos.

As lamentáveis depredações, principalmente no Rio de Janeiro, perpetradas por pequenos grupos, não empanam a importância dos acontecimentos. A esmagadora maioria da impressionante multidão de cerca de 100 mil pessoas, constituiu-se de cidadãos de bem que saíram do comodismo para dizer o que querem do Brasil. Quando a bandeira de algum partido político despontava no meio da multidão, ouvia-se o grito uníssono de milhares de vozes, exigindo: “sem bandeira!”; se encontravam resistência, entoavam “sem violência!”, e conduziam o intruso para fora da manifestação.

Em Curitiba, no dia 17 de junho, reuniram-se cerca de 10 mil pessoas que, em ordem, marcharam pacificamente da Rua XV de Novembro em   direção ao Palácio Iguaçu, no Centro Cívico. É uma pena que sempre surjam grupos infiltrados nas passeatas, dispostos a cometer atos de vandalismo e depredações, o que ocorreu perto da meia-noite, quando alguns marginais atacaram um portão do palácio do governo e picharam o mármore da fachada do prédio. Porém, em seguida, vimos dezenas de outros autênticos manifestantes limpando civicamente as pichações das paredes.

Os baderneiros e depredadores, que espero que sejam identificados e processados, não conseguiram manchar a beleza da manifestação de pessoas admiráveis que se posicionam por um Brasil melhor e mais justo, e que representam o recado direto aos políticos e a seus partidos, de que a paciência chegou ao limite. Deputados e senadores lá estão para nos representar, não para defender seus próprios interesses. Somos nós, os eleitores, que mandamos no Brasil.

(Francisco Souto Neto – Curitiba, 19 de Junho de 2013)

 

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FOTO 11

Crônicas de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 11 – Edição 107 – Agosto de 2013

Quem ainda não recebeu aquele texto cabotino que se propõe a dar uma “belíssima aula” sobre a palavra “presidenta”?

Francisco Souto Neto

     Tenho seguidamente recebido por e-mail, e também vejo nas redes sociais, uma mensagem que se propõe a corrigir o termo “presidenta”, mensagem esta que classifico como cretina e sabotadora, cujas palavras iniciais, com erros de concordância e outros vícios de linguagem, dizem, ipsis literis“Uma belíssima aula de português! Foi elaborado para acabar de vez com toda e qualquer dúvida se tem [sic] presidente ou presidenta. A presidenta foi estudanta? Existe a palavra presidenta? Que tal colocar um ‘basta’ no assunto?”. Adiante, a mensagem tenta ironizar: “A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta…”. A tal “belíssima aula” está supostamente assinada por Miriam Rita Moro Mine, professora de Engenharia na UFPR.

     Antes de tudo, é preciso lembrar que o vocábulo presidenta está dicionarizado há muitas décadas, e palavra dicionarizada é palavra correta. [O grande Machado de Assis a usou pela primeira vez em 1880, ao publicar o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas]. Eu já usava “presidenta”em textos que publiquei nos distantes anos 70, e é pífia qualquer discussão sobre a sua existência. Tanto “presidente” quanto “presidenta” são corretas e podem ser usadas no gênero feminino, a depender da vontade de quem escreve ou fala. Por tais motivos, resolvi contatar a professora Miriam, para dialogar sobre o seu equívoco. Buscando um meio de encontrá-la através da internet, descobri a seguinte declaração divulgada pela própria professora:

     “Nunca escrevi absolutamente nada sobre a existência ou não da palavra ‘presidenta’. Meu nome está sendo usado indevidamente como autora de um texto que circula na internet e na imprensa. Sou professora da Universidade Federal do Paraná – UFPR, Departamento de Hidráulica e Saneamento, graduada em ‘Engenharia Civil’ e com pós-graduação em cursos de ‘Engenharia’ (Mestrado e Doutorado) e professora de cursos de ‘Engenharia’ na UFPR (ver meu Curriculum Lattes – www.cnpq.br – plataforma lattes). Eu jamais escreveria um texto que não fosse da minha área de atuação. Miriam Rita Moro Mine. Universidade Federal do Paraná. Departamento de Hidráulica e Saneamento. Caixa postal 19011. 81531-990 Curitiba, PR”.

     Ou seja, o verdadeiro autor da “aula” desapareceu e alguém, de maneira ladina e criminosa, pôs o nome da referida professora no texto apócrifo, como se fosse ela a sua autora. Por isso, antes de as pessoas divulgarem pela internet, deveriam comprovar as fontes dessas notícias, para saber se são verdades ou mentiras com o objetivo de enganar e confundir a opinião pública. Se a professora Miriam for à polícia e registrar queixa, é provável que chegará ao autor do crime, e assim poderá processá-lo. A tal “belíssima aula” é um fake com o propósito de disseminar falsidades e confusões sobre o idioma pátrio, e principalmente desqualificar a presidenta Dilma Rousseff.

     Ao buscar na web um contato com a professora Miriam, encontrei casualmente um texto inteligentíssimo sobre o assunto, da autoria de Igor Santos, no seguinte endereço:

http://scienceblogs.com.br/uoleo/2013/02/miriam-rita-moro-mine-presidenta-da-republica-vinte-dois-segundos-google/

     O texto de Igor Santos é necessariamente longo, com introdução igualmente extensa, mas deve ser lido na íntegra. Sobre o assunto em discussão, não há outra aula melhor, nem mais contundente e precisa. O autor escreveu visivelmente irritado, e acrescento: benfazeja a sua irritação! Está na medida exata em que eu, também aborrecido com aqueles que parecem acreditar que a palavra “presidenta” foi inventada por Dilma Rousseff, venho sugerir que não veiculem besteiras pela web sem antes checar as fontes. Querem outro exemplo de “nonsense”? Ei-lo: já recebi no Facebook, de seis diferentes e indignados amigos, a notícia que tem por título “Dilma zomba do fim dos protestos no Brasil”. Ao transcrever esse título no Google, busquei a fonte da “notícia” e encontrei-a no blog denominado “Arrota1” que, após as opiniões dos leitores, se defende ao pé da página, para evitar processos contra si, declarando: “Fique atento – O Arrota1 é um portal de humor. Publicamos sátiras e notícias humorísticas fantasiosas, fictícias, que não devem ser levadas a sério”.

     Por favor! Comprovem a veracidade antes de compartilhar notícias falsas. Há maneiras bem mais produtivas de colaborar na construção de um Brasil melhor. 

(Francisco Souto Neto – Agosto de 2013)

 

OBSERVAÇÃO:

 

Esta crônica foi também publicada na Gazeta de Santa Cândida, Curitiba, de Agosto de 2013, Edição nº 143.

 

Foi igualmente republicada no mesmo Jornal Centro Cívico de Abril de 2014, Edição nº 114.

 

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FOTO 12

Crônicas de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 11 – Edição 108– Setembro de 2013

A condenação de Jaime Lerner e os desenganos da política

Francisco Souto Neto

Após o golpe de Estado de 1964, os prefeitos das capitais não eram eleitos em sufrágios populares, mas impostos ao povo pelo Poder Militar, isto é, pela ditadura. Naqueles tempos de triste memória, dizia-se “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Outro conceito que definia o pensamento dos que orquestravam o regime de exceção era: “às favas com os escrúpulos da consciência”. Sob tal panorama político Jaime Lerner foi nomeado prefeito para o seu primeiro mandato (1971 a 1974) e também para o segundo (1979 a 1983). Entretanto, o novo prefeito surpreendeu destacando-se não como político, mas como urbanista. Suas mais notáveis inovações foram a transformação da Rua 15 de Novembro em via para pedestres e a instalação de canaletas exclusivas para ônibus urbanos. Ele também brilhou ao inaugurar três cinemas de arte na capital, administrados pela Fundação Cultural de Curitiba. Graças aos acertos da sua administração, ele foi pela primeira vez eleito democraticamente após o período da ditadura, para cumprir o seu terceiro mandato de prefeito (1989 a 1993).

Durante as três gestões, e também nos intervalos entre as mesmas, eu costumava ver com muita frequência Jaime Lerner em teatros, cinemas de arte, nas aberturas de exposições, em lançamentos de livros. Isso era admirável. Nós fomos apresentados um ao outro em 1981, e no ano seguinte ele e minha mãe descerraram a placa de inauguração da Rua Arary Souto em homenagem a meu pai. As palavras finais do discurso de Jaime Lerner ficaram registradas numa gravação: “Arary Souto levou na carne toda a Humanidade”. Dias depois, ao visitá-lo na prefeitura para agradecer-lhe as atenções, tirei dele uma fotografia significativa: de dentro do seu gabinete avistavam-se, através de ampla janela, partes dos prédios do governo estadual no outro lado da praça, e eu lhe disse que me parecia estar fotografando um futuro governador. Na foto seguinte, ele fez um misterioso gesto que não entendi muito bem, com o braço esquerdo dobrado sobre o peito, os dedos semicerrados.

De fato, no ano seguinte, logo após o final do seu terceiro mandato como prefeito, Lerner elegeu-se governador do Paraná (1994 a 1998), depois reeleito até 2002. Se o prefeito foi inovador e aplaudido pelos projetos de urbanismo, o governador fez-se total decepção. Ele cometeu erros grosseiros e muitos dos homens da sua confiança revelaram-se corruptos e criminosos.

Jaime Lerner tornou-se um desastre na História não apenas do Paraná, mas do Brasil, causando enorme decepção a seus eleitores e ex-amigos. Passou a mentir com o mesmo descaramento dos maus políticos. Por exemplo, disse em discurso gravado: “No meu governo o Banestado não será privatizado”. Pois o banco oficial do Paraná foi levado à falência por homens da sua confiança e privatizado a preço vil, causando prejuízos devastadores aos paranaenses e ao Estado. Quem desejar conhecer as acusações contra Lerner, contantes das mais de mil páginas da CPI do Banestado, nunca é tarde para se escandalizar e se indignar com essas revelações; basta colocar no Google “cpi banestado neivo beraldin” e, em seguida, clicar em “Íntegra do Relatório” e em “Acervo Digital”. Lerner também tentou privatizar a Copel, movendo céus e terras nesse propósito. A grita do povo, porém, foi alta demais e Lerner recuou. Sua cínica declaração televisionada foi “A nossa querida Copel não será privatizada”. Isso mesmo: disse “querida” como se não desejasse esmagá-la, como fez ao Banestado.

No dia 15 de agosto de 2013 os jornais estamparam em primeira página a manchete: “Ex-governador Jaime Lerner é condenado a devolver R$ 4,3 milhões ao Paraná”. Foi ratificada a sentença da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná que, por improbidade administrativa, condenou Lerner à perda dos direitos políticos e à referida multa aos cofres públicos. Mas condenações não são novidade para ele: em 2011 uma decisão do STJ condenou Jaime Lerner a três anos e seis meses de prisão, mais uma multa, pelo crime de dispensa ilegal de licitação na construção de estradas no Paraná. Embora condenado, Lerner não precisou cumprir a pena devido à prescrição do crime e por ter mais de 70 anos na época. Lamentavelmente as leis brasileiras são muito frouxas. Confesso que ao ver fotos atuais do ex-governador, já decrépito, chego a sentir dó, mas é preciso não esmorecermos, porque quem deve – e ele deve demais ao Paraná e aos paranaenses – tem que pagar, e isto todos nós esperamos da Justiça.

 

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Jaime Lerner fotografado por Francisco Souto Neto em 1982

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Jaime Lerner em 1982 fotografado por Francisco Souto Neto.

Francisco Souto Neto é jornalista e advogado, morador da região e colaborador do jornal.

 

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Crônicas de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 11 – Edição 109 – Outubro de 2013

O choque com a ditadura e um pouco de uma história pessoal

Francisco Souto Neto

Nos Anos de Chumbo (governo Garrastazu Médici) eu há muito tempo trabalhava como escriturário no Banco do Estado do Paraná em Ponta Grossa, sem perspectivas para um cargo comissionado. Desde a morte de meu pai em 1963, eu e minha mãe levávamos uma vida modesta, mas trazíamos importantes amizades dos tempos anteriores. Um desses amigos era João Vargas de Oliveira, que tinha conhecimento de que aquela agência do banco não oferecia possibilidade de ascensão profissional. Ele então comentou com minha mãe que era amigo do presidente daquela instituição, Celso da Costa Sabóia, por isso sabia que o banco tinha vagos alguns cargos em comissão no interior do Paraná. Pouco tempo depois, chamaram-me à presidência do Banestado. Viajei à capital. Entrando no imenso gabinete do presidente senti-me um tanto intimidado ao atravessar uns doze metros do salão acarpetado, até chegar à escrivaninha de Celso Sabóia, que me esperava sem levantar os olhos do papel onde escrevia algo. Mandou-me sentar, dizendo-me que estava atendendo a uma indicação de João Vargas. Entrevistou-me e, aparentemente satisfeito, encaminhou-me a certo departamento, onde fui submetido a uma prova escrita. No mesmo dia informaram-me que eu poderia assumir um cargo de tesoureiro na agência de Toledo. Viajei àquela remota cidade para conhecer a agência e procurar casa para locar. Após a cansativa viagem noturna de ônibus, cheguei sob muita chuva à entrada da cidade. As estradas ainda não eram asfaltadas, e para alcançar o núcleo urbano de Toledo, havia uma ladeira, onde o ônibus derrapou até encalhar. Passageiros desceram na lama para empurrar o veículo. Foi horrível, porém só saímos dali arrastados por um trator. Não gostei da cidade, nem da agência, e retornei decepcionado. Telefonei ao Sr. Sabóia justificando-me e agradecendo, mas faltou-me coragem de contar a minha recusa ao atencioso e paternal Dr. João.

Permaneci durante mais uns dois anos na agência de Ponta Grossa, enquanto me preparava para três concursos: do Badep, do Instituto Rio Branco no Rio de Janeiro, e também do próprio Banestado, para auditor ou inspetor. Foi marcada a primeira etapa do concurso para o Badep em Curitiba. Na prova oral, o examinador fez-me perguntas das áreas do conhecimento e da cultura, e de técnicas bancárias. Eu me saía muito bem nas respostas. De repente o examinador baixou a voz e me perguntou compassadamente: “O que você pensa sobre pessoas desaparecidas e mortas pelo nosso regime político?”. Levei um choque! Eu sabia da repressão, da censura a jornais, a cantores, escritores e artistas plásticos. Sabia das prisões daqueles que ousavam criticar o governo, mas não de pessoas desaparecidas ou mortas pela ditadura. Procurei mostrar segurança, respondendo mais ou menos: “O estado de direito e o respeito à liberdade de pensamento devem prevalecer sobre qualquer regime político”. Porém acrescentei, titubeante e inseguro: “Não temos provas de que pessoas estejam desaparecidas, mortas… Ou… será?!”. O examinador nada respondeu. Voltei para Ponta Grossa certo de que seria reprovado no exame oral, mas foi a partir dali que abri os meus olhos para a realidade brasileira. Comecei a conversar com amigos e pessoas mais velhas, que sempre olhavam para os lados antes de responder, e diziam em voz baixa que sim, que havia tortura e morte a muitos dos que discordavam do status quo, e que alguns cidadãos “desapareciam”. Compreendi que as ditaduras eram mais imorais do que eu supunha, e essa indignação trago até hoje. Por isto, em pleno ano de 2013, sinto-me pasmo ao constatar que ainda há quem sinta saudade da ditadura.  Note-se que eu respeito tanto os militares, quanto os não militares e os representantes de quaisquer outras profissões. Porém… ditadura militar eu repudio, por motivos óbvios.

Voltando à minha história pessoal, surpreendi-me ao saber que fui aprovado na primeira etapa do concurso para o Badep. Houve então uma incrível coincidência: os concursos para a segunda etapa do Badep, para o Itamaraty e para inspetor do Banestado, foram todos marcados para o mesmo dia. Tive que optar, e assim escolhi prestar o concurso para inspetor do Banestado. Dentre centenas de candidatos, fiquei entre os primeiros classificados. Meses após, veio o convite de Paulo Schultz Filho para assessorá-lo na Direção Geral, e depois passei a assessor da diretoria, da vice-presidência e da presidência. Criei e consolidei o Programa de Cultura do Banestado até aposentar-me em 1991.

(Francisco Souto Neto – Outubro de 2013)

 

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 Na mesma edição, publicou-se na página 4:

 

Postes irregulares nos jardins do Centro Cívico 

Os jardins do Centro Cívico, originalmente projetados por Burle Marx, têm o privilégio de ostentar os belíssimos “postes republicanos” para a sua iluminação. Esses postes recebem fiação elétrica subterrânea, para que fios aéreos não existam onde estejam os mesmos instalados.

Entretanto, postes grosseiros e antiestéticos sempre foram colocados provisoriamente entre os “postes republicanos” da Praça Nossa Senhora da Salete, às vésperas de ocasiões especiais, tais como carnaval e outras festas populares. Contudo, imediatamente após os eventos eram retirados e permaneciam somente os postes republicanos plantados nos seus lugares, tal como deve ser.

Durante o ano em curso, porém, os postes irregulares não foram mais retirados, alguns até com transformadores, e lá permanecem poluindo visualmente o Centro Cívico não apenas com a sua presença, mas também com a pesada fiação elétrica que não poderia existir ali. As fotografias que ilustram este texto, são do dia 5 de outubro de 2013.

Não espero justificativa da Prefeitura para o que é injustificável. O que espero, como cidadão, é que sejam esses horríveis postes imediatamente retirados, de preferência para sempre, com um pedido de desculpas da Prefeitura à comunidade, face ao flagrante desleixo.

Reclamação do leitor Francisco Souto Neto – morador do Centro Cívico

Resposta Copel

Em relação à preocupação do nosso leitor, a redação do jornal conversou com a assessoria de imprensa da Copel, a qual informou que a instalação não é irregular. A rede foi instalada temporariamente para eventos recentes no Centro Cívico e está prevista para ser retirada ainda em outubro.

Resposta da Prefeitura

A Prefeitura de Curitiba foi procurada para comentar. Mas não respondeu até o fechamento desta edição.

 

AS FOTOGRAFIAS DE FRANCISCO SOUTO NETO:

 

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Crônicas de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 11 – Edição 110 – Novembro de 2013.

Finalmente será construído o metrô de Curitiba

Francisco Souto Neto

Não há metrópole desenvolvida sem que nela funcione um metrô. As capitais do mundo acordaram cedo para essa realidade: Londres inaugurou seu sistema de trens metropolitanos em 1863, Budapeste em 1896, Paris em 1900, Nova York em 1904 e a vizinha Buenos Aires em 1913. No Brasil houve um retrocesso: embora o presidente Juscelino Kubitschek tenha acertado ao abrir rodovias para a integração do país e ao implantar a indústria automobilística na segunda metade dos anos 50, errou grosseiramente ao desprezar a manutenção e a ampliação do transporte municipal e intermunicipal sobre trilhos, cuja falha foi seguida pelos sucessivos moradores do Palácio da Alvorada.  

O transporte público urbano sobre trilhos é infinitamente mais confortável, eficiente e rápido do que os ônibus. Em Curitiba, o metrô vem sendo prometido desde o prefeito Lerner, mas tanto ele quanto os seus vários sucessores usaram tal projeto apenas com fins eleitoreiros. O atual Gustavo Fruet será lembrado como o prefeito que cumpriu a promessa de campanha, ao contrário dos seus antecessores. Se o leitor quiser conhecer outros detalhes sobre aqueles faltosos prefeitos e as suas balelas eleitoreiras a respeito do metrô, sugiro que coloquem no Google as palavras: “Os candidatos à prefeitura e a questão do metrô” (é necessário colocar a frase entre aspas, e sem desprezar os acentos gráficos) e assim encontrarão minha crônica sobre o assunto, publicada em setembro de 2008 neste mesmo jornal. É bom lembrar que Jaime Lerner prometeu a construção do que chamou de “bonde moderno”, cujas linhas seriam subterrâneas entre o Passeio Público a antiga estação ferroviária, onde está hoje o Shopping Estação. Segundo Lerner, o “bonde moderno” funcionaria como um pré-metrô. Nos últimos anos, contraditório, Lerner mostra-se estranhamente contrário ao projeto do metrô, e declarou taxativamente à Gazeta do Povo: “O metrô de Curitiba não será construído”. A verdade é que agora Lerner teme que sua criação, a das canaletas para ônibus urbanos, perca importância face ao sistema muito mais eficiente que é o metrô. Para quem estiver interessado, essas considerações, ampliadas, poderão ser encontradas em outra crônica que publiquei em 2009, bastando buscar no Google “Metrô de Curitiba: Richa versus Lerner” (a frase deverá ser colocada entre aspas) cujo texto repercutiu no respeitado portal norte-americano “Publictransit.com”, especializado em transporte público no planeta, o qual verteu o texto para o Inglês e analisou-o sob o título Columnist Francisco Souto Neto attributes Lerner’s opposition to political rivalries”.

Dilma Rousseff veio a Curitiba em 29 de outubro para anunciar investimentos de R$ 5,3 bilhões destinados ao transporte coletivo da capital, com ênfase na primeira linha de metrô. Segundo a prefeitura, em um primeiro momento, o metrô de Curitiba será implantado no trecho entre os bairros CIC e Cabral, atendendo ao eixo norte-sul da cidade. Estão previstas 14 estações nessa fase, que já tem a garantia de investimento de R$ 4,56 bilhões, sendo R$ 1,8 bilhão a fundo perdido do Orçamento Geral da União, R$ 700 milhões do Governo do Estado, R$ 700 milhões da Prefeitura Municipal de Curitiba e R$ 1,36 bilhão da iniciativa privada, valor a ser pago pelo vencedor da licitação da Parceria Público-Privada. Em seu discurso, a presidenta enalteceu a agilidade de Gustavo Fruet e equipe ao apresentarem, em poucos meses, o projeto do metrô com o objetivo de receber os recursos do Plano Nacional de Mobilidade. Disse ela: “O prefeito fez um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para elaborar o projeto. Isso significa que o prefeito estava adiantado, que o prefeito tinha elementos, que a obra não só é factível, como vai começar”.

A primeira fase entre a Cidade Industrial e o Cabral estará concluída em 2019. A segunda fase estenderá a linha até Santa Cândida. A estação Alto da Glória terá a imensurável importância de estar muito próxima aos edifícios públicos do Centro Cívico, que são o Tribunal de Justiça, Palácios Iguaçu e das Araucárias, Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas e Prefeitura, facilitando a locomoção de milhares de funcionários e de cidadãos que acorrem a esses locais. Meus parabéns ao prefeito Gustavo Fruet por sua determinação em dar o primeiro passo para a concretização do tão necessário e esperado metrô de Curitiba. A História saberá reverenciá-lo.

Francisco Souto Neto – Novembro de 2013.

 

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Crônicas de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 11 – Edição 111 – Dezembro de 2013.

O elefante sem identidade:

Minha história e de Lúcia Helena no “The History Channel” 

Francisco Souto Neto

Eu e minha prima Lúcia Helena Souto Martini trabalhamos por sete anos na biografia do nosso trisavô Antônio José Alves Souto, o visconde de Souto. Fizemos viagens ao Rio de Janeiro para pesquisarmos na Biblioteca Nacional, IHGB, Cúria Metropolitana, Museu Histórico Nacional, Museu Nacional, IPHAN e outros. Após consultas a mais de 600 livros, escrevemos a biografia que agora está concluída. No momento encontramo-nos na expectativa da sua edição com os recursos da Lei Rouanet, o que está sendo providenciado por Ricardo Trento, da Unicultura de Curitiba.

Trechos do livro foram publicados em forma de artigo na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro sob o título “Visconde de Souto, Fazenda Bela Vista e Capela Mayrink” (R.IHGB, ano 173, nº 455, abr./jun. 2012) e na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro (R. IHGRJ, Ano 18, número 18, 2011), intitulado “A Chácara do Souto e seu Jardim Zoológico”.

A biografia do visconde de Souto também chamou a atenção do programa “Detetives da História”, segmento brasileiro do “The History Channel”. Como o próprio programa se define, é uma série para a televisão que usa mistérios e objetos achados por telespectadores como ponto de partida para um processo de investigação. Apresentada por André Guerreiro Lopes e Renata Imbriani, a série busca desvendar os mistérios escondidos por trás de pequenos tesouros familiares.

O visconde de Souto foi o primeiro banqueiro particular do Brasil, citado por impressionante número de grandes autores nacionais, como Machado de Assis, José de Alencar, Visconde de Mauá, Barão do Rio Branco, Afonso Arinos, Ruy Barbosa e inúmeros outros. Muito rico, formou o primeiro jardim zoológico do país, que era chamado de “ménagerie” ou “coleção de animais vivos”. Importou espécimes de dois continentes, alguns nunca antes vistos no Brasil, tais como ursos, leões e até elefantes. O visconde de Souto não cobrava ingressos ao seu zoológico, que era um dos principais programas dos fluminenses aos domingos. Quando um animal morria, o visconde mandava taxidermizá-lo e o doava ao Museu Nacional. Na nossa visita ao museu, eu e minha prima Lúcia Helena encontramos o registro de alguns animais doados pelo visconde de Souto até 1864. O registro do elefante, porém, perdeu-se, e o animal taxidermizado está sem a identificação do seu doador. Esse elefante foi o tema do episódio de “Detetives da História”. Embora o Visconde de Souto tenha importado os dois primeiros elefantes africanos da História do Brasil, e que comprovadamente doava ao Museu Nacional os animais que morriam, André atestou que o elefante taxidermizado que subsiste naquele museu não é proveniente da Chácara do Souto.

 Em princípio a equipe de televisão viria a Curitiba, e eu e Lúcia Helena seríamos entrevistados na minha residência. Porém depois, atendendo a uma melhor mobilidade da referida equipe, a entrevista foi transferida para a cidade de Paulínia, residência da minha prima e sua mãe Jacyra Souto Martini. Viajei a Paulínia, e no dia combinado chegou a enorme equipe do programa, composta de aproximadamente doze pessoas. Da equipe de Daniel Lion, Laura Hasse, Ramique Mello e Claudinha Lima, além dos entrevistadores acima mencionados fizeram parte os técnicos Joanna Mamede, Marília Nogueira, Lula Cerri, Alzira Pereira, Lucas Barrionovo, Ivanildo e muitos outros.

O 4º episódio da série, do qual participamos, teve sua estreia nacional no dia 26 de novembro de 2013. Em dezembro o episódio “O elefante sem identidade” será reapresentado no The History Channel na terça-feira 24.12.2013 às 23:00, e na quarta 25.12.2013 (Natal) às 15:00 e às 18:15. Quem quiser rever o episódio em 2014, poderá consultar a grade de programação de Detetives da História.

Quero agradecer, também em nome de Lúcia Helena, a toda a equipe do programa, não apenas pela oportunidade de falarmos sobre o visconde de Souto, trazendo-o de volta à luz, mas igualmente pela divulgação que fizeram do nosso futuro livro “Visconde de Souto – Ascensão e ‘Quebra’ no Rio de Janeiro Imperial”. Abraços nossos a todos aqueles maravilhosos profissionais.

(Francisco Souto Neto – Dezembro de 2013)

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ALGUMAS FOTOGRAFIAS DO DIA DA GRAVAÇÃO DO PROGRAMA EM PAULÍNIA, SP, NO ANO ANTERIOR:

 

FOTO 24, ACIMA – DIA DA GRAVAÇÃO  DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Minha linda e adorada Tia Jacyra (irmã de meu pai) em sua residência em Paulínia, esperando para receber a equipe dos “Detetives da História”, do The History Channel.

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FOTO 25, ACIMA – Dia de gravação de “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Tia Jacyra com o neto Bruno Martini em sua residência em Paulínia, esperando para receber a equipe de “Detetives da História”, do The History Channel.

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FOTO 26, ACIMA – DIA DA GRAVAÇÃO  DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Eu e minha prima Lúcia Helena Souto Martini aguardando a chegada da equipe de televisão.

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FOTO 27, ACIMA – DIA DA GRAVAÇÃO  DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Chega a equipe de televisão, e começam os preparativos para gravar o programa. Acima, Lula Cerri, diretor de iluminação.

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FOTO 28, ACIMA – DIA DA GRAVAÇÃO  DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Ao fundo, André Guerreiro Lopes  e Marília Nogueira (de costas), a produtora. À direita, Joana Mamede, a diretora.

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FOTO 29, ACIMA – DIA DA GRAVAÇÃO  DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – À esquerda, a maquiadora Alzira Pereira. À direita, Marília Nogueira. Sobre a mesinha, vejo a foto da minha prima Tatiana Martini Santos Delmondi.

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FOTO 30, ACIMA – DIA DA GRAVAÇÃO  DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Dois rapazes da equipe (Lula Cerri e Lucas Barrionovo) entrando e saindo com equipamentos.

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FOTO 31, ACIMA – DIA DA GRAVAÇÃO  DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – A equipe movimentando-se na instalação dos aparelhos para a gravação.

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FOTO 32, ACIMA – DIA DA GRAVAÇÃO  DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Rapazes da equipe (Ivanildo e Lucas Barrionovo) preparando-se para as filmagens.

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FOTO 33, ACIMA – DIA DA GRAVAÇÃO  DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Ao fundo, a maquiadora Alzira Pereira  conversa com a diretora Joana Mamede, enquanto Lúcia Helena Souto Martini passa, ajudando nos preparativos para as filmagens.

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FOTO 34, ACIMA – DIA DA GRAVAÇÃO  DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Esta foto foi feita pelo meu primo Bruno Martini, enquanto André Guerreiro Lopes entrevistava Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini.

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FOTO 35, ACIMA – DIA DA GRAVAÇÃO  DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Mais uma fotografia feita pelo meu primo Bruno Martini, enquanto André Guerreiro Lopes entrevistava Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini.

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FOTO 36, ACIMA – DIA DA GRAVAÇÃO  DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – A atriz Renata Imbriani, que não participou diretamente da filmagem em Paulínia, observa a movimentação dos colegas da equipe.

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FOTO 37, ACIMA – APÓS A GRAVAÇÃO DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Terminadas as gravações, Renata Imbriani e André Guerreiro Lopes  (que são os Detetives da História, do The History Channel) fotografam-se com minha tia Jacyra e comigo.

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FOTO 38, ACIMA – APÓS A GRAVAÇÃO DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Meu primo Bruno Martini entre os “Detetives da História” André Guerreiro Lopes e Renata Imbriani. À direita, sentada, Jacyra Souto Martini observa.

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FOTO 39, ACIMA – APÓS A GRAVAÇÃO DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – O veículo que levará a equipe de volta ao Aeroporto de Viracopos, em Campinas.

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FOTO 39-A, ACIMA – APÓS A GRAVAÇÃO DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – O veículo parte, levando a maravilhosa equipe de Detetives da História. Da janela, André Guerreiro Lopes acena, despedindo-se de todos nós.

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FOTO 40, ACIMA – APÓS A GRAVAÇÃO DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Lúcia Helena Souto Martini fotografada pelo primo Francisco Souto Neto no dia memorável da gravação de “Detetives da História”.

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FOTO 41, ACIMA – APÓS A GRAVAÇÃO DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – Depois que os Detetives da História viajam, vamos “raspar” as delícias que Lúcia Helena e Tia Jacyra serviram à equipe.

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FOTO 42, ACIMA – APÓS A GRAVAÇÃO DE “DETETIVES DA HISTÓRIA” EM PAULÍNIA, SP – O papagaio Nicolau retorna ao seu lugar, e fica cantando enquanto Lúcia Helena cuida dele. No dia seguinte, retornei a Curitiba.

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FOTO 43, ACIMA  Abertura de Detetives da História, no The History Channel. A estreia nacional do programa ocorreu no dia 23 de novembro de 2013. As fotos daqui em diante, até à de nº 58,  foram tiradas por Francisco Souto Neto da tela do seu televisor, enquanto o programa transcorria em gravação direta do The History Channel.

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FOTO 44, ACIMA  Apresentadores da programa (os Detetives da História), os ótimos André Guerreiro Lopes e Renata Imbriani.  

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FOTO 45, ACIMA  Cena de André no Museu Nacional, pesquisando a origem do elefante taxidermizado.

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FOTO 46, ACIMA – André começa a falar sobre o português Visconde de Souto, o primeiro banqueiro particular do Brasil, e o programa exibe fotos daquele que criou a primeira “coleção de animais vivos” do país. Era por volta de 1850, e pela primeira vez os fluminenses (e brasileiros) veriam um urso de verdade, um elefante, um leão e outros animais exóticos.

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FOTO 47, ACIMA – O programa mostra vários animais importados pelo Visconde de Souto que, quando morriam, eram taxidermizados e doados ao Museu Nacional. Não há, todavia, registro do elefante, porque o documento de doação se perdeu nos primeiros anos do século XX.

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FOTO 48, ACIMA – A “ménagerie” ou coleção de animais vivos foi instalada na Chácara do Souto. O Visconde abria seu zoológico aos domingos, gratuitamente, que era uma das principais atrações da capital imperial do Rio de Janeiro.

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FOTO 49, ACIMA – Enquanto André fala sobre o banqueiro, o programa vai exibindo fotografias de telas do Visconde de Souto.

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FOTO 50, ACIMA  André Guerreiro Lopes chega a Paulínia, residência de Lúcia Helena, onde foi gravada a nossa entrevista.

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FOTO 51, ACIMA  Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini cumprimentando André Guerreiro Lopes.

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FOTO 52, ACIMA – Durante a entrevista.

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FOTO 53, ACIMA – Cenas de André lendo o que dizem os livros a respeito das doações que o Visconde de Souto fez ao Museu Nacional.

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FOTO 54, ACIMA  Entremeando as palavras de André, são exibidas fotos de quadros a óleo do Visconde de Souto e Viscondessa de Souto.

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FOTO 55, ACIMA – André continua lendo sobre o Visconde de Souto.

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FOTO 56, ACIMA  Prossegue a entrevista.

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FOTO 57, ACIMA  Enquanto transcorre a entrevista, é mostrada a capa do livro original (ainda inédito) da biografia do Visconde de Souto, que se chamará “Visconde de Souto – Ascensão e ‘Quebra’ no Rio de Janeiro Imperial”, obra que no corrente dezembro de 2013 se encontra com o produtor cultural Sr. Ricardo Trento, diretor da Unicultura – Universidade Livre da Cultura, para enquadramento à Lei Rouanet.

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FOTO 58, ACIMA – Fim do programa.

FIM

 

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MINHA PARTICIPAÇÃO EM LIVROS

 

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Livro LUAR DE SANGUE, de Dione Mara Souto da Rosa

 

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 Livro LUAR DE SANGUE

Dione Mara Souto da Rosa

Novo Século - São Paulo (2013)

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Capa: 

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FOTO 60

Página 1:

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Página 3:

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Página 4: 

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Página 5: 

In memoriam de Ivone Souto da Rosa, Edith Barbosa Souto e Dulci Col da Rosa, respectivamente mãe, avó e pai. Três inesquecíveis pessoas que deixaram saudades.

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Página 7

Agradecimentos

 
Especialmente a Francisco Souto Neto, meu tio e padrinho, por sempre acreditar em mim. A minha eterna gratidão ao meu guru literário.

A Lia Helena Shaeffer Salvador, minha mestra - o meu agradecimento pelos ensinamentos no decorrer desse tempo de muito aprendizado.

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Página 13: 

Prólogo 

 

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Página 14:

(O Prólogo continua... no próprio livro)

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2ª orelha:

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2ª capa ou contracapa:


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MINHA PARTICIPAÇÃO EM CONCURSO DE MEMÓRIAS

 

 

O Jornal da AFAB de agosto de 2013 lançou um concurso de contos, “causos” e casos ocorridos no ambiente do Banestado, com o título de MEMÓRIA PREMIADA. Seriam concedidos aos três melhores trabalhos os seguintes prêmios: R$1.500,00 ao 1º colocado, R$1.000,00 ao 2º colocado e R$500,00 ao 3º colocado.

 

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Acima, capa do Jornal da AFAB de agosto de 2013

 

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Acima, na página 9, o regulamento do concurso.

 

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Acima, capa do Jornal da AFAB de dezembro de 2013.

 

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Acima, na página 5, a notícia das premiações do concurso MEMÓRIA PREMIADA:

1ª prêmio a Amaury Ormianin por “VITO PRETO”;

2º prêmio a Francisco Souto Neto por “DURA VIDA DE INSPETOR”;

3º prêmio a Marivoni Zibetti por “LÁGRIMAS DE OURO”.

 

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Acima, na metade inferior da referida página 5, está transcrito o texto 1º classificado. Os 2º e 3º classificados ficaram de ser publicados nas duas edições seguintes do Jornal da AFAB.

 

FOTO 74

Acima, detalhe dos nomes dos três classificados. A caneta aponta o nome do 2º classificado, cujas três participações (sob três diferentes pseudônimos, conforme permitia o regulamento) vão adiante transcritas para conhecimento dos colegas banestadenses e também porque revelam histórias ocorridas no Banestado.

 

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Natalino Sbrana, Fernando Prezutti, Paulino França do Nascimento Neto, Francisco Souto Neto, Newton Barbosa Almada da Silva e Carlos Zatti. 

Acima, a entrega do prêmio a Francisco Souto Neto nas dependências da diretoria da AFAB, estando presentes colegas da diretoria e da comissão julgadora. A partir da esquerda: Natalino Sbrana (Diretor Financeiro), Fernando Prezutti (Presidente), Paulino França do Nascimento Neto (Diretor de Eventos), Francisco Souto Neto (com a outorga do 2º prêmio e o cheque no valor correspondente), Newton Barbosa Almada da Silva (Diretor de Promoção Social) e Carlos Zatti (membro da comissão julgadora).

 

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Adiante, as três participações de Francisco Souto Neto no concurso, e aquela que foi premiada (DURA VIDA DE INSPETOR, pelo episódio “Andirá”):

 

1ª participação:

(Classificada em 2º lugar no concurso, pelo subtítulo “Andirá”)

 

DURA VIDA DE INSPETOR

 

Autor: Francisco Souto Neto

Concorreu com o pseudônimo de Paco Ramirez

 

No começo da década de 70, quando prestei concurso interno para inspetor e tive a felicidade de ser um dos primeiros classificados, eu era funcionário na agência do Banco do Estado do Paraná S. A., o Banestado, em Ponta Grossa, distante cem quilômetros de Curitiba. Chamado a assumir o cargo, viajei à capital para conhecer o chefe dos inspetores, Wilson Ganem, e participei do Curso de Formação de Inspetores na “Casa da Júlia”, apelido carinhoso dado pelos colegas à mansão localizada na Rua Júlia Wanderley, onde eram ministradas as aulas.

Realizei as três primeiras inspeções na companhia de um colega mais velho, que me ensinou a prática e a rotina de trabalho adequadas às nossas funções. Depois disso, passei a viajar quase sempre sozinho. Com um destino secreto determinado na sexta-feira anterior – secreto porque tínhamos que chegar à agência de surpresa – pode-se dizer que meu trabalho se iniciava no domingo. Após almoçar com minha família, eu arrumava a mala e a padronizada pasta de executivo e viajava a Curitiba. Por volta da meia-noite tomava um ônibus-leito para determinada cidade do interior do Estado, e lá, quando necessário, adquiria outra passagem para alguma minúscula localidade onde se encontrava a minha agência de destino.

Apenas as principais estradas do Paraná eram asfaltadas: de Curitiba a Foz do Iguaçu, a Londrina, a Maringá e a Paranaguá. Salvo outras raras e honrosas exceções, todas as demais rodovias eram de terra. Em tempos de seca, amargávamos a poeira, as curvas e os solavancos; em tempos de chuva eram as derrapagens e, não raro, o ônibus encalhado na lama.

 

Catanduvas

 

Ao iniciar quatro narrativas, gostaria de mencionar, na primeira delas, um exemplo de pequena cidade paranaense do início da década de 70, que era servida pelo Banestado. Tratava-se de Catanduvas. De topografia acidentada, a localidade ainda não conhecia vias públicas pavimentadas. Ruas e passeio de pedestres eram de terra contínua e batida. O único hotel da cidade resumia-se a um casarão de madeira, cujo corredor central abrigava quartos em ambos os lados. Ao fundo, localizavam-se as privadas e os banheiros coletivos.

A chegada de um inspetor era sempre uma surpresa desagradável para o gerente. Trabalhei exaustivamente no primeiro dia de inspeção. À tardinha tomei um banho no hotel e jantei num restaurante próximo, onde uma senhora afável preparava alguma refeição decente. Retornando ao hotel, cansado, deitei-me e apaguei a luz. De repente, um susto: na escuridão do quarto, vi brilharem milhares de estrelas por todos os lados. Estrelas grandes, menores, com as luminescências menos ou mais intensas. Seria um sonho? Como explicar o universo iluminado ao redor de todo o quarto? Fascinado com o estranho mistério, aproximei-me das luzinhas e descobri que elas estavam realmente nas paredes, de alto a baixo. Eram... pequenos orifícios. Olhei através de um deles e vi o quarto vizinho, onde era possível observar tudo o que o hóspede fazia. Num lapso de segundo, um insight me fez compreender que as paredes estavam sendo destruídas por cupins e que estes, em seu indiscreto e voraz apetite, faziam desaparecer a privacidade dos quartos e, certamente, punham em risco a integridade dos hóspedes que poderiam ser esmagados pelo colapso das madeiras podres. Se a noite foi desagradável, a descrição das manhãs no hotel não poderia ser feita por outro adjetivo mais adequado. É que na primeira manhã, ainda escuro, começou um ruído que parecia um crescente tropel de poderosa boiada. As estrelas e galáxias das paredes voltaram a iluminar-se, e o universo brilhante mais uma vez se instalou ao redor da minha cama. Levantei-me sem acender a luz e abri a porta para ver a causa do crescente ruído. O tropel era das pessoas que iam e vinham na disputa pelos banheiros e perambulavam procurando a sala do café da manhã.

Naquela cidade eu começava a trabalhar antes da chegada do gerente e dos funcionários, e era o último a sair da agência, lá pelas dez horas da noite, de modo a concluir o trabalho o mais rápido possível e poder retornar à civilização. Aprendi também que, algumas vezes, era preciso ficar hospedado em outra cidade próxima à agência de destino, e todas as manhãs e tardes fazer o percurso de ida e volta, assim garantindo um pouco mais de conforto para a hora do repouso noturno.

 

Joaquim Távora

 

Minha segunda narrativa envolve uma inspeção que fiz em Carlópolis. Para chegar a essa localidade, as rotas dos ônibus intermunicipais eram bastante complexas. Primeiro viajava-se de Curitiba a Londrina em ônibus-leito, e depois em ônibus convencional até Joaquim Távora. Nesta cidade era preciso esperar cerca de duas horas e meia, quando partiria outro ônibus rumo a Carlópolis. Naquela ocasião não levei minha câmera fotográfica e me lamentei disso, porque Joaquim Távora parecia um lugar parado no tempo, pacato e interessante, que bem mereceria algumas fotografias. Enquanto não chegava a hora do meu embarque, comecei a passear pela cidade. Famílias sentavam-se em cadeiras colocadas nas calçadas, encostadas às suas residências, e ficavam olhando o movimento da rua – melhor seria dizer “apreciando a calmaria da rua”. Quando eu passava por essas pessoas e as olhava, elas baixavam os olhos imediatamente, num estranho ato reflexo que talvez fosse de timidez. Observei os detalhes da arquitetura da cidade, um tanto pobres mas não destituídos de beleza. Parei várias vezes para olhar bucólicos quintais com galinhas. Entrei na catedral para apreciar seu interior. Na praça central um homem estava sentado num dos bancos, eu o cumprimentei e lhe fiz algumas perguntas sobre a cidade como, por exemplo, onde se localizava a agência do Banestado. Apenas por curiosidade fui até ao local indicado e observei que aquela agência de Joaquim Távora era uma antiga construção térrea com as janelas do tipo “vitrô” voltadas à calçada. Por um dos “vitrôs” olhei para dentro da agência, vi os funcionários trabalhando e o ótimo movimento de clientes. Voltei à praça principal, agora totalmente vazia, e sentei-me num dos bancos aguardando a hora de ir para a estação rodoviária e embarcar para Carlópolis. Sonolento, fiquei a ouvir o chilreio dos pássaros que suavemente interrompia o silêncio da cidade.

De repente meu mundo de calmaria foi violentamente abalado: um veículo da polícia parou ruidosamente num lado da praça, de lá saltaram vários soldados acompanhados de um cidadão (depois eu soube que se tratava de um advogado) que correram ameaçadoramente em minha direção. Assustei-me, sem entender o que se passava. Mandaram-me acompanhá-los. Espantado, perguntei o motivo e disse-lhes que deviam estar me confundindo com outra pessoa. Responderam que isso seria esclarecido na delegacia. Apresentei-me aos nervosos homens da lei como advogado que sou, e inspetor do Banestado, sem sucesso. Meu bom senso me recomendou acompanhá-los. Compreendi que eu estava detido por algum motivo equivocado. Lembrei-me na hora do livro “O Processo”, de Franz Kafka, que conta a história de um homem que é preso sem saber o motivo, é julgado e condenado à morte... e morre sem saber qual a acusação que pesava contra ele.  Uma vez na delegacia, abriram minha valise e examinaram tudo, peça por peça. Logo chegou o gerente da agência local do Banestado, cujo nome infelizmente não me recordo, mas que foi muito atencioso, acreditando que eu realmente não era quem os demais pensavam que fosse. Mais tarde eu soube que o advogado que acompanhava os policiais foi quem fez a denúncia à polícia, alegando que “um homem andava pela cidade em atitude suspeita, que conversou na praça com um mau elemento e que esteve sondando casas e a agência do Banestado”.

Sem um pedido de desculpas, liberaram-me a tempo de embarcar para Carlópolis, mas posso adiantar que foi uma experiência muito traumática. Dias depois, quando já estava em casa, comprei dois exemplares do referido livro de Kafka; enviei um ao delegado de polícia, e outro ao advogadozinho, pedindo-lhes que lessem e depois doassem o exemplar à biblioteca pública. Em algum local, dentre milhares de documentações, tenho ainda anotados os nomes de ambos. Como consequência do desagradável episódio, durante alguns anos tive a sensação de ter passado por uma estranha cidade onde viviam dois – ou mais – cidadãos primitivos, desconfiados e carentes de civilidade.

 

Toledo

 

Cheguei à cidade de Toledo, próxima a Cascavel, numa manhã de segunda-feira. No sábado seguinte eu seria padrinho de casamento de João Vargas d’Oliveira Júnior, um amigo de infância em Ponta Grossa. À medida em que os meus trabalhos avançavam, comecei a descobrir irregularidades na documentação da agência. Sentado à mesa que ocupei para trabalhar, eu fazia as anotações num papel, que depois comporiam o relatório de inspeção, quando senti uma respiração no meu pescoço. Levei um susto e dei um salto para o lado. Era o gerente com a cabeça quase encaixada no meu ombro e os olhos grudados no que eu anotava no papel. Repreendi-o, dizendo-lhe que ele receberia uma cópia do meu relatório quando estivesse formalmente concluído. Entretanto, à medida em que meu trabalho avançava, encontrei um problema que poderia se constituir na “ponta de um iceberg”. Na sexta-feira resolvi não deixar a agência, temendo que no sábado e domingo alguns documentos pudessem ser subtraídos. Deste modo, trabalhei durante todo o fim de semana, deixando o posto apenas para me alimentar e dormir. Ao final, as irregularidades não eram tão graves, mas perdi o casamento do meu amigo por colocar, como realmente tinha que ser, o interesse do Banestado à frente dos meus interesses pessoais.

 

Andirá

 

Eu e um colega que vou aqui chamar de “João”, fazíamos em conjunto a inspeção na agência de Andirá. Terminamos nosso trabalho numa quinta-feira. Era julho, mas os dias anteriores tinham sido quentes. Porém a temperatura caiu verticalmente naquela data. Eu e João não estávamos com agasalhos suficientes. Enquanto esperávamos pelo ônibus que antes nos levaria a Londrina, meu colega dava longas corridas pela rodoviária aberta, indo e voltando, “para espantar o frio”. Chegamos a Londrina quase congelando, e João me disse que, devido ao frio, ao chegar a Curitiba ele iria dormir pelo resto da manhã para se recuperar, e que só após o almoço, ou no fim da tarde, iria prestar contas com o chefe dos inspetores. Acrescentou: “Em vez de você ficar ‘se matando’ em viagem direta a Curitiba para prestar contas ainda de manhã, desça do ônibus em Ponta Grossa, descanse na sua casa, almoce, e depois disso viaje para prestar contas em Curitiba”.   Gostei da ideia e resolvi que desembarcaria na minha cidade para descansar pelo restante da manhã, almoçar em família, e seguida embarcar para a Capital. Enquanto esperávamos pelo ônibus em Londrina, encontramo-nos com um colega, que vou chamar de “Aparecido”, que terminara uma inspeção numa cidade próxima. Portanto, embarcaríamos os três no mesmo veículo. Ali na plataforma despedi-me dos colegas João e Aparecido, entrei no ônibus e disse ao motorista que eu ficaria em Ponta Grossa na esquina da Rua Balduino Taques com a XV de Novembro, a cem metros da minha residência. Minha poltrona era a primeira no lado das individuais do ônibus-leito, e sobre ela coloquei no bagageiro a minha valise e a pasta de executivo. João escolhera uma poltrona ao fundo, e Aparecido ocupou o lugar atrás de onde eu estava. Iniciamos uma longa e sofrida viagem. Várias vezes o motorista parou o ônibus na estrada e desceu para ir raspar com uma faca o vidro dianteiro, porque ali se formavam cristais de gelo que atrapalhavam a sua visão. Na janela ao lado da minha poltrona também surgiram cristais gelados pelo lado de fora, que tomaram formas arredondadas e sinuosas. A temperatura estava bem abaixo de zero.

Passamos por Ponta Grossa ainda noite, eu peguei a mala e a pasta padronizada de inspetor, desembarquei e em apenas um minuto, tiritando de frio, alcancei o edifício onde residia. Entrei silenciosamente, pois minha mãe dormia em seu quarto com a porta fechada, esquentei um copo de leite e fui para o meu quarto. Tão intenso era o sono que me deitei e adormeci quase instantaneamente.

Foi então que tive um estranho sonho. Sonhei que meu chefe, Wilson Ganem, telefonava para minha casa. Minha mãe atendia ao telefone, vinha ao meu quarto, e me dizia: “Seu chefe telefonou, pedindo que vá imediatamente para Curitiba”. E no sonho eu respondia à minha mãe: “Diga-lhe que estou dormindo e que chegarei somente à tarde”. Despertei no mesmo instante, lembrando-me com clareza do sonho. Ainda não tinha amanhecido. Saí do meu quarto, fui ao da minha mãe, abri cuidadosamente a porta e ouvi que ela ressonava. Voltei à cama e adormeci.

De repente minha mãe abriu a porta e me falou exatamente assim: “Meu filho, seu chefe acaba de telefonar, pedindo que você vá imediatamente a Curitiba”. E eu, ainda tonto de sono, perguntei a ela: “Mas a senhora está me dizendo isso pela segunda vez?”. Minha mãe respondeu: “É claro que estou lhe dizendo isto pela primeira vez. Seu chefe acaba de telefonar e me disse que você desembarcou aqui em Ponta Grossa com a pasta de seu colega Aparecido, e que este ficou com a sua”. Eu não conseguia compreender. Perguntei à minha mãe que horas eram. Respondeu-me: “São nove e meia”. Insisti se ela não teria me dado o mesmo recado antes de amanhecer. Ela me respondeu rindo que eu certamente tinha sonhado, pois recebera o recado uma só vez e naquele exato momento.

O que se passou foi um fenômeno de premonição, tão estranho e raro, que poderia interessar até mesmo aos estudiosos desses eventos. Ou seja, eu sonhei antes do amanhecer com um telefonema que iria ocorrer de fato somente horas depois, às nove e meia da manhã. Fiquei impressionadíssimo por ter sido eu o objeto de um sonho premonitório. Devido a essa estranha experiência, eu iria mudar meu conceito de mundo, com a convicção de que aquela máxima de Shakespeare na tragédia Hamlet era extremamente verdadeira: “há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”.

Tomei um banho rapidíssimo, nem fiz a barba e chamei um táxi para que me levasse a Curitiba – obviamente às minhas próprias expensas. Naquele tempo em que não se conheciam as limitações de velocidade nas estradas, meu táxi “voou” até à capital, onde cheguei observando os telhados brancos que resistiam ao degelo. Era a grande nevada da década de 70. Fui diretamente ao setor de Recursos Humanos do Banestado. O motorista de táxi esperou-me na porta, enquanto subi e pedi o endereço do meu colega João, pois sentia necessidade de contar-lhe o sucedido, e meu estranhíssimo sonho premonitório, antes mesmo de nos encontrarmos com nosso chefe. João residia num bairro distante, e segui no táxi vendo os vestígios da neve por toda parte. Chegando à casa do João, bati palmas e sua esposa atendeu. Identifiquei-me e pedi para falar com ele. A esposa me disse: “Mas o João ainda não chegou. Ele me telefonou dizendo que sairia de Londrina hoje cedo, e que chegando à tarde irá diretamente para a inspetoria”. Fiquei desconsertado, sem compreender imediatamente o que se passava, pois João viajara comigo no mesmo ônibus e teria chegado a Curitiba ao amanhecer. Em segundos compreendi: João não tinha ido para sua residência, mas para a casa da amante, onde ficaria até à tarde. Que susto! Se eu tivesse dito que viajamos juntos durante toda a noite, teria se desencadeado uma séria crise familiar. Porém tivemos um final feliz. Fui à inspetoria, onde eu e Aparecido destrocamos as pastas. Só reencontrei o João muitos anos depois, e discretamente resolvi não tocar naquele assunto.

Dura vida dos inspetores. Pelo sucesso da nossa empresa, entretanto, demos a ela o que de melhor tínhamos. O Banestado se foi para sempre, esmagado pela ganância e desonestidade de alguns e pelos descaminhos da malfadada política de privatizações em níveis estadual e federal pelo Governo FHC, que tanto prejuízo e dor infringiram ao Paraná. Mas todos nós, os funcionários, irmanados pelos nossos próprios ideais, realizamos com galhardia e sinceridade as nossas tarefas, cujos resultados haverão de permanecer indeléveis através do tempo, inscritos nas nossas memórias e corações.

 

- FIM -

 

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2ª participação:

 

O QUE FOI O PROGRAMA DE CULTURA DO BANESTADO

 

Autor: Francisco Souto Neto

Concorreu com o pseudônimo de Velho Companheiro

 

          Após o longo período da ditadura, quando os governadores eram impostos pelo Poder Militar através das “eleições indiretas”, o primeiro eleito no Paraná em sufrágio universal foi José Richa, que assumiu em 15 de março de 1986. Na composição da nova diretoria do Banestado, ele levou Léo de Almeida Neves à presidência da instituição, e indicou seu amigo Octacílio Ribeiro da Silva para o cargo de diretor de Crédito Rural e Agroindustrial. Francisco Souto Neto, que já era assessor daquela diretoria desde os tempos do Governo Jayme Canet Júnior, foi mantido no cargo. Afortunadamente a Carteira Rural, criada por Paulo Schultz Filho, tornara-se um exemplo de trabalho sério e disciplinado, que servia de modelo para inúmeros outros bancos e era respeitada e enaltecida pelo Banco Central do Brasil. Os antecessores de Octacílio Ribeiro naquela diretoria, desde o Governo Canet (Mário Saporiti, Ivo Meirelles de Almeida e Lourival Guebert), tinham sido muito sérios e capazes, e deixaram a diretoria perfeitamente organizada, sem ingerências de políticos, num patamar altamente elogioso.

 

          Era natural que os diretores do primeiro governo eleito pelo povo chegassem desconfiados, imaginando que o Banestado poderia ser um covil de víboras. No primeiro contato com o assessor da diretoria, Octacílio Ribeiro disse: “o senhor fica até que a poeira assente”. Mandou convocar os chefes da Divisão e dos Departamentos para uma reunião “em quinze minutos, sem atrasos”. Nessa reunião o novo diretor esmurrava a mesa com tanta força, que cinzeiros e copos trepidavam. Ele tinha certeza do seu poder e intimidava a todos. Ao assessor Souto Neto falou: “eu sou muito exigente com a Língua Portuguesa”, ao que este lhe respondeu: “Então nós nos daremos bem, pois eu também sou muito exigente com o idioma pátrio”.

 

          Com a passagem do tempo, Octacílio Ribeiro percebeu que a Carteira Rural, como era chamada a sua diretoria, funcionava com a precisão de um relógio suíço, e que todos ali trabalhavam com responsabilidade e presteza. Anos depois o assessor comentou, e isto ficou registrado na imprensa, que aos poucos ele foi descobrindo que por trás do homem carrancudo e furioso existia outro ainda mais forte, dotado de grande cultura e sensibilidade, e pressentiu que aquele diretor combativo poderia apoiar a ideia de direcionar o banco para as causas da cultura com argumentos capazes de convencer os seus demais pares de diretoria.

 

          A primeira ideia partiu de Adão Vilmar de Oliveira, que após a aposentadoria de Paulo Schultz ocupava o cargo de chefe da Divisão de Crédito Rural, e de Elzi Zanotto Hohmann, secretária da diretoria, sugerindo a Octacílio Ribeiro que realizasse uma exposição revelando os artistas plásticos existentes entre os funcionários da empresa. Francisco Souto Neto ampliou a ideia, propondo a criação de um salão de arte que se repetisse anualmente, que seria realizado sem despesas para o banco, porque era possível obter recursos oriundos não apenas da Lei de Incentivo à Cultura, mas também do patrocínio de empresas que seriam beneficiadas com a simples divulgação do evento através da imprensa. Sugeriu ainda que o salão de artes plásticas aceitasse inscrições não apenas de funcionários, mas também de correntistas do Banestado, que fossem artistas em fase de desenvolvimento e que ainda não tivessem recebido prêmios em salões oficiais ou de reconhecido nível, caracterizando-se como “artistas inéditos”. Souto Neto pediu ao diretor Octacílio Ribeiro que obtivesse permissão da diretoria para que Tadeu Petrin fosse autorizado a ajudá-lo na criação do regulamento do certame, que teria o nome de “Exposição de artistas amadores funcionários e clientes do Banestado”. Com a anuência dos demais diretores, o presidente Léo de Almeida Neves autorizou a realização do certame. Posteriormente, na distribuição dos certificados de participação, o nome do evento foi alterado retroativamente para “1º Salão Banestado de Artistas Inéditos”, o SBAI.

 

          O Banestado não tinha um espaço adequado para realizar o evento, por isso a mostra, em novembro e dezembro de 1983, realizou-se no Senac, que cedeu ao Banestado a sala de exposições da sua sede da Rua André de Barros, 750. A inauguração do foi feita por José Brandt Silva, que ocupava o cargo de presidente deixado por Léo de Almeida Neves. O sucesso foi retumbante e todos os jornais de Curitiba, e alguns de Ponta Grossa, Londrina e Maringá, noticiaram o acontecimento, que também repercutiu intensamente nas colunas sociais. Depois disso, na reunião de diretoria com o presidente, todos mostraram-se surpresos com o elogioso marketing realizado ao redor do nome do Banestado. E assim o SBAI continuou se repetindo todos os anos, até 1999, às vésperas da privatização do Banestado, tendo descoberto e projetado miríades de artistas plásticos, muitos dos quais depois tiveram projeção nacional. Em dezesseis anos de retumbante sucesso, a imprensa fez, literalmente, milhares de elogios ao Banestado, que se encontram hoje na internet, digitalizados, uma fonte quase inesgotável de informações, onde nos baseamos para o desenvolvimento deste texto.

 

          No ano seguinte, 1985, o II SBAI ocorreu na Galeria de Arte Banestado, criada por Christóvam Soares Cavalcante, presidente da Banestado Crédito Imobiliário, no andar térreo do prédio que pertencia àquela empresa conglomerada, sito à Rua Marechal Deodoro, 333, mesmo edifício onde funcionava a presidência da BCI. Cavalcanti convidou Vera Munhoz da Rocha Marques para gerir a nova galeria de arte (no que foi ajudada por Clarissa Lagarrigue) que funcionava orientada por um competente Conselho Administrativo. Vera Marques era uma respeitada socialite que, a pouco e pouco, transformou a Galeria Banestado num local de encontro de artistas e intelectuais. Grandes nomes como Poty e Dalton Trevisan, dentre outros igualmente importantes, ali se encontravam para ver as obras de quem estivesse expondo, e ficavam a discutir novidades e tendências culturais.

 

A partir de 1985 o assessor de Octacílio Ribeiro criou a base para a instalação do Programa de Cultura do Banestado. Uma vez mais a ideia foi aprovada por todos os diretores, e Octacílio, por força de uma portaria, recebeu a atribuição de Diretor para Assuntos de Cultura, paralela à de Diretor de Crédito Rural e Agroindustrial.

 

O Programa de Cultura incorporou o Coral Banestado, que já existia numa das empresas conglomeradas, regido por Amoz Camilo dos Santos, a quem deu condições de se expandir e aperfeiçoar, e liberdade para apresentar-se em eventos públicos e cívicos.

 

Constantino Viaro, diretor do Teatro Guaíra, tivera a ideia de dotar cidades do interior do Paraná com teatros, através do seu ambicioso Projeto Barracão. O Banestado apoiou o projeto, acolhendo a sugestão do Assessor para Assuntos de Cultura, que impôs a condição de que aqueles espaços fossem registrados com o nome de “Teatro Banestado”.

 

Em 1986 Francisco Souto Neto propôs a seu diretor a criação do Museu Banestado. A ideia não era nova, pois outros colegas tinham tentado sem sucesso criar um museu, mas colecionavam peças da história da instituição, tais como móveis que foram usados na primeira agência do Banestado, livros das primeiras atas das assembleias, e muitos objetos, documentos e fotografias. Foram eles Emerson Casseb, Sérgio Figueiredo, José Carlos Carreira Pequeno, Wilson Ganem e José Maria Antônio, dentre outros. O apoio de Aroldo dos Santos Carneiro, diretor de Serviços Administrativos, foi também fundamental para o coroamento do projeto. A Comissão de Implantação do Museu Banestado, presidida por Francisco Souto Neto, completou-se com Paulo Schultz Filho, Rosane Fontoura, Rodrigo Otávio Collere de Oliveira e Silmara Krainer Vitta. Segundo o jornal Todos Nós nº 114, de maio de 1987, o Museu Banestado foi inaugurado no dia 13 de fevereiro daquele ano, e Rosane Fontoura tornou-se a primeira administradora. Estiveram na inauguração o governador João Elízio Ferraz de Campos, David Carneiro, Celso da Costa Sabóia, Léo de Almeida Neves, José Brandt Silva e muitas outras personalidades.

 

O Assessor para Assuntos de Cultura do Banestado também editava um livro por mês, de autor paranaense, que era lançado na Galeria de Arte Banestado, assim mesclando a literatura com as artes plásticas. Tudo ocorria sem ônus para o Banestado, que teve a sua imagem pública enaltecida pelos mais importantes jornais, revistas e jornalistas da época. Autores como Sílvio Back, Anita Zippin, Poty Lazzarotto, Alice Ruiz e Helena Kolody ali lançaram livros, mas o Programa de Cultura apoiou principalmente literatos ainda desconhecidos, sem livros editados até então, mas dotados de grande talento e verve literária.

 

O Programa de Cultura do Banestado prestigiava todas as formas da arte: artes plásticas, música, literatura, cinema, teatro. Ao final do governo Richa, Álvaro Dias foi eleito governador. Octacílio Ribeiro, o único diretor do governo anterior mantido no governo eleito, foi convidado para assumir a presidência da Banestado Reflorestadora. Seu assessor Souto Neto acompanhou-o, com a concordância de Álvaro Dias. Para a Secretaria de Estado da Cultura foi convidado René Ariel Dotti. O Paraná iria entrar numa verdadeira “era de ouro” com Dotti capitaneando a cultura do Estado. O Programa de Cultura do Banestado, gerido por Francisco Souto Neto, continuou não apenas sem interrupção, mas ampliou-se. Realizou-se o IV SBAI com sucesso crescente, porém em março de 1988, ao completar um ano o Governo Álvaro Dias, houve uma grande reformulação política em vários níveis. Octacílio Ribeiro “caiu” do Banestado e foi para uma diretoria regional do Banco do Brasil em Curitiba. Terminava assim a parceria de cinco anos entre ele e Souto Neto.

 

Após três dias em meio à “tempestade”, Souto foi chamado pelo vice-presidente do Banestado, Edisson Eleri Faust, que era também presidente da Banestado Crédito Imobiliário, que o convidou a participar da sua assessoria, não mais como assessor pessoal, nem técnico, mas exclusivamente como “Assessor para Assuntos de Cultura”. Faust resolvera não ocupar o seu gabinete de presidente da BCI no 7º andar do prédio sito à Av. Marechal Deodoro, 333 (em cujo andar térreo funcionava a Galeria de Arte Banestado), mas apenas o gabinete de vice-presidente do Banestado no Conglomerado Financeiro à Rua Máximo João Kopp, no bairro de Santa Cândida. Ofereceu então ao Souto Neto o seu gabinete no prédio da BCI, onde estavam locadas a secretária Flávia Moreira Salles e a auxiliar Cecília Maria Palhares.

 

Faust conhecia o Programa de Cultura, pois costumava comparecer a exposições e lançamentos de livros, e deu “carta branca” ao novo assessor para ampliar suas próprias atribuições. A primeira proposição do assessor foi uniformizar os regimentos internos das Galerias de Arte Banestado de Curitiba, Ponta Grossa e Londrina, todas orientadas por conselheiros compostos de personalidades ligadas à vida cultural de cada uma das cidades. Paralelamente, pediu permissão para estudar as possibilidades de inaugurar novas galerias de arte em Maringá e Cascavel.

 

Alguns meses depois, naquele mesmo ano, em meio a uma nova tempestade política, “caiu” Edisson Faust da vice-presidência do Banestado. No fim mesmo dia, Souto Neto foi chamado pelo presidente do Banestado, Carlos Antônio de Almeida Ferreira, para integrar a sua assessoria. “Dr. Almeida”, como passou a ser conhecido, formou uma “dobradinha cultural” com o Secretário de Estado René Ariel Dotti e, nos três anos que se seguiram do Governo Álvaro Dias, o Paraná conheceu um ímpeto cultural jamais antes visto e que nunca mais se repetiria em tal intensidade. O assessor prosseguiu desenvolvendo o Programa de Cultura do Banestado e instituiu um colegiado de experts como componentes de uma “comissão para aquisição de obras de arte”, com o propósito de depurar a compra de telas para as paredes de novas agências. O SBAI – Salão Banestado de Artistas Inéditos chegou a ocupar o lugar do oficial Salão dos Novos (da Secretaria de Estado da Cultura) nos anos em que este entrou em recesso, e pelo seu alto padrão de excelência foi várias vezes comparado ao Salão Paranaense, segundo registros da imprensa da época, agora digitalizados e na internet.

 

Ao terminar o Governo Álvaro Dias, Heitor Wallace de Mello e Silva foi indicado pelo novo governador, Roberto Requião, para assumir a presidência do Banestado. Numa cerimônia realizada no Museu Banestado no princípio de 1991, o novo presidente inaugurou o retrato do seu antecessor Dr. Almeida. Em seu discurso, Souto Neto informou que se aposentaria dentro de três meses e pediu ao novo presidente Dr. Heitor que mantivesse o Programa de Cultura do Banestado, pela importância que tinha o mesmo no cenário paranaense.

 

Ao aposentar-se em junho de 1991, Francisco Souto Neto foi sucedido por Tina Camargo, que ficou somente alguns meses no cargo, tendo sido substituída por Maria Amélia Junginger como Assessora para Assuntos de Cultura. Esta realizou um SBAI – Salão Banestado de Artistas Inéditos e em 1992 aceitou o convite do governador para dirigir o Museu de Arte Contemporânea, tendo sido substituída como assessora por Vera Munhoz da Rocha Marques, que também realizou um Salão Banestado. Contudo, o Programa de Cultura começava a desabar, principalmente porque no ano seguinte o novo presidente do Banestado, Luiz Antônio Fayet, suspendeu os Salões Banestado e pretendeu transformar a Galeria de Arte num espaço para exposições apenas étnicas. Felizmente a imprensa interveio, assim como alguns políticos, explicando a Fayet a importância daquele espaço destinado às artes plásticas. Desgostosa com os retrocessos, Vera Marques aposentou-se e Domício Pedroso ocupou seu lugar, permanecendo no cargo também por pouco tempo. Mais uma mudança durante o Governo Requião afastou Fayet da presidência do Banestado e colocou Domingos T. Murta Ramalho em seu lugar. A esse tempo, a  Galeria Banestado transformou-se em Espaço Cultural Banestado, atendido por Clarissa Lagarrigue.

 

No Governo Jaime Lerner assumiu o posto de responsável pelo novo Espaço Cultural Taís Horbatiuk, que conseguiu realizar o XII e XIII Salões Banestado de Artistas Inéditos e depois foi sucedida por Tânia Dallegrave Góes e Ana Cristina Rank, que inauguraram com sucesso o XIV SBAI em dezembro de 1998. Nesta derradeira edição, foram convidados para atuar como componentes da comissão julgadora Dulce Osinski, Francisco Souto Neto, João Henrique do Amaral, Lirdi Jorge e Nilza Procopiak.

 

Em 2000 o Banestado foi dolorosamente privatizado por Jaime Lerner, na campanha de privatizações do presidente Fernando Henrique Cardoso. Terminava a gloriosa caminhada do Banco do Estado do Paraná, que desde 1928 vinha ajudando a desenvolver e construir o “Estado dos pinheirais”, e que nas décadas de 80 e 90 também impulsionou admiravelmente a cultura do Paraná no seu sentido mais amplo.

 

As novas gerações já não sabem o que foi e o que significou o Banestado. Mas a grandeza e a dedicação dos que trabalharam na empresa com amor e respeito ficarão perpetuadas nos registros jornalísticos para as gerações futuras. Todos, dos diretores aos contínuos, são legítimos representantes da instituição que impulsionou o panorama industrial, agrícola e cultural do Paraná, ajudando a prover o nosso Estado dos alicerces que possibilitaram elevá-lo ao estágio em que ora se encontra, motivo de orgulho dos paranaenses e de admiração e respeito de todos os brasileiros.

 

- FIM -

 

3ª participação:

 

A HISTÓRIA DAS TELAS PERDIDAS DOS PRESIDENTES DO BANESTADO

 

Autor: Francisco Souto Neto

Concorreu com o pseudônimo de Le Lapin Agile

 

O Banco do Estado do Paraná S. A., depois popularizado como Banestado, foi fundado em 1928 por Affonso Alves de Camargo, presidente do Estado do Paraná, que era como se denominava o título do governo estadual na época. Para presidir a nova instituição financeira, Affonso Camargo convidou o coronel Pretextato Pena Forte Taborda Ribas. O banco começou a desenvolver-se, enquanto se sucediam os presidentes, interventores federais de 1930 a 1947, e a partir de 12 de março de 1947, os governadores do Estado do Paraná. Os presidentes do Banestado foram sendo convidados conforme sopravam os ventos da política. O segundo presidente da instituição foi o historiador David da Silva Carneiro (de 1930 a 1932), seguido por Gustavo A. de Carvalho, Bertholdo Hauer, Ivo Abreu de Leão, Rivadávia de Macedo, Arcésio Correia Lima, Felizardo Gomes da Costa, e assim sucessivamente, num total de exatos 40 presidentes de 1928 até o ano 2000.

 

Na década de 40, oito presidentes do Banestado retratados por De Bona – Não se sabe exatamente em que ano, mas durante a década de 40, alguém, cujo nome lamentavelmente se perdeu no tempo, sugeriu ao então presidente do banco que mandasse pintar retratos a óleo dos seus antecessores. A ideia foi aprovada e os trabalhos encomendados ao mais importante retratista da época, Theodoro De Bona. O interventor no Estado do Paraná era Manoel Ribas, que apoiou a preservação da memória dos primeiros presidentes do Banestado e seus sucessores.

De Bona estava com aproximadamente 40 anos e pintou magníficos retratos que enriqueceram uma das paredes da presidência do Banestado.

 

O desaparecimento das telas – Até os primeiros anos da década de 60, os oito retratos foram admirados por quem tinha o privilégio de entrar naquele gabinete. Segundo alguns, numa das mudanças de governo, o novo presidente da instituição bancária, decidido a modernizar o seu ambiente de trabalho, teria mandado retirar os quadros da parede, e a partir de então as pinturas não foram mais vistas. Outros afirmam que quando a presidência do banco mudou-se do histórico prédio da Rua XV de Novembro para o moderno edifício na Rua Monsenhor Celso nº 256, a alguns metros da Praça Carlos Gomes, os quadros não foram para a nova sala ocupada pelo presidente. Seja como for, diz o velho ditado “longe dos olhos, longe do coração”, e assim os funcionários começaram a se esquecer das telas que estariam guardadas em algum depósito.

Na ciranda da vida e da política, sucederam-se governadores e alternaram-se diretores e presidentes do Banestado.

 

Década de 80, o jornal Todos Nós e as telas extraviadas – Exatamente na metade da década de 80, o general João Figueiredo completava a transição entre a ditadura militar e o início da redemocratização. No Paraná José Richa era o primeiro governador eleito por sufrágio universal após o período dos governadores escolhidos pelo Poder Militar. O jornal Todos Nós, de circulação mensal, tornara-se o veículo da divulgação de assuntos envolvendo o Banestado e seus funcionários.

Graças a muitos exemplares que guardei, principalmente da década de 80, foi possível rastrear a história das telas de De Bona, que ficou preservada no Todos Nós nº 111, ano XII, de setembro de 1986, página 10. Na ficha técnica da edição, consta que a referida publicação tinha como coordenador Ricardo de Quadros Cravo, gerente do departamento de marketing João Máximo Salomão Netto, editor Tadeu Petrin, redatores Josiliano Mello Murbach e Silmara Krainer Vitta, fotógrafo Roberto A. Von Der Osten e diagramação do mesmo editor Tadeu Petrin. O título da matéria era “Museu Banestado começa com De Bona”, numa narrativa feita por Francisco Souto Neto, então assessor do Diretor de Crédito Rural e Agroindustrial, e presidente da Comissão de Implantação do Museu Banestado. Segundo o Todos Nós, sabia-se da existência de vários quadros de Theodoro de Bona que retratavam os primeiros presidentes do Banestado, que deveriam estar esquecidos em algum local não sabido da empresa. O Departamento de Patrimônio, que mantinha o controle e o registro das obras de arte, pelo menos oficialmente desconhecia a existência das telas. Rumores alertavam que as obras estiveram guardadas durante muito tempo na casa de máquinas dos elevadores do edifício na Rua Monsenhor Celso que, por muitos anos, abrigou a diretoria e alguns órgãos da Direção Geral do Banestado. Possivelmente ao final de alguma gestão, ou talvez com a transferência ou aposentadoria dos funcionários que tinham conhecimento de tais obras, ficaram elas esquecidas e abandonadas à sua própria sorte.

Ao ser inaugurado o Centro Administrativo Banestado no bairro de Santa Cândida, em 24 de novembro de 1978, os diversos setores foram sendo aos poucos transferidos para o novo endereço. Providencialmente, as oito telas de De Bona também tinham sido enviadas para lá, acondicionadas numa grande caixa de papelão, mas sem maiores referências, e ficaram sem identificação em algum depósito.

 

O achado em 1986 e o estado das obras – Segundo a reportagem do Todos Nós, no começo de 1984 Tadeu Petrin, da Coordenadoria de Marketing, teria comentado com Francisco Souto Neto, assessor da DCRER e também assessor para Assuntos de Cultura, que as telas talvez estivessem na caixa-forte da empresa conglomerada BABS. Souto pediu a Petrin que procurasse averiguar. Este fez uma pesquisa visual que resultou infrutífera.

No dia 12 de junho de 1986 – coincidentemente véspera do aniversário de Theodoro De Bona – um funcionário da BABS, Otto Florentino, mexendo ao acaso em velhas caixas de papelão no depósito do seu setor de trabalho, encontrou as oito telas. Identificando-as e presumindo seu alto valor, comunicou o fato ao Dr. Reis, presidente da BPDS, que mandou levá-las para seu gabinete com o propósito de salvá-las do abandono. Diz a reportagem que logo a notícia chegou aos ouvidos de Francisco Souto Neto que, como presidente da Comissão de Implantação do Museu Banestado, requisitou-as para comporem o acervo do futuro museu, no que foi prontamente atendido pelo Dr. Reis. As telas estavam danificadas, algumas furadas e outras rasgadas, e várias molduras quebradas, faltando-lhes pedaços.

As obras não estavam catalogadas porque, obviamente, delas não se tinha conhecimento oficial. O Departamento de Patrimônio, que mantinha rigoroso controle e documentação fotográfica das obras de arte do Banestado, não sabia da existência das telas de De Bona porque há mais de duas décadas estavam elas relegadas ao esquecimento. Se houve insensibilidade neste episódio, melhor seria atribuí-la aos fantasmas do passado, naquele momento em que um presidente do Banestado, mandando retirá-las da parede, condenou-as ao olvido.

Ao Todos Nós de setembro de 1986, Souto Neto declarou ao final da reportagem: “O estado atual das telas demonstra o alto grau de ignorância, e a falta de educação e respeito das pessoas em relação às obras de arte. Resta, entretanto, a satisfação que estou tendo pela oportunidade de resgatá-las do abandono e do esquecimento aos quais estiveram relegadas nas últimas décadas, e pela possibilidade de expô-las permanentemente ao público, através do futuro Museu Banestado”.

 

Restauração e repercussões – Os trabalhos de restauro das pinturas foram entregues à professora Maria Ester Teixeira Cruz, do ateliê de restauros do Solar do Barão, que fez a substituição dos chassis infestados de cupins, nivelamento das telas, reentelamento devido ao descolamento de camadas das pinturas, limpeza, retoques e camadas de proteção, sem falar na recuperação de diversos furos e rasgões que as obras apresentavam. Também as molduras foram reconstituídas, limpas e pintadas.

Absolutamente todos os jornais de Curitiba comentaram o resgate das telas pelo Banestado, e os principais articulistas referiram-se elogiosamente aos acontecimentos: Aramis Millarch em sua coluna diária Tabloide, do jornal O Estado do Paraná, David Carneiro em sua coluna também diária Veterana Verba, na Gazeta do Povo, e muitos outros. Observando o entusiasmo da diretoria com o marketing favorável que a imprensa fazia ao redor do acontecimento, o assessor Souto Neto sugeriu ao seu diretor completar a galeria de retratos pintados de todos os ex-presidentes do Banestado, até Léo de Almeida Neves, que era o antecessor do então atual Nicolau Elias Abagge. A ideia foi aprovada e Souto Neto começou a pesquisar quais seriam os retratistas que dariam sequência à obra iniciada por De Bona. A escolha recaiu sobre Antonio Macedo (autor dos retratos, no Palácio Iguaçu, de sete governadores do Paraná), e Vilmar Lopes, um jovem e promissor artista plástico.

 

A inauguração do Museu Banestado – É ainda o Todos Nós que preserva a história da inauguração do nosso Museu, na sua edição nº 114 de maio de 1987, em reportagem intitulada “Inauguração do Museu Banestado marca o início da preservação”. Originalmente instalado no 11º andar do edifício sito à Rua Monsenhor Celso nº 151, constava de três salas para exposição do acervo, e uma para mostras temporárias. Registra em seu segundo parágrafo: “O acervo começará pequeno e singelo, mas caberá ao seu Conselho Administrativo e à gerente do Museu, Rosane Fontoura, traçar diretrizes e planos quanto à ampliação desse acervo, projetar exposições e mostras temporárias, dimensionar as suas atividades e eventos culturais e trabalhar pela sua ampliação no 12º andar, dotando-o de um pequeno teatro e biblioteca, transformando o local em ponto de encontro da intelectualidade paranaense. Desde a sua inauguração o Museu exibe em sala especial roupas e objetos pessoais que pertenceram a Benjamim Constant, e que fazem parte do acervo do historiador David Carneiro, por este emprestados ao Museu Banestado”. A maior atração foi a galeria dos ex-presidentes, que magnetizava as atenções de todos. Artistas contemporâneos também doaram obras para o acervo do Museu, dois deles vencedores de Salões Banestado de Artistas Inéditos, que foram Rubens Faria Gonçalves e Jandira Martini. Ficou ainda o registrado no Todos Nós que o Museu Banestado instituiu uma cerimônia que se tornou tradição a cada mudança de titular da presidência do Banestado. Assim, Nicolau Elias Abagge presidiu o banco de 1º de janeiro de 1986 a 16 de março de 1987, quando transmitiu o cargo ao novo presidente João Carlos Finardi. Foi então pintado o retrato de Abagge, que Finardi inaugurou no último dia de agosto do mesmo ano. Essa cerimônia reuniu enorme número de políticos de partidos diferentes, até mesmo um ex-governador.

 

De 1987 a 2000 – Finardi presidiu o Banestado de 17 de março de 1987 a 30 de março de 1988, e seu sucessor foi Carlos Antonio de Almeida Ferreira que em novembro inaugurou o retrato do antecessor. A solenidade foi um marcante acontecimento com políticos, intelectuais e funcionários do banco, repercutindo em todos os jornais e revistas. As cerimônias das inaugurações dos retratos continuaram ocorrendo de administração para administração. Agora instalado no 2º andar da histórica agência da Rua XV de Novembro nº 340, o Museu estava administrado por Maria Lúcia Gomes. Heitor Wallace E. de Mello e Silva sucedeu a Almeida Ferreira, depois assumiram respectivamente Sérgio Elói Druszcz, Norton Macedo Correia, Luiz Antônio de Camargo Fayet e Domingos Tarço Murta Ramalho. A este momento, o Banestado encontrava-se prestes a sucumbir, ferido de morte por aqueles que o exauriram com má gestão, vilipendiaram e roubaram. Os dois últimos presidentes do Banestado, Manoel Campinha Garcia Cid e Renhold Stephanes, não chegaram a ser retratados...

 

Um salto no tempo – A história das telas não termina aqui e, infelizmente, não teve final feliz. Aprendemos, duramente, que nada é para sempre, e nem mesmo o glorioso Banestado, forte e sério, resistiria aos assaltos que os corruptos lhe infringiram, e à dureza e insensatez da política de privatização do governo estadual aliado ao federal. Acabou-se o Banestado e também o seu museu que era o depositário do nosso passado e nossas lembranças. Quando o Banestado foi comprado por preço aviltante pelo Banco Itaú em 17 de outubro de 2000, o Paraná cobriu-se de luto.

Qual teria sido o destino do acervo do Museu Banestado, que foi formado por doações de funcionários, ex-funcionários e de outros cidadãos sem qualquer vínculo com o banco, mas que desejavam ver aqueles objetos preservados num museu? Uma pesquisa na internet permitiu-nos reconstituir os prováveis caminhos percorridos pelo acervo do nosso Museu ao longo dos últimos treze anos, até o corrente 2013. Ademais, lembremo-nos de que o acervo do Museu seria insignificante se comparado à totalidade do acervo do Banestado, este não menos do que monumental e simplesmente incalculável. E tudo se foi de roldão.

Em princípio o Banco Itaú pretendeu entregar ao Paraná o acervo de arte do Banestado em comodato pelo prazo de dez anos. Isto significaria “emprestar” as obras ao Estado durante uma década, e depois tomá-las a si e fazer delas o que bem entendesse. A intectualidade paranaense protestou fortemente para que as obras de arte permanecessem para sempre no Paraná, e o Itaú, por fim, decidiu doar o acervo ao nosso Estado.  O idealizador do Museu Banestado sugeriu que o acervo deste, por ser constituído de objetos exclusivamente doados, fosse devolvido aos  doadores. O Itaú desconsiderou a ideia.

A cerimônia da entrega do acervo foi feita no Palácio Iguaçu e entendeu-se que o NovoMuseu o receberia. NovoMuseu (assim mesmo, ambas as palavras juntas) foi o nome dado à instituição por Jaime Lerner, que inaugurou a obra nos estertores do seu governo. Alguns dias depois, o novo governador Roberto Requião alterou o nome para Museu Oscar Niemeyer, hoje popularmente conhecido como “Museu do Olho”.

Porém o ex-NovoMuseu recebeu apenas as obras (mas não todas!) de artistas mais contemporâneos, ao passo que as de autores anteriores à década de 60 iriam para o Museu de Arte do Paraná, e as peças com sentido histórico seriam destinadas ao Museu Paranaense. Passaram-se os anos e os acervos, tanto do Banestado quanto o do Museu, não mais foram vistos.

 

Indagações em 2013 – É possível encontrar na internet o endereço certo para se conhecer em profundidade a história do Museu Banestado, desde a sua criação, ilustrada com recortes de jornais da época. Há fotografias da inauguração do museu e dos quadros de todos os presidentes do Banestado, recortes das campanhas para as doações, o cartaz-convite para o ato inaugural, comentários da imprensa, elogios, críticas, passando pelas várias solenidades que lá se realizaram. A partir do ano 2000 há recortes sobre os desenganos do Governo Lerner e o “escândalo Banestado”, com o link que leva ao extenso Relatório da “CPI do Banestado”. Essa página sobre o Museu Banestado alcança o ano de 2013 e se encerra com notícias ainda correntes e indagações que deixam em aberto o assunto do infortúnio do Banestado e seu museu. Este não é assunto encerrado, pois há muitas perguntas que ainda terão que ser respondidas.

 

O endereço para pesquisa – Basta escrever em “Pesquisas Google” as seguintes palavras: “expressão & arte” + “galeria de todos os presidentes do banestado”. Assim mesmo, entre aspas e letras minúsculas, com o sinal de “mais” entre as duas frases... e sem errar nenhuma das letras. Feito isto, o Google levará o interessado ao seu destino, que é conhecer algumas curiosidades, certos detalhes e muitas pendências que ainda pesam sobre o Museu Banestado e o acervo de arte do próprio Banco do Estado do Paraná.

Tudo isso envolve a história pessoal de cada um de nós, afabeanos e ex-funcionários daquela querida instituição, e reforça o nosso desejo coletivo de fazer com que recordações possibilitem que as pequenas histórias do Banestado se tornem História do Paraná e se perpetuem para muito além das nossas simples e passageiras existências.

 

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JORNAIS DE PETRÓPOLIS SOBRE MEU TIO-AVÔ, O “ANJINHO DE PETRÓPOLIS”

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

CONHEÇA O ANJINHO DE PETRÓPOLIS por Aline Rickly

Conheça o Anjinho de Petrópolis

 por Aline Rickly

 

Tribuna de Petrópolis - Domingo, 17 de novembro de 2013 - Ano CXII - Nº 34.

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Conheça o Anjinho de Petrópolis

 por Aline Rickly 

 

Página de capa:

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Foto Aline Rickly. 


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Acima, a página 3 inteira, tal como foi publicada pela Tribuna de Petrópolis.

 

Conheça o Anjinho de Petrópolis

Aline Rickly

 

Uma cena que está se tornando cada ano mais comum no Cemitério Municipal vem despertando a atenção e curiosidade dos petropolitanos. Os visitantes que passam pela sepultura 685 se surpreendem ao se deparar com uma grande quantidade de brinquedos espalhados (mais de uma centena entre carrinhos, bolas e bonecos, além de flores e moedas) por um túmulo de aproximadamente 1 metro de comprimento. A campa pertence a Francisco José Alves Souto Filho, que morreu aos 3 meses, no dia 9 de abril de 1872, e está sendo cultuado por petropolitanos que dizem que o menino é um santo milagreiro. A criança ganhou o apelido de Francisquinho ou Anjinho Petropolitano, por causa da imagem de um anjo que está colocada em cima do túmulo, e é neto do Visconde de Souto, um dos amigos mais próximos de D. Pedro II.

 

De acordo com relatos de pessoas que acreditam no poder da criança, a cada milagre realizado, um brinquedo é colocado em cima da campa. Se esta informação for levada em conta, nos últimos tempos mais de 100 pedidos foram atendidos pelo menino. Embora o culto aos santos de cemitério seja alvo de discussões que envolvem a fé, espiritualidade e religião, inúmeras pessoas continuam acreditando no poder da criança de conceder milagres. Há dois meses, Sebastiana dos Santos, que trabalha na limpeza do cemitério há mais de 13 anos, fez um pedido para o menino. “Pedi que meu filho, que tem problemas com álcool, parasse de beber, e ele já parou”,disse ela, que, como forma de agradecimento, deixou um brinquedo em cima do túmulo.

 

A procura pela campa de Francisquinho também está cada vez mais frequente. Embora seja no Dia de Finados que receba o maior número de visitantes, nos dias normais também tem gente procurando por ele. “Sempre tem pessoas perguntando onde está o anjo que faz milagres”, contou Anézia Faria, que também trabalha no local.

 

Segundo Marisa da Silva Gomes, chefe do Arquivo Histórico, da Biblioteca Municipal de Petrópolis, a história dos milagres começou quando um senhor, que era responsável pela limpeza das sepulturas, fez um pedido para curar a úlcera. “Ele foi atendido e começou a contar para as pessoas, que passaram a acreditar e sempre que um milagre é concedido deixam um brinquedo para o menino”, disse.

 

O filho do senhor que limpava as sepulturas, atualmente encarregado da mesma função, não quis se identificar, mas contou que o pai, falecido há 8 anos, realmente contava esta história. “Eu acho que era loucura”, criticou. Ele relatou que o pai encontrou a sepultura abandonada há mais de 30 anos e, desde então, se responsabilizou por limpar e cuidar dela. “Depois que ele morreu, a responsabilidade passou para mim”,revelou.

 

Registros históricos afirmam que o casal não teve filhos

 

Segundo registros históricos, Francisco José Alves Souto, filho do Visconde de Souto (Antônio José Alves Souto), casou-se pela primeira vez com Maria Luísa de França e Silva, mas não teve filhos. Apenas com a segunda esposa, chamada Maria Lapa de Salles Oliveira, é que teve cinco filhos.

 

A informação pode ser contraditória, pois no túmulo de Francisquinho consta que Maria Luiza era sua mãe. Curiosamente, na certidão de óbito da criança, que está na Catedral São Pedro de Alcântara, está registrado apenas o nome do pai. “Francisco morava no Rio de Janeiro e não sabemos por qual motivo ele estava em Petrópolis”, contou Marisa.

 

O pesquisador Lauro de Sá contou que a placa do túmulo é recente, no sentido que deve ter sido colocada há uns 20 anos, e que considera intrigante o fato de não constar o nome da mãe na certidão. Ele também acredita que há possibilidade de Maria Luísa ter sido moradora de Petrópolis e que o filho tenha nascido na cidade. “O pai do Francisco, o Visconde de Souto, era um dos melhores amigos de D. Pedro II e por isto era normal que a família visitasse a cidade com frequência, o que pode ter sido uma forma dele ter conhecido a Maria Luísa aqui. Naquela época, não era comum viajar com crianças pequenas porque a viagem do Rio de Janeiro até Petrópolis era muito longa”, acrescentou.

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Lúcia Helena Souto Martini, sobrinha-neta de Francisco José Alves Souto Filho, o Anjinho de Petrópolis.
 

Durante a apuração da matéria, a equipe da Tribuna encontrou o bisneto de Francisco José Alves Souto, chamado Francisco Souto Neto, que reside em Curitiba. Ele está trabalhando em uma biografia que conta toda a história de seu trisavô, o Visconde de Souto. “Pesquisei mais de 600 títulos junto com minha prima Lúcia Helena Souto Martini, filha de Jacyra Souto. Em todos os registros, a informação é de que no primeiro casamento meu bisavô não teve filhos”, contou ele, que ficou sabendo sobre a história do Francisquinho através da equipe de reportagem da Tribuna.

“Meu bisavô é uma figura nebulosa na nossa história familiar”, revelou. Além disso, ele ressaltou que cinco gerações são um período considerável para que muitas informações a respeito da história dos familiares se percam. O livro escrito pelos primos, composto por 317 páginas, está aguardando patrocínio para ser publicado, mas antes disso, Francisco assegurou que, com essa informação sobre a criança, irá ter que rever o capítulo em que fala do seu bisavô. “Certamente teremos que alterar este item, atualizando os dados. Fico muito feliz que esse pequeno petropolitano não tenha caído no esquecimento e, de certa maneira, renasce na memória de todos encontrando a perpetuidade merecida através dos prodígios da fé”, enfatizou.

Sobre o falecimento do bisavô, ele disse não ter muita informação, mas acredita que ele tenha morrido com febre amarela. “Também não sei onde ele e Maria Luísa viviam e nem onde foram sepultados”, contou.



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Francisco Souto Neto, sobrinho-neto de Francisco José Alves Souto Filho, o Anjinho de Petrópolis.

 Francisco ressaltou que há falta de informações sobre o primogênito do seu bisavô e é justamente porque o casal morreu muito cedo. "Ao casar-se com Maria da Lapa e ter formado numerosa família,os laços com Francisquinho foram esquecidos pelas gerações que se seguiram". Em contato com a administração do Cemitério Municipal, informaram que os registros antigos não foram digitalizados e que não era possível conseguir a informação até o fechamento da edição.

 

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No lugar da fotografia, o jornal publicou o esquema da ancestralidade de Francisco Souto Neto, ligando-o ao "Francisquinho" (o Anjinho de Petrópolis) e ao Visconde de Souto.

 Também não foi possível identificar o local em que Francisquinho nasceu, já que o hospital mais antigo da cidade, o Hospital Santa Teresa, foi fundado em 1876, quatro anos, após o nascimento da criança. Desta forma, se o nascimento dele aconteceu em Petrópolis, presume-se que possa ter sido através de uma parteira ou em uma casa de saúde que existia na época, da qual não se possui mais informações.

 

Bispo vai pesquisar a história do menino

 

De acordo com o bispo dom Gregório Paixão, o caso deve ser estudado com profundidade e prudência, para que não caia no misticismo. “Tive um pequeno conhecimento sobre o assunto no Dia de Finados, mas preciso conhecer a história a fundo”, ressaltou. Sobre a possibilidade de que Francisquinho possa ser canonizado, ele destacou que é um grande processo até chegar a esse ponto. “Se for verdade que a cada milagre concedido, um brinquedo é depositado no túmulo dele e, se tem mais de 100 brinquedos, realmente é um caso impressionante e vamos avaliá-lo. Tem que ser feito um estudo para saber sobre os milagres que ele fez. Sendo coisas excepcionais vale a pena aprofundar os estudos. Vou pedir uma investigação sobre o assunto a paróquia do Sagrado Coração de Jesus, que fica próxima ao cemitério”, garantiu.

 

Dom Gregório explicou que os santos milagreiros são intercessores de Jesus Cristo, sendo assim, eles auxiliam os pedidos; “O que acontece, na verdade, é que as pessoas pedem o milagre a Jesus, por intercessão da criança”.

 

Família Souto

 

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Requerimento dirigido em 19.2.1868 ao Vigário Capitular do Rio de Janeiro, por Francisco José Alves Souto, pedindo permissao para realizar seu casamento com Maria Luíza de França e Silva na capela particular de seus pais, o Visconde e a Viscondessa de Souto. (Documento original pertencente ao acervo da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro).

 Francisco José Alves Souto, pai de Francisquinho, nasceu em 20 de março de 1846, no Rio de Janeiro e morreu em 1890, aos 44 anos. Não se sabe exatamente o dia e o mês de sua morte, nem as causas. Ele foi o sexto filho de Antônio José Alves Souto, o Visconde Souto, que nasceu em Portugal, em 28 de março de 1813 e morreu em 14 de fevereiro de 1880. O Visconde foi fundador da Casa Souto, uma das mais importantes instituições financeiras do país, no século XIX que teve sua fase de prosperidade durante o bom período da produção cafeeira.

 Antônio trabalhou na Corte como corretor de títulos e de outros valores. Segundo os registros, ele tinha título de nobreza e gozava de muito prestígio junto à colônia portuguesa fluminense.

 Em 1857, com a crise do café, a casa entrou em crise, com quedas acentuadas nas exportações e nas cotações dos preços do café no mercado mundial.

 Mesmo após ter conseguido inúmeros empréstimos com o Banco do Brasil, a Casa Souto acumulou uma dívida de 22 mil contos de réis, o que correspondia à metade do capital do Banco do Brasil, o que tornou impossível conseguir o dinheiro para pagar as dívidas.

 A falência da Casa Souto foi responsável, em 1865, por uma queda comercial, baixa do câmbio e dos valores dos imóveis, decesso das ações de companhias e elevação do preço da moeda de ouro.

 

Santos de cemitério

 

Em Petrópolis, Francisquinho é o primeiro cultuado pela população e dito como santo de cemitério, mas pelo país afora é possível encontrar outras pessoas que morreram e fazem milagres. Segundo Lauro, esta é uma forma simples e popular de santificar determinadas pessoas a partir do culto e da reverência de sua sepultura. De acordo com ele, existem casos em que um santo de cemitério acaba sendo reconhecido no Vaticano. Um exemplo é o menino paulista Antônio da Rocha Carmo, que nasceu em 1918 e faleceu aos 12 anos de idade. Ele passou a ser reconhecido como Santo Antoninho, o Santo do Povo, e seu processo de beatificação foi aberto em 2007. O pesquisador citou outros casos, como o da Maria Degolada, uma jovem que foi assassinada pelo namorado em novembro de 1889, e o da Odetinha, que morreu vítima de uma doença infecciosa de origem bacteriana. O processo de beatificação e canonização de Odetinha foi aberto em janeiro pela Arquidiocese do Rio.

 

Aline Rickly

 

Redação Tribuna

 

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domingo, 1 de dezembro de 2013

NO TÚMULO DO ANJINHO, MOEDAS QUE NINGUÉM TIRA por Aline Rickly

No túmulo do Anjinho, moedas que ninguém tira

por Aline Rickly

 

Tribuna de Petrópolis – Terça-feira, 19 de novembro de 2013 – Ano CXII – nº 35.

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 No túmulo do Anjinho, moedas que ninguém tira

por Aline Rickly

 Página de capa:

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 Página 3 fotografada no monitor do computador (versão digital da Tribuna): 

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Link da edição digital:

http://www.tribunadepetropolis3.hospedagemdesites.ws/Tribuna/index.php/capa-cidade/4751-no-tumulo-do-anjinho-moedas-que-ninguem-tira

Criado em Terça, 19 Novembro 2013 08:30

FOTO 88

 


Foto: Alexandre  Cari

No túmulo do Anjinho, moedas que ninguém tira
Aline Rickly

A história sobre o Francisquinho, apontado como santo milagreiro do Cemitério Municipal, gerou uma série de dúvidas sobre a veracidade do assunto e o fato da criança estar sendo cultuada na cidade. Um dos questionamentos é a respeito dos brinquedos que são colocados na campa. No Facebook da Tribuna, inúmeras pessoas sugeriram que fossem doados a instituições carentes e outras criticaram o culto à criança. A questão será fruto de um estudo aprofundado feito pelo bispo dom Gregório Paixão.

 “Vamos analisar o caso com procedência para que não caia no misticismo”, destacou o bispo, que considerou a história impressionante, já que a cada milagre concedido um brinquedo é colocado na campa, onde existem mais de 100, entre carrinhos, bolas, bonecos e caminhões. O bispo explicou que os santos milagreiros são intercessores de Jesus Cristo, ou seja, auxiliam os pedidos. Entre os brinquedos, é possível encontrar alguns que já não são fabricados mais, como um Mustang de ferro, da década de 70. Ontem pela manhã, alguém havia acendido velas para o menino. Na campa, também há vaso de flores, uma maçã e moedas.

 O filho do senhor que limpava as sepulturas, há mais de 40 anos, não quis se identificar mas contou que, desde 1994, ajudava o pai a cuidar da sepultura. Desde que o pai morreu, há oito anos, ele ficou encarregado de limpar a campa. Ele disse que lava o mármore com água e cloro três vezes por ano, quando também avalia o estados dos brinquedos, que se deterioram com o tempo. Ele revelou que os que estão em pior estado são jogados no lixo. “Sem contar que tem muitos cachorros no cemitério que destroem os brinquedos”, disse.

 Sandra Costa trabalha há 22 anos na limpeza do local e contou que não acredita que um bebê morto aos 3 meses possa ser um santo milagreiro. “Sou evangélica, faço meus pedidos direto a Deus”, disse ela, que contou também que ouve esta história do anjinho desde que começou a trabalhar no cemitério. “O baiano, que era o responsável por limpar o túmulo da criança, contava sempre essa história. E as pessoas não só acreditam como respeitam os brinquedos e não mexem neles”, destacou.

 FOTO 89

 

 


Francisco Souto Neto, bisneto do pai do Francisquinho, escreveu a biografia de seu trisavô, o Visconde de Souto. / Foto: Arquivo Pessoals.

 

 Pais do anjinho podem ter vivido em Petrópolis.

 

Francisco Souto Neto, bisneto do pai do Francisquinho, escreveu a biografia de seu trisavô, o Visconde de Souto, junto com sua prima Lúcia Helena de Souto Martini. O livro ainda não foi publicado por falta de patrocínio e tem 317 páginas. Eles pesquisaram mais de 600 obras e, segundo Francisco, os filhos do Visconde casaram-se todos na capela particular da Chácara do Souto, a residência oficial da família, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. “Se a criança morreu em 1872, meu trisavô já não era mais milionário, pois a Quebra do Souto aconteceu em 1864”, revelou. A Casa Souto foi uma das mais importantes instituições financeiras do país, no século XIX e teve sua fase de prosperidade durante o bom período da produção cafeeira.

 Sobre o possível nascimento da criança, Francisco acredita que é possível que o bisavô tenha conhecido a Maria Luiza, mãe do Francisquinho, em Petrópolis. “Outra hipótese é que ela fosse carioca e o casal tenha se mudado para a Cidade Imperial, onde meu bisavô veio trabalhar, talvez a convite de algum dos antigos e influentes amigos do visconde. Certamente, após perder a família, esposa e filho, meu bisavô voltou para a região do Vale do Paraíba, mais especificamente Jacareí, onde conheceu a Maria da Lapa, minha bisavó”, disse. Quando se refere aos influentes amigos, Francisco rememora que o Visconde de Souto era um dos amigos mais próximos de D. Pedro II.

 Francisco encontrou em seu arquivo um documento, datado de 19 de fevereiro de 1868, no acervo da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro, que representa um pedido de licença para que o casamento entre Maria Luiza e seu bisavô acontecesse na capela particular do Visconde de Souto. “O que significa que o primogênito nasceu somente três anos após o matrimônio, em 1872”, concluiu.

 Aline Rickly

Redação Tribuna 

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Vide reportagem anterior, "Conheça o Anjinho de Petrópolis", no seguinte link:

http://viagenseopinioes.blogspot.com.br/2013/11/c-onheca-o-anjinho-de-petropolis-por.html 

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FOTOGRAFIAS FEITAS DA TELA DO COMPUTADOR :

    ABAIXO, DUAS MATÉRIAS PUBLICADAS EM 2013 PELO JORNALISTA AROLDO MURÁ, SOBRE FRANCISCO SOUTO NETO.


FOTO 89 A



FOTO 89 B



FOTO 89 C



FOTO 89 D



FOTO 89 E




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FOTOGRAFIAS

 

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FOTO 90 – Eu e meu amigo Rubens Faria Gonçalves passamos o réveillon em Caiobá com nossos respectivos cachorros Paco e Tibério.

FOTO 91 – Passeios por Caiobá.

FOTO 92 – Passeios por Caiobá.

FOTO 93 – Passeios por Caiobá.

FOTO 94 – Passeios por Caiobá.

FOTO 95 – Passeios por Caiobá.

FOTO 96 – Passeios por Caiobá.

FOTO 97 – De volta a Los Perros (apelido do apartamento), Tibério diverte-se em estourar as bexigas.

FOTO 98 – Tibério diverte-se em estourar as bexigas.

FOTO 99 – Tibério diverte-se em estourar as bexigas. Note-se que tirei a fotografia no exato momento em que ele salta (pela sombra vê-se que as pernas traseiras estão no ar) tentando pegar as bexigas.


FOTO 100 – Paco espreguiça para a frente...

FOTO 101 – ...e para trás.




FOTO 105 – Anoitece em Caiobá. No dia seguinte retornamos a Curitiba.

FOTO 106 – Abre uma “hata” (dama-da-noite).

FOTO 107 – Fotografei de perto o complexo e belíssimo pistilo da flor.

FOTO 108 – Como sempre fazia minha mãe, colhi a flor e levei-a ao retrato de meu pai.

FOTO 109 – A flor sobre o piano.

FOTO 110 – Dia do 10º ANIVERSÁRIO do Paco.

FOTO 111 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 112 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 113 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 114 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 115 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 116 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 117 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 118 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 119 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 120 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 121 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 122 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 123 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 124 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 125 – 10º aniversário do Paco.

FOTO 126 – O Paco com seus brinquedos.

FOTO 127 – O Paco com seus brinquedos.

FOTO 128 – O Paco com seus brinquedos.

FOTO 129 – O Paco com seus brinquedos.

FOTO 130 – O Paco com seus brinquedos.

FOTO 131 – O Paco com seus brinquedos.

FOTO 132 – O Paco com seus brinquedos.

FOTO 133 – O Paco com seus brinquedos.

FOTO 134 – O Paco com seus brinquedos.

FOTO 135 – O Paco com seus brinquedos.

FOTO 136 – Mas o Tibério, convidado para a festa, também brinca!

FOTO 137 – Minha vizinha Tânia Maria Schaykoski vem à minha sacada para apreciar a “hata” que floriu naquela noite.

FOTO 138 – A visita de Tânia Maria Schaykoski.

FOTO 139 – A visita de Tânia Maria Schaykoski.


 
FOTO 140 – Paco nas suas vasilhas de comida.

FOTO 141 – Eu e Rubens vamos passar uns dias em Los Perros, em Caiobá, levando nossos respectivos cachorros: os perros Paco e Tibério.

FOTO 142 – Passeio ao chamado “Pico de Matinhos”.

FOTO 143 – Passeio ao chamado “Pico de Matinhos”.

FOTO 144 – Passeio ao chamado “Pico de Matinhos”.

FOTO 145 – Passeio ao chamado “Pico de Matinhos”.

FOTO 146 – Passeio ao chamado “Pico de Matinhos”.
FOTO 147 – Passeio ao chamado “Pico de Matinhos”.

FOTO 148 – Passeio ao chamado “Pico de Matinhos”.

FOTO 149 – Passeio ao chamado “Pico de Matinhos”.

FOTO 150 – Passeio ao chamado “Pico de Matinhos”.

FOTO 151 – Passeio ao chamado “Pico de Matinhos”.

 FOTO 152 – Passeio ao chamado “Pico de Matinhos”.

FOTO 153 – Passeio ao chamado “Pico de Matinhos”.

FOTO 154 – Passeio pelo centro de Matinhos.

FOTO 155 – Passeio pelo centro de Matinhos.

FOTO 156 – Passeio pelo centro de Matinhos.

FOTO 157 – De volta a Caiobá, o Paco na minha cama.

FOTO 158 – De volta a Caiobá, o Paco na minha cama.

FOTO 159 – De volta a Caiobá, o Paco na minha cama.

FOTO 160 – De volta a Caiobá, o Paco na minha cama.

FOTO 161 – De volta a Caiobá, o Paco na minha cama.

FOTO 162 – De volta a Caiobá, o Paco na minha cama.

FOTO 163 – Paco e Tibério na sala: cada um “na sua”.

FOTO 164 – Paco e Tibério na sala: cada um “na sua”.

FOTO 165 – Paco e Tibério na sala: cada um “na sua”.
FOTO 166 – Paco e Tibério na sala: cada um “na sua”.

FOTO 167 – Paco e Tibério na sala: cada um “na sua”.

FOTO 168 – Em Curitiba, vamos a exposições do MON.

FOTO 169 – Em Curitiba, vamos a exposições do MON.

FOTO 170 – Em Curitiba, vamos a exposições do MON.

FOTO 171 – Em Curitiba, vamos a exposições do MON.

FOTO 172 – Em Curitiba, vamos a exposições do MON.

FOTO 173 – Em Curitiba, vamos a exposições do MON.

FOTO 174 – Em Curitiba, vamos a exposições do MON.

FOTO 175 – Em Curitiba, vamos a exposições do MON.

FOTO 176 – Voltando do MON para casa, a estranha iluminação deste fim de tarde.

FOTO 177 – Voltando do MON para casa, a estranha iluminação deste fim de tarde.

FOTO 178 – Voltando do MON para casa, a estranha iluminação deste fim de tarde.

FOTO 179 – Voltando do MON para casa, a estranha iluminação deste fim de tarde.

FOTO 180 – Eu e Paco no aniversário do Rubens. Os humanos usam pratos normais e os cachorros servem-se nos pratos pequenos... todos à mesa (hahahaha).

FOTO 181 – Eu e Paco no aniversário do Rubens. Os humanos usam pratos normais e os cachorros servem-se nos pratos pequenos... todos à mesa (hahahaha).

FOTO 182 – Eu e Paco no aniversário do Rubens. Os humanos usam pratos normais e os cachorros servem-se nos pratos pequenos... todos à mesa (hahahaha).

FOTO 183 – Eu e Paco no aniversário do Rubens. Os humanos usam pratos normais e os cachorros servem-se nos pratos pequenos... todos à mesa (hahahaha).

FOTO 184 – Eu e Paco no aniversário do Rubens. Os humanos usam pratos normais e os cachorros servem-se nos pratos pequenos... todos à mesa (hahahaha).

FOTO 185 – Eu e Paco no aniversário do Rubens. Os humanos usam pratos normais e os cachorros servem-se nos pratos pequenos... todos à mesa (hahahaha).

FOTO 186 – Eu e Paco no aniversário do Rubens. Os humanos usam pratos normais e os cachorros servem-se nos pratos pequenos... todos à mesa (hahahaha).

FOTO 187 – Quando a noite é fria.

FOTO 188 – Quando a noite é fria.

FOTO 189 – A visita de minha prima Eliane Macedo Amaral.

FOTO 190 – A visita de minha prima Eliane Macedo Amaral.

FOTO 191 – A visita de minha prima Eliane Macedo Amaral.

FOTO 192 – Banho de sol na sacada. Boa vida de cachorro.

FOTO 193 – Banho de sol na sacada. Boa vida de cachorro.

FOTO 194 – Banho de sol na sacada. Boa vida de cachorro.

FOTO 195 – O chapeuzinho foi presente da querida Adriana Granville.

FOTO 196 – Paco.

FOTO 197 – Paco.

FOTO 198 – Meus 70 anos na noite de 2.9.2013.

FOTO 199 – Meus 70 anos na noite de 2.9.2013.

FOTO 200 – Meus 70 anos na noite de 2.9.2013.

FOTO 201 – Meus 70 anos na noite de 2.9.2013 e o Paco desconfia que nesta noite teremos novidades.

FOTO 202 – Na noite dos meus 70 anos, meus convidados são recepcionados por Charles Chaplin (Luiz Berlim).

FOTO 203 – Na noite dos meus 70 anos, os primeiros a chegar são Anita e Geraldo.

FOTO 204 – Na noite dos meus 70 anos, Charles Chaplin recebe Isabelle.

FOTO 205 – Na noite dos meus 70 anos, Charles Chaplin recebe Dione Mara.

FOTO 206 – Na noite dos meus 70 anos, Charles Chaplin recebe Rossana.

FOTO 207 – Na noite dos meus 70 anos, Charles Chaplin recebe Regina.

FOTO 208 – Na noite dos meus 70 anos, Charles Chaplin recebe Rubens que segura o Paco.

FOTO 209 – Na noite dos meus 70 anos, Charles Chaplin recebe Rubens que segura o Paco.

FOTO 210 – Na noite dos meus 70 anos, Charles Chaplin recebe Tânia.

FOTO 211 – Na noite dos meus 70 anos, Charles Chaplin recebe Marion.

FOTO 212 – Na noite dos meus 70 anos, Charles Chaplin recebe Felipe.

FOTO 213 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 214 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 215 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 216 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 217 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 218 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 219 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 220 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 221 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 222 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 223 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 224 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 225 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 226 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 227 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 228 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 229 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 230 – Noite dos meus 70 anos.

FOTO 231 – Na noite dos meus 70 anos o Paco, cansado, dormiu antes de saírem os primeiros convidados.

FOTO 232 – Paco de roupa nova.

FOTO 233 – Paco de roupa nova.

FOTO 234 – Paco de roupa nova.

FOTO 235 – Uns dias com os cachorros em Caiobá.

FOTO 236 – Uns dias com os cachorros em Caiobá.

FOTO 237 – Uns dias com os cachorros em Caiobá.

FOTO 238 – Uns dias com os cachorros em Caiobá.

FOTO 239 – Uns dias com os cachorros em Caiobá.

FOTO 240 – Uns dias com os cachorros em Caiobá.

FOTO 241 – Em Curitiba, no Centro Cívico, a grama atrás do Palácio Iguaçu estava tão florida que até lembrava os vales alpinos da Suíça. Claro que tirei muitas fotos para não esquecer. 

FOTO 242 – Em Curitiba, no Centro Cívico, a grama atrás do Palácio Iguaçu estava tão florida que até lembrava os vales alpinos da Suíça. Claro que tirei muitas fotos para não esquecer.

FOTO 243 – Em Curitiba, no Centro Cívico, a grama atrás do Palácio Iguaçu estava tão florida que até lembrava os vales alpinos da Suíça. Claro que tirei muitas fotos para não esquecer.

FOTO 243-A – Em Curitiba, no Centro Cívico, a grama atrás do Palácio Iguaçu estava tão florida que até lembrava os vales alpinos da Suíça. Claro que tirei muitas fotos para não esquecer.

FOTO 244 – Em Curitiba, no Centro Cívico, a grama atrás do Palácio Iguaçu estava tão florida que até lembrava os vales alpinos da Suíça. Claro que tirei muitas fotos para não esquecer.

FOTO 245 – Em Curitiba, no Centro Cívico, a grama atrás do Palácio Iguaçu estava tão florida que até lembrava os vales alpinos da Suíça. Claro que tirei muitas fotos para não esquecer.

FOTO 246 – Em Curitiba, no Centro Cívico, a grama atrás do Palácio Iguaçu estava tão florida que até lembrava os vales alpinos da Suíça. Claro que tirei muitas fotos para não esquecer.

FOTO 247 – Em Curitiba, no Centro Cívico, a grama atrás do Palácio Iguaçu estava tão florida que até lembrava os vales alpinos da Suíça. Claro que tirei muitas fotos para não esquecer.

FOTO 248 – Em Curitiba, no Centro Cívico, a grama atrás do Palácio Iguaçu estava tão florida que até lembrava os vales alpinos da Suíça. Claro que tirei muitas fotos para não esquecer.

FOTO 249 – Voltando para casa.

FOTO 250 – Natal de 2013.


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FIM DO ANO 2013

 

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2 de setembro de 2023:

80 ANOS ESTA NOITE

 

CONTINUA NA

PARTE  37

O ano 2014

 

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Francisco Souto Neto em 2023 aos 80 anos.

 

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