segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

FRANCISCO SOUTO NETO no ano 2012 (PARTE 35).

 

 

 

Francisco Souto Neto em 2012 aos 69 anos em Paulínia, SP, na residência de sua prima Lúcia Helena Souto Martini, sendo com ela entrevistado por André Guerreiro para o programa DETETIVES DA HISTÓRIA, do canal THE  HISTORY CHANNEL. Foto de Bruno Martini.

 

Francisco Souto Neto em 2015.

 

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2 de setembro de 2023:

80 ANOS ESTA NOITE

PARTE  35

Recordando

o ano 2012

 

 

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O ANO 2012

 

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Entre as fotos 128 e 129 fiz uma curta explanação sobre o canal internacional THE HISTORY CHANNEL que lançou no Brasil uma série para a televisão intitulada DETETIVES DA HISTÓRIA. Essa produção resolveu investigar a procedência de um elefante taxidermizado nos tempos do Brasil Imperial, que era uma importante peça do acervo do Museu Imperial do Rio de Janeiro. Nas pesquisas, os técnicos descobriram a existência do primeiro jardim zoológico do Brasil, de propriedade do Visconde de Souto. Investigando na internet o nome do Visconde de Souto, encontraram a informação de que Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini, trinetos do referido Visconde, estavam já há alguns anos escrevendo a biografia do mesmo. Então mais pesquisas fizeram e descobriram que eu e minha prima residíamos, respectivamente, em Curitiba e Paulínia. Como consequência, localizaram-nos e entrevistaram-nos, e assim nós entramos na fascinante saga pesquisada pelos DETETIVES DA HISTÓRIA, a série muitíssimo bem apresentada por André Guerreiro e Renata Imbriani. 

Deixei ali o endereço do YouTube onde está um resumo deste capítulo, chamado O ELEFANTE SEM IDENTIDADE, com apenas 22 minutos, o suficiente para que o espectador se encante com a história e assista à nossa entrevista.

 Francisco Souto Neto, dezembro de 2023,

 

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RECORTES

 

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Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 90 – Janeiro 2012

O aumento de 28% aos vereadores de Curitiba

Francisco Souto Neto

Na manhã de 16 de dezembro de 2011, os vereadores de Curitiba aprovaram um aumento de 28% no salário a ser pago aos edis municipais a partir da próxima legislatura, aprovada também a inclusão de um 13º salário em seus vencimentos. No dia anterior fora apresentada proposta de aumento do subsídio com base na inflação de 2011, que foi de 6%, porém maioria dos vereadores rejeitou a idéia, aprovando os polêmicos 28%.

No dia 15, o programa RPCTV 1ª Edição, apresentado por Jasson Goulart e Tahys Beleze, fez uma enquete perguntando se os telespectadores eram a favor ou contra esse aumento de 28%. Goulart observou: “É bom lembrar que maioria desses vereadores será candidata à reeleição”, completado por Beleze: “E isto num ano marcado por várias denúncias envolvendo a Câmara, o presidente afastado do cargo depois de fazer negócios com a própria mulher, usando dinheiro público. Você acha que esse aumento [de 28%] nos salários é mesmo justo?”. Goulart reforçou: “Seria bom que a Câmara Municipal de Curitiba começasse a dar o bom exemplo, lembrando uma vez mais que a maioria desses vereadores deve ser candidata à reeleição; portanto, eles já estão pensando lá na frente”.

Neste ínterim, Dulcinéia Novaes entrevistava Sabino Pícolo, atual presidente da Câmara Municipal. “A voz do povo é a voz de Deus”, citou Dulcinéia, para em seguida dizer ao presidente que naquele momento 96% da população opinava contra o aumento de 28% para os vereadores. Pícolo tentou justificar, declarando que não se tratava de um aumento, mas de “um subsídio” de votação também obrigatória para ministros de Estado, secretários de Estado e municipais. Dulcinéia interveio: “Independente do termo, subsídio ou aumento, para a população em geral isto representa um reajuste, um aumento”. Ela está certa. E se os trabalhadores do Brasil, que não podem decidir o percentual dos seus reajustes anuais, receberam 6% de aumento, e os aposentados que auferem valores um pouco mais altos perceberão apenas 3%, é óbvio que esse “subsídio” de 28% para os vereadores soa como um acinte a todos os seus eleitores. Causa profunda indignação assistir pela bendita televisão aos nossos representantes defendendo os seus aumentos sem se importarem com a opinião daqueles que lá os colocaram através do voto.

Certo ou errado, a lei concede aos que estão no poder, o privilégio de decidir quanto ao reajuste dos seus próprios ganhos. Portanto, o aumento é legal. Porém, sob o prisma da ética, provoca espanto e decepção. Até mesmo os competentes jornalistas do referido programa deixaram transparecer um tanto da sua indignação. E quem não se indignou? Talvez aqueles 4% restantes que, se não forem parentes dos edis, ou pessoas ligadas aos mesmos, só poderiam estar brincando com a enquete. De fato, a nossa Câmara Municipal perdeu a oportunidade de dar ao Brasil um exemplo de austeridade.

São estes os nomes dos vereadores que votaram A FAVOR DO AUMENTO e contra a maciça maioria da vontade popular: Aladim Luciano, Aldemir Manfron, Beto Moraes, Dirceu Monteiro, Emerson Prado, João Cláudio Derosso, João do Suco, Jorge Yamawaki, Juliano Borghetti, Julieta Reis, Julião Sobota, Paulo Frote, Paulo Salamuni, padre Valdemir Soares, Tito Zeglin, Zé Maria e Zezinho do Sabará. O presidente (Sabino Picolo) não vota, mas manifestou-se solidário ao aumento de 28%.

Vereadores que NÃO APARECERAM para votar (os que estão “em cima do muro”, nas palavras de Taís Belesse): Celso Torquato, Caíque Ferrante, Felipe Braga Côrtes, Nely Almeida, professor Galdino, Renata Bueno.

Foram CONTRA O AUMENTO de 28%: Algaci Túlio, Denílson Pires, Dona Lourdes, Francisco Garcez, Jair Cezar, Jonny Stica, Jairo Marcelino, Noêmia Rocha, Pedro Paulo, Professora Janete, Roberto Hinça, Serginho do Posto, Tiuco Kuzmsa. Está de parabéns esta minoria de treze vereadores, assim como estão também os bravos jornalistas Jasson Goulart, Thays Beleze e Dulcinéia Novaes.

(Francisco Souto Neto – Janeiro 2012)

 

 

 

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Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 91 – Fevereiro 2012

A obliquidade do pensamento político brasileiro

Francisco Souto Neto

A revista Veja de 18 de janeiro de 2012 publicou na página 53 a seguinte declaração do deputado federal Paulo Salim Maluf (PP-SP): “Hoje temos um governador com G maiúsculo sob o aspecto da ética e da eficiência administrativa”, referindo-se ao governador paulista Geraldo Alckmin.

Ora, mas Paulo Maluf falando em ética? A carreira desse senhor foi marcada por seguidas acusações de crimes contra o sistema financeiro, de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. No ano de 2005 ele e seu filho foram presos no Brasil, e ele é atualmente procurado pela Interpol em 181 países, em razão de mandado expedido pela promotoria da cidade de Nova York, nos Estados Unidos da América, que o acusa de movimentar ilicitamente milhões de dólares no sistema financeiro. Se ele pisar em qualquer desses países, será imediatamente preso. No Brasil sua prisão durou apenas 40 dias, porque aqui, todos sabemos, as leis são muito frouxas e parece que, para nosso infortúnio, os políticos não estão interessados em torná-las mais severas.

Mais estranho é que nas últimas eleições, no final de 2010, apesar de seu pedido de registro de candidatura ter sido indeferido devido à Lei da Ficha Limpa, Paulo Maluf pôde ser diplomado e assim assumiu o cargo. A politicagem brasileira resolveu que a Lei da Ficha Limpa será válida somente nas próximas eleições. Também foi “perdoado” aquele repugnante crime da deputada Jaqueline Roriz, flagrada e filmada ao receber propina de pivô do “mensalão do DEM”. Ela se safou rindo e comemorando a vitória (da corrupção). Não perdeu o cargo, tampouco renunciou, e continua instalada no seu gabinete. Curioso é que esses políticos sempre aparecem sorrindo nessas situações, em vez de tentarem esconder o rosto.

Ainda pior do que tudo isso, é o eleitor que através do voto leva criminosos ao poder. Parece que quanto mais corruptos são os candidatos, ou os já eleitos, mais são eles envoltos por seus pegajosos bajuladores que gostam de lhes dar tapinhas nas costas. É por isso que existe o ditado antiquíssimo e sempre atual: “Cada povo tem o governo que merece”.

Para completar o circo brasileiro, Ricardo Boechat, na sua seção da revista ISTOÉ de 19.2.2012, revelou, ipsis literis: “O acordo entre Paulo Maluf e Geraldo Alckmin em São Paulo, envolvendo as eleições municipais de outubro, tem validade de dois anos. O deputado federal apoiará quem o PSDB indicar para concorrer à prefeitura paulista. Em troca levou o comando da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo. Em 2014, Maluf tentará se reeleger, aos 83 anos, para um último mandato político. Fechado agora, o acerto será anunciado em abril”.

Inacreditável a que ponto possam chegar os conchavos políticos, e a quanto alcança a falta de ética nesses loteamentos pelo poder. É nauseante. Homem honesto se dá com homem honesto, criminoso com criminoso.

Se existe profissão bonita, é a do palhaço de cara pintada, o do circo da nosso infância, do palhaço que leva alegria às tardes das crianças internadas nos hospitais do câncer, do palhaço que ensina a leveza de espírito em suas brincadeiras ingênuas e felizes. Os políticos-palhaços, ao contrário, só causam constrangimentos ao país. Se vêem uma câmera fotográfica, eles abrem um sorriso cristalizado. Estivéssemos nós em países muito civilizados, como o Japão, os políticos-palhaços praticariam o suicídio, derrocados pela vergonha, isto porque lá eles têm brios; eles têm consciência da própria dignidade, ou da falta dela.

(Francisco Souto Neto – Fevereiro 2012)

 

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Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 92 – Março 2012

Medidas da Polícia Militar pretendem conter a violência urbana

Francisco Souto Neto

No ano passado, observando o crescimento da violência em Curitiba, o avanço do tráfico de drogas, e a ausência de policiamento nas ruas, escrevi numa das minhas crônicas: “O que estão as autoridades esperando para começar a tomar providências? Que Curitiba se torne uma nova Rio de Janeiro?”. Infelizmente, minha previsão tornou-se realidade: foi noticiado pelo G1-PR (Rede Globo), com base em dados do Ministério da Justiça, que em 2011 Curitiba era a sexta capital mais violenta do Brasil, com 556 assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes. Já está pior do que São Paulo e Rio de Janeiro, e é a capital mais violenta da Região Sul. Fora da Região Nordeste, apenas Curitiba e Vitória figuram no ranking das “seis mais”.

Entretanto, vejo surgir uma luz no fim do túnel. No mês passado, num entardecer de domingo, quando as ruas estavam silenciosas pela ausência de pedestres e veículos, fui andar um pouco com meu chihuahua. Quando passava pela Rua Mauá, notei que vinham em minha direção, pela mesma calçada, quatro jovens com um quê de suspeitos. Disfarçadamente atravessei a rua com o meu cão. Eles prosseguiram seu caminho. Porém, apenas alguns passos adiante, uma viatura policial virou a esquina em alta velocidade, o que provocou nos rapazes um início de pânico. Ágeis, os policiais estacionaram em diagonal, e saltaram do veículo gritando palavras de ordem. Os quatro jovens levantaram os braços e encostaram os rostos no muro enquanto eram meticulosamente revistados. A cena foi longa, mas não esperei pelo seu desfecho. Senti um certo alívio. Foi confortador comprovar que as ruas do Alto da Glória estavam policiadas.

Logo depois, no dia 1º do corrente, assistindo ao programa Paraná TV 1ª edição, os jornalistas Jasson Goulart e Taís Belesse entrevistaram o comandante geral da Polícia Militar do Paraná, coronel Roberson Bondaruk, a respeito de quatro vilas do bairro Uberaba, onde a população vinha sendo vítima de invasões e muitos assaltos, alguns seguidos de morte. A Polícia Militar efetuou naquela área uma gigantesca operação de repressão, quando foram abordadas mais de 2.300 pessoas e 1.700 veículos vistoriados. Não foi, entretanto, apenas uma ação esporádica. A exemplo da “polícia pacificadora” que vem atuando nas favelas do Rio de Janeiro, essa ação será permanente e se estenderá por outros bairros carentes, depois por toda Curitiba e região metropolitana, e mais tarde pelo interior do Estado.  

Segundo o coronel Bondaruk, cada policial receberá um determinado número de domicílios como seu posto de trabalho, e terá que fazer visitas sistemáticas, conhecer os moradores e tornar-se conhecido pelos mesmos. Na fase inicial, haverá dois módulos policiais móveis no bairro Uberaba, mas logo depois se tornarão fixos, para que sejam referências como pontos de segurança. Neste ano de 2012 serão instalados doze módulos.

Os novos policiais estão sendo treinados, e os antigos reciclados, sobre direitos humanos, a respeito do uso não letal de armamentos, e também estão aprendendo a técnica das mobilizações comunitárias. Deseja-se mudar a cultura policial e sua imagem e forma de atuação, estimulando os homens da lei a interagirem com a comunidade. O objetivo é criar um vínculo de cooperação e confiança. Como estímulo aos policiais, para afastá-los da corrupção e desvios de conduta, há promessas do governo para melhorar substancialmente os seus salários. Além disso, o telefone 181 já está recebendo todo tipo de denúncias, até mesmo contra policiais.

Em termos de segurança pública, esta é uma das notícias mais auspiciosas dos últimos anos, e vamos torcer para que todos os desideratos sejam alcançados com pleno êxito. Curitiba merece voltar a ser uma cidade segura e exemplar para o Brasil e para o mundo.

(Francisco Souto Neto – Março 2012)

 

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Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 93 (Especial) – Março 2012

 

Parabéns Curitiba! (Edição comemorativa ao aniversário da capital)

 

por Rafael Greca de Macedo, Luciano Ducci e Francisco Souto Neto

Detalhe da página 2 do Jornal Centro Cívico, da edição comemorativa aos 319 anos de Curitiba.

Rafael Greca (Ex-prefeito, “Rafael de Curitiba”)

Curitiba, cidade linda e amorosa, glória de heróis fundadores, sonho ver-te mais forte do que tuas atuais dificuldades. Meu berço, minha casa, meu caminho.

Nestes teus 319 anos, além da Luz dos Pinhais, sonho em tua honra, uma noite de Pedreira reaberta. Feérica serenata luminosa, dois milhões de corações apaixonados, os aqui nascidos, os que aqui escolhemos viver, cantando a alegria de sermos curitibanos.

Reservo-te, o melhor de mim, pronto para nova luta em tua defesa. Paixão por Curitiba.

Luciano Ducci (Prefeito de Curitiba)

A nossa Curitiba de 319 anos vive um momento especial de sua história.

A cidade de todos os povos, de todas as religiões, cosmopolita e acolhedora, é a Curitiba que chama cada vez mais a atenção, mundo afora, pelo seu desenvolvimento e, sobretudo, suas políticas sociais. Curitiba tem boas razões para ser admirada, mesmo num mundo globalizado, especialmente por seu espírito de cidadania, que nos faz participativos e exigentes, o amor ao verde, o incentivo às diferentes manifestações culturais.

Em nosso trabalho, o compromisso da nossa gente é com o presente e o futuro da cidade.

Francisco Souto Neto (Jornalista e Advogado)

Não perca o caminho e não erre o rumo nestes tempos difíceis, querida Curitiba. Suas ruas estão pequenas para a invasão de tantos veículos! Seu dia-a-dia foi tomado por motoristas que desrespeitam o sinal vermelho, e por habitantes que não sabem mantê-la limpa.

Exija mudanças, a começar pela construção do metrô e a presença ostensiva da polícia. Afaste-se dos corruptos, políticos ou não, e alie-se somente às pessoas de bem. Só assim poderá alcançar seu glorioso destino. Feliz 319º aniversário!

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Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 94 – Abril/Maio 2012

Decisão do Supremo Tribunal de Justiça trafega na contramão da Rodovia da Lei

Francisco Souto Neto

Os brasileiros há anos clamam por leis mais severas, neste país onde estas são vergonhosamente frouxas, onde nenhum prisioneiro cumpre integralmente a pena a que tenha sido condenado, onde políticos, como Paulo Maluf – procurado pela Interpol em quase 200 países – vivem em liberdade e podem ser eleitos para representar o povo no Congresso Nacional, onde os infratores costumam gabar-se de suas faltas e tratar os policiais e a própria legislação com escárnio, onde adolescentes, mesmo quando perpetram os mais repulsivos crimes, são protegidos pela lei que isenta os menores de dezoito anos de responsabilidade penal.

As emissoras de televisão mostram diariamente menores que afrontam senhoras e idosos, furtando com violência seus pertences nas ruas dos grandes centros urbanos, estimulados pela certeza de que não serão alcançados pelo rigor da lei, mas protegidos por serem menores de idade. Isto precisa mudar e os maiores de 15 anos têm que responder pelos seus atos. O Brasil necessita acordar para este problema, e a sociedade deve pressionar os políticos e outras autoridades, exigindo-lhes as necessárias mudanças. O anteprojeto do novo Código Penal está em estudos e em discussão. Espera-se que ele não decepcione e que torne as leis brasileiras muito mais severas.

Enquanto segmentos batalham para que os motoristas relapsos sejam coibidos por leis mais pesadas, em Brasília no mês passado, março de 2012, o Supremo Tribunal de Justiça frustrou todos esses anseios, decidindo que somente o “bafômetro” e exame de sangue comprovam embriaguez ao volante. Por outro lado, o infrator tem o direito (direito?!) de recusar-se a fazer os exames que comprovariam essa embriaguez. Assim, mesmo que não consiga articular palavras de tão bêbado, mesmo que seu hálito seja de puro álcool, e mesmo que nem consiga andar de tão alcoolizado, ele não será preso. Ficará em liberdade para reincidir na infração. Isso é absolutamente ridículo. A simples recusa de um motorista a se submeter à prova do “bafômetro” deveria pressupor uma confissão de culpa.

Fernando Calmon, jornalista de O Estado de Minas, resume a questão com objetividade: “Sinais notórios de embriaguez (hálito forte, confusão mental, desequilíbrio espacial, fala prejudicada, olhos avermelhados) deveriam levar o motorista, no mínimo, a dormir uma noite na cadeia e, depois de processado, cumprir pena em regime fechado. (…) O Congresso Nacional movimenta-se para reformular a lei e já se fala em tolerância zero, a exemplo do que ocorre no Japão, Suécia e Noruega, onde não é admitida nenhuma concentração de álcool no sangue, uma verdadeira Lei Seca. Testemunhas durante as blitzes seriam suficientes. Mas o motorista poderia solicitar o uso do bafômetro, desta vez como prova de defesa e não de autoacusação”.

Aqueles que desejam que nosso país seja regido por leis severas, não devem assistir passivamente aos debates que estão ocorrendo. Devem manifestar-se, exteriorizando sua insatisfação e o anseio por mudanças. Comentem com amigos, colegas, comuniquem-se com seus conhecidos políticos e posicionem-se, antes que seja tarde demais para a sua própria segurança e a de seus familiares.

(Francisco Souto Neto – Abril 2012)

 

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Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 95 – Junho 2012

Palavrões, dia-a-dia e Facebook

Francisco Souto Neto

Tive muita sorte de nascer de pais inteligentes e liberais. Homem de grande cultura e humanista nato, Arary Souto nunca levantou a mão para agredir um filho, e de sua boca jamais ouvi um palavrão. Também da minha mãe não me lembro de receber nem sequer um único tapa, embora muitas vezes bem o merecesse. Entre suas amigas mais chegadas da década de 50, tais como Lia, Mimi e Lourdes Rocha, conversando e rindo na sala de visitas, todas elas diziam palavrões, mas que não iam muito além de palavras com o mesmo peso transgressor de, por exemplo, a prosaica expressão “bunda”, época em que era socialmente correto usar o termo “traseiro” para essa parte da anatomia. Entretanto, delas jamais ouvi aqueles palavrões realmente pornográficos, muito menos as obscenidades que eu costumava escutar no recreio da escola. Em casa, quando eu perguntava o significado disto ou daquilo, meus pais esclareciam, mas me recomendavam não pronunciar tais palavras na frente de outras pessoas, embora nunca me proibissem fazê-lo. Era uma questão de livre arbítrio… ou de boa educação. O fato é que cresci sem me habituar a dizer palavrões em colóquios com amigos, embora não me importe, obviamente, se numa roda de conversa haja adeptos do palavreado chulo.

Há alguns meses, porém, tive uma experiência muito desagradável. Enquanto descia por um elevador quase lotado de um prédio comercial, num dos andares entraram duas moças bem vestidas, que conversavam trivialidades em voz alta, mas recheadas de palavras “de fazer corar frade de pedra”. Uma senhora ao meu lado olhou-me de soslaio, envergonhada do que ouvia, e baixou o olhar. Tive vontade de repreender as moças para que se abstivessem de palavreado grosseiro na presença de pessoas que não conheciam, mas considerei que eu correria o risco de ouvir delas pesados desaforos. O problema é que, se levado a extremos, serei capaz de romper a represa e soltar todos os palavrões que conheço. Mas isto eu não faria a elas, e na presença das demais pessoas respeitáveis que estavam no mesmo elevador. Fiquei apenas refletindo sobre a falta de educação de alguns jovens. Que modelo de conduta teriam aquelas moças recebido dos pais?

No teatro e no cinema os diálogos podem ser vulgares, se necessários à trama… e que deliciosamente chulos eram Plínio Marcos e Nelson Rodrigues, que divertida era Dercy Gonçalves no palco, e que magnificamente obsceno é Zé Celso Martinez Corrêa. Amigos em ambiente próprio, na casa de um deles ou delas, também podem usar as palavras que desejarem. Em lugares públicos, porém, há regras que devem ser observadas entre os que conversam em voz alta.

Através da rede social Facebook, casualmente acompanhei a discussão de um homem a quem eu não conhecia, mas que era amigo de certa minha conhecida, desentendimento este havido entre ele e uma mulher das suas relações. Ele reclamou que ela usava de palavras pornográficas que estavam sendo exibidas na página-mural dele, ela retrucou com palavrões ainda piores… e foi por aí afora. Um autêntico bate-boca virtual.

Na realidade, redes sociais não são o endereço correto para baixarias vocabulares, exceto se os praticantes estiverem num grupo fechado. Palavras obscenas depõem contra quem delas faz uso em público e mancham a sua imagem. Entre os mais jovens, e é pior para eles, as redes sociais estão sendo “monitoradas” pelos seus chefes ou patrões. E os pretendentes a empregos, mesmo aqueles que sejam aprovados em concursos, não sabem que o Facebook e seus similares são como o famigerado “Big Brother”? Seus usuários estão em permanente observação. Se eu fosse um empregador, e no Facebook de um pretendente ao cargo eu encontrasse palavreados obscenos, ele ou ela não serviria para trabalhar comigo. Assim no Facebook, assim na vida.

(Francisco Souto Neto – Junho 2012)

 

 

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Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 98 – Outubro 2012

O novo Código Penal: prós e contras [A menoridade penal]

Francisco Souto Neto

Somos diariamente bombardeados pela imprensa escrita e televisionada com notícias de crimes cada vez mais bárbaros praticados por menores de dezoito anos. Por mais repulsivos e hediondos que sejam os delitos resultando nas mortes de crianças, gestantes, idosos e toda classe de pessoas inocentes, esses jovens criminosos sabem que jamais serão punidos com rigor, porque estão protegidos pelo obsoleto Código Penal de 1940. Naquela época, as favelas cariocas eram “românticas”, o “malandro do morro” uma figura folclórica e simpática que mal conhecia a maconha, cuja infração mais grave talvez fosse passar o “conto do vigário”. Não existiam sequestros de pessoas, os muros das casas eram baixos e crianças brincavam livremente na rua. A crueldade da violência urbana ainda não fora inventada.

É hipócrita o conceito de que os menores de dezoito anos do século XXI não têm discernimento, tal como legisla o velho Código Penal. Eu tive dez anos, quinze anos, e nessas idades eu sabia muito bem o que era o certo e o errado, o lícito e o ilícito. Os códigos penais dos países chamados desenvolvidos apresentam um rigor muito mais realista nessa questão. Em Portugal, por exemplo, a maioridade penal está fixada aos 16 anos. Nos países escandinavos, aos 15 anos. Na Itália, aos 14. E na França, aos 13 anos. Mas não paramos aí, pois na Inglaterra as crianças de 10 anos já respondem pelos seus crimes. E em diversos estados norte-americanos a maioridade penal varia entre os 6 e os 12 anos. Nem preciso mencionar os casos amplamente comentados na imprensa a respeito da prisão por 15 ou 20 anos de crianças que cometeram crimes horríveis naqueles países. O bizarro que ocorre no Brasil, país de leis frouxas, onde criminosos são soltos por falta de vagas nas prisões ou por uma miríade de outros motivos, é um escárnio, é uma ofensa, é um tapa na cara de todos nós.

O novo Código Penal está sendo discutido no Senado. Sua proposta é por modernizá-lo, e também por maior rigor na aplicação das penas. Nesse contexto, porém, surgiu um estranho paradoxo, que é o das religiões contrárias ao novo código.

Historicamente, a Igreja Católica sempre se opôs a novas ideias e à ciência, e não me refiro a Galileu Galilei, nem à Santa Inquisição que, na Idade Média, mandou milhões de inocentes para a fogueira. Quem não se lembra, pouco tempo atrás, da TFP berrando nas esquinas contra o divórcio? Agora a Igreja se associa a correntes evangélicas com o propósito de obstar o novo Código Penal. A edição 2236 da revista IstoÉ, de 14 de setembro de 2012, sob o título de “A bancada evangélica faz oposição ferrenha a propostas contempladas no novo Código Penal”, diz:  “A proposta do novo Código Penal (…) trouxe ao cenário político a possibilidade de, finalmente, o País punir crimes praticados na internet, enriquecimento ilícito e uso da máquina pública para eleger candidatos. Propostas inovadoras como estas (…) correm forte risco, no entanto, de serem barradas por uma guerra de poder entre os parlamentares. Bancadas de vários tipos se articulam nos bastidores contra artigos do projeto que consideram danosos aos próprios interesses e aos setores que representam. A bancada evangélica é a principal opositora ao projeto. Ao travarem uma luta contra o avanço da discussão sobre o aborto e a eutanásia, além do enquadramento da homofobia como crime, congressistas evangélicos ameaçam impedir a votação da reforma do código”.

Ora, o Brasil é um país laico. Católicos e evangélicos deveriam restringir-se aos rebanhos dentro dos respectivos templos, sem querer impor seus princípios religiosos a todos os outros milhões de brasileiros seguidores do hinduísmo, judaísmo, ateísmo, budismo, islamismo, sikhismo, espiritismo, taoísmo, e também da umbanda, candomblé e outros.

Parafraseando Alberto Caeiro, heterônimo do glorioso Fernando Pessoa, “eu sou de uma religião universal que só os homens não têm”. E acrescento um velho ditado popular: “Cada macaco no seu galho”. Pelas mentalidades mais arejadas e pelo bem do Brasil, avante, novo Código Penal!

(Francisco Souto Neto – Outubro 2012)

 

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Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 95 (?) – Setembro 2012

20 anos sem Aramis Millarch

Francisco Souto Neto

Aramis Millarch residia na Av. Visconde do Rio Branco, entre a Carlos de Carvalho e a Vicente Machado, num sobrado muito amplo – com uma parte que lhe servia também de escritório – entre 32 mil discos, 5 mil livros e os arquivos de 50 mil artigos publicados em cerca de 20 jornais. Quando ele me convidou à sua casa pela primeira vez, apresentou-me sorrindo a seus amigos que lá se encontravam, dizendo algo de que não me esqueci: “Este moço é o Souto Neto, que quando não concorda com alguma coisa, ele escreve, reclama e publica”.

Eu tinha estado há pouco nos Estados Unidos, onde comprara uma coleção de Bessie Smith em cinco longplays. Sabendo disso, Aramis pediu-os emprestados, para gravá-los. Falou-me: “Posso não ouvi-los imediatamente mas, tendo as gravações, poderei delas dispor a qualquer momento, quando desejar”. Depois levou-me à sala principal da residência, onde encontrei sua esposa Marilene. As paredes eram cobertas de obras de arte, do piso ao teto. A peça que mais me impressionou foi um desenho de Djanira, que naquela mesma sala ela fizera com a mão já trêmula pela doença, com dedicatória ao casal.

Eu era assessor da diretoria do Banestado, e Aramis Millarch acompanhava com entusiasmo o meu trabalho em prol da cultura. Através da sua coluna diária Tabloide, no jornal O Estado do Paraná, Aramis representou um enorme apoio às minhas atividades profissionais, pois seus comentários repercutiam favoravelmente na presidência da instituição onde eu trabalhava. Anos depois iniciei uma campanha no Rio de Janeiro, pela moralização do histórico Cemitério do Catumbi, onde estão inumados os meus trisavós, o visconde e a viscondessa de Souto. Na ocasião recebi apoio principalmente do Jornal do Brasil. Referida necrópole vinha sendo tomada pelo matagal e, por outro lado, era invadida pela favela vizinha que já levantara barracos sobre alguns túmulos. Aramis, ao tomar conhecimento desses eventos através do próprio Jornal do Brasil, telefonou-me para conhecer mais detalhes, e por várias vezes escreveu e publicou sobre o assunto, endossando e fortalecendo as minhas denúncias.

Assim era o Aramis: através do Tabloide, ele transitava por todas as direções, acompanhando o que ocorria em Curitiba e no país, abrindo discussões sobre os mais variados temas e abrangendo todos os segmentos do conhecimento. Apoiava com entusiasmo os assuntos culturais, e combatia com igual veemência, desde os tropeços éticos, às mais sérias irregularidades praticadas pelos políticos municipais e estaduais. Acima de tudo, foi ele o mais importante animador cultural da história do Paraná. Seus assuntos de predileção eram o cinema e a música.

Aramis Millarch faleceu aos 49 anos deixando uma lacuna na vida cultural de Curitiba, e na de seus amigos. A partir de 2006 todo o seu precioso acervo começou a ser digitalizado, sobretudo as 572 entrevistas que fez com personalidades das mais importantes no mundo cultural brasileiro. Paralelamente, seu filho Francisco Millarch começou a perpetuar seus artigos publicados entre 1957 e 1992, maior parte da coluna Tabloide, num blog que recebeu o nome de “Tabloide Digital”. Graças a essa ideia, o pensamento de Aramis, e praticamente tudo o que ele escreveu, está agora ao alcance de pesquisadores de qualquer ponto do planeta. É como se Aramis Millarch continuasse entre nós.

Por isso é auspiciosa a iniciativa da professora Cassiana Lacerda, da UFPR, e divulgada por Aroldo Murá G. Haygert em sua coluna do jornal I&C em 17.7.2012, que propõe uma mobilização no sentido de que o Conservatório de MPB da Fundação Cultural de Curitiba receba o nome de “Conservatório de MPB Aramis Millarch”. Isto é o mínimo que se poderia fazer pela memória de quem tanto fez por Curitiba, pelo Paraná, e pela própria Fundação Cultural.

(Francisco Souto Neto – Setembro 2012)

 

 

FOTO 9

Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 99 – Outubro/Novembro 2012

Adeus a Adalice Araújo

Francisco Souto Neto

O falecimento de Adalice Araújo provocou em nós, seus amigos, primeiro o impacto da perda e a sensação de uma conversa interrompida bruscamente, seguidos do estupor causado pela ausência.

Nossas famílias tinham antigos laços de amizade. O pai de Adalice, Adalberto Carvalho de Araújo, e meu pai, Arary Souto, eram pares de diretoria do Jornal do Paraná, em Ponta Grossa. Adalberto era o diretor superintendente e Arary diretor de redação. Quando Adalice completou 21 anos, Arary Souto escreveu no mesmo inconfundível estilo dos seus editoriais, e publicou na edição de 18.9.1952, o seguinte: “Srtª Adalice Maria de Araújo – A data de hoje assinala o transcurso de mais um aniversário natalício da senhorita Adalice Maria de Araújo, filha dileta do sr. Adalberto Carvalho de Araújo, estimado superintendente do JORNAL DO PARANÁ e conceituado industrial e fazendeiro princesino, e de sua exmª esposa, srª Inece Gambassi de Araújo, representantes de tradicional família paranaense. A distinta aniversariante, que terminou, com brilhantismo, o curso do Colégio Sion, está atualmente cursando a Escola de Belas Artes, onde vem se destacando, mercê de seu acentuado dote artístico e fina inteligência unida à lhaneza de trato e bondade de coração, o que lhe granjeou a estima e admiração de todas as suas colegas e de seu vastíssimo círculo de amizades. Ao registrarmos tão grato acontecimento, apresentamos à senhorita Adalice Maria de Araújo, os nossos parabéns e sinceros votos de perenes felicidades, extensivos aos seus ditosos familiares”.

Depois Adalice Araújo viajou à Itália para aprofundar-se no estudo da Arte. Sua trajetória de vida é por todos conhecida: casou-se com o milanês Erminio Gianatti, de quem anos depois se separou, e teve um único filho, Marco Francesco Gianatti, morto tragicamente em 2003, aos 40 anos. Ela foi a mais importante crítica de arte deste Estado, e durante muitos anos dedicou-se a escrever o Dicionário das Artes Plásticas do Paraná, programado para ter 2.400 páginas, a mais completa obra dedicada à arte paranaense. Conseguiu lançar apenas o primeiro dos quatro volumes, após ter sofrido furto nos seus arquivos, e misteriosas tentativas por se desestabilizar seu projeto cultural, no qual gastou um milhão de reais, sem nenhum apoio do poder público.

Em minha residência, na companhia de nossa amiga Heliana Grudzien, além de lembrar o coleguismo dos nossos respectivos pais, Adalice fez impressionantes revelações a respeito de telas falsificadas de expressionistas franceses exibidas no acervo do Museu de Arte de São Paulo como autênticas.

Sempre comentou-se que Adalice Araújo era muito solidária aos amigos, principalmente ao valorizar a justiça. Tive essa confirmação de maneira inesperada. Aconteceu assim: um nosso amigo lançou um livro comentando as últimas décadas das artes plásticas no Paraná [“40 anos de amistoso envolvimento com a Arte”]. Enquanto ainda escrevia o livro, ele me pediu informações sobre a história do Salão Banestado de Artistas Inéditos. Fui até ele e lhe narrei todo o histórico do evento que criei e conduzi durante quase nove anos. Quando o livro foi editado, adquiri-o. No capítulo sobre referido Salão, não havia nenhuma referência ao meu nome. Senti-me desapontado, mas depois não mais pensei no episódio, e acreditei que ninguém perceberia a falha do autor.  Passado um tempo, talvez alguns meses, eu e Adalice nos falávamos ao telefone, quando ela mais uma vez me surpreendeu: disse-me que tinha lido o livro do nosso amigo, e que a “injustiça” da “omissão” ao meu nome seria por ela corrigida no seu Dicionário.

Ultimamente comunicávamo-nos por e-mail. Eu há pouco encontrara na minha biblioteca (originalmente do meu pai) um exemplar do livro “Cântico para o Século XX”, de 1952, de Adalto G. de Araújo, irmão de Adalice. O livro está autografado pelo autor. Na edição de 23.3.1952 do Jornal do Paraná, Arary Souto publicara um elogio ao poeta e ao livro. Contei isso a Adalice. Ela me respondeu que gostaria muito de conversar comigo pessoalmente sobre o livro do seu saudoso irmão. Ficamos de marcar uma data para eu ir ao seu apartamento na Praça da Ucrânia. Decidi-me a presenteá-la com o livro, porque o exemplar ficaria melhor com ela do que comigo.

Mas de repente a musa se cala e o Paraná entristece porque se faz para sempre um doloroso silêncio.

(Francisco Souto Neto – Outubro 2012)

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OBSERVAÇÃO:

No link abaixo, fotografias para lembrar um dos memoráveis encontros com Adalice Araújo e Heliana Grudzien:

 

http://viagenseopinioes.blogspot.com.br/2011/09/francisco-souto-neto-cairo-cidade.html

 

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Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 100 – Novembro/Dezembro 2012

Jornal Centro Cívico: 10 anos, 100 edições

Francisco Souto Neto

José Gil de Almeida fundou o Jornal Centro Cívico no primeiro semestre de 2002. Eu o conheci na década de 70, quando trabalhávamos no Banco do Estado do Paraná S.A., o Banestado. Eu era assessor de diretor, em Curitiba, e ele estava ligado à gerência regional de Maringá. Naquela época Gil criou um jornal regional para o Banestado, que se chamava Integração, publicação esta que se tornou mais interessante do que o jornal oficial do banco em Curitiba. Alguns anos depois, quando Gil já se encontrava residindo na capital, inaugurou o Opção Cultural, um tabloide underground de ótimo conteúdo, que teve grande êxito. Com sua experiência cada vez mais lapidada de jornalista e escritor, fundou dois jornais que continuam existindo com sucesso: o Jornal Água Verde em 1990 e a Folha do Batel no ano 2000. Em 2002 José Gil de Almeida fez nascer o Jornal Centro Cívico.

Posso dizer que sempre fui colaborador das publicações de José Gil. Minha preferência era por escrever memórias de viagens. No Jornal Centro Cívico, todavia, passei a dar prioridade aos assuntos políticos, embora sem desistir dos relatos das viagens que eu fazia principalmente ao Continente Europeu.

Em 2006 o jornal foi vendido para Elaine Cristina Bento Prada, época em que o periódico começava a ser impresso quase todo a cores, e não apenas a capa e a contracapa. Elaine prosseguiu aperfeiçoando a publicação. Essa presença feminina abrandou com naturalidade a linha editorial do Centro Cívico, com menos foco sobre a política internacional, e maior direcionamento ao nosso Estado e regiões da capital. Recebi a visita de Elaine Prada antes de circular o primeiro número sob sua direção, convidando-me para assinar um coluna fixa, mensal, de crônicas. Gostei da ideia e aceitei o desafio.

O jornal continuou em ascensão, e Elaine muitas vezes vinha pessoalmente à minha casa trazendo-me exemplares, quando conversávamos sobre seus planos editoriais enquanto tomávamos um cafezinho passado na hora.

Para melhor atender a várias outras atividades de trabalho, Elaine Prada começou a pensar em vender o jornal. Num primeiro momento, tive um ímpeto em fazer uma proposição pela compra, movido pelo meu apego ao periódico; porém, acabei por julgar que não deveria interromper a minha aposentadoria, a exemplo do meu saudoso tio Jurandyr Souto, que certa vez afirmou: “Quando eu me aposentar, será para sempre”. Recuei. Logo depois o jornal foi comprado por Maurício Grabowski. Não poderia ter ido para melhores mãos.

Movido pelo ímpeto do jovem jornalista, com ampla visão empresarial, o Jornal Centro Cívico ganhou novas linhas e um formato maior, com conteúdo dinâmico e variado, agora apresentado inteiramente a cores. Além disso, passou a ser digitalizado, com endereço na web, e é desta maneira que a imprensa deixa de ser local ou regional, para abarcar o mundo. Antes, os leitores de Jornal Centro Cívico restringiam-se a alguns bairros da capital do Paraná; agora a publicação pode ser alcançada de qualquer parte do planeta, de todos os continentes, de todos os recantos do globo onde alguém tenha um computador para se conectar à publicação.

O Jornal Centro Cívico circula pelos centros do poder do Paraná, pelos palácios dos governos estadual e municipal, denunciando, elogiando, apontando caminhos, sugerindo, e assim influenciando os leitores em todos os escalões. É um jornal não apenas informativo, mas também formador de opinião, que em dez anos de existência realizou importante função cívica, e que continua em ascensão, aspirando por uma Curitiba e um Paraná cada vez melhores.

Meus parabéns, com votos de que estes dez anos de sucesso se multipliquem por muitas e muitas décadas.

(Francisco Souto Neto – Novembro 2012)

 

 

 

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Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 10 – Edição 101 – Dezembro 2012

Cópias abertas e cópias ocultas, ou como o “spam” e o “hacker” chegam ao seu endereço de e-mail

Francisco Souto Neto

Quem não recebe em seu endereço de e-mail aqueles anúncios oferecendo os mais diversos produtos e variados serviços, que entopem a sua caixa de mensagens, ou que preenchem a pasta de “spam” a uma velocidade de dezenas – e até centenas – de remessas diárias?

Além disso, que dizer das mensagens que chegam em nome de seus amigos e parentes, mas que na verdade são armadilhas dos “hackers” para infestar o seu computador com os mais variados vírus, que lhe roubam as senhas, invadem a conta bancária ou simplesmente destroem os seus arquivos?

Segundo o professor do Departamento de Computação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) Tiago Agostinho de Almeida, existem quatro origens para o envio de “spam”. A primeira delas é a coleta de endereços de e-mail em páginas da internet. Um determinado programa cria, autonomamente, um banco de informações coletadas em redes sociais, “blogs” e portais. Outra alternativa utilizada pelos “spammers” são as correntes de e-mail, aquelas repassadas voluntariamente pelos seus amigos que lhe pedem para também divulgar, produzindo igualmente um levantamento de endereços virtuais. O pesquisador ressalta ainda que muitas das mensagens indesejadas ocorrem porque o usuário cadastra a própria conta em páginas “on line”. Por fim, a forma mais perigosa é o envio de “spams” com vírus, que transformam os computadores em verdadeiros zumbis. Sem que os usuários das máquinas tenham conhecimento, mensagens indesejadas são repassadas aos seus contatos.

Um dos grandes propagadores dessa praga é o hábito de alguns, desavisados, de enviar mensagens coletivas com os endereços em aberto, através do “cc” (com cópia) sem perceberem que o recomendado é usar o sistema “cco” (com cópia oculta). “Mas estou mandando meu comunicado apenas para parentes e amigos, e não existe nenhum ‘hacker’ entre eles”, já ouvi alguém justificar. O que não sabem é que muitos hackers têm aparelhos sofisticados que podem rastrear e-mails contendo cópias abertas, e não ocultas, e a partir daí esses criminosos simplesmente usam a seu bel-prazer esses “inocentes” endereços de e-mail que lhes são entregues “de bandeja”. É então que você, leitor, recebe um e-mail de um querido parente, dizendo: “Tirei umas fotos engraçadas aqui em casa, no domingo. Abra e veja”. Ou o e-mail de outro conhecido, ou desconhecido, dizendo: “Fotos da Fulana de Tal pelada”. É só clicar para abrir a foto e em seguida precisar chamar o seu técnico, às pressas, para tentar salvar o que ainda reste dos seus arquivos… ou do seu saldo na conta corrente.

Quem não souber o que é “cópia oculta”, ou como valer-se deste método, basta indagar ao Google: “o que é cópia oculta?”, e terá inúmeras respostas explicando como proceder, e também discorrendo sobre as inconveniências e perigos do uso da “cópia aberta”. Quem compreender que ao usar as “cópias abertas” está pondo em risco a segurança e até o patrimônio de suas mais prezadas amizades e queridos familiares, certamente mudará seu hábito e passará a proteger as pessoas que lhe são caras.

É sempre válido dar um “toque” às pessoas do seu círculo de amizade que ainda não se aperceberam desse perigo. Faz lembrar um prezado amigo que tenho, que mandava aquelas coisas chatas (e me desculpe a sinceridade), pseudo-filosóficas, a mais ou menos uns cem endereços em aberto, dentre eles o de um ex-governador e de mais ou menos meia dúzia de homens públicos muito conhecidos. Coitados (e coitado de mim por também figurar naquela relação de “cópias abertas”), porque se não forem os “hackers” invasores e malfeitores, serão as casas Pernambucanas, o Banco Santander e todos os Diabos-a-Quatro oferecendo seus produtos que vão de televisores a preços de banana ao Viagra de poder infalível.

Conscientizem-se: não mandem e-mails com cópias abertas, nem aos seus mais detestáveis inimigos, nem à sua vovozinha.

(Francisco Souto Neto – Dezembro 2012)

 

VISCONDE DE SOUTO, FAZENDA BELA VISTA E CAPELA MAYRINK, por Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini.

 

 

Livro: REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO

R.IHGB, Rio de Janeiro, a. 173, n. 455, pp 11-300, abr./jun. 2012

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Assunto: Visconde de Souto, Fazenda Bela Vista e Capela Mayrink

Por: Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini

Páginas: 73 a 89

 

Observação:

A publicação chama-se "Revista..." mas é, efetivamente, um livro, tanto na forma quanto no conteúdo. Circulando regularmente desde 1839 (portanto, com quase 174 anos), ainda época do 1º Reinado, é uma das mais longevas publicações do mundo ocidental. O artigo de Francisco Souto Neto e Lúcia Helena, é parte do livro Visconde de Souto - Ascensão e "Quebra" no Rio de Janeiro Imperial, ainda inédito. Adiante, vai a cópia fiel do texto publicado e, depois do mesmo, serão encontradas as páginas de 73 a 89 da própria "Revista".

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Título:

VISCONDE DE SOUTO, FAZENDA BELA VISTA E CAPELA MAYRINK

Autores:

Francisco Souto Neto

Lúcia Helena Souto Martini

Resumo

Narra episódios da biografia de António José Alves Souto, visconde de Souto (1813-1880), primeiro banqueiro privado no Brasil. Descreve a Fazenda Bela (ou Boa) Vista, comprada pelo visconde de Souto do espólio do conde de Gestas. Registra a história da construção de uma capela em 1850, a mando do visconde, hoje conhecida como Capela Mayrink, nome do seu último proprietário. Conta a trajetória da capela através dos séculos XIX, XX e XXI, passando por sua desfiguração e decadência, e pela restauração e preservação nos dias atuais.

Palavras-chave: Visconde de Souto ; Fazenda Bela Vista ; Fazenda Boa Vista; Capela Mayrink; Floresta da Tijuca; Quebra do Souto

Abstract

António José Alves Souto, viscount of Souto, born in Portugal, was the first private banker in Brazil. At the Tijuca he owned a farm, “Bela Vista”, sometimes called “Boa Vista”, where he ordered the construction of a little chapel, now a days known as “Capela Mairynk”, beeing Mairynk the family name of its last owner.

Key-words: Viscount of Souto; Capela Mayrink; Fazenda Bela Vista; Fazenda Boa Vista; Tijuca; bankrupt

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VISCONDE DE SOUTO, FAZENDA BELA VISTA E CAPELA MAYRINK

 

 



     O português António José Alves Souto, visconde de Souto (Porto 1813 – Rio de Janeiro 1880), foi o primeiro banqueiro particular de que se tem notícia no Brasil. Residia no bairro carioca de São Cristóvão, na "Chácara do Souto", localizada na Rua do Campo Alegre (hoje Ibituruna). Num dos extremos da propriedade mantinha um jardim zoológico, cuja entrada se fazia pela Rua Nova do Imperador (agora Mariz e Barros) por um caminho que ganhou o nome de Rua do Souto (atualmente Senador Furtado). Sua casa bancária, A. J. A. Souto & Cia., popularmente conhecida como Casa Souto, que rivalizava com o Banco do Brasil em carteira de depósitos, localizava-se na Rua Direita (hoje Primeiro de Março). Diversos autores afirmam que a Casa Souto foi a primeira casa bancária do país. Um deles é Pedro Calmon, na sua consistente obra em sete volumes, História do Brasil, que registra: "[...] Souto, Dovey & Benjamin, depois denominada Alves Souto & Cia., foi a primeira casa bancária do Rio de Janeiro, lembraria ‘O Futuro’ de 15 de novembro de 1862". (CALMON, 1963, v. 5, ed. 2, p. 1731).

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O Visconde de Souto. OST de A. R. Duarte, 1890 (detalhe). Acervo da Beneficência Portuguesa – Rio de Janeiro. Foto por gentileza de Ney O. R. Carvalho.


Adolfo Morales de los Rios Filho, no livro Rio de Janeiro imperial, ao referir-se aos bancos e casas bancárias criados durante o Segundo Reinado, escreveu:

 

Bastante importante foi o estabelecimento bancário denominado "Casa Souto", que girava sob a razão de A. J. Alves Souto & Cia. Fora fundada em 1834, pelo português Antônio Alves Souto, e estava instalada na Rua Direita. Subsistiu até 1864. (MORALES DE LOS RIOS FILHO, 1941, p. 206).

 

     A Casa Souto foi fundada em 1833, não em 1834, e nessa época não era ainda conhecida pelo seu nome popular. 1834 foi o ano em que, por sugestão de Joseph Maxwell, Souto associou-se a Dovey, criando a empresa Souto & Dovey. No ano seguinte, com a entrada de Benjamin na sociedade, constituiu-se a Souto, Dovey & Benjamin, na qual, como na anterior, Souto era majoritário. A essa época, embora ainda corretor e não banqueiro, Souto começou a realizar operações bancárias, mas só em 1838, com a saída de Dovey e Benjamin da sociedade, o escritório passou a ser conhecido como "casa bancária Souto", que serviria de modelo a todas as outras casas congêneres prestes a nascer.

     De 1838 a 1858 a Casa Souto funcionou como "um banco de um homem só". Machado de Assis, afirmou em A Semana de 25 de junho de 1894, citado por Gustavo Franco no livro A Economia em Machado de Assis – O Olhar Oblíquo do Acionista:

 

Conheci um banqueiro... Era no tempo em que um homem só, ou com outro, podia ser banqueiro, sem incomodar acionistas, sem gastar papel com estatutos, sem dividendos, sem assembléias. Simples Rothschilds. Era banqueiro e voou na tormenta de 1864. (FRANCO, 2008, p. 165).

 

     Ao falir em 10 de setembro de 1864, episódio historicamente conhecido como "Quebra do Souto" ou "Crise do Souto", arrastou outros bancos e cerca de cem empresas. Segundo Ney O. R. de Carvalho...

 

...o visconde de Souto foi o protagonista central da mais grave crise econômica do império. A falência de sua casa bancária, com perto de 10.000 credores e passivo equivalente à metade da dívida interna bruta da época, foi um terremoto econômico que abalou seriamente a praça do Rio de Janeiro. (CARVALHO, 1995, p. 54).

 

     A mando de dom Pedro II, uma comissão de inquérito foi instituída para apontar as causas da Quebra do Souto, tendo sido o visconde inocentado em 1865 e formalmente reabilitado em 1869. Sua falência foi um fato tão inesperado que Arthur Azevedo escreveu: "Supor naquele tempo que o Souto quebrasse era o mesmo que acreditar na quebra do Pão de Açúcar". (AZEVEDO, 1974, p. 113-114).

     Desde sua falência, o visconde de Souto foi citado, em maior ou menor profundidade, em cerca de seiscentos livros, quer como personagem do seu tempo, quer como protagonista da Quebra do Souto. Dentre as centenas de autores dessas obras, vale mencionar Afonso Arinos, Arthur Azevedo, barão do Rio Branco, Carlos Drummond de Andrade, Carlos Manes Bandeira, Eduardo Bueno, Gilberto Freire, José de Alencar, Lima Barreto, Luís Viana Filho, Machado de Assis, Manuel Bandeira, Ney O. R. Carvalho, Pedro Calmon, Raymundo Faoro, Ruy Barbosa, Sérgio Buarque de Holanda, Teófilo Ottoni, Victor Viana, visconde de Mauá, Werneck Sodré, Wilson Martins.

     No ano de 1850, então rico e poderoso, o comendador, depois visconde de Souto, comprou uma fazenda de café no Alto da Boa Vista, local hoje ocupado pela Floresta da Tijuca. Já se tratava de uma propriedade histórica que pertencera a Aymar Marie Jacques Gestas, o conde de Gestas (França 1786 – Niterói 1837). Antes de Gestas, essas terras eram parte da sesmaria de Salvador Correia de Sá e que, por sucessão, passaram em 1568 aos viscondes de Asseca, família em que permaneceram por cerca de dois séculos e meio.

     Affonso d’Escragnolle Taunay, no livro História do café no Brasil, revela:

 

Gestas saíra da França na primeira infância levado por uma tia, também emigrada, para fugir à guilhotina: a condessa de Roquefeuil. Vieram ambos para o Rio de Janeiro onde D. João VI os acolheu com grande simpatia e ficaram no Brasil até a morte. O conde de Gestas e sua tia foram os primeiros fazendeiros de café na Tijuca e ali tiveram assaz grandes lavouras. (TAUNAY, v. 5, t. III, 1939, p. 84).

 

     O livro O Sol do Brasil, de Lília Moritz Schwarcz, confirma as visitas de dom João VI à Fazenda Bela Vista: "Acima da Cascatinha, o conde de Gestas – um amigo de Taunay – plantava café e frutas. Sua residência bem cuidada recebia frequentes visitas de D. João, que parecia gostar da região". (SCHWARCZ, 2008, p. 267). O historiador Carlos Manes Bandeira, na obra Parque Nacional da Tijuca, conta que anos depois também dom Pedro I passou a frequentar a Fazenda Bela Vista:

 

[...] O conde [de Gestas] mandou vir da Normandia vacas-leiteiras e mudas de fruteiras, produziu manteiga e cremes frescos (produtos extremamente raros no país), inclusive o creme de chantilly. Plantou e colheu magníficos morangos, vindos dos morangais de Plogastel (França), aclimatou macieiras, pereiras e vinhas, também de Plogastel. [...] O imperador d. Pedro I e a imperatriz d.ª Leopoldina eram amigos do conde e frequentavam o seu sítio, motivo pelo qual o conde mandou colocar um alto mastro sobre um morro lateral à Pedra do Conde, onde fazia subir a bandeira Imperial Brasileira todas as vezes em que os imperadores ali chegavam. O local ficou conhecido como "Alto da Bandeira" ou "Morro da Bandeira", como permanece até hoje. [...]. (BANDEIRA, 1994, p. 68).

 

     Em 13 de maio de 1823, Gestas casara-se com Alexandrine Françoise Maria du Plessis Parscault, marquesa de L’Espéroux, que se tornou condessa de Gestas pelo casamento. No dia 17 de abril de 1824, ano em que comprou a ilha do Viana, nasceu o filho Pèdre-Marie-Aymar, o futuro segundo conde de Gestas e marquês de L’Espéroux. Os imperadores foram seus padrinhos de batismo.

     No ano de 1830, o conde de Gestas pediu demissão do seu cargo de cônsul geral da França no Rio de Janeiro com o propósito de se dedicar inteiramente à Fazenda Bela Vista. Entretanto, contrariando seus próprios planos, passou a interessar-se muito mais pela ilha do Viana, onde mandou erguer armazéns, oficinas e estaleiros para a construção de pequenas embarcações. Erigiu também ali uma residência para si e sua família. Em 27 de setembro de 1835 morreu a tia, condessa de Roquefeuil. Desgostoso, o conde de Gestas fechou a casa-sede da Fazenda Bela Vista e foi residir definitivamente na Ilha do Viana com a esposa e o filho.

     Em 28 de julho de 1837, Gestas morreu afogado num naufrágio quando rumava para a ilha onde residia. A Fazenda Bela Vista, às vezes também chamada de "Boa Vista", foi leiloada por Frederico Guilherme, mas não há registros de quem a tenha arrematado. O documento seguinte é datado de 1850 e comprova ter António José Alves Souto adquirido essa mesma propriedade, mas nele não consta o nome de algum intermediário entre Gestas e Souto.

     Há outros autores que, face à ausência de documentos mais específicos, afirmam que a fazenda (ou fazendola, chácara, ou sítio – conforme denominações usadas pelos historiadores), após alguns anos de tramitação do inventário, teria passado do espólio de Gestas diretamente ao Souto.

     Em 1850 a residência estava bastante deteriorada, mas Souto mandou restaurá-la para ali passar os domingos com a família.

 

[...] A propriedade compunha-se de casa de vivenda; casa assobradada para pretos; moinho d´água para moer trigo; casa para preparação do café com estufa; máquina de descascar, com jogo de seis pilões, movido por água; uma plantação de 30.000 pés de cafeeiros, para cima, porém que necessitam de trato; pomar, pessegueiros, amoreiras e macieiras. (FERREZ, 1972, p. 49).

 

     Desde a vinda de dom João VI com a corte portuguesa em 1808, o Rio de Janeiro passara a expandir-se. As matas circundantes começaram a ser devastadas, e as árvores derrubadas para servir de lenha e carvão. A flora das encostas das montanhas também foi destruída para o plantio de café. Com isso ocorreu um sério comprometimento das nascentes dos rios. Preocupado com a falta d’água que afetava a capital imperial, em 1861 dom Pedro II mandou reflorestar toda a região desmatada, pondo fim às plantações de café e dando origem à hoje conhecida Floresta da Tijuca, a maior floresta do mundo em área urbana. Foi a primeira reconstituição da cobertura vegetal com espécies nativas de que se tem notícia no Brasil, uma louvável atitude para um tempo em que a palavra "ecologia" ainda não havia sido criada.

     A erradicação da cafeicultura e o reflorestamento da região não representariam grande prejuízo para o Souto, cuja principal fonte de renda era a casa bancária de sua propriedade, a Casa Souto. A Fazenda Bela Vista passou a ser então uma propriedade para lazer e entretenimento da família do visconde e seus amigos.

     Manes Bandeira empreendeu estudos a respeito das dimensões da Bela Vista, afirmando, com base num mapa estampado em Pioneiros da cultura do café na era da independência (FERREZ, 1972, p. 56-57), que a área da fazenda do conde de Gestas era de 11 alqueires fluminenses e 5/8, as mesmas medidas das terras compradas décadas depois pelo conselheiro Mayrink, o último proprietário. Segundo Manes Bandeira, isso prova tratar-se da mesma fazenda que passou, sem alterações nas suas dimensões, pelo visconde de Souto, conde de Bonfim, barão de Mesquita e Francisca Elisa de Mesquita (BANDEIRA, 1994, p. 67). A Fazenda Bela Vista estendia-se desde acima da queda da Cascatinha da Tijuca até o monte hoje conhecido como Pedra do Conde, situado ao norte, e expandia-se pelo lado oeste até a construção denominada "o Barracão", agora sede administrativa do Parque Nacional da Tijuca.

     O mapa referido por Manes Bandeira e Ferrez, mostrando o Alto da Tijuca e arredores, cujo título é Mappa do sitio do Sr. Souto, pertence ao acervo do Arquivo Nacional. Desenhado e assinado por J. A. R. Pereira, Rio de Janeiro, 1855, dezoito anos após a morte de Gestas, mostra que a Estrada do Imperador se bifurcava em "Caminho para a caza de Souto" e "Caminho para a caza de Taunay". Somente em 1888 a propriedade foi vendida ao conselheiro Mayrink, o que vem a comprovar que as palavras "Terrenos pertencentes ao conselheiro Francisco de Paula Mairinck [sic]" escritas no mapa sobre a área da Fazenda Bela Vista, foram acrescentadas cerca de 40 anos depois da feitura do documento.

     A famosa queda d’água conhecida como Cascatinha da Tijuca, pertencia ao Sítio da Cascatinha, da família Taunay. O topo da cascata, entretanto, era parte da Fazenda Bela Vista, propriedade do visconde de Souto.

     Os nomes de alguns pontos da topografia da atual Floresta da Tijuca foram alterados no decorrer das décadas e dos séculos. A Pedra do Conde, por exemplo, recebeu tal nome porque estava dentro da propriedade do conde de Gestas. De 1850 a 1864, passou a ser conhecida como Pedra do Souto. Alberto de Sousa Costa, em Amor 1º, o cruel: romance d’uma "carioca", de 1926 (repetido por Jacinto do Prado Coelho em O Rio de Janeiro na literatura portuguesa, de 1965), cita a Pedra do Souto ao descrever a Tijuca da metade do século XIX, quando era uma serra onde se plantavam árvores frutíferas e café, e começava a sofrer os efeitos do desmatamento, da erosão e do assoreamento, antes de a região ser transformada em floresta para a proteção das nascentes:

 

Os fundos quietos, com suas densas massas de arvoredo – mangueiras, coqueiros, palmeiras, bananeiras, laranjeiras, todas as espécies misturadas, todas as formas confundidas – tornaram-se vastos pântanos sombrios onde a vida mergulha e se afoga. A meio das vertentes – a do morro "do Meireles", a da "Pedra Grande", a do "Pico da Tijuca", a da "Pedra do Souto" – troncos e ramagens são turbas de filhos do pecado fugindo às águas negras do dilúvio. (COSTA, 1926, p. 32-33; COELHO, 1965, p. 223-224).

 

     Ao que tudo indica, depois que o Souto vendeu a fazenda para o conde de Bonfim, o morro voltou a chamar-se Pedra do Conde, como nos tempos do conde de Gestas, e assim permanece.

  

     Embora a Chácara do Souto, em São Cristóvão, residência principal da família, contasse com uma capela, o visconde resolveu mandar construir outro pequeno templo nas terras da Fazenda Bela Vista, consagrando-o a Nossa Senhora de Belém, da qual era devoto. Erguido ao lado do casarão, que não mais existe, o oratório é hoje conhecido como Capela Mayrink.

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Capela Mayrink. Foto Sílvia Maria Pinheiro Grumbach, agosto 2009.

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     No livro Parque Nacional da Tijuca, Carlos Manes Bandeira dá mais detalhes a respeito da Fazenda Bela Vista e da Capela Mayrink:

 

[...] Em 1864 o visconde foi à falência com sua casa bancária, vendendo a propriedade para José Francisco Mesquita (barão, visconde, conde e marquês de Bonfim). O local então passou a ser conhecido como "Alto do Mesquita", indo do topo da Cascatinha até à cancela de Midosi, um pouco acima do "O Barracão", no final da Estrada do Imperador. Com o falecimento do conde de Bonfim, herdou a fazenda Jerônimo José de Mesquita, barão de Mesquita, que a administrou até 1886, quando faleceu, deixando a propriedade para sua filha Francisca Elisa de Mesquita. Em 1888 Francisca a vendeu ao conselheiro Francisco de Paula Mayrink, que fez uma ampla reforma na propriedade e na capela. [...] Em 1897 a Secretaria de Agricultura do Distrito Federal, através do termo lavrado em 18 de maio de 1897, adquiriu a propriedade para nela instalar uma captação de água. Foi a última desapropriação. (BANDEIRA, 1994, p. 104).

 

     O autor prossegue, referindo-se à trilha que levava da Estrada Velha à casa e capela do Souto: "Começa na curva superior da Estrada do Imperador, a cavaleiro do Largo da Cascatinha, e sobe até quase em frente à Capela do Mayrink, sobre o leito da Antiga Estrada aberta pelo visconde de Souto". (1994, p. 137).

     A história da capela da Floresta da Tijuca vem sendo contada em livros, jornais e revistas. O livro Vida e obra do conselheiro Mayrink, escrito por seu neto, Mayrink Lessa, dá ricos pormenores a respeito da capelinha: "Não havia no Rio de Janeiro um mini-templo mais encantador. O imperador e a imperatriz muitas vezes iam ali para respirar o ar da mata e fazer orações. A casa grande criou fama em toda a cidade" (LESSA, 1975, p. 204). Desde Gestas e do visconde de Souto até ao conselheiro Mayrink, ficaram os registros de que a fazenda foi sistematicamente visitada por três gerações de soberanos no Brasil: dom João VI, dom Pedro I e dom Pedro II.

     É Lessa quem continua explicando:

 

Como disse, foi construída por Alves Souto em 1851, junto ao casarão da chácara da floresta que um ano antes comprara. Mas a sua verdadeira história só começa em 1860 com um batizado famoso que a escritora D.ª Therezinha L. de Oliveira, em artigo publicado em "O Globo", no ano de 1970, atribui a frei João do Amor Divino Caneca. Não deve ser o famoso frei Caneca da História, herói da Confederação do Equador, morto em 1825, muitos anos antes portanto. Além disso, chamava-se este Joaquim e não João. Em 1864, por falência do Souto, passou, como foi dito, a pertencer seguidamente a várias pessoas da família Mesquita. [...] Em 1888 foi vendida a propriedade completa ao conselheiro Mayrink, cujas vistas se voltaram logo para a capelinha [...] (LESSA, 1975, p. 206).

 

     Souto construiu a capela em 1850, e não em 1851, e o religioso mencionado era Frei João do Amor Divino Costa, nascido João Eustáquio da Costa em 1830, e não Frei João do Amor Divino Caneca. Franciscano, teve importante atuação no meio eclesiástico, e faleceu em 1909. Segundo anotação em diário de José António Alves Souto, o quarto filho do visconde, foi capelão também do oratório particular na Chácara do Souto.

     Não raro, autores escrevem, erroneamente, que a Capela Mayrink teria pertencido aos primeiros donos da propriedade, os viscondes de Asseca e o conde de Gestas, como se lê em Tijuca de rua em rua, publicado em 2004:

 

A pequena Capela Mayrink, do começo do século XIX, depois de passar por vários proprietários como o visconde de Asseca, o conde de Gestas, o visconde Alves de Souto e o conde de Bonfim, recebeu o nome do último proprietário, o conselheiro Francisco Paula Mayrink. (ROSE; AGUIAR. 2004, p. 28).

 

     É sabido e documentado que a capela em questão não foi construída no começo do século XIX, e não "passou" pelo visconde de Souto, mas foi mandada por ele erigir. O ano de 1860 vinha equivocadamente inscrito ao centro da estrela branca de oito pontas que existe no frontão do oratório. Na verdade o Souto mandara construir a capela em 1850, ao mesmo tempo que executava a reforma do casarão ali existente. A data incorreta permaneceu inscrita no frontão até os primeiros anos do século XXI, quando foi corrigida por iniciativa da museóloga Ana Cristina Pereira Vieira, Coordenadora de Cultura do Parque Nacional da Tijuca.

     Um problema para a História do Brasil é o das informações distorcidas divulgadas em livros antigos, os quais serviram de base às pesquisas feitas nas décadas posteriores, sendo equivocadamente perpetuadas em novos livros. Tal é o caso da obra A floresta da Tijuca, escrita por Raymundo Ottoni de Castro Maya, diretor do parque florestal no biênio 1943-1944, quando naquele lugar ocorreram restaurações de sítios, casas e caminhos, sob a administração do prefeito Henrique Dodsworth. Em que pese a dedicada atuação de Castro Maya e a sensibilidade demonstrada no texto do seu livro e nas belas fotografias de Humberto e José Moraes Franceschi que o ilustram, causa espanto constatar que o diretor da Floresta desconhecia a história da Capela Mayrink, ainda que tenha ilustrado seu livro com uma fotografia do exterior e três do interior do oratório. Castro Maya atribui a construção do pequeno templo à baronesa de Rouhan, que ele grafa "Rouan":

 

[...] O antigo sítio da Cascatinha foi todo remodelado. [...] Faz-se um romance em torno da Capela de Mayrink, que é relativamente recente: provavelmente da segunda metade do século XIX, construída no sítio da Baronesa de Rouan que mais tarde veio a pertencer ao Conselheiro Mayrink. (MAYA, 1967, p. 30).

 

     A baronesa de Rouhan, citada por Castro Maya, era casada com o almirante de Beaurepaire. O casal comprou, por volta de 1810, uma área fronteira à propriedade de Gestas, na colina à esquerda da Fazenda Bela Vista, a qual, após a morte do almirante, foi vendida em duas partes pela baronesa viúva: o "Sítio do Almirante" e o "Sítio do Francisco". Em prol da verdade histórica e da exatidão dos fatos, é oportuno reafirmar que a Fazenda Bela Vista foi propriedade, respectivamente, do conde de Gestas, visconde de Souto, conde de Bonfim, barão de Mesquita, Francisca Elisa de Mesquita e conselheiro Mayrink. Jamais pertenceu à baronesa de Rouhan, e o Souto foi quem mandou construir a capela.

     O livro História das ruas do Rio de Janeiro, de 1954, tem 350 páginas. Anos depois, em 1965, quando o autor Brasil Gerson ampliou a sua obra para 580 páginas, alterou ligeiramente o título da nova edição para História das ruas do Rio, sem o "de Janeiro". Tornaram-se, portanto, dois livros diferentes. Na edição ampliada Gerson mencionou a "capela do Mayrink" sem aludir ao visconde de Souto. Num raro exemplo de elegância, rigor e respeito à História, ao lançar em 1970 O ouro, o café e o Rio, acrescentou-lhe um apêndice, justificando-se:

 

Difícil que seria agora mais uma edição da "História das ruas do Rio", que, com o "sertão" e os subúrbios chegou a 580 páginas, que se aproveite esta oportunidade para algumas correções e acréscimos nela necessários, especialmente sobre a Tijuca e o Andaraí. [...] E antes que seja tarde: a capela tida como do Mayrink (vide pag. 453) já existia em 1860, segundo pesquisa recente do "Guia Rex", na chácara que fora inicialmente do visconde Antônio Alves Souto, que não figurava na relação dos titulares do Império brasileiro. (GERSON, 1970, p. 147 e 153).

 

     A propósito, o visconde de Souto realmente não figurava – e não figura – na relação dos titulares do império, pelo fato de ter sido visconde pelo reino de Portugal e não pelo império do Brasil. Pelo mesmo motivo, o Almanak Laemmert deixou de mencioná-lo durante as décadas em que publicou os nomes dos titulares, bem como na relação "Grandes do Império", onde aparecem em ordem alfabética todos os marqueses, condes, viscondes e barões agraciados com tais títulos pelo soberano do Brasil.

     Mayrink Lessa conta o episódio da decoração da capela por Portinari na primeira metade do século XX:

 

Moradores da região, mediante nova subscrição, encomendaram ao grande artista Portinari painéis religiosos do próprio punho para o interior do templo. Resultaram daí as quatro telas que no recinto se encontram. Em 16 de julho de 1944, o cardeal D. Jaime de Barros Câmara, celebrou ali missa solene, inaugurando oficialmente o mini-santuário. As quatro telas de Portinari são: Nossa Senhora do Carmo e o Menino; São Simão Stock; São João Batista da Cruz, na parte superior do altar e uma visão do purgatório na parte inferior. Tirados de modelos vivos, levou o pintor à tela a figura de sua irmã Inês, como Nossa Senhora; seu filho, como o Menino Jesus; seu irmão, como São João da Cruz, o grande místico; e seu pai como São Simão Stock, a quem Nossa Senhora entregou o escapulário. (LESSA, 1975, p. 208).

 

     Não são conhecidos registros do aspecto original da capela à época em que foi concebida pelo visconde de Souto. Entretanto, um episódio ocorrido em 1985, pôs nas mãos de Francisco Souto Neto, um dos autores deste artigo, precioso documento que muito provavelmente é a mais antiga imagem da hoje denominada Capela Mayrink. Naquele ano, no Rio de Janeiro, Souto Neto dirigiu-se ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, no Palácio Gustavo Capanema, para tratar do andamento da proposição que fizera pelo tombamento do Cemitério São Francisco de Paula, mais conhecido como Cemitério do Catumbi, onde estão sepultados os viscondes de Souto, dentre outros grandes vultos do Segundo Reinado. Na ocasião, o arquiteto Umberto Nápoli, que tratava do assunto durante a gestão de Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, disse casualmente a Souto Neto que nos arquivos havia uma gravura da casa do visconde de Souto na Fazenda Bela Vista. Retirou-se por alguns minutos e ao retornar trazia a cópia xerox possivelmente de uma litografia, que mostrava o casarão. Ao lado, um pouco ao fundo e atrás do arvoredo, via-se a parte superior da fachada de um oratório. Como a gravura priorizava a fachada da casa, a identificação da capela ficou no terreno da suposição, embora tudo indicasse tratar-se da hoje Capela Mayrink, o que seria comprovado anos mais tarde.

 

FOTO 15

Mansão do Visconde de Souto na Fazenda Bela Vista. Atrás do arvoredo, à esquerda, a capela (hoje Mayrink). Possível litografia, sem autor identificado.

Acervo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

 

     Ao longo do tempo a capela vem sofrendo interferências na estrutura. Ao que parece, o conde de Bonfim a reformou em 1865, logo que comprou a Fazenda Bela Vista da massa falida do visconde de Souto. Também restaurou-a o conselheiro Mayrink ao adquirir a propriedade em 1888. Depois da desapropriação feita pelo governo da nascente república, o pequeno templo caiu no esquecimento. Na década de 30 do século XX a construção estava próxima da ruína quando recebeu uma reforma, concluída em 1938.

     Em 1943 Raymundo Ottoni de Castro Maya assumiu a administração da Floresta da Tijuca por um biênio, disposto a embelezar a construção. Entretanto, e infelizmente, efetuou grandes e incorretas alterações na capela, a seu bel-prazer e sem nenhum rigor histórico. Embora fosse um mecenas dedicado, praticou descaracterizações na Capela Mayrink e fez reconstruções inadequadas em outros prédios da floresta. Para servir como sacristia, mandou construir um anexo na lateral do oratório, dando-lhe a forma de um "L" invertido. As janelas em semicírculo foram retiradas e o templo recebeu outras, redondas.

FOTO 16

Capela Mayrink com o frontão pintado de azul e com a sacristia que lhe dava a forma de um “L” invertido. Foto Francisco Souto Neto, fevereiro 1969.

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     Apesar desses equívocos, Castro Maya também efetuou bem-vindas inovações, como a aquisição de telas de Portinari para o altar. Para adornar os nichos da fachada obteve duas estátuas de mármore, a Fé e a Caridade, e mandou construir um campanário ao lado da capela. Burle Marx cuidou do paisagismo.

     Entre 1960 e metade da década seguinte, a capela declinou até ao completo abandono. Primeiro a pintura deteriorou-se e a construção foi sendo aos poucos coberta por pichações, até ficar, em 1976, com aspecto próximo ao de uma ruína.

FOTO 17

Detalhe da porta da Capela Mayrink vandalizada, em 1977.

Foto acervo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

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     Por providencial exigência do IPHAN, sua restauração foi iniciada em 1977, na administração de Antônio Domingos Aldrighi. Contrariando os interesses da Cúria Metropolitana, mas atendendo a fidelidade histórica quanto ao aspecto original da construção, demoliu-se a sacristia, o porão incorretamente aterrado por Castro Maya foi desobstruído para ventilação, e a capela voltou a receber telhas como as originais. As janelas tornaram ao seu antigo formato, segundo relato constante do catálogo assinado pela coordenadora de cultura do Parque Nacional da Tijuca, Ana Cristina Pereira Vieira. Das intervenções arquitetônicas de Castro Maya, conservou-se somente o campanário.

     Em 2004 a capela recebeu de Carlos Barros a doação de portas de vidro, instaladas na parte externa da porta principal.

 

 FOTO 18

Interior da Capela Mayrink.

Foto por gentileza de Rick Ipanema (Ricardo Ramalho), janeiro 2010.

 

     Ao mesmo tempo que efetuou a correção da data da construção da capela, Ana Cristina Pereira Vieira encomendou ao escultor Baldinir Bezerra da Silva uma imagem da primeira padroeira, Nossa Senhora de Belém, da devoção do visconde de Souto, com 80 cm de altura por 45 cm de base. Agora figuram na capela as suas três padroeiras históricas.

     O pequeno templo, muito bem cuidado neste começo de século, faz jus àqueles que o apontam como um dos mais belos e pitorescos das terras fluminenses. É uma jóia arquitetural a surpreender pela delicada beleza e a encantar os visitantes da Floresta da Tijuca, um precioso legado do visconde de Souto ao Rio de Janeiro.

     (Este artigo é parte do livro Visconde de Souto – Ascensão e "Quebra" no Rio de Janeiro Imperial, ainda inédito, escrito pelos autores deste texto, trinetos do visconde)

 

 

Referências:

 

AZEVEDO, Arthur; MAGALHÃES JÚNIOR, Raimundo (org.). Contos ligeiros. Rio de Janeiro: Bloch, 1974. p. 113, 114.

BANDEIRA, Carlos Manes. Parque Nacional da Tijuca. São Paulo: Makron, 1994. p. VIII, 68, 77, 78, 104, 137, 146.

CALMON, Pedro. História do Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1963. v. 5, ed. 2, p. 1731.

CARVALHO, Ney Oscar Ribeiro de. Bolsa de Valores do Rio de Janeiro 150 anos: a história de um mercado. Rio de Janeiro: MCR, 1995. p. 54.

COELHO, Jacinto do Prado. O Rio de Janeiro na literatura portuguesa. Lisboa: Comissão Nacional das Comemorações do IV Centenário do Rio de Janeiro, 1965. p. 224.

COSTA, Alberto de Sousa. Amor 1.º, o cruel: romance d’uma "carioca". Lisboa: Portugal-Brasil, 1926. p. 39.

FERREZ, Gilberto. Pioneiros da cultura do café na era da independência: a iconografia primitiva do café. Rio de Janeiro: IHGB, 1972. p. 48-49, 56-57, 69, 96.

FRANCO, Gustavo Henrique Barroso. A economia em Machado de Assis: o olhar oblíquo do acionista. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2008. p. 135, 165.

GERSON, Brasil. O ouro, o café e o Rio. Rio de Janeiro: Brasiliana, 1970. p. 153.

LESSA, Francisco de Paula Mayrink. Vida e obra do conselheiro Mayrink (completada por uma genealogia da família). Rio de Janeiro: Pongetti, 1975. p. 130, 204, 206.

MAYA, Raymundo Ottoni de Castro. A Floresta da Tijuca. Rio de Janeiro: Bloch, 1967. p. 30.

MORALES DE LOS RIOS FILHO, Adolfo. O Rio de Janeiro Imperial. Rio de Janeiro: A Noite, 1946. p. 256.

SCHWARCZ, Lília Moritz. O Sol do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2008. p. 267

TAUNAY, Affonso D’Escragnolle. História do café no Brasil: v. 5, t. III. Rio de Janeiro: Departamento Nacional do Café, 1939. p. 81-82, 84, 158, 460.

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As páginas digitalizadas do artigo acima poderão ser encontradas neste link:

 

https://fsoutoneto.blogspot.com/2012/11/em-construcao-livro-revista-do.html

 

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FOTOGRAFIAS

 

 

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CAIOBÁ


FOTO 19 – Réveillon 2011/2012: o Tibério (buldogue francês do Rubens), numa das sacadas do apartamento de Caiobá (apelidado de “Los Perros”), enfeitada com balões coloridos, tenta observar a movimentação da rua.

FOTO 20 – Rubens e eu, com nossos respectivos cachorros (Tibério e Paco) na sala de estar do apartamento de Caiobá.

FOTO 21 – Vou ao outro lado da rua, na calçada do outro lado, e fotografo meu amigo Rubens numa das sacadas.

FOTO 22 – As sacadas enfeitadas. À esquerda, a sacada do meu quarto. À direita, a maior, que é da sala.

FOTO 23 – Após a chuva, nossa esquina fica com intenso movimento de carros e gente.

FOTO 24 – Como a Av. Atlântica fica com o trânsito de veículos impedido, o momento de carros se transfere para a nossa rua, que é paralela à Av. Atlântica.

FOTO 25 – Os cachorros atentos ao barulho da rua.

FOTO 26 – Enquanto o Rubens fotografa o Tibério, o Paco me observa.

FOTO 27 – Feriado de 1º de janeiro: eu e os cachorros.

FOTO 28 – Eu e os cachorros.

FOTO 28 – Eu e os cachorros.

FOTO 30 – A sacada festiva.

FOTO 31 – O "rolo chuvoso" rola lá fora...

FOTO 32 – O repouso do Tibério.

FOTO 33 – O lanche estava bom. E o jantar, vai demorar muito?

FOTO 34 – Semanas depois retornamos a Caiobá, para aí comemorarmos o aniversário do Tibério, que na foto acima pode visto no colo do Rubens.

FOTO 35 – Eu e os cachorros.

FOTO 36 – Eu e os cachorros.

FOTO 37 – Hora de jantar. O Paco está perguntando: “E a comida vem ou não vem?”.

FOTO 38 – Tibério também à espera da festa.

 FOTO 39 – A mesa posta.

FOTO 40 – Comidas para as pessoas e para os pets, todos à mesa. Lá na cabeceira da mesa, o bolo de aniversário.

FOTO 41 – Nhac, nhac, nhac...

FOTO 42 – Slup, slup, slup...

FOTO 43 – O Tibério, com gula, também ganha um bom petisco.

FOTO 44 – Pensando em comprar um apartamento ainda melhor, vamos conhecer dois à venda no Edifício Torre Alta.

FOTO 45 – Pensando em comprar um apartamento ainda melhor, vamos conhecer dois à venda no Edifício Torre Alta.

FOTO 46 – Pensando em comprar um apartamento ainda melhor, vamos conhecer dois à venda no Edifício Torre Alta.

FOTO 51 – Panoramas do alto do Torre Alta.

FOTO 52 – Panoramas do alto do Torre Alta.

FOTO 53 – Panoramas do alto do Torre Alta.

FOTO 54 – Panoramas do alto do Torre Alta.

FOTO 55 – Panoramas do alto do Torre Alta.

FOTO 56 – Panoramas do alto do Torre Alta.

FOTO 57 – Panoramas do alto do Torre Alta.

FOTO 58 – Panoramas do alto do Torre Alta.

FOTO 59 – Panoramas do alto do Torre Alta.

FOTO 60 – Panoramas do alto do Torre Alta.

FOTO 61 – Panoramas do alto do Torre Alta.


CURITIBA


FOTO 62 – A visita de minha prima Eliane Macedo Amaral.

FOTO 63 – A visita de minha prima Eliane Macedo Amaral.

FOTO 64 – A visita de minha prima Eliane Macedo Amaral.

FOTO 65 – Momentos do Paco.

FOTO 66 – Momentos do Paco.

FOTO 67 – Paco abrindo um presente.

FOTO 68 – Nos 9 anos do Paco, eu e minhas sobrinhas.

FOTO 69 – Nos 9 anos do Paco, eu e minhas sobrinhas.

FOTO 70 – No aniversário do Paco, é claro que não poderia faltar seu amigo Tibério (aqui com seu dono Rubens). Paco olha ao Tibério. Tibério olha as comidas.

FOTO 71 – Marion e Rossana.

    FOTO 72 – Fim da festa dos 9 anos do Paco.

FOTO 73 – A visita de Márcia Maia da Cunha com sua filha Pamela.

FOTO 74 – A visita de Márcia Maia da Cunha com sua filha Pamela.

FOTO 75 – A visita de Márcia Maia da Cunha com sua filha Pamela.

FOTO 76 – A visita de Márcia Maia da Cunha com sua filha Pamela.

FOTO 77 – Trazidos pela Márcia, os ovos de Páscoa que comprei de Graziela Maia, feitos por ela e embrulhados com raro talento e bom-gosto.

FOTO 78 – Paco Ramirez: nada melhor para um cachorro do que o sono tranquilo e merecido.
 
FOTO 79 – O sono do Paco.

FOTO 80 – O sono do Paco.

FOTO 81 – O sono do Paco.

 FOTO 82 – O sono do Paco.

 FOTO 83 – O sono do Paco.

 FOTO 84 – Poses do Paco.

 FOTO 85 – Poses do Paco.

 FOTO 86 – Poses do Paco.

 FOTO 87 – Poses do Paco.

 FOTO 88 – Poses do Paco.

 FOTO 89 – O sono do Paco.

FOTO 90 – A visita de minha prima Carla Arar.

FOTO 91 – A visita de minha prima Carla Arar.

FOTO 92 – A visita de minha prima Carla Arar.

FOTO 93 – A visita de minha prima Carla Arar.

FOTO 94 – A visita de minha prima Carla Arar.

FOTO 95 – Poses do Paco.

FOTO 96 – Poses do Paco.

FOTO 97 – Poses do Paco.

FOTO 98 – Poses do Paco.

FOTO 99 – Poses do Paco.

FOTO 100 – Paco roendo seu ossinho.

FOTO 101 – Esta foi a minha lancheira nos tempos do Jardim de Infância.

FOTO 102 – Atualmente estão guardados nela os meus brinquedos miúdos dos tempos de Jardim da Infância. Tenho ainda alguns brinquedos grandes guardados numa mala.

FOTO 103 – Naquela metade da década de 40 o plástico estava recém-descoberto. O comum eram os brinquedinhos de galalite. Os primeiros carrinhos do novo material não eram chamados de “plástico”, mas de “matéria plástica”. As bonecas das meninas eram de pano, com a cabeça de porcelana pintada.

FOTO 104 – Os tucaninhos recebiam nomes de personagens, conforme o brinquedo. Aqui, por exemplo, poderiam ser eu e Carlos, amigo do Jardim da Infância, e uma tartaruga...

FOTO 105 – Fotos do telhado do meu prédio no Centro Cívico, mas voltadas para o lado do Alto da Glória.

FOTO 106 – Fotos do telhado do meu prédio no Centro Cívico, mas voltadas para o lado do Alto da Glória.

FOTO 107 – Fotos do telhado do meu prédio no Centro Cívico, mas voltadas para o lado do Alto da Glória.


 

CAIOBÁ

 

 

FOTO 108 – Novo passeio a Caiobá.

FOTO 109 – Novo passeio a Caiobá.

FOTO 110 – Novo passeio a Caiobá.

FOTO 111 – Novo passeio a Caiobá.

FOTO 112 – Novo passeio a Caiobá.

FOTO 113 – Novo passeio a Caiobá.

FOTO 114 – Novo passeio a Caiobá.

FOTO 115 – Novo passeio a Caiobá.

FOTO 116 – Em Caiobá, visita a meu amigo de infância Carlos Roberto Emílio.

FOTO 117 – Em Caiobá, visita a meu amigo de infância Carlos Roberto Emílio.

FOTO 118 – Em Caiobá, visita a meu amigo de infância Carlos Roberto Emílio.


 

CURITIBA




FOTO 119 – De volta a Curitiba...

FOTO 120 – ...na véspera de minha cirurgia de catarata.

FOTO 121 – Após minha cirurgia de catarata, com o incômodo “colar elizabetano”.

FOTO 122 – Muito ruim estudar piano sem poder ver o teclado...

FOTO 123 – É claro que o uso de “colar elizabetano” (próprio para ser usado com cães e gatos após cirurgias nos olhos) é uma BRINCADEIRA MINHA. Isto é, a cirurgia de catarata foi verdadeira, mas o uso de “colar elizabetano” foi só para rir com parentes e amigos!

FOTO 124 – Meu 69º aniversário.

FOTO 125 – Convidados para o meu 69º aniversário.

FOTO 126 – Convidados para o meu 69º aniversário.

FOTO 127 – Convidados para o meu 69º aniversário.

FOTO 128 – Semanas depois, fiz a cirurgia de catarata no outro olho. Desta vez, sem brincadeiras de “colar elizabetano”.

 

Eu e Lúcia Helena na série Detetives da História

 

A série de televisão “DETETIVES DA HISTÓRIA”, do canal internacional THE HISTORY CHANNEL, num dos seus episódios teve como tema um elefante taxidermizado (empalhado) do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Nas pesquisas sobre essa peça, os Detetives da História descobriram que no Rio de Janeiro imperial existiu um zoológico, o primeiro do Brasil, que poderia ser a origem do elefante “sem identidade” do referido Museu. O zoológico pertenceu a um milionário excêntrico, o Visconde de Souto. A pergunta da série foi: “Esse elefante teria pertencido ao Visconde de Souto?” Nas suas pesquisas em busca de respostas, os Detetives da História descobriram na internet os nomes de dois descendentes do Visconde: Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini. Descobriram porque já estava comentado na internet que eu e minha prima estávamos escrevendo a biografia de nosso trisavô, o Visconde de Souto.

Assim, os Detetives da História me descobriam em Curitiba e Lúcia Helena em Paulínia. Ficaram então de vir a Curitiba para entrevistar-nos. Porém, antes da data marcada, por uma questão de logística, informaram-nos que a entrevista seria realizada em Paulínia e não em Curitiba. Deste modo, em vez de Lúcia Helena vir a Curitiba, eu fui a Paulínia. E foi ótimo, porque pude rever minha querida tia Jacyra, irmã de meu pai e mãe de Lúcia Helena. E assim fomos entrevistados e o resultado disso transformou-se em um capítulo da série DETETIVES DA HISTÓRIA. Esse capítulo chamou-se “O ELEFANTE SEM IDENTIDADE”.

Meses depois, o produtor Daniel Lion teve a imensa gentileza de me enviar o DVD (com os maravilhosos e queridos Renata Imbriani e André Guerreiro Lopes na capa) contendo o episódio "O elefante do museu" ["O elefante sem identidade"] do programa "Detetives da História", do qual minha prima Lúcia Helena Souto Martini e eu tivemos a alegria de participar. Os “Detetives da História” são Renata Imbriani e André Guerreiro. O DVD é uma linda lembrança para guardar para sempre.



Eu fiz uma cópia resumida do episódio, com apenas 22 minutos, mas que dá uma ideia mais ou menos completa da história. Abaixo, é só clicar e assistir ao interessantíssimo filme:

 

https://www.youtube.com/watch?v=OL2LLQOhjUo&t=1186s

 

As fotos a seguir foram tiradas na casa de minha tia Jacyra, onde a equipe da televisão nos entrevistou.

 

PAULÍNIA, SP


FOTO 129 – Encontro minha maravilhosa e querida Tia Jacyra, linda à idade de 88 anos. Tiramos algumas fotografias antes da chegada da equipe de “Detetives da História”.

FOTO 130 – Eu e minha querida Tia Jacyra Souto Martini.

FOTO 131 – Tia Jacyra.

FOTO 132 – Tia Jacyra.

FOTO 133 – Tia Jacyra.

FOTO 134 – Lúcia Helena, filha de Tia Jacyra e minha coautora na biografia de nosso trisavô Visconde de Souto.

FOTO 135 – Minha Tia Jacyra com seu neto Bruno Martini, enquanto aguardamos a chegada da equipe de Detetives da História.

FOTO 136 – Meus primos Bruno e Lúcia Helena, enquanto aguardamos a chegada da equipe de Detetives da História.

FOTO 137 – Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini esperando pela chegada da equipe de Detetives da História. Na parede, tela de Lúcia Helena.

 FOTO 138 – Chega a equipe de Detetives da História e os técnicos começam a preparar a sala da casa de Lúcia Helena para a filmagem da nossa entrevista.

FOTO 139 – A equipe era formada por uns 10 técnicos, mais os dois entrevistadores “detetives”: André Guerreiro e Renata Imbriani.

FOTO 140 – A equipe vai preparando a sala para a filmagem.

FOTO 141 – A equipe vai preparando a sala para a filmagem.

FOTO 142 – Lúcia Helena vai observando a movimentação na sala.

FOTO 143 – Renata Imbriani, a Detetive da História. No momento em que escrevo estas legendas (em dezembro de 2023), Renata Imbriani, que é atriz, faz parte do elenco da “novela das 9” da Rede Globo que está passando no momento, “Terra e Paixão”.

FOTO 144 – Uns instantes antes de começar a entrevista, estão reunidos no sofá: Renata Imbriani, Jacyra Souto Martini, André Guerreiro e Francisco Souto Neto.

FOTO 145 – Embora a equipe tivesse pedido para não se fotografar durante a gravação, felizmente meu primo Bruno Martini, muito discretamente, tirou duas fotografias... e assim ficamos com a lembrança da foto acima.

FOTO 146 – Mais uma foto de Bruno Martini mostrando nossa entrevista para a série DETETIVES DA HISTÓRIA, capítulo O ELEFANTE SEM IDENTIDADE.

 FOTO 147 – Terminada a entrevista e após delicioso lanche oferecido por Lúcia Helena, a equipe despede-se. Aqui, Bruno Martini entre André Guerreiro e Renata Imbriani.

FOTO 148 – O veículo parte em viagem.

FOTO 148-A – O aceno de André Guerreiro.

FOTO 149 – Após todo o movimento da tarde, momento de silêncio para o papagaio Nicolau.

FOTO 150 – Lúcia Helena tratando de Nicolau, o papagaio já velhinho.

FOTO 151 – Lúcia Helena e sua irmã Eliana.

FOTO 152 – No dia seguinte, visão da praça principal de Paulínia, da janela do meu hotel. Era domingo, dia de eleições; eu justifiquei a ausência do meu voto e à tarde Lúcia Helena levou-me a Campinas, onde embarquei de volta a Curitiba.

 

CURITIBA


FOTO 153 – Exposição das bailarinas de Degas no MON.

FOTO 154 – Esta bailarina, particularmente (e que pertence ao acervo do MASP), eu conheço desde minha infância (ou adolescência), da época em que o Museu de Arte de São Paulo, recém-inaugurado por Assis Chateabriand, funcionava num prédio da Rua 7 de Abril na capital paulista.

FOTO 155 – Exposição das bailarinas de Degas.

FOTO 156 – Exposição das bailarinas de Degas.

FOTO 157 – Exposição das bailarinas de Degas.

FOTO 158 – Peça do acervo do MON.

FOTO 159 – Peça do acervo do MON.

FOTO 160 – Uma senhora (pena que não me lembro do nome) que residia numa daquelas duas altas torres residenciais na parte mais alta das Mercês, perto da antiga Torre da Telepar, tinha este preciosíssimo mosaico de Franco Giglio que não cabia em qualquer parte do seu apartamento (mesmo sendo um imóvel enorme, de um por andar). Então ela resolveu doar ao Banestado porque sabia que o mosaico seria colocado em local de destaque. Realmente, eu sugeri que fosse para a sala de recepções da Galeria de Arte Banestado. Quando no Governo Lerner o Banco foi à falência (o que ocorreu 9 anos após eu me aposentar), temi pelo destino que seria dado a esta valiosíssima peça. Pois hoje está no MON, felizmente!

FOTO 161 – Ainda no MON, uma interessantíssima exposição em homenagem a Paulo Leminski e Alice Ruiz. Acima, uma enorme foto do casal, parte da exposição.

FOTO 162 – O Paco estava no banheiro que ele usa. Tinha a cara desconfiada. Perguntei-lhe: “O que houve, Paco?”...

FOTO 163 – ...e o Paco respondeu: “Sem querer, fiz xixi no olho dele!”.

FOTO 164 – Chega a noite... prepara-se para o sono.

FOTO 165 – O sono dos justos.

FOTO 166 – Momentos de Paco Ramirez.

FOTO 167 – Momentos de Paco Ramirez.

FOTO 168 – Momentos de Paco Ramirez.

FOTO 169 – Momentos de Paco Ramirez.
FOTO 170 – Momentos de Paco Ramirez.

FOTO 171 – Momentos de Paco Ramirez.

FOTO 172 – Momentos de Paco Ramirez.

FOTO 173 – Momentos de Paco Ramirez.

FOTO 174 – Momentos de Paco Ramirez.

FOTO 175 – Momentos de Paco Ramirez.

FOTO 176 – Anoitece no Centro Cívico. Da minha sacada, vejo o Palácio Iguaçu iluminado

 

CAIOBÁ

O réveillon


FOTO 177 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 178 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 179 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 180 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 181 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 182 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 183 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 184 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 185 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 186 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 187 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 188 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 189 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 190 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 191 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 192 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 193 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 194 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 195 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 196 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 197 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 198 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 199 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 200 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 201 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 202 – Réveillon em Caiobá com os cachorros.

FOTO 203 – Réveillon em Caiobá com os cachorros... e termina o ano de 2012.

 

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    OBSERVAÇÃO:

QUEM QUISER ASSISTIR A FILMES FEITOS EM CAIOBÁ POR OCASIÃO DESSES PASSEIOS, É SÓ ENTRAR NO CANAL DE FRANCISCO SOUTO NETO NO YOUTUBE E BUSCAR O ASSUNTO. SÃO CERCA DE 500 FILMES DESDE OS TEMPOS DOS SUPER-8 MUDOS, AOS VHS E, FINALMENTE, AOS DVD, INCLUINDO MUITOS FILMES FEITOS EM PASSEIOS À EUROPA.


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FIM DO ANO 2012

 

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2 de setembro de 2023:

80 ANOS ESTA NOITE

 

CONTINUA NA

PARTE  36

O ano 2013

 

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Francisco Souto Neto em 2023 aos 80 anos.

 

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