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2 de setembro de 2023:
80 ANOS ESTA NOITE
PARTE 37
Recordando
o ano 2014
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O ANO 2014
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Dois acontecimentos importantes para mim ocorreram em 2014. O primeiro foi uma exposição no Museu Oscar Niemeyer - MON, apelidado de "Museu do Olho", que ficou aberta durante mais de dois anos, cujo tema foi o Banco do Estado do Paraná como incentivador da cultura do Paraná, principalmente das artes plásticas. Eu era o Assessor para Assuntos de Cultura da presidência do Banestado" e com o apoio de sucessivas diretorias e diversos governos, pude direcionar o banco oficial do Paraná ao apoio à cultura, e meu nome, cartazes, impressos e obras de arte relativos aos anos em que estive nessas funções, foram lembrados na exposição. No ano seguinte foi publicado um livro em edição de luxo com referência a esta - modéstia à parte - notável exposição.
O segundo acontecimento para mim importante, foi o meu ingresso na Academia de Letras José de Alencar, a convite de Anita Zippin, então na vice-presidência daquela instituição.
A partir da FOTO 166 (ou melhor, da 169), um pouco do meu cotidiano recheado de... cachorros, como seria fácil prever.
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ÀS VEZES ACRESCIDAS DE MUITAS FOTOGRAFIAS
FOTO 1 - Crônicas
de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico
Jornal Centro Cívico – Ano 12 – Edição 112 –
Fevereiro de 2014.
Francisco Souto Neto
Seguidamente
tenho ouvido uma pergunta formulada por amigos artistas plásticos, jornalistas
e intelectuais: “O que é feito do acervo de arte do Banestado? E do acervo
histórico do Museu Banestado?”.
O
Museu Banestado iniciou a formação do acervo em 1986 com oito telas de Theodoro
De Bona, retratando os primeiros presidentes do Banestado. Idealizador daquele
estabelecimento e presidente do Comitê de Implantação do Museu Banestado, com
maciço apoio da imprensa iniciei grande campanha em todos os Estados onde o
banco mantinha agências, mais o Distrito Federal, para sensibilizar
funcionários e clientes a doarem objetos que ajudassem a dar sentido ao um
museu que representaria a memória bancária e financeira do Paraná. A primeira
doação foi feita pela minha mãe, que entregou ao museu a sua preciosa coleção
completa de cédulas de mil-réis e de cruzeiros, e duas máquinas datilográficas
históricas, de modo a estimular a campanha. O meu compromisso, divulgado pela
imprensa, era de que os nomes dos doadores ficariam para sempre ao lado do
objeto doado. E assim, dezenas de colegas e clientes ofereceram ao Museu
Banestado objetos que guardavam com carinho em suas casas, alguns muito
valiosos, outros singelos, mas todos revestidos de algum sentido histórico. A
inauguração do museu reuniu a intelectualidade paranaense, funcionários do
banco, políticos, historiadores e figuras representativas da sociedade.
No
ano 2000 o Banco do Estado do Paraná foi levado à falência pelos homens de
confiança de Jaime Lerner. Esse governador esmagou o banco dos paranaenses e
depois entregou o bagaço – em leilão e por preço vil – ao Banco Itaú.
Tentei
salvar da catástrofe o acervo do Museu, primeiro sugerindo aos diretores do
Banco Itaú que o devolvessem aos doadores, no que não fui atendido, mas
afirmou-me aquela diretoria que concordaria em doar o acervo a alguma
instituição que desejasse mantê-lo. Procurei imediatamente a AFAB – Associação
dos Funcionários Aposentados do Banestado, e o FUNBEP. Ambos, porém, não tinham
espaço físico para abrigar o acervo. Resolvi então pedir socorro aos museus de
Curitiba, com cujas administrações eu tivera estreita relação, pelo fato de ter
sido conselheiro do Sistema Estadual de Museus (da Secretaria de Estado da
Cultura), conselheiro do Museu de Arte do Paraná e diretor da Sociedade de
Amigos do Museu de Arte Contemporânea, Museu Paranaense e Museu da Imagem e do
Som. Para minha decepção, até mesmo o Museu Paranaense recusou o oferecimento
porque estava prestes a deixar o espaço físico do prédio que é hoje o Paço da
Liberdade, e seu futuro endereço era ainda incerto. Enfim, todos os meus
esforços resultaram infrutíferos.
Cedendo
a pressões, o Itaú entregou o acervo do banco e do museu ao governo do Paraná,
e eu fui gentilmente convidado para a cerimônia de doação por Cristiane
Magalhães Brant (então diretora de Marketing e de Cultura do Banco Itaú em São
Paulo), que se realizou no Palácio Iguaçu. O governador Jaime Lerner recebeu a
doação dos diretores do Itaú, e em seu discurso, se bem me lembro, disse que o
acervo seria destinado ao NovoMuseu (exatamente assim, com as duas palavras
emendadas, era o nome do atual Museu Oscar Niemeyer). Entretanto supus que a
parte do acervo do Museu Banestado com sentido histórico certamente seria
destinada ao Museu Paranaense. E os nomes dos doadores… seriam mantidos ao lado
do bem doado?
Depois
disso, desiludido, nunca mais ouvi falar desse acervo. Que fim teria levado?!
No mês passado, na sede da AFAB – atualmente presidida pelo dinâmico Fernando
Prezutti – os colegas Newton Barbosa Almada da Silva, Paulino França do
Nascimento Neto, Natalino Sbrana, Carlos Zatti e o próprio presidente
disseram-me que pretendem tentar resgatar para a instituição que representam, a
AFAB, o que for possível daquilo que pertenceu ao Museu Banestado. É uma
auspiciosa expectativa, que certamente nos inspirará a alçar voo na tentativa
de ajudar a preservar a memória do outrora grandioso banco oficial do Paraná.
O
leitor que se interessar pela questão do acervo do Banestado e do Museu
Banestado poderá buscar no Google: “Subsídios para a história do Museu
Banestado”, “Galeria de ex-presidentes do Banestado” e “O dia em que não
apertei a destra do governador”.
(Francisco Souto Neto – Curitiba, Janeiro de 2014)
-o-
Um resumo histórico sobre o
Museu Banestado poderá ser encontrado no seguinte link:
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Foto 2 - Crônicas de Francisco Souto
Neto para o Jornal Centro Cívico
Jornal
Centro Cívico – Ano 13 – Edição 113 – Março de 2014
Francisco Souto Neto
No fim do ano passado,
equipes da RPC TV noticiaram suas visitas a doze cidades do Paraná para
verificar denúncias concernentes às oficinas que prestam serviço ao Governo do
Estado, onde encontraram centenas de veículos parados à espera de conserto,
maioria pertencente à Polícia Militar, mas também caminhões de bombeiros e até
mesmo ambulâncias. Em uma única oficina de Ponta Grossa foram constatadas quase
100 viaturas da Polícia Militar, da Polícia Ambiental e veículos de outros
órgãos governamentais, todos parados à espera de conserto. Ali os serviços
estavam interrompidos porque o Governo do Paraná tinha dívidas atrasadas há
mais de dois meses.
Em Cornélio Procópio a
situação era pior: o governo não pagava suas dívidas há mais de três meses
pelos serviços já efetuados, e as oficinas, obviamente, recusavam-se a fazer
novos consertos enquanto não recebessem o que lhes era devido.
É inaceitável, é
escandaloso que o Governo do Paraná não possa pagar o conserto de viaturas
policiais, ambulâncias e caminhões dos bombeiros. Inquirido pelos repórteres,
Beto Richa dá respostas incompletas, enquanto seus olhos não se fixam no jornalista,
mas ficam inquietos, movendo-se para todos os lados, passando ao telespectador
uma sensação desagradável. Respostas evasivas ouvimos também pela mesma RPC TV,
em 26 de fevereiro, quando a repórter Andressa, em frente ao Palácio Iguaçu,
entrevistou o diretor-geral da Secretaria de Educação, Jorge Wekerl, sobre a
falta de funcionários em escolas e o atraso do pagamento das merendas. A
repórter fez a pergunta sobre o assunto por duas vezes, e o entrevistado
“desconversou”. Do estúdio, interveio a ótima apresentadora do programa, Thays
Beleze, que procurou disfarçar a irritação enquanto exclamava: “Na verdade,
Andressa, a gente vê aí algumas contradições: o diretor diz que está tudo
certo, que não há problemas, que há orçamento para merendas, para funcionários…
e então pergunto, diretor, onde está o problema?! As escolas nos mostram que
não têm funcionários e falta merenda. Onde está o problema?!”. Mais uma vez o
entrevistado “desconversou” e derivou para outros assuntos. A repórter Andressa
agradeceu educadamente, mas também enfatizou a insatisfação que era dela e dos
telespectadores ante as evasivas do entrevistado: “Vamos continuar acompanhando
este caso de falta de merenda, de funcionários e de material didático nas
escolas estaduais do Paraná”.
No dia 6 deste corrente
mês de março, o programa Paraná TV continuou mostrando que os problemas da
falta de pagamento não são “pontuais” (isto é, casos isolados), como afirma o
governo. Em Sítio Cercado, o bairro mais populoso de Curitiba, os moradores
realizam uma rifa para ajudar a consertar viaturas da Polícia Militar. Pior
ocorre em Palmeira, cidade próxima a Ponta Grossa, onde um mecânico decidiu
efetuar os reparos gratuitamente na única viatura que ali existe para atender a
33 mil moradores. O conserto da embreagem do veículo custaria cerca de 1.300
reais, mas o governo não assegurava o pagamento.
Enquanto os carros da
polícia se amontoam quebrados, o comércio e as residências ficam à mercê dos
bandidos. Enquanto pessoas doentes morrem à espera de socorro, as ambulâncias
estão paradas nas oficinas sem que o governo lhes pague o que deve. Isso é
inadmissível, é até imoral. O governo continua negando que esteja em
dificuldades financeiras, mas as imagens que o contradizem estão todas na
internet, à disposição de quem quiser comprovar. Que decepção! Faz-me lembrar
de quando foi eleito o primeiro governo pelo voto popular, após os obscuros
anos da ditadura militar. Era o Governo José Richa, empossado em março de 1983.
Eu era assessor de diretoria no Banestado – Banco do Estado do Paraná – e
acompanhei de perto todos os passos dos novos diretores e seus contatos com os
vários segmentos do governo no sentido de promover a moralização, a ética e o
desenvolvimento. Um tempo grandioso de construção, de crescimento. Filho de
José Richa, o atual governador Beto Richa era um garoto de 17 anos. Desde então
passaram-se 30 anos. E agora? Agora o Paraná vai em marcha lenta, quase
parando. Com o Estado à beira do abismo, qual será o legado de Beto Richa à
História do Paraná?
(Francisco Souto Neto –
Curitiba, março de 2014)
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FOTO 3 - Crônicas
de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico
Jornal
Centro Cívico – Ano 13 – Edição 114 – Abril de 2014
Francisco
Souto Neto
Tenho seguidamente recebido por e-mail, e
também vejo nas redes sociais, uma mensagem que se propõe a corrigir o termo
“presidenta”, mensagem esta que classifico como cretina e sabotadora, cujas
palavras iniciais, com erros de concordância e outros vícios de linguagem,
dizem, ipsis literis: “Uma belíssima aula de português! Foi
elaborado para acabar de vez com toda e qualquer dúvida se tem [sic] presidente
ou presidenta. A presidenta foi estudanta? Existe a palavra presidenta? Que tal
colocar um ‘basta’ no assunto?”. Adiante, a mensagem tenta
ironizar: “A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta
pouco pacienta…”. A tal “belíssima aula” está supostamente assinada
por Miriam Rita Moro Mine, professora de Engenharia na UFPR.
Antes de tudo,
é preciso lembrar que o vocábulo presidenta está dicionarizado há muitas
décadas, e palavra dicionarizada é palavra correta. [O grande Machado de Assis a usou pela
primeira vez em 1880, ao publicar o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas]. Eu
já usava “presidenta”em textos que publiquei nos distantes anos 70, e é pífia
qualquer discussão sobre a sua existência. Tanto “presidente” quanto
“presidenta” são corretas e podem ser usadas no gênero feminino, a depender da
vontade de quem escreve ou fala. Por tais motivos, resolvi contatar a
professora Miriam, para dialogar sobre o seu equívoco. Buscando um meio de
encontrá-la através da internet, descobri a seguinte declaração divulgada pela
própria professora:
“Nunca escrevi
absolutamente nada sobre a existência ou não da palavra ‘presidenta’. Meu nome
está sendo usado indevidamente como autora de um texto que circula na internet
e na imprensa. Sou professora da Universidade Federal do Paraná – UFPR,
Departamento de Hidráulica e Saneamento, graduada em ‘Engenharia Civil’ e com
pós-graduação em cursos de ‘Engenharia’ (Mestrado e Doutorado) e professora de
cursos de ‘Engenharia’ na UFPR (ver meu Curriculum Lattes – www.cnpq.br – plataforma lattes). Eu jamais escreveria um
texto que não fosse da minha área de atuação. Miriam Rita Moro Mine.
Universidade Federal do Paraná. Departamento de Hidráulica e Saneamento. Caixa
postal 19011. 81531-990 Curitiba, PR”.
Ou seja, o
verdadeiro autor da “aula” desapareceu e alguém, de maneira ladina e criminosa,
pôs o nome da referida professora no texto apócrifo, como se fosse ela a sua
autora. Por isso, antes de as pessoas divulgarem pela internet, deveriam
comprovar as fontes dessas notícias, para saber se são verdades ou mentiras com
o objetivo de enganar e confundir a opinião pública. Se a professora Miriam for
à polícia e registrar queixa, é provável que chegará ao autor do crime, e assim
poderá processá-lo. A tal “belíssima aula” é um fake com o
propósito de disseminar falsidades e confusões sobre o idioma pátrio, e
principalmente desqualificar a presidenta Dilma Rousseff.
Ao buscar
na web um contato com a professora Miriam, encontrei
casualmente um texto inteligentíssimo sobre o assunto, da autoria de Igor
Santos, no seguinte endereço:
O texto de Igor Santos é necessariamente
longo, com introdução igualmente extensa, mas deve ser lido na
íntegra. Sobre o assunto em discussão, não há outra aula melhor, nem
mais contundente e precisa. O autor escreveu visivelmente irritado, e
acrescento: benfazeja a sua irritação! Está na medida exata em que eu, também
aborrecido com aqueles que parecem acreditar que a palavra “presidenta” foi
inventada por Dilma Rousseff, venho sugerir que não veiculem besteiras
pela web sem antes checar as fontes. Querem outro exemplo de “nonsense”?
Ei-lo: já recebi no Facebook, de seis diferentes e indignados amigos, a notícia
que tem por título “Dilma zomba do fim dos protestos no Brasil”. Ao
transcrever esse título no Google, busquei a fonte da “notícia” e encontrei-a
no blog denominado “Arrota1” que, após as opiniões dos
leitores, se defende ao pé da página, para evitar processos contra si,
declarando: “Fique atento – O Arrota1 é um portal de humor. Publicamos
sátiras e notícias humorísticas fantasiosas, fictícias, que não devem ser
levadas a sério”.
Por favor!
Comprovem a veracidade antes de compartilhar notícias falsas. Há maneiras bem
mais produtivas de colaborar na construção de um Brasil melhor.
(Francisco Souto Neto – Agosto de 2013)
— o —
ATENÇÃO!
POR FAVOR, LEIA!!!
OBSERVAÇÃO
ACRESCENTADA EM 18.9.2016:
Na semana passada, um amigo me
mostrou um artigo que encontrou na internet sobre a palavra presidenta, tão interessante principalmente em seus
últimos parágrafos, que além de dar, logo abaixo, o seu link, faço questão de também transcrevê-lo na íntegra,
porque é melhor do que os textos que eu já escrevi sobre o mesmo assunto.
Quem costuma ter respeito pela Língua
Portuguesa encontrará aqui um precioso aliado, e aqueles que não são muito
amigos do vernáculo e que pensam que presidenta é
invenção de Dilma Rousseff ou do PT, terão a oportunidade de aprender ao menos
um pouquinho sobre o nosso tão maltratado idioma pátrio.
O link, elaborado
por DICIONARIOEGRAMATICA.COM, de 2 de maio de 2016, é este…
…e esta é a sua transcrição na íntegra:
“PRESIDENTA” É MAIS ANTIGO E TRADICIONAL EM PORTUGUÊS DO QUE “A PRESIDENTE”
Postado em gênero de palavras, história da língua portuguesa, palavras que faltam nos dicionários, palavras usadas errado por dicionarioegramatica
A palavra “presidenta”
é feminino correto para “presidente”, aceito
por todas as gramáticas e presente em dicionários portugueses há séculos. Hoje, “a presidente” é
considerada igualmente correto, mas a verdade é que “a presidenta” é forma muito mais antiga e
tradicional na língua portuguesa do que “a presidente”.
A palavra presidenta está hoje em todas as gramáticas e
dicionários portugueses e brasileiros.
Gramáticos contemporâneos, como o professor Pasquale (vejam aqui)
concordam: “pode-se dizer a presidente ou a presidenta”.
As gramáticas portuguesas e
brasileiras tradicionais – como a Nova Gramática do Português
Contemporâneo, do brasileiro Celso Cunha e do português
Lindley Cintra, ou a Moderna Gramática Portuguesa,
de Evanildo Bechara – também concordam: “Quanto aos substantivos
terminados em -e, uns há que ficam invariáveis (amante, cliente, doente,
inocente), outros formam o feminino com a terminação em “a”: alfaiata, infanta,
giganta, governanta, parenta, presidenta, mestra, monja. Observação:
“governante”, “parente” e “presidente” também podem ser usados invariáveis no
feminino.”
“Presidenta” está
no Dicionário Aurélio desde a sua primeira edição,
em 1975 (ver aqui);
está no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) da Academia Brasileira de Letras desde
a sua primeira edição, em 1932; no Dicionário da Academia Brasileira de Letras; e estava já no primeiroVocabulário Ortográfico sancionado pela Academia de
Lisboa, de Portugal, em 1912 (o
vocabulário integral pode ser acessado aqui).
Presidenta já aparecia também em textos de nossos
melhores escritores dois séculos atrás: Machado de Assis, por exemplo,
usa “presidenta” em Memórias Póstumas de Brás Cubas,
sua obra-prima, publicada em 1881 e
disponível gratuitamente aqui.
Anos antes, em 1878, o português O Universo Ilustrado narrava o
enterro fictício de uma “presidenta”; em 1851, a Revista Popular de Lisboa também se referia à “presidenta” de uma
reunião.
Ainda em Portugal, podemos
encontrar presidenta no primeiro vocabulário oficial da língua portuguesa, elaborado
em 1912 por Gonçalves Viana (disponível aqui) .
“Presidenta” está também
no vocabulário do português Rebelo Gonçalves (1966),
e, desde um século antes, no Dicionário de Português-Alemão de Michaëlis (1876), no de Cândido de Figueiredo (1899), no Dicionário Universal / Texto Editores (1995), na primeira edição do Dicionário Lello (1952)
e na primeira edição do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (também de 1952).
Na verdade, ainda antes disso –
no ano de 1812 (antes ainda, portanto,
da independência do Brasil de Portugal), a palavra “presidenta” já aparece dicionarizada: está no Dicionário de Português-Francês de
Domingos Borges de Barros, que viria a ser diplomata e senador. Versão
digitalizada do dicionário, de 1812, pode ser acessada aqui.
Por falar em outras línguas: não
apenas no francês, mas também nas línguas irmãs do português, o galego e
o espanhol,
presidenta é considerado o feminino mais
gramaticalmente correto de “presidente”.
A palavra “presidenta” nada tem
a ver, portanto, com Dilma Rousseff ou com o PT, e quem se recusa a usar a
palavra por achar que é uma invenção recente de petistas está apenas atestando
ignorância em relação à língua portuguesa.
Isso porque a forma
“a presidenta” é, na verdade, mais antiga e mais tradicional na
língua portuguesa que “a presidente”.
Como se
pode ver em todos os dicionários e vocabulários oficiais anteriores a 1940
(por exemplo: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui),
até a metade do século passado a palavra “presidente” era
considerada substantivo exclusivamente masculino, e “presidenta”
era o único feminino aceito para “presidente”.
Em outras palavras: apenas a partir
de 1940 a forma “a presidente” passou a ser aceita
por gramáticos e dicionaristas portugueses e brasileiros. Ou seja: a
palavra “presidenta”, dicionarizada desde 1812, é mais antiga e
tradicional em português que a forma neutra “a presidente”,
apenas dicionarizada a partir de 1940.
A passagem, no século passado,
de “presidente” como forma exclusivamente masculina para
forma neutra baseou-se no mesmo processo de “neutralização de gênero” pelo qual
passaram, e vêm até hoje passando, vários outros substantivos portugueses
– como “a parente”, que antes só se dizia “parenta” -, sobretudo profissões –
como “a oficial” (que antes só se dizia “oficiala”), “a cônsul” (que antes
só se dizia “consulesa”) ou “a poeta” (que antes só se dizia
“poetisa”).
A Revista Veja, por exemplo, deixou de usar a palavra
“presidenta” apenas quando Dilma Rousseff chegou ao poder e disse que gostaria
de ser chamada assim. Até então, porém, a mesma Veja usava “presidenta” – vide
exemplos de edições da década de 1970 (ao
se referir à então presidenta deposta da Argentina), de 1980,
de 1990 e
mesmo 2000.
Do mesmo modo, anos antes de o PT chegar
ao poder, os demais órgãos de imprensa usavam “presidenta” –
como a Folha de S.Paulo – por
exemplo, em 1996 (“Secretária de Turismo de Alagoas e presidenta da Fundação”), 1997 (“Segundo a presidenta da CPI,
deputada Ideli Salvatti”), 2003:
(“A presidenta da CDU e líder da bancada parlamentar, Angela Merkel,
já deixou claro que seu partido não se dispõe a salvar a situação para o
governo de Berlim.”), etc.; O Estadão (em 2004:
“Empresária de Shakira era presidenta da companhia”;
em 2008: “disse a presidenta da Plataforma, Maribel Palácios”,
etc.), o Correio Braziliense, etc.
Em resumo:
hoje, é indiferente o uso de “a presidenta” ou “a presidente” – ambas as
formas são gramaticalmente corretas e equivalentes.
Mas, ao contrário
do que diz o senso comum e do que supõem muitos em sua ignorância, “a
presidenta” não é informal, não é uma invenção recente nem é “coisa de
feministas” ou “de esquerdistas” (pelo contrário, é a forma mais antiga e
tradicional em língua portuguesa).
Um bom exemplo de sensatez, por
exemplo, vem do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB – um dos principais opositores de Dilma
Rousseff, que, no entanto, nunca deixou de falar “presidenta”,
por saber que essa forma é antiga, tradicional e perfeitamente correta em
português.
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OBSERVAÇÃO:
A
mesma crônica acima, foi originalmente publicada no Jornal Centro Cívico Edição
107 de Agosto de 2013 e agora republicada no mesmo jornal Edição 114 de Abril
de 2014.
Foi também
publicada na Gazeta de Santa Cândida, Curitiba, de Agosto de
2013, nº 143.
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FOTO 4 - Crônicas de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico
Jornal
Centro Cívico – Ano 13 – Edição 115 – Maio de 2014
Trens, feriadões prolongados e o complexo de Macunaíma
Francisco
Souto Neto
No segundo semestre de 2002,
nas entrevistas pela televisão dos candidatos à presidência da República, ouvi
Lula mencionar algo que eu jamais tinha escutado dos seus oponentes, e que
ficou registrado na minha memória. Ele que retornara havia alguns dias do Velho
Continente, disse e concluiu interrogativo: “Lá na Europa todo mundo viaja de
trem, que é um transporte rápido e seguro. Por que aqui no Brasil também não é
assim?”. O governo FHC tinha sido bastante traumático pela onda de
privatizações muitas vezes desastrosas e estava envolto em corrupção. No
primeiro momento, pareceu a muitos que Lula poderia ser a hora da renovação,
uma nova brisa no sentido da ética na política e no comércio de transportes.
Cheguei a imaginar que seriam construídas modernas estradas de ferro e que as
capitais dos Estados da Federação seriam ligadas por linhas férreas, o que
representaria viagens agradáveis e, principalmente, promoveriam o transporte de
mercadorias com maior rapidez, estimulando a produtividade e a economia
brasileira. Mas imperou o complexo de Macunaíma. Tudo não se passou de ilusão e
antes do final do seu primeiro mandato, o que presenciei foi o presidente
preocupar-se principalmente em varrer para debaixo do tapete as acusações de
corrupção contra os seus correligionários que estavam em postos relevantes do
governo. Ética? Trens? Estradas de ferro? Morreram na modorra brasileira. E os
políticos, salvo raras e honrosas exceções, continuaram mostrando-se mais
interessados em manter seus bolsos bem recheados em vez de tratar dos assuntos
que representem os interesses da coletividade, e disso Maluf é um exemplo
gritante.
Mas há outro lado igualmente
perverso do “complexo de Macunaíma”, que é praticado descaradamente sob nossos
olhos, não pelos políticos, mas por cidadãos comuns. Macunaíma, para quem não
sabe, é um romance escrito em 1928 por Mário de Andrade e representa o
indolente povo brasileiro. O personagem-título é um anti-herói sem caráter,
caracterizado pela frase que pronuncia a toda hora: “ai, que preguiça!”. É aos
“feriadões prolongados” que estou agora a me referir. Eu não gostaria de ter
passado aos colegas dos tempos anteriores à minha aposentadoria a falsa
impressão de eu ter sido um “caxias” – sem desrespeitar um Lima e Silva de quem
descendo – porque, afinal, nunca fui um fanático pelo trabalho, embora sempre
tenha cumprido o meu dever com honestidade, assiduidade e retidão, e disto me
orgulho. A verdade é que durante as décadas em que trabalhei no Banestado,
faltei ao serviço uma única vez: quando tive pneumonia na década de 60. Jamais
emendei um feriado de quinta-feira com o sábado e nunca faltei numa
segunda-feira anterior a um feriado.
Em Curitiba um dos termômetros
para se aferir o complexo de Macunaíma é, para mim, o Tribunal de Justiça, na
Rua Mauá. Diga-se de passagem que quando caminho por ali em dias úteis, o
movimento na calçada é enorme, e a porta, num entra e sai, permanece aberta no
horário de expediente. Após o almoço há sempre uma extensa fila para os
elevadores, que às vezes me provoca o riso porque, em vez de se desenvolver
junto à parede, costuma sair pela porta diretamente em direção à rua, como uma
cobra cega e burra, obstruindo a passagem dos transeuntes que se deslocam sob a
galeria.
Para me valer de um exemplo
recente, tivemos o feriado da Paixão de Cristo na sexta-feira dia 18 de abril,
e Tiradentes na segunda-feira dia 21. Quatro dias de lazer, mas aparentemente
trabalhou-se só até dia 16, quarta-feira, porque na quinta, 17, véspera da
Paixão de Cristo, o silêncio e a falta de movimento imperavam naquele local.
Como se não bastasse a expectativa dos quatro dias parados, muitos, ainda
insatisfeitos, faltaram ao serviço na véspera do feriado. Na semana seguinte
tivemos o 1º de maio, Dia do Trabalho, numa quinta-feira. Na sexta-feira, dia
útil, 2 de maio, a porta do Tribunal estava fechada: parece que ninguém
trabalhava. E nas semanas sem feriados, não há burburinho às sextas-feiras. Que
lassidão é essa? É o complexo de Macunaíma!
Os brasileiros mostram-se
irritados com a falta de retidão dos políticos, mas se esquecem de pôr ordem às
suas próprias casas. O que impera é a preguiça de trabalhar entre os que não
compreendem, ou não querem compreender o real sentido do dever e da produtividade.
(Francisco Souto Neto – Maio de
2014)
FOTO 5 - Crônicas
de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico
Jornal Centro Cívico – Ano 13
– Edição 116 – Junho de 2014
Francisco Souto Neto
Nos primeiros anos deste novo milênio vários países do mundo inteiro se
digladiavam pelo direito de sediar a Copa do Mundo em 2014. Em junho de 2003 a
Confederação Sul-Americana de Futebol anunciou que Brasil, Argentina e Colômbia
se candidatariam a sede do evento. Em 2006 referida Confederação votou
unanimemente pela adoção do Brasil como seu único candidato, e todos exultaram.
Joseph Blatter, presidente da FIFA, visitou-nos no ano seguinte e constatou que
nossos estádios não tinham condições de sediar a Copa. A imprensa, que há anos
acompanhava o assunto, mostrou que os brasileiros, maciçamente, desejavam que o
grande espetáculo do futebol aqui se realizasse, e que eventuais obstáculos os
frustrariam. Quando o presidente do país declarou que seriam construídos novos
estádios, se bem me lembro, todos respiravam aliviados e orgulhosos. Na minha
memória não há registros de repúdio ou insatisfação popular. Todos “queriam
porque queriam” a Copa no Brasil.
Os anos arrastaram-se até que ao final de 2007, quando a FIFA ratificou o
Brasil como país-sede da Copa do Mundo em 2014. Viu-se um regozijo geral, com
comemorações por toda parte. Depois disso, houve disputa entre as capitais
brasileiras pelo direito se serem cidades-sede. Quando estas foram anunciadas,
os moradores das mesmas festejaram a escolha.
No segundo semestre do ano passado, entretanto, começaram a surgir, aqui e ali,
grupos de pessoas manifestando-se contrárias à realização da Copa do Mundo no
Brasil. No começo deste ano em curso as manifestações de insatisfação cresceram
em passeatas, e as redes sociais intensificaram protestos e revolta.
Mas existe aí um paradoxo, porque esses protestos dos insatisfeitos deveriam
ter acontecido lá atrás, no tempo em que as proposições estavam ainda “no
papel” e antes de o Brasil assumir o compromisso de realizar a Copa do Mundo de
2014. Agora, com os estádios praticamente concluídos e as cidades-sede
preparadas para o evento, não é mais a hora de se posicionar contra. O silêncio
deveria imperar ante o arrependimento daqueles que não se manifestaram em tempo
hábil.
Tudo, entretanto, parece bem claro: estamos às portas das eleições
presidenciais, e a oposição ao governo move todos os instrumentos possíveis e
impossíveis com o claro propósito de desestabilizar a candidatura de Dilma
Rousseff. Os protestos têm fundo unicamente político. É tão grande a enxurrada
de críticas à candidata, que nem todos percebem que enorme parte do que se diz
é maquiavélica invenção que vem para engrossar essa estranha torrente de
histeria coletiva, violência e ódio. Acredito que uma campanha política teria
maior eficácia se enfocasse objetivamente os notórios partidos envoltos em
corrupção e os seus respectivos políticos corruptos e corruptores, e não a
candidata sobre quem, e a bem da verdade, nunca se publicou nem se apontou na
imprensa qualquer fato que a ligasse à corrupção.
Do mesmo modo que não gosto de nenhum partido político e tenho restrições a
todos eles, também nunca me interessei por times ou partidas de futebol. A
única ocasião em que assisto a jogos futebolísticos é nos campeonatos mundiais,
cujas festas de abertura são cada vez mais admiráveis e mostram as belezas do
país-sede, possibilitando-nos verdadeiros passeios através da televisão por
aquelas nações para apreciarmos a evolução dos povos e a sua boa educação.
Concluo esta crônica em 4 de junho de 2014 e fico desejando ardentemente que na
próxima semana, na festividade de inauguração da Copa do Mundo, os brasileiros
saibam dar uma bela aula de boa educação ao planeta inteiro que estará olhando
para nós. Será a rara e maravilhosa oportunidade de mostrarmos que formamos um
lindo país e que não somos os trogloditas que muitos gostariam que fôssemos.
Vamos deixar os problemas políticos para depois da Copa do Mundo, e na hora
certa louvar ou, se preferirem, criticar tanto a situação quanto a oposição,
mas com fundamento, sem mentiras nem fanatismos partidários.
(Francisco Souto Neto – Junho de 2014)
FOTO 6 - Crônicas
de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico
Jornal Centro Cívico – Ano 13 – Edição 117 – Agosto
de 2014
Francisco Souto Neto
No
dia 3 de julho de 2014 foi inaugurada uma exposição no MON – Museu Oscar
Niemeyer, popularmente conhecido como Museu do Olho, que me sensibilizou por
enaltecer o trabalho que desenvolvi no Banestado nas décadas de 80 e 90, quando
exerci as funções de Assessor para Assuntos de Cultura da diretoria e
depois da presidência do extinto banco oficial do Paraná.
A
história da exposição é a seguinte: em abril deste 2014 tive a grande
satisfação de receber em casa o jovem Ricardo Freire, secretário e assessor de Estela Sandrini (Teca
Sandrini) diretora do MON, para me entrevistar sobre o acervo de arte do Banco
e sobre a história do Museu Banestado, das Galerias de Arte e do SBAI – Salão
Banestado de Artistas Inéditos, estes integrantes do Programa de Cultura do
Banestado que foi por mim instituído, tendo o MON por objetivo realizar uma
exposição retrospectiva com tal acervo que agora lhe pertencente, exceto
algumas peças que foram destinadas ao Museu Paranaense.
Ricardo
Freire, formado em História Antiga e Medieval, exímio calígrafo, artista
plástico e talentoso ator (atuou no Festival de Teatro de Curitiba), chegou à
minha residência com as pesquisas já praticamente realizadas, pois de antemão
obtivera informações na internet sobre o Programa de Cultura do extinto banco,
e sabia do significado do SBAI – Salão Banestado de Artistas Inéditos, um
certame que foi tão importante que chegou a substituir o oficial Salão dos
Novos da Secretaria de Estado da Cultura durante os anos em que este esteve em
recesso. O SBAI descobriu e divulgou milhares de artistas plásticos em início
de carreira, inúmeros dos quais tornaram-se nomes de projeção nacional. Criei o
Salão Banestado em 1983 na companhia de Tadeu Petrin, que em sua inauguração
teve o nome de “Exposição de Artistas Amadores Funcionários e Clientes do
Banestado”. O SBAI foi inspirado na “Exposição de Arte do Cinquentenário do Banestado”,
realizada por Petrin em 1978 e que teve na comissão julgadora Ennio Marques
Ferreira, Neida Peil de Oliveira e o autor desta coluna.
A
Galeria de Arte Banestado de Curitiba, inspiração de Christóvam Soares
Cavalcante, surgiu logo depois do SBAI. Sua primeira administradora foi Vera
Munhoz da Rocha Marques, que transformou aquele lugar num ponto de encontro de
artistas plásticos e intelectuais, cujos nomes é impossível citar, porque este
espaço seria insuficiente para relacioná-los. Após aposentar-me como Assessor
da Presidência, sucederam-me Tina Camargo, Maria Amélia Junginger, Vera Munhoz
da Rocha Marques e Clarissa Lagarrigue. Na Galeria de Arte assumiram
sucessivamente Taís Horbatiuk, Tânia Dallegrave Góes e Ana Cristina Rank. A
Galeria de Arte de Londrina era gerida por Sílvia Marconi Pavan e a de Ponta
Grossa por Jurandir Modesto e Leda Veneri. O Museu Banestado, em Curitiba, foi
administrado por Rosane Fontoura e depois por Maria Lúcia Gomes. O Programa de
Cultura incluiu a edição e lançamento de livros de autores residentes no
Paraná, e também o apoio à música (existiu até o Coral Banestado, regido por
Amóz Camilo dos Santos), ao cinema e ao teatro (Constantino Viaro idealizara o
Projeto Barracão, assumido por nós, que inauguramos algumas unidades sob o nome
de Teatro Banestado). Até o Instituto Saint-Hilaire da Defesa dos Sítios
Históricos, cuja diretoria integrei, foi parte do Programa de Cultura do
Banestado.
Grande
parcela disso é evocada na exposição que se realiza no MON. Telas de importantes
autores, que pertenceram ao acervo do Banestado, estão lá expostas.
Infelizmente faltaram as telas premiadas no SBAI, e as do acervo do Museu, mas
a exposição será de longa duração e as telas provavelmente passarão por um
rodízio. A história desses eventos, entretanto, está escrita nas paredes de cor
amarela da Sala 8, e a mostra inclui também, logo à entrada da referida sala,
algumas telas do extinto Museu de Arte do Paraná (de cuja diretoria fui
conselheiro).
Meus
parabéns a Teca Sandrini, Ricardo Freire, Sandra Fogagnoli, e a toda a equipe
do MON que trouxe de volta à luz os tempos de fausto e glória do grandioso
Banco do Estado do Paraná S. A., criminosamente vilipendiado, esmagado e
extinto no governo Jaime Lerner de detestável memória.
(Francisco Souto Neto – Julho de 2014)
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ABAIXO: AS TRÊS PRIMEIRAS FOTOGRAFIAS FORAM TIRADAS
EM MARÇO DE 2014 NA OCASIÃO EM QUE FRANCISCO SOUTO NETO FOI ENTREVISTADO POR
RICARDO FREIRE, E AS DEMAIS EM 3 DE JULHO DE 2014, NO DIA
DA INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO NO MUSEU OSCAR NIEMEYER, POR ESTELA
SANDRINI (TECA SANDRINI), DIRETORA DO MON.
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FOTO 11 ACIMA: Com Teca Sandrini (Estela Sandrini) na inauguração da exposição sobre o acervo de arte do Banestado.
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EMBORA AS FOTOGRAFIAS TIVESSEM SIDO ENCERRADAS ACIMA, SURGIU UM NOVO FATO QUE MERECE A EXPOSIÇÃO COMPLEMENTAR DE MAIS TRÊS FOTOGRAFIAS ABAIXO.
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Em 29.7.2014, o jornalista AROLDO MURÁ H. HAYGERT publicou no Diário Indústria & Comércio, em sua coluna, a notícia “História do Banestado, um resumo da nossa arte”, a respeito da exposição no MON, que poderá ser vista e lida no seguinte endereço:
Em setembro de 2014, a cronista social IZA ZILLI gentilmente noticiou o acontecimento, no seguinte link:
http://www.blogizazilli.com/index.php/destaques/alja-academia-de-letras-jose-de-alencar
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FOTO 37 - Crônicas
de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico
Jornal Centro Cívico – Ano 13 – Edição 118 –
Setembro de 2014
Francisco Souto Neto
Fundada
em 1939 em Curitiba, comemora o seu 75º aniversário a ALJA – Academia de Letras
José de Alencar que teve como primeiro nome Associação de Cultura José de
Alencar. Funcionou originalmente no Colégio Parthenon, na Rua Comendador
Araújo. Seu primeiro presidente foi Luiz Aníbal Calderari. Depois de uma estada
por alguns anos na Biblioteca Pública, a entidade passou a usar a estrutura do
Centro de Letras do Paraná.
Agora
a Academia está instalada em novo endereço, o Palacete dos Leões, graças a
contatos preliminares mantidos pelo acadêmico Celso de Macedo Portugal com seu
amigo Abel Olivet Filho, alto funcionário do Banco Regional de Desenvolvimento
do Extremo Sul, que intercedeu junto a Ana Teresinha Ribeiro Vicente que
representa a diretoria de cultura do BRDE e responde pelo Espaço Cultural conhecido
como Palacete dos Leões. A proposição da Academia de Letras foi por não apenas
usufruir do espaço físico do Palacete nas suas reuniões mensais, mas por manter
uma parceria com o BRDE, tendo por objetivo a promoção da cultura.
No
dia 2 de julho do ano em curso, Arioswaldo Trancoso Cruz, presidente da ALJA, e
sua vice Anita Zippin, fizeram uma visita de cortesia em petit comité ao
Palacete dos Leões, acompanhados dos acadêmicos Celso de Macedo Portugal,
Hamilton Bonat, Tânia Rosa Ferreira Cascaes e Francisco Souto Neto, para
agradecer a Ana Teresinha Ribeiro Vicente e a toda a diretoria do BRDE pela
concretização da referida parceria.
O Palacete dos Leões, um dos mais significativos marcos da história
arquitetônica de Curitiba, foi inaugurado em 1902 para servir de residência a
Agostinho Ermelino de Leão Júnior. Construído num estilo eclético pelo
engenheiro Cândido de Abreu, incorpora tendências de variadas épocas, mas foram
as villas e os palazzos italianos que mais o
inspiraram. A fachada, acima da escadaria, compõe-se de cinco portas em arco,
ladeadas por colunas com capitéis coríntios e entremeadas de pilastras, todas
compondo a galeria de entrada que conta com duas pequenas salas em suas
extremidades, abrindo-se em seu centro para os dois enormes salões principais.
No passado, entretanto, o salão principal era o que se localizava no lado sul,
com entrada independente após escada e varanda. Quando, em 1906, o presidente
Afonso Pena veio a Curitiba, hospedou-se no Palacete Leão Júnior porque não
existia hotel que estivesse à altura do ilustre visitante.
Leão
Júnior morreu em 1907. Sua viúva, Maria Clara de Abreu Leão, passou a comandar
os negócios da família, do ramo ervateiro, até à sua morte em 1935. E o
palacete foi passando às gerações seguintes da família Leão, até que no final
dos anos 70, com a morte de uma das matriarcas, a propriedade foi vendida à
IBM, que restaurou magnificamente o palacete para transformá-lo num espaço
público para exposições de arte. Assim como acontece com os antigos palácios
particulares europeus, que se transformam em museus abertos ao público, o
Palacete Leão Júnior foi presenteado à comunidade curitibana.
O
BRDE, ao comprar o imóvel, manteve a tradição de abrigar exposições de artes
plásticas e promover noites de autógrafos em lançamento de livros nos salões da
mansão. Sempre ampliando o seu apoio à cultura, agora dá guarida à tradicional
e respeitada Academia de Letras José de Alencar, que no dia 20 de agosto de
2014 ali realizou sua primeira reunião formal, que passa a chamar-se “picnic (ou
piquenique) cultural” por sugestão da vice-presidente, ao qual compareceram o
presidente Arioswaldo Trancoso Cruz, a vice Anita Zippin, os acadêmicos
Nylzamira Cunha Bejes, Ariadne Zippin, Dione Mara Souto da Rosa, João Carlos
Cascaes, Hamilton Bonat, Celso de Macedo Portugal e Francisco Souto Neto, e o
convidado e futuro acadêmico Claudinei Roncolatto.
Espaço
Cultural BRDE e Academia de Letras José de Alencar seguem agora lado a lado
rumo a um destino que certamente fará História na cultura paranaense.
(Francisco Souto Neto – Agosto de 2014)
-o-
FOTOGRAFIAS QUE DOCUMENTAM O ENCONTRO HISTÓRICO
No dia 2 de
julho de 2014, Arioswaldo Trancoso Cruz, presidente
da ALJA – Academia de Letras José de Alencar, e sua vice Anita Zippin, fizeram
uma visita de cortesia em petit comité ao Palacete dos Leões, acompanhados dos
acadêmicos Celso de Macedo Portugal, Hamilton Bonat, Tânia Rosa Ferreira
Cascaes e Francisco Souto Neto, para agradecer a Ana Teresinha Ribeiro Vicente
e a toda a diretoria do BRDE pela concretização da referida parceria.
(SEMPRE
CLIQUE SOBRE A FOTO PARA VÊ-LA EM DETALHES)
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Adiante, no dia 20 de agosto de 2014 realizou-se o 1º Picnic Cultural (nome que Anita Zippin sugeriu dar às reuniões da ALJA) no Palacete dos Leões. Abaixo, algumas fotografias do evento.
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Adiante, a segunda reunião (ou Picnic Cultural) da Academia de Letras José de Alencar no Palacete dos Leões ocorreu no dia 17 de setembro de 2014.
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(SEMPRE CLIQUE SOBRE A FOTO PARA VÊ-LA EM DETALHES)
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No dia 15 de outubro de 2014, Arioswaldo Trancoso Cruz, presidente da ALJA – Academia de Letras José de Alencar, e sua vice Anita Zippin, conduziram a terceira reunião (ou Picnic Cultural) realizada no Palacete dos Leões, cujo principal assunto da pauta foi a preparação para as solenidades da reunião festiva de novembro, com a admissão de novos acadêmicos. Participaram, além do presidente e da vice, os seguintes acadêmicos: Orlando Woczikosky, Janske Niemann Schlenker, Hamilton Bonat, Nylzamira Cunha Bejes e Francisco Souto Neto, e os que ingressarão na Academia no próximo mês: Iza Zilli, Charyana Gamballe Correia, Adriano Pires Ribas e Claudinei Roncolatto. Adiante, mais 15 fotografias tiradas durante a reunião, numeradas de 67 a 80.
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No dia 27 de novembro de 2014, realizou-se a sessão magna da Academia de Letras José de Alencar, a quarta no Palacete dos Leões, quando quatro associados passaram a titulares, ocupando cadeiras patronímicas: Luislinda Dias de Valois-Santos na cadeira nº 6, Hamilton Bonat na cadeira nº 19, Lilian Deise de Andrade Guinski na cadeira nº 23 e Francisco Souto Neto na cadeira nª 26. Foram também admitidos os novos sócios titulares: Adriano Pires Ribas, Charyana Gamballe Correia, Claudinei Roncolatto, Estela Carmem Pereira Sandrini (Teca Sandrini), Iza Zilli e a sócia-correspondente Regina Celi Simões Ângelo. Em seguida, um coquetel comemorou o Jubileu de Diamante da Academia (75 anos de fundação). Onze fotografias registram a festividade.
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FOTO 82: Diploma que recebo da Academia de Letras José de Alencar como ocupante da cadeira patronímica nº 26.
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No dia 27 de novembro de 2014, Francisco Souto Neto passou a ocupar a cadeira patronímica nº 26 (cujo patrono é Emiliano Perneta), o que ficou registrado na câmera de João Carlos Cascaes, neste endereço do YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Fit-Ig1BSMM
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Foto 95: Crônica
de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico
Jornal Centro Cívico – Ano 13 – Edição 119 –
Outubro de 2014
Um endereço de sensatez em tempos de discursos de
ódio
É
brutal a diferença entre as eleições presidenciais atuais e as do passado. Nas
de 1960 concorriam Jânio Quadros e o marechal Lott. De tanto ouvir as
marchinhas dos candidatos – hoje diríamos jingles – vindas dos
incansáveis alto-falantes dos carros, elas ficaram na minha memória. A de Jânio
dizia “Varre, varre, vassourinha”, e lembro-me também de: “Ele vem aí / não
demora não / ele vem aí / com uma vassoura na mão”. E a do marechal era assim:
“De leste a oeste / do sul ao norte / a terra brasileira / é uma bandeira / é o
marechal Teixeira Lott”. Vivíamos uma época em que no Paraná ainda não existia
televisão e a vida transcorria serena e sem sobressaltos.
Após
54 anos, neste atual tempo de eleições, as pessoas têm me parecido um tanto
“robotizadas” por não se cansarem de mandar para o meu endereço eletrônico
verborrágicos discursos de ódio, com até mesmo pastores destilando fel ao status
quo, como se este destinatário fosse suscetível a propagandas subliminares
contra seja qual for o candidato ou partido político. Essa histeria coletiva
não consegue alcançar cidadãos apolíticos como eu, que transito à vontade entre
amigos de variadas tendências políticas, existenciais e até filosóficas, e que
dispenso orientações eleitoreiras.
Os
surpreendentes métodos utilizados atualmente nas fraudes políticas seriam
inimagináveis há poucos anos. Por exemplo, no noticiário do meu provedor Terra,
mostrou-se a que ponto pode chegar uma fraude, como aquela na qual Lula
aparentemente declara – e o faz com a sua voz inconfundível – que passou a
apoiar a candidatura de Marina Silva. As palavras ditas por Lula conferem
exatamente com o movimento dos seus lábios… tudo, entretanto, criado e adaptado
por recursos sofisticados de computador, com o propósito de enganar os
eleitores e a opinião pública. Nessa situação em que cada um deseja impor ao
outro as suas opiniões em meio a recíprocos bombardeios promovidos por suas próprias
ideologias antagônicas, eu tenho presenciado amizades antigas se desintegrarem.
Meu
amigo Rubens Faria Gonçalves também comentou comigo – e ele está certo – o
incrivelmente alto número dos candidatos que vociferam apoiando-se em objetivos
religiosos e em livros sagrados, em vez de, com objetividade, se comprometerem
com os anseios dos cidadãos, principalmente no que concerne a saúde, educação,
direitos humanos, segurança pública e repúdio à corrupção.
Em
meio ao caos existente na tevê e na internet, enquanto eu procurava por algo
mais saudável para ver ou ouvir, entrei no canal de um amigo no YouTube – o meu
confrade João Carlos Cascaes – que no seu primeiro comunicado a eventuais
ouvintes, apresentou-se no quadro “Quem sou”, e a certa altura declarou:
“Entendam que sou, antes de mais nada, uma pessoa que adora a liberdade,
principalmente a liberdade intelectual. Não admito tutela, não admito
subserviência, não aceito que nenhuma religião, teologia, filosofia, nem mesmo
time de futebol, nada me governe. Eu quero sempre ter a liberdade para
analisar, pensar e escolher aquilo, ou aquele pensamento, ou aquela impressão
que me empolgou e que eu goste de compartilhar com vocês. Vocês verão filmes
que talvez não lhes agradem, e outros em melhor sintonia com as suas ideias.
Numa troca de informações entre nós, poderemos melhorar tudo. O mundo e a
evolução da humanidade dependem muito da honestidade intelectual, material, da
honestidade profissional, da capacidade que nós tivermos de viver de acordo com
os melhores princípios e com aquelas crenças que muitas vezes hipocritamente
vemos pessoas dizendo que têm, mas que na vida prática, na vida real, acabamos
descobrindo diferenças muito grandes. Então está aí o meu canal… os meus
ideais, a minha lógica, a minha maneira de ser, e espero que gostem”. O amplo
conceito de liberdade de Cascaes coincide com minha maneira de pensar.
Paralelamente, ele pede mais atenção aos deficientes físicos e propõe uma maior
divulgação de Libras, a língua brasileira de sinais.
Nestas
e noutras palavras de João Carlos Cascaes finalmente revelou-se na internet uma
ilha de serenidade, de lucidez e equilíbrio. Como se vê, basta procurar para
encontrar fontes de sensatez.
(Francisco Souto Neto – Setembro de 2014)
-o-
OBSERVAÇÃO:
A
gravação feita na abertura de seu canal do YouTube pelo meu confrade João
Carlos Cascaes (da Academia de Letras José de Alencar), referida na minha
crônica acima, poderá ser vista e ouvida na íntegra no seguinte endereço:
http://www.youtube.com/watch?v=McjQhRRoIHQ
Francisco Souto Neto
Curitiba, 2 de outubro de 2014.
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FOTO 96: Crônica
de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico
Para publicação em Novembro
de 2014
Francisco Souto Neto
Na minha meninice, ia-se para o
jardim-da-infância aos seis anos. O meu foi em 1950 no Colégio Sant’Ana, Ponta
Grossa, na esquina da Av. Bonifácio Vilela com a Rua do Rosário. No primeiro
dia eu e meu vizinho da mesma idade, Carlos Roberto Emílio, fomos levados pela
minha irmã Ivone, de onze anos, que estudava na mesma escola. Tratava-se de um
colégio feminino, de freiras, todavia o jardim-da-infância era misto e
funcionava ao fundo do pátio do recreio, num pavilhão alcançado por escadaria
externa. Minhas recordações são vagas, porém lembro-me de janelinhas ao lado
dessa escadaria, que eram os respiros do porão, mas que os colegas chamavam de
“o quarto escuro”, para onde as “irmãs” – as freiras – mandariam as crianças
desobedientes. Entretanto as religiosas eram bondosas. Elas às vezes passavam
entre as carteiras carregando imensos painéis com cenas bíblicas, enquanto
contavam histórias. Eu usava chuca-chuca e cabelos meio compridos que, contudo,
não ultrapassavam o limite da nuca. Além do amigo Carlinhos, lembro-me apenas
de mais um colega do jardim-da-infância: Álvaro Correia de Sá Filho. Que teria
sido feito dele e de todos os demais, meninos e meninas?
Em 1951, cabelo cortado, fui para o 1º
ano do curso primário na Escola de Aplicação, esquina da Rua Dr. Colares com a
Augusto Ribas, atrás do Cine Ópera. Os cabelos grisalhos da professora, dona
Maria Antônia, eram unidos numa única longa trança levada para o alto da cabeça
e presa em círculos, formando impressionante coroa. Começamos a escrever com
lápis, e só no segundo semestre encontramos tinteiros embutidos nas carteiras,
quando cada aluno recebeu uma pena. Pena era o nome da caneta de madeira, em
cuja extremidade havia uma pena metálica. Ao lado, o indispensável mata-borrão.
Passamos a conviver com nossos dedos indicador, médio e polegar manchados de
tinta azul. Maria Antônia era severa e irritada. Numa das primeiras aulas uma
garotinha errou a lição, e essa professora agarrou-a pelos cabelos, sacudiu-a
como um crocodilo faz com sua presa, atirando-a contra duas carteiras que ao se
deslocarem derrubaram outras crianças. Petrifiquei de pavor ao ver que bruxas
existiam e Maria Antônia deveria ser a rainha delas. Durante todo o ano deu
tapas na cabeça das crianças e eventuais beliscões. Por motivos ignotos, fui
poupado. Embora eu nunca tenha apanhado de meus pais – que não batiam nos
filhos – naquele tempo genitores e professores violentos eram comuns. No 2º ano
primário, no mesmo colégio, minha professora chamava-se Ida, e foi a mudança da
bruxa para a fada. No 3º ano já em Campo Grande, no Colégio Oswaldo Cruz, minha
professora era linda, delicada, chamada Agnes, e foi a primeira paixão de muitos
de nós aos 9 anos. O 4º ano primário foi em Presidente Venceslau, SP, e meu
professor Armando, cego de nascença, era o mais competente da cidade, além de
boníssimo. Sua secretária chamava-se Zilda.
De volta a Ponta Grossa, o curso de
admissão ao ginásio era ministrado por dona Armida, que mantinha sobre sua mesa
uma palmatória de madeira. Cursei os quatro anos seguintes no Ginásio
Ponta-grossense, ou “Academia”. Durante aqueles quatro anos minha professora de
Matemática foi dona Adelaide, uma terrível reedição de Maria Antônia. Desde
logo revelou-se tirana, distribuindo “croques” (cascudos) nos meninos que eram
chamados ao quadro-negro e erravam a lição. Quando muito irritada, pegava o
pesado livro de chamada, de capa dura, e o lascava na cabeça da criança. Para
nunca apanhar dela, eu estudei Matemática ferozmente, com sucesso. Sempre
passei de ano com notas não exemplares, mas suficientes. Ao concluir o ginásio,
aliviado por ficar livre da professora, em represália esqueci tudo o que
aprendi da megera, e até hoje conto nos dedos. Na Academia, a antítese a
Adelaide foram os professores Zanoni, Paschoal e Joselfredo, respectivamente de
Português, Francês e Geografia, muito queridos pelos alunos.
Depois, no Curso Científico, tive
professores intelectuais, como a de Literatura Francesa, que tinha o apelido de
Grací (era Maria da Graça Aguiar Armellini, e depois Maria da Graça Trèny), que
abria sua casa para falar aos alunos sobre literatura, pintura, música, cinema,
teatro, tal como a Madame de Rambouillet do século XVII, que abria seu Salão
Azul para reuniões com a intelectualidade parisiense, que inspiraram inovações
sociais, culturais, arquitetônicas e literárias. Dona Graci foi preciosa
amizade que levei por toda a vida. Mas esta já é uma outra história de tempos
melhores…
(Francisco
Souto Neto – Novembro de 2o14)
OBSERVAÇÃO:
ADIANTE, ALGUMAS FOTOGRAFIAS DA ÉPOCA E LUGARES A
QUE SE REFERE A CRÔNICA ACIMA.
Na FOTO 97 acima: Carlos Roberto Emílio, Francisco Souto Neto (ambos aos seis anos de idade) e Ivone Barbosa Souto (aos 11 anos). Foto de Arary Souto, registrando a saída para o primeiro dia de Souto Neto e Carlinhos no jardim-da-infância, Colégio Sant’Ana. A ordem era: os três de mãos dadas, por motivo de segurança, até chegarem ao colégio, uns quinze quarteirões adiante. Recordo-me de ter baixado um pouco a cabeça, porque o sol era muito forte e feria meus olhos.
FOTO 102: Entre as galinhas de estimação, Ivone Barbosa Souto e as crianças Francisco Souto Neto, João José Pinto Maia e Graziela Pinto Maia (Grazinha). A galinha ao centro é a Dengosa. Abaixo à direita, a galinha com pintinhos é a Corriqueira, e à direita é a galinha preta de pescoço pelado que se chamava Birro.
*
DANDO UM SALTO DE ALGUNS ANOS, PARA LEMBRAR OS TEMPOS DO GINÁSIO:
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POST-SCRIPTUM:
No
começo do século XXI, em 2004 para ser mais exato, o jornalista Adriano
Justino, da Gazeta do Povo, fez uma sensível reportagem sobre os animais da
vida de Souto Neto, mais exatamente sobre a chegada do chihuahua Paco Ramirez,
ocasião em que se referiu nominalmente às galinhas de estimação da
sua infância, tais como Funegundas, Dengosa, Birro, Pafúncia… o que poderá
ser visto e lido neste endereço:
http://viagenseopinioes.blogspot.com.br/2011/09/paco-ramirez-el-corazon-de-souto-neto.html
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FOTO 116: Crônica
de Francisco Souto Neto para o Jornal Centro Cívico
Para publicação em Dezembro de 2014
Francisco Souto Neto
Em
Curitiba todos conhecem a Rua Emiliano Perneta, mas poucos sabem que essa via
pública homenageia aquele que em 1911, numa festa no Passeio Público, foi
aclamado “o príncipe dos poetas paranaenses”. Nascido em 1866 e considerado o
maior poeta do Paraná em seu tempo, começou influenciado pelo Parnasianismo,
mas foi um dos precursores do Simbolismo. Fez sucesso em São Paulo e no Rio,
onde residiu, como jornalista e poeta. Abolicionista, proferiu palestras em
defesa dos ideais libertários. Publicava artigos políticos e literários, e foi
um grande divulgador, em Curitiba, do poeta francês Baudelaire. Nesta Capital,
em 1912 foi um dos fundadores do Centro de Letras do Paraná. Falecido em 1921,
ele é o patrono da cadeira nº 26 da Academia de Letras José de Alencar.
Adalto
Gambassi de Araújo foi o primeiro ocupante da cadeira 26 da Academia de Letras
acima mencionada. Ele tem uma histórica que se liga à minha família. Nascido em
Ponta Grossa em 1922, era filho de Adalberto Carvalho de Araújo. Seu pai, Adalberto,
e meu pai, Arary Souto, ambos jornalistas, entre as décadas de 40 e 50 foram
pares de diretoria no Jornal do Paraná, então o diário mais importante da
cidade. O pai de Adalto era o diretor superintendente, e meu pai, Arary, o
diretor de redação. Em 1952 Adalto de Araújo lançou o livro de poemas “Cântico
para o século XX”, inovador e revolucionário em termos literários. Meu pai
publicou no jornal um elogio a esse livro e daí surgiu a ideia de oferecer a
Adalto uma página dupla, literária, nas edições dominicais, que foi a primeira
do gênero em Ponta Grossa. E tem mais: Adalto era irmão da crítica de arte
Adalice Araújo, que escrevia aos domingos na Gazeta do Povo. A saudosa Adalice,
portanto irmã de Adalto, foi minha querida e grande amiga, falecida em 2012, e
inúmeros dos nossos contatos estão perpetuados na imprensa, e agora também
na web.
Enói
Renée Navarro Swain, escritora, jornalista e pedagoga, nascida em 1920,
dedicou-se ao ensino. Sobre seus livros, escreveu Helena Kolody: “são livros de
mãe e de mestra – de mãe que acompanhou, vivendo com amor a infância dos
filhos; de mestra possuidora de larga visão pedagógica e seguro conhecimento da
psicologia infantil”. Enói Renée lia Shakespeare para as filhas desde que elas
eram pequenas. Bonecas não eram presentes comuns, e sim, cubos mágicos e
brinquedos fantásticos que aguçassem a criatividade das meninas. Membro da
Academia de Letras José de Alencar, ocupou a cadeira 26 e faleceu em 2009.
É
a esses grandes escritores que tenho a honra de suceder desde a noite de 27 de
novembro de 2014, quando passei a ocupar a cadeira patronímica nº 26 da
Academia de Letras José de Alencar, que naquela ocasião elegeu sua nova
diretoria em comemoração ao Jubileu de Diamante – 75 anos da fundação – daquela
casa de cultura. Foram admitidos seis novos associados efetivos: Adriano Pires
Ribas, Charyana Gamballe Correia, Claudinei Roncolatto, Estela Carmem Pereira
Sandrini (Teca Sandrini), Iza Zilli e e Regina Celi Simões Ângelo. Quatro
acadêmicos foram elevados a titulares, assumindo cadeiras patronímicas:
Luislinda Dias de Valois-Santos na Cadeira 6, Hamilton Bonat na Cadeira 19,
Lilian Deise de Andrade Guinski na cadeira 23, e eu, Francisco Souto Neto, na
Cadeira 26.
Ao
mesmo tempo tomou posse a diretoria para o próximo biênio, que ficou assim
constituída: Anita Zippin (presidenta), Arioswaldo Trancoso Cruz
(vice-presidente), Celso de Macedo Portugal (1º secretário), Francisco Souto
Neto (2º secretário), Janske Niemann Schlenker (1ª tesoureira), Nylzamira Cunha
Bejes (2ª tesoureira), Hamilton Bonat (diretor de relações públicas), João
Carlos Cascaes (diretor de comunicações), Tânia Rosa Ferreira Cascaes (diretora
sócio-cultural); Joatan Marcos de Carvalho (1º orador) e José Wanderlei Resende
(2º orador), um grupo coeso e irmanado em prol da cultura e das letras, pela
grandeza do Paraná.
(Francisco Souto Neto – Dezembro de 2014)
-o-
No dia 27 de novembro
de 2014, realizou-se sessão magna da Academia de Letras José de
Alencar, a quarta no Palacete dos Leões, quando quatro
associados passaram a titulares, ocupando cadeiras patronímicas: Luislinda
Dias de Valois-Santos na
cadeira nº 6, Hamilton Bonat na cadeira nº 19, Lilian
Deise de Andrade Guinski na cadeira nº 23 e Francisco
Souto Neto na cadeira nª 26. Foram também
admitidos os novos sócios titulares: Adriano
Pires Ribas, Charyana Gamballe Correia, Claudinei Roncolatto, Estela Carmem
Pereira Sandrini (Teca Sandrini), Iza Zilli e a sócia-correspondente Regina Celi Simões Ângelo. Em seguida, um coquetel comemorou o Jubileu de
Diamante da Academia (75 anos de fundação).
Ao mesmo tempo tomou posse a diretoria para o
próximo biênio, que ficou assim constituída: Anita Zippin (presidenta),
Arioswaldo Trancoso Cruz (vice-presidente), Celso de Macedo Portugal (1º
secretário), Francisco Souto Neto (2º secretário), Janske Niemann Schlenker (1ª
tesoureira), Nylzamira Cunha Bejes (2ª tesoureira), Hamilton Bonat (diretor de
relações públicas), João Carlos Cascaes (diretor de comunicações), Tânia Rosa Ferreira
Cascaes (diretora sócio-cultural); Joatan Marcos de Carvalho (1º orador) e José
Wanderlei Resende (2º orador). Adiante encontra-se a íntegra do discurso de
Francisco Souto Neto e fotografias registram a festividade.
No discurso de Francisco Souto Neto, o elogio ao
patrono e aos seus antecessores na cadeira nª 26:
Aqui, entre as duas fotos
abaixo, você assiste e ouve ao discurso de cinco minutos de Francisco Souto
Neto ao assumir a Cadeira Patronímica nº 26 da Academia de Letras em 27.11.2014:
NO LINK ABAIXO, O DISCURSO DE POSSE DE FRANCISCO
SOUTO NETO:
https://www.youtube.com/watch?v=zdzYcCf96Do
Eméritos Sr. Presidente e Srª Vice-presidente,
Prezados confreiras e confrades,
Autoridades presentes,
Srªs e Srs. Convidados.
É o impossível, pois, que eu amo, unicamente,
A névoa que fugiu, a forma evanescente,
A sombra que se foi tal qual uma visão…
E por isso também, por isso é que eu suponho
Que a vida, em suma, é um grande e extravagante
Sonho,
E a Beleza não é mais do que uma Ilusão!
São
versos de EMILIANO PERNETA, conhecido como Príncipe dos Poetas Paranaenses, o
principal representante do Simbolismo no Paraná. Ele é o patrono da cadeira nº
26 nesta Academia de Letras José de Alencar, que a partir de hoje tenho a honra
de passar a ocupar. Ao mesmo tempo agradeço ao presidente Arioswaldo Trancoso
Cruz, à vice Anita Zippin e a TODOS os demais acadêmicos que tão fraternal e
calorosamente me acolheram nesta egrégia Casa de cultura.
Meus
dois antecessores na cadeira patronímica 26 foram Enói Renée Navarro Swain e
Adalto Gambassi de Araújo.
Enói
Renée, escritora, jornalista e pedagoga, dedicou-se ao ensino. Sobre seus
livros, escreveu Helena Kolody: “são livros de mãe e de mestra – de mãe que
acompanhou, vivendo com amor a infância dos filhos; de mestra possuidora de
larga visão pedagógica e seguro conhecimento da psicologia infantil”. Nascida
em 1920 em Cerro Azul, sempre morou em Curitiba. Enói Renée lia Shakespeare
para as filhas desde que elas eram pequenas. Bonecas não eram presentes comuns,
e sim, cubos mágicos e brinquedos fantásticos que aguçassem a criatividade das
meninas. Faleceu em 2009 e é ainda lembrada com saudade e carinho pelos seus
amigos desta Academia.
Adalto
de Araújo, primeiro ocupante da cadeira 26, tem uma história que se liga à
minha família. Ele nasceu em Ponta Grossa em 1922 e era filho de Adalberto
Carvalho de Araújo. Seu pai, Adalberto, e meu pai, Arary Souto, ambos
jornalistas, entre as décadas de 40 e 50 foram pares de diretoria no Jornal do
Paraná, o diário mais importante da cidade. O pai de Adalto era o diretor
superintendente, e meu pai, Arary, o diretor de redação. Em 1952 Adalto de
Araújo lançou o livro de poemas “Cântico para o século XX”, inovador e
revolucionário em termos literários. Meu pai publicou no jornal um elogio a
este livro e daí surgiu a ideia de oferecer a Adalto uma página dupla,
literária, nas edições dominicais, que foi a primeira do gênero em Ponta
Grossa. E tem mais: Adalto era irmão da crítica de arte Adalice Araújo,
certamente conhecida por todos os presentes, que escrevia aos domingos na
Gazeta do Povo. A saudosa Adalice, portanto irmã de Adalto, foi minha querida e
grande amiga, falecida em 2012, e inúmeros dos nossos contatos estão
perpetuados na imprensa, e agora também na web.
Tudo
isto gravita ao redor de Adalto de Araújo. Mais uma demonstração, minha querida
amiga e madrinha Anita Zippin, de que há uma mecânica misteriosa,
incompreensível, como uma espécie de mandala cósmica, alinhavando as nossas
vidas que, neste instante presente, aqui na Academia de Letras José de Alencar,
faz uma ponte indelével com a minha infância.
Ao
concluir, vou ler uma pequena poesia bem-humorada do visionário Adalto de
Araújo, escrita na década de 40. Ele certamente tinha assistido ao filme
Metropolis, do diretor Fritz Lang, um dos expoentes do neo-expressionismo
alemão, quando pela primeira vez no cinema concebeu-se a visão de um robô. Em
sua poesia, Adalto incorpora o “homem-máquina”, e seu título é “Fala o Sr.
Robott”:
FALA O SR. ROBBOT
É bom que eu diga, enfim, sem mais tardança,
Para evitar mais confusões, senhores,
O meu corpo, que pasmem os doutores,
É um Robbot que em suas peças dança.
Meus membros são de ferro incorruptível
E se articulam com peças estranhas,
E tenho em meu tronco, em vez de entranhas,
Um perfeito motor ultra-sensível.
Apanho as ondas com o meu radar…
Gravo o que ouço com fios! Meus olhos são
Células fotoelétricas e o coração
As correntes controla em seu pulsar.
Ouço à distância mais do que um vidente…
Capto até a harmonia dos espaços
E se quiser voar, estendo os braços
E vou brincar co’as nuvens – doidamente.
-o-
FOTOGRAFIAS
DAS SOLENIDADES E DO COQUETEL:
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Fim das fotos da Academia de Letras.
TROFÉU IMPRENSA
BRASIL 2014
No
dia 8 de dezembro de 2014 ocorreu um fato que nada tem a ver com a
cerimônia acima relatada, da minha posse na Academia de Letras, mas como
ocorreu apenas 11 dias após aquela, será comentada aqui neste espaço, e algumas
fotografias ilustrarão este texto.
É
que Francisco Souto Neto foi homenageado com o TROFÉU IMPRENSA BRASIL 2014 por
Carlos Queiroz Maranhão, devido a seu trabalho como jornalista desde a
década de 70, com colunas em jornais e revistas, culminando com as crônicas que
vem publicando no Jornal Centro Cívico há sete anos. A entrega dos troféus
deu-se no Restaurante Madalosso.
As
fotografias de nª 34 ao nº 52 foram tiradas com a câmera de Rubens Faria
Gonçalves. As de nº 53 a 57 são as
oficiais do evento, feitas pela equipe de Carlos Maranhão (Fotos Studio
Karam). As de nº 58 a 62 foram tiradas pelo
próprio Francisco Souto Neto no dia seguinte, em casa, com câmera automática.
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QUEM DESEJAR CONHECER A HISTÓRIA E O POR QUÊ DO TROFÉU IMPRENSA BRASIL, RECOMENDO CLICAR ABAIXO E LER A EXPLICAÇÃO. MUITO OBRIGADO:
É só clicar:
https://fsoutone.blogspot.com/2016/11/recebo-o-premio-cidade-de-curitiba-o.html
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RECORTES DE JORNAIS:
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FOTO 155: Acima, notícia publicada no CORREIO PARANAENSE de 28.11.2014, página 48.
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MENÇÃO EM LIVRO
Quem
quiser ler o trecho do livro, poderá encontrá-lo neste endereço:
https://fsoutoneto.blogspot.com/2015/08/livro-mensageiro-de-jc-de-saints.html
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FOTOGRAFIAS:
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FOTO 167 – Minha Tia Mariinha, ao casar-se com Homero Silva (o mais importante apresentador da televisão em São Paulo) na década de 50, foi morar numa linda mansão na Av. Brasil da capital paulista. Ela comprou seu mobiliário na loja Móveis Belas Artes, com sede na Rua Xavier de Toledo nº 88, que era a mais fina casa de móveis de São Paulo. Eles tinham com exclusividade exímios artesãos franceses que entalhavam essas cadeiras à mão, com notável perfeição e respeito aos estilos franceses. A foto é de uma propaganda em revista do fim da década de 40, quando a impressão a cores ainda não existia.
FOTO 168 – Em 1971 eu tinha somente uma dessas lindas cadeiras. Na foto acima, estou eu em minha casa em Ponta Grossa, sentado ao chão com o braço recostado na referida cadeira.
FOTO 170 – Eu aprendi que antes de fazer o folheamento a ouro, a madeira teria que ser pintada de verde escuro ou de preto. Optei pelo verde. Isto aconteceu no mês de janeiro de 2014. E então comecei a fazer o folheamento com as lâminas próprias para o folheamento sobre madeira.
FOTO 216 – Na exposição do MON sobre a cultura divulgada pelo Banestado, a alegria de encontrar meu nome nos textos escritos nas paredes do museu. A exposição durou alguns meses.
FOTO 217 – Na exposição do MON sobre a cultura divulgada pelo Banestado, a alegria de encontrar meu nome nos textos escritos nas paredes do museu. A exposição durou alguns meses.
FOTO 218 – Na exposição do MON sobre a cultura divulgada pelo Banestado, a alegria de encontrar meu nome nos textos escritos nas paredes do museu. A exposição durou alguns meses.
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Abaixo, um vídeo reduzido da entrega do TROFÉU IMPRENSA DO BRASIL 2014 a FRANCISCO SOUTO NETO como destaque na cultura paranaense.
https://www.youtube.com/watch?v=Am37Qau9sdM
Abaixo, o filme que mostra a exposição do MON com parte do acervo de arte do antigo Banestado e menciona como Francisco Souto Neto teve parte no desenvolvimento da cultura no Paraná.
https://www.youtube.com/watch?v=uHEv-UmBhco
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2 de setembro de 2023:
80 ANOS ESTA NOITE
CONTINUA NA
PARTE 38
O ano 2015
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